Xadrez da guerra híbrida dos generais de Bolsonaro contra o País
Peça 1 – as Operações Psicológicas em curso
Do artigo do general Hamilton Mourão no Estadão:
“Imagens mostram o que delinquentes fizeram em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. Registros da internet deixam claro quão umbilicalmente ligados estão ao extremismo internacional”.
por Luis Nassif
GGN
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Essa visão da conspiração internacional é um dos principais componentes do pensamento militar mais radical, especialmente dos militares que passaram a assessorar diretamente Jair Bolsonaro. É uma visão conspiratória que reincorpora os elementos centrais da guerra fria, a luta contra o marxismo cultural e visões conspiratórias comuns à ultradireita.
Um dos pontos centrais é o da guerra psicossocial. Ou seja, os elementos que interferem na vontade nacional, enfraquecendo-a para a tomada do território pelo inimigo. E a maneira de combatê-los através do recursos das chamadas Operações Psicológicas.
É o que está levando o Ministro interino da Saúde, General Eduardo Pazuello a se transformar no maior perigo para a saúde dos brasileiros.
Pazuello passou a boicotar a divulgação de estatísticas sobre o Covid-19, essenciais para qualquer estratégia de combate à pandemia. O país arrisca-se a caminhar às cegas.
Mais que isso, está colocando no Ministério da Saúde um empresário oportunista, Carlos Wizard Martins. Depois de defender a ciência contra o charlatismo, Wizard mudou de opinião, aderiu ao charlatanismo e ganhou um cargo no Ministério. Agora defende a tese de que os índices alarmantes de contaminação são manipulados pelo pessoal da saúde, interessado em conquistar mais verbas. O próximo passo será manipular diretamente as estatísticas, e não apenas boicotar sua divulgação.
A semana culminou com o afastamento de dois funcionários do Ministério, meramente por reiterarem uma nota sobre saúde da mulher – que foi interpretada por Bolsonaro como propaganda do aborto. Pazuello acatou a ordem de demissão sem pestanejar, mostrando total alinhamento com o terraplanismo do governo.
Recentemente, surgiram informações de que os militares na Saúde têm desconfianças sobre a Fiocruz, vista como um centro de pensamento esquerdista. Nada diferente do pós-64, que provocou o exílio de alguns dos mais renomados cientistas brasileiros.
São vários os indícios que permitem prever que Pazuello irá se dedicar às chamadas Operações Psicológicas, tratando o Covid-19 como um caso de guerra política, dentro da estratégia de confronto e de negacionismo de Bolsonaro.
Para entender seu comportamento, é preciso uma rápida passada pelos novos conceitos de segurança nacional que passaram a influenciar militares de todos os países, a partir das Torres Gêmeas e do fracasso da Guerra do Iraque. E a maneira como a ultradireita se apropriou dos conceitos para sua guerra cultural (Continua)