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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

16
Abr22

Damares afirma que "capeta careca" atrapalha governo Bolsonaro, em alusão a Moraes

Talis Andrade

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Bolsonaro a Damares de saia curta

 

por redação Yahoo!

 

  • Damares Alves disse que um "capeta careca" está atrapalhando o governo de Jair Bolsonaro

  • Apesar de não citar nominalmente, a declaração foi uma referência ao ministro do STF Alexandre de Moraes

  • Para a ex-ministra, Bolsonaro vem sendo perseguido por promover um governo cristão

Ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves atacou nesta quarta-feira (13) o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, ao acusá-lo de “atrapalhar” o governo de Jair Bolsonaro (PL).

De acordo com informações do portal Metrópoles, a ex-ministra referiu-se a Moraes como “capeta careca”, apesar de não ter citado seu nome.

“Saibam que o inferno está com muita raiva de todos nós e está se levantando. O inferno mandou uns capetas que vocês não têm ideia, tem um até careca. Não tem sido fácil, tudo se levanta contra esse governo. Tudo conspirou contra este governo”, declarou.

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Moraes é responsável por diversas decisões que desagradaram Bolsonaro e seus aliados. Mais recentemente, prorrogou em 60 dias o inquérito que apura a associação falsa feita pelo presidente entre a vacina contra a Covid-19 e o aumento de risco de contrair o vírus HIV.

 

Damares acusa STF de perseguir Bolsonaro

 

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Para Damares, porém, o ministro é apenas mais um agente que atua contra Bolsonaro e seu governo. Ela afirmou que o presidente tem sigo perseguido por manter uma gestão cristã.

"Brumadinho, óleo na praia, queimada no Pantanal, quando a gente achava que não tinha mais nada, Congresso começa a brigar entre si. Um Judiciário se levanta contra nós, a imprensa contra nós. Quando a gente achava que não tinha mais nada contra nós, veio uma pandemia. Quando a gente tá no final da pandemia vem uma guerra."

Como outros ministros, Damares deixou o governo Bolsonaro no fim de março para a disputa das eleições deste ano. Ela filiou-se ao Republicanos e pode concorrer ao Senado pelo Amapá.

Damares Alves xinga ministro do STF

 
 
 

Damares afirma que "capeta careca" atrapalha governo Bolsonaro, em alusão a Moraes

 

"Se ele [WhatsApp] pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?", questionou Jair Bolsonaro. Os ataques de Damares, de Bolsonaro, de Daniel Silvelra, Roberto Jefferson e outros perdedores são antecidados. Que Moraes presidirá o TSE nas eleições presidenciais deste ano

 

por 247 Brasil

 Jair Bolsonaro afirmou neste sábado (16) que vai propor uma reunião com o comando do WhatsApp no Brasil para discutir com a plataforma o acordo feito entre o aplicativo e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em fevereiro, para combater fake news nas eleições deste ano. 

"Já conversei com o Fábio Faria [ministro das Comunicações], vai conversar com representante do WhatsApp aqui no Brasil para explicar (o acordo). Se ele [WhatsApp] pode fazer um acordo com o TSE, pode fazer comigo também, por que não?", disse Bolsonaro à CNN Brasil.

"Vou buscar o CEO do WhatsApp essa semana e quero ver que acordo é esse. Se é para o mundo todo, não posso fazer nada, agora, só para o Brasil, e volta a ser pro mundo todo depois das eleições, quer prova mais clara de interferência como essa na liberdade de expressão?", complementou.

Nessa sexta, Bolsonaro atacou ministros do TSE e afirmou que o acordo com o WhatsApp "não vai ser cumprido"

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13
Fev20

Democracia miliciana

Talis Andrade

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por Dimas Roque

Quando a população brasileira foi às urnas em 2018, boa parte dos eleitores já sabiam que caso Jair Bolsonaro fosse eleito, nós teríamos grandes problemas a serem enfrentados em um curto período de tempo. E esses problemas seriam, em sua maior parte, catapultados pela família.

Quem votou democraticamente porque acreditou da “mamadeira de piroca” ou que, sabendo que eram mentiras, ajudou a divulgar o “kit gay”, é responsável pelo que o Brasil está vivendo agora.

Se é na Democracia que os cidadãos, através do voto livre, elegem os seus dirigentes por meio de eleições. Na Democracia Miliciana o voto da maioria credenciou um governo que diariamente mente à população, criando fatos distorcidos da realidade.

A atuação de membros e apoiadores do governo atual chegou a tal situação, na qual inverter a verdade é como inverter o placar de um jogo com um juiz suspeito a utilizar o VAR - árbitro assistente de vídeo. O que seria uma saída para que se tivesse a verdade da jogada, no planalto central do país é usado para burlar a verdade. E o que seria para acabar com conflitos, potencializa-os com as mentiras que são criadas para desvirtuar dos verdadeiros fatos.

Para não buscar “zilhões” de exemplos, vou ficar no caso da jornalista da Folha de S.Paulo Patrícia Campos Mello. Que esta semana esteve envolvida em uma polêmica com Hans River, uma das pessoas contratadas pela empresa Yacows, especializada em disparos em massa de mensagens de WhatsApp e que trabalhou para o candidato Bolsonaro em 2018.

Durante seu depoimento na CPMI – Comissão Parlamentar de Inquérito das fakes News, Hans foi confrontado por parlamentares e pego, algumas vezes, na mentira. Foi o caso da deputada Natalia Bonavides do Partido dos Trabalhadores que ao indaga-lo, após ouvir que ele teria trabalhado na campanha a vereador José Police Neto (PSD), o informou não ser verdadeira a informação, pois a pessoa citada se quer, foi candidato nas eleições.

Preso em suas mentiras, Hans que teve contato anterior com a jornalista Patrícia, quando do levantamento de informações para uma matéria sobre o uso de fakes News nas eleições, a atacou de forma covarde, colocando a moral da moça em dúvida. Como homem sem escrúpulos, ele sabe que ao fazer tal acusação, colocaria qualquer mulher em desvantagens, pois seria elas, agora, que teria que provar que a acusação era falsa.

Diante do fato, o que fez o deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, no mesmo dia e usando a tribuna da Câmara do Deputados? Fez o que já é regra, o que está escrito no manual da Democracia Miliciana. Ele potencializou a acusação, sem mostrar nenhuma prova. Pois este é um dos mandamentos dos que hoje ocupam o poder central. Quando estão em desvantagens, acusam, levantam falso, mentem de forma descarada, e assim já se passou um ano em que o Brasil vive em um sistema democrático tomado por acusados de serem milicianos.

O que Hans River fez com a jornalista da Folha é coisa de canalha, daqueles homens que precisam afirmar perante a sociedade a sua condição de macho e saem falando o que fizeram e o que não fizeram com as mulheres. Tudo para se sentirem os donos do pedaço. Neste caso a situação é ainda pior, o sujeito mentiu em um depoimento da CPMI. Ele já foi desmascarado pela jornalista que disponibilizou prints das conversas em um aplicativo de mensagens e agora, além de mentiroso, o que aparece é ele fazendo um convite e se insinuando. Rejeitado, deu o troco partindo para o ataque.

A jornalista Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo, a minha solidariedade neste momento turbulento que passa. Mas há que se dizer uma coisa: vocês apoiaram o Golpe e ajudaram a consolidar uma eleição que abriu as portas do inferno para que a entronização da Besta Fera.

05
Fev20

Sete mentiras

Talis Andrade

 

 

30
Dez19

BBC: As investigações que sangram capital político e podem enterrar o clã Bolsonaro em 2020

Talis Andrade

No balanço da BBC, devassas sangram o capital político do clã Bolsonaro

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adriano magalhães da Nóbrega .pngO capitão Adriano Magalhães, miliciano beneficiário do esquema de lavagem de dinheiro atribuído a Flávio Bolsonaro e suspeito de envolvimento na morte de Marielle Franco, está foragido e na lista de procurados da Interpol

 

VioMundo - Este site tem dito seguidamente que a testemunha-chave dos escândalos envolvendo o clã Bolsonaro é o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega.

Homenageado por Flávio Bolsonaro duas vezes na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Adriano contou com a presença do então deputado federal Jair Bolsonaro no julgamento em que foi condenado por homicídio em primeira instância (pena depois revertida).

Quantas vezes um deputado deixa seu gabinete em Brasília para ver o julgamento de um policial — tenente PM, na época –, a não ser que tenha um interesse pessoal extraordinário no futuro daquela pessoa?

Adriano empregou mãe e filha no gabinete de Flávio Bolsonaro.

É suspeito de comandar a milícia da zona Oeste à qual se atribui o assassinato da vereadora Marielle Franco.

Adriano pode ser, ao lado de Fabrício Queiroz, a peça-chave na articulação do clã Bolsonaro com as milícias de Rio das Pedras e o assim chamado Escritório do Crime.

Foragido, Adriano está na lista da Interpol.

Qual será o empenho do ministro da Justiça Sergio Moro para prender Adriano?

Será que este verdadeiro arquivo vivo já foi queimado?

Cenas do próximo capítulo em 2020.

 

As 6 frentes de investigação que envolvem a família Bolsonaro

da BBC

Desde as eleições de 2018, o presidente Jair Bolsonaro e três filhos dele se tornaram alvos de seis frentes de investigação.

Há acusações de prática de rachadinha — quando funcionários do gabinete devolvem parte dos salários para políticos —, de disseminação de notícias falsas, de uso de funcionários fantasmas, de quebra de decoro parlamentar e de ligação com suspeitos do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

O caso mais rumoroso envolve Fabrício Queiroz, amigo do presidente e ex-assessor do então deputado estadual Flávio Bolsonaro. A investigação sobre movimentações financeiras atípicas, a exemplo de um cheque de R$ 24 mil para a primeira-dama da República, deu origem a um imbróglio jurídico que chegou a paralisar temporariamente centenas de investigações no país.

Para a Promotoria, Flávio Bolsonaro comanda a organização criminosa abastecida por salários devolvidos de assessores e usa uma loja de chocolate da qual é sócio para lavar dinheiro.

Bolsonaro e seus filhos negam veementemente todas as acusações. Para eles, as investigações são baseadas em fake news e perseguições políticas orquestradas por adversários.

Caso Queiroz

O caso gira em torno de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio e amigo de Jair Bolsonaro desde a década de 1980.

Ele passou a ser investigado em 2018 depois que o Coaf (atual Unidade de Inteligência Financeira), órgão que atua na prevenção e combate à lavagem de dinheiro, identificou diversas transações suspeitas suas.

Segundo o órgão, Queiroz movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017, valor que seria incompatível com seu patrimônio e ocupação, e recebeu transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete.

Caso Flávio Bolsonaro

O filho do presidente passou a ser investigado depois de relatório do Coaf

Essas movimentações atípicas, que vieram à tona num braço da Operação Lava Jato, levaram a uma investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro.

Mas a apuração teve desdobramentos inesperados. Flávio Bolsonaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal para barrar a apuração, e o caso deu origem a um debate na Corte sobre o compartilhamento de informações financeiras sem autorização judicial prévia. Centenas de investigações ficaram em suspenso.

Após meses de espera, a tese do filho do presidente acabou derrotada por 9 votos a 2 no Supremo no fim de novembro e as investigações foram retomadas por decisão do ministro Gilmar Mendes.

Semanas depois, a Promotoria deflagrou uma operação de busca e apreensão contra pessoas ligadas ao gabinete do filho do presidente, a exemplo de familiares de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro e mãe de um dos filhos dele.

Para os investigadores, Flávio Bolsonaro é chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete na Assembleia Legislativa entre 2007 e 2018, e parte dos recursos movimentados no esquema foi lavada em uma franquia de chocolate da qual ele é sócio.

Flávio é investigado sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Não há informações detalhadas sobre os próximos passos nem previsão de conclusão porque os processos correm sob sigilo.

Ele nega ter cometido qualquer ilegalidade no caso.

“Fabricio Queiroz trabalhou comigo por mais de dez anos e sempre foi da minha confiança. Nunca soube de algo que desabonasse sua conduta”, disse, no Twitter, quando o caso veio à tona.

“Tenho meu passado limpo e jamais cometi qualquer irregularidade em minha vida. Tudo será provado em momento oportuno dentro do processo legal”, afirmou Flávio em nota.

Bolsonaro também foi à público à época para dar sua versão sobre o cheque de R$ 24 mil destinado à mulher, Michelle Bolsonaro. Segundo ele, o dinheiro era o pagamento parcial de um empréstimo de R$ 40 mil concedido ao amigo e ex-assessor do filho.

Queiroz, por sua vez, disse sempre ter agido de “forma lícita”. Segundo ele, funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro depositavam parte de seus salários em sua conta a fim de ampliar, informalmente e sem o conhecimento do parlamentar, a base de funcionários ligados ao então deputado estadual.

Ele também negou ter se “beneficiado de qualquer recurso público para si ou terceiro”. Segundo sua defesa, a investigação do Ministério Público não conseguiu encontrar nenhuma irregularidade cometida por ele

CPMI das Fake News

Depoimentos em uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito em andamento (a chamada CPMI das Fake News) apontaram a participação de dois filhos do presidente da República e de assessores próximos à família Bolsonaro em campanhas na internet para atacar adversários com uso frequente de notícias falsas.

Alvo de ataques em sites e redes sociais, a deputada federal e ex-líder do governo Joice Hasselmann (PSL-SP) apresentou um dossiê à comissão em que aponta “milícias digitais” em torno de Bolsonaro que praticam ataques orquestrados a críticos de sua gestão.

Segundo ela, as ofensivas são impulsionadas por robôs, pelos filhos Carlos e Eduardo Bolsonaro e por assessores do Poder Executivo e de parlamentares aliados do governo.

Outro deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP), também alvo de ataques e outro ex-aliado, fez acusações semelhantes.

Para a deputada federal Lídice da Mata (PSB-BA), relatora da CPMI, “é muito difícil imaginar que exista um gabinete atuando ali e que ele (Bolsonaro) não saiba o que acontece ali”.

Ela ressalta que o presidente não foi implicado diretamente em nenhum depoimento, mas sim seus familiares e auxiliares.

Segundo Da Mata, há três núcleos sob investigação: “o operacional, que conta com assessores de deputados estaduais e federais; o distribuidor, que envolve sites e blogs; e o núcleo econômico, que todos queremos identificar”. Um dos próximos passos da CPMI é “seguir o caminho do dinheiro”.

Na CPMI, Eduardo Bolsonaro afirmou que não iria fazer perguntas a Frota por “ter mais o que fazer”.

“Tenho que trabalhar, em vez de ficar aqui ouvindo baboseiras e ilações sem qualquer conexão com a verdade.”

As acusações de Frota e Joice foram rebatidas por deputados da base governista e aliados do presidente, que as classificaram de “falsas”, “fruto de vingança”, “sem provas” e “conto de fadas”.

A CPMI das Fake News foi apelidada por eles de CPI da Censura.

Para o deputado federal Eduardo Bolsonaro, acusações são ilações sem conexão com a realidade

A comissão, que vai até abril de 2020, mas pode ser estendida, surgiu para investigar suspeitas de ataques na internet e utilização de perfis falsos para influenciar as eleições 2018 e já se espalhou para o possível uso dessas práticas depois do pleito.

Os próximos passos da CPMI devem incluir pedidos de informações de plataformas de redes sociais (quem são os detentores das contas, por exemplo), especialistas e assessores parlamentares acusados, entre outros.

O relatório final pode sugerir indiciamentos e mudanças da lei.
Joice Hasselmann também depôs no inquérito que corre no Supremo sobre notícias falsas, mas não há informações sobre o caso conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes porque ele corre sob sigilo.

Suspeita de uso de assessores-fantasmas por Carlos Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro passou a ser investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro após reportagens apontarem que assessores nomeados em seu gabinete nunca exerceram de fato essas funções.

Na investigação, que corre sob sigilo, promotores suspeitam da existência de um esquema de rachadinha, semelhante ao do irmão Flávio.

Ou seja, funcionários devolveriam o salário, parcial ou integralmente, para o parlamentar.

Um dos casos apontados pela revista Época envolve Marta Valle, cunhada de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente da República. Marta passou sete anos e quatro meses lotada no gabinete de Carlos Bolsonaro, mas afirmou ao veículo: “Não trabalhei em nenhum gabinete não”.

Carlos se licenciou na Câmara Municipal do Rio de Janeiro para se dedicar à campanha do pai à Presidência

Ao longo de 18 anos de mandato na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, Carlos empregou Ana Cristina e sete familiares dela.

Na Assembleia Legislativa fluminense, Flávio deu emprego a nove familiares da então mulher de seu pai. Na Câmara dos Deputados, Bolsonaro nomeou seis membros da família dela.

Em abril deste ano, o jornal Folha de S.Paulo também encontrou uma mulher alocada no gabinete de Carlos Bolsonaro que afirmou à reportagem nunca ter trabalhado na função que lhe renderia R$ 4.271 por mês.

O chefe de gabinete do vereador, Jorge Luiz Fernandes, negou à Folha que essa assessora recebesse salário sem prestar serviços, e que ela entregava mala direta em um reduto eleitoral de Carlos e anotava reivindicações de eleitores.

No Twitter, Carlos Bolsonaro rebateu as acusações, sem citá-las diretamente: “Imprensa lixo, não adianta me chamar para a briga, com desinformações que vocês sempre fomentaram, que não vou cair na armadilha. Qualquer um sabe o motivo disso tudo e qual o objetivo. Tranquilo e despreocupado! Bom dia a todos”.

WhatsApp na eleição de 2018

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a investigar a campanha presidencial de Jair Bolsonaro depois que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo apontou que empresas compraram, sem declarar à Justiça Eleitoral, pacotes de disparos em massa de mensagens contra o PT no WhatsApp.

Esta e outras reportagens serviram de base para diversas ações na Justiça eleitoral (chamadas de ação de investigação judicial eleitoral), ainda em tramitação, movidas por partidos como o PT e o PDT. A campanha do petista Fernando Haddad, inclusive, também passou a ser alvo de apurações.

Segundo a lei eleitoral, um candidato pode divulgar conteúdo e repassar a seus eleitores se respeitar os termos de uso das plataformas digitais, e pagar a essas redes sociais para alcançar fatias específicas do eleitorado.

Mas esse dinheiro deve vir dos recursos do partido ou de doações de pessoas físicas, e não de empresas.

A legislação eleitoral tampouco permite a utilização de bases de dados de terceiros (como números de telefones e emails) para o envio de conteúdo, exceto para quem autorizar o recebimento desse material.

Segundo Datafolha, 7 em 10 eleitores usaram WhatsApp para se informar sobre o pleito em 2018

Para a Justiça brasileira, o impulsionamento de conteúdo, ou seja, as estratégias automáticas adotadas para tornar o alcance maior que o compartilhamento natural entre usuários, pode ser desequilíbrio irregular da disputa eleitoral.

O envio massivo ilegal associado à disseminação de informações falsas pode levar, em última instância, à perda do mandato, pagamento de multa e exclusão do conteúdo falso.

Não declarar esses gastos à Justiça Eleitoral pode ser também considerado caixa dois.

Os principais candidatos do pleito negaram diversas vezes qualquer envolvimento com essa prática, e mesmo a existência dela no WhatsApp, plataforma usada por 7 em cada 10 eleitores durante o pleito de 2018, segundo o Datafolha.

Mas em outubro deste ano, o WhatsApp admitiu pela primeira vez a existência de envios de disparos em massa durante a campanha eleitoral de 2018.

Entre 15 de agosto e 28 de outubro de 2018, a plataforma que pertence ao Facebook afirmou ter banido mais de 400 mil contas no Brasil por práticas que violam os termos de uso, a exemplo do uso de robôs para disseminar informações e criação automatizada de grupos.

Ao longo do processo principal que corre no TSE, o ministro Og Fernandes pediu a dez empresas de telefonia informações sobre números de telefone ligados às agências as quais a Folha de S.Paulo apontou envolvimento com disparo de mensagens.

Ainda não houve decisão sobre o caso e não há previsão de conclusão do processo.

Novo AI-5

Após ter levantado a possibilidade de um “novo AI-5” (ato institucional decretado pela ditadura militar em 1968 dando ao governo mais poderes autoritários) no país, o deputado federal Eduardo Bolsonaro passou a ser alvo de processos na Câmara e no STF.

A fala de Eduardo ocorreu em entrevista ao canal da jornalista Leda Nagle no YouTube, após uma pergunta sobre os protestos que estão ocorrendo no Chile.

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada através de um plebiscito como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, afirmou.

Depois da forte reação negativa e de ser repreendido até pelo pai, o deputado disse ter sido mal interpretado e pediu desculpas.

“Eu peço desculpas a quem porventura tenha entendido que estou estudando o retorno do AI-5 ou achando que o governo, de alguma maneira, estaria estudando qualquer medida nesse sentido. Essa possibilidade não existe. Agora, muito disso é uma interpretação deturpada do que eu falei”, disse ao apresentador José Luiz Datena.

A declaração de Eduardo sobre a possibilidade de um novo AI-5 gerou reação de partidos de esquerda, centro e direita e até mesmo uma nota de repúdio da Executiva Nacional de sua sigla, o PSL.

Em 26 de novembro, o Conselho de Ética da Câmara decidiu abrir processos contra o deputado, a partir de pedidos de Psol, PT, PC do B e Rede.

O conselho geralmente chega a uma decisão em até 90 dias sobre casos abertos. Se houver punição, ela pode ir de uma censura verbal à perda do mandato.

A decisão final cabe ao Plenário da Câmara e depende de uma maioria absoluta (metade dos votos mais um).

Para Eduardo, o processo visa censura e intimidação.

Caso Marielle

A família Bolsonaro se viu envolvida na investigação sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes depois que um porteiro afirmou à polícia que um dos acusados do crime se dirigiu à casa do hoje presidente horas antes do homicídio.

O depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro veio à tona depois de uma reportagem do Jornal Nacional no dia 29 de outubro. Segundo a emissora, um porteiro do condomínio Vivendas da Barra disse que Élcio Queiroz afirmou que iria à casa que pertence ao presidente.

A testemunha relatou ter ligado, ao receber Queiroz na guarita, para casa 58 para confirmar se o visitante poderia entrar, e alguém na residência autorizou. Em dois depoimentos, o porteiro disse ter reconhecido a voz de quem atendeu como sendo a do “Seu Jair”.

O então deputado federal Bolsonaro estava em Brasília no dia dos assassinatos, e o depoimento do porteiro gerou reação inflamada de membros e aliados do governo Bolsonaro.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou que o episódio era um “factoide”.

Para Sergio Moro, ministro da Justiça e da Segurança Pública, o envolvimento do nome do presidente na investigação foi “um total disparate”.

A Polícia Federal foi designada para ouvir o porteiro, e este recuou do depoimento.

Segundo o jornal O Globo, ele disse à Polícia Federal ter anotado errado o número da casa na planilha e que inventou o relato sobre “Seu Jair” para justificar o erro no registro do acesso.

Carlos Bolsonaro, filho do presidente, gravou e publicou um vídeo nas redes sociais no qual acessa o sistema de gravações da portaria a fim de mostrar que não havia nenhum registro de ligação para a casa de seu pai no momento apontado pelo porteiro.

O caso levou a acusações de obstrução de justiça contra Jair e Carlos, mas em meados de dezembro o ministro do STF Alexandre Moraes arquivou os pedidos de investigação porque a PGR não viu elementos a serem apurados.
Bolsonaro afirmou que “alguns” querem “jogar para cima de mim a possibilidade de eu ser um dos mandantes do crime da Marielle”.

E acusa nominalmente o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de manipular a investigação do assassinato de Marielle para tentar destruir sua reputação.

Witzel disse que vai processar o presidente pelas “acusações levianas”.

Há também citações na investigação dos homicídios ao nome do filho Carlos Bolsonaro, vereador que mora no mesmo condomínio Vivendas da Barra, por causa de um bate-boca entre ele e um assessor de Marielle Franco.

Carlos já havia prestado depoimento à polícia sobre o episódio em abril de 2018 na condição de testemunha.

Segundo ele, a própria Marielle, com quem disse ter um relacionamento “respeitoso e cordial”, interveio para acalmar os ânimos, encerrando a discussão.

Investigadores da Polícia Civil também tem levantado informações sobre a relação entre a família Bolsonaro e os dois acusados de participação direta no crime: Élcio Queiroz e Ronnie Lessa.

Em agosto de 2018, Queiroz havia publicado uma foto em seu perfil do Facebook na qual aparece com um uniforme da Polícia Militar — à época ele já havia sido expulso da corporação — e abraçado com Bolsonaro.

Em março de 2019, Lessa foi preso na residência onde mora no condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro e Carlos têm casas.

À época, o Ministério Público falou em coincidência.

 

07
Dez19

O fim do jornalismo profissional e o início da era dos digital influencers

Talis Andrade

Fomos todos usados, transformados em meros relações públicas de quem se dispôs a pagar nossos salários

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Exatamente hoje, dia 3 de dezembro de 2019, faz vinte anos da minha formatura em Jornalismo. Aquele dia especial que todo acadêmico tanto espera, depois de quatro anos e meio, dedicando longas horas de estudo em uma universidade. Erguemos nossas mãos direitas diante de uma cerimônia pomposa e fizemos um juramento de trabalhar com ética, responsabilidade, mergulhar fundo numa história para descobrir e revelar os fatos à população. Afinal, comunicar é uma arte e também um dom, um compromisso social muito maior, de fomentar o debate e informar o que deve ser de conhecimento público, doa a quem doer.

Fomos agentes transformadores na sociedade ao longo das últimas décadas. Mudamos os rumos da história, muitas vezes, em função do que foi publicado e do que foi deixado de ser divulgado também. Muitos acontecimentos só puderam chegar a todos os cantos do mundo, graças ao trabalho árduo e comprometido destes profissionais da comunicação e desse desejo insaciável de revelar o que os olhos do mundo não conseguiriam ver sozinhos.

Entretanto, aquele glamour todo, tão sonhado e idealizado para a vida pós acadêmica, foi pura ilusão. No fundo, todos sabíamos que não seria fácil enfrentar os donos de jornais e emissoras, que nos jogariam para escanteio caso não falássemos o que eles queriam que fosse dito, em função da garantia do pagamento do patrocínio daquela grande empresa apoiadora do jornal.

Muitos foram ludibriados por forças políticas de esquerda ou direita, se deixaram levar por discursos fáceis e apaixonados, que em nada contribuíram com o fortalecimento e a importância da nossa área de atuação. De um jeito ou de outro, fomos todos usados, transformados em meros relações públicas de quem quer que um dia se dispôs a pagar nossos salários. Fortaleceram-se as agências de notícias e pagava-se mais a quem se dispusesse escrever o que o cliente queria. Informação tendenciosa mascarada de jornalismo, republicada gratuitamente em milhões de veículos.

Ao longo dos anos, a obsessão por obter cada vez mais alcance, com informação genuína, criativa e ágil foram atributos exigidos de todo profissional. A internet então surgiu e se tornou uma aliada, revolucionou o mundo da comunicação, valorizou muitos profissionais, mas houve também quem não se adequasse às novas ferramentas. Muitos não se atualizaram, se perderam no tempo e foram, naturalmente, abandonando a profissão, como em qualquer outra. Normal! Há de se adaptar. Atualização é fundamental para se manter vivo em qualquer área de atuação. O problema é que isso trouxe um novo concorrente; o blogueiro qualquer, querendo uma boquinha dessa grana da publicidade que paga a informação.

O jornal deixou de ser impresso, passou a ser digital e foi engolido por esses blogs de diferentes vertentes independentes, onde qualquer cidadão passou a atuar como “jornalista de seus próprios interesses”. Entretanto, a essência do “quem paga mais leva” continua reinando e está longe de acabar. As redes sociais disseminam informações sem qualquer compromisso com a realidade e trouxeram um novo fetiche; o impulsionamento pago, baseado em algoritmos comandados sabe-se lá por quem.

No fim, sinto como se fôssemos apenas peões de um grande jogo, onde quem comanda tudo é o dono do tabuleiro. Escrevemos o que mandam, mas usam nosso nome, nossas habilidades e nosso prestígio como fachada. Somos personagens de um sistema onde “manda quem pode, obedece quem tem juízo”… e quem tem boletos para pagar no fim do mês. As consequências disso são uma chuva de desinformação e matérias pagas irresponsáveis, mesmo travestidas de reportagens sérias. Jornalistas ditos “bons” são idolatrados, premiados, mas no fundo são como atores de uma série do Netflix, seguindo um roteiro pronto, pensado e com desfecho certo.

É decepcionante quando nos deparamos com redações sem jornalistas dispostos (ou autorizados) a investigar uma informação a fundo, de pesquisar o que está sendo dito. Republicam releases cegamente, desses que vêm prontos de agências e de assessorias, como se fossem matérias produzidas com idoneidade e comprometimento. Quem paga a conta? O cidadão, lá no final, que consome essa informação tendenciosa de um jeito que parece a verdade mais absoluta. Sim, porque o leitor também tem preguiça de buscar mais de uma fonte, de checar as informações que recebe, quando muito lê a matéria em si, pois a maioria fica só naquela frase escandalosa que apareceu no grupo de WhatsApp. (Aliás, sinta-se um privilegiado, pois muitos não chegaram até essa linha desse artigo, porque odeiam textão)!

Viramos réles criadores de manchetes fantásticas e sensacionalistas para garantir likes, acessos e curtidas num site controlado por quem tem interesse puramente financeiro e político, e não mais com a realidade dos fatos. Somos como avatares de um grande sistema de poder. Muitos que falavam em imprensa livre, há bem poucos anos, tiveram apoio de governantes que, ao invés de ajudar, derrubaram a obrigatoriedade do nosso diploma. Agora, a retirada do Registro Profissional. Estão apenas jogando a pá de cal em cima da nossa profissão, que não significa mais nada, num mundo de poucos caracteres e de desinformação!

É meus amigos, aquele jornalismo idealizado por todos nós não existe e/ou nem nunca existiu. Um dia nos fizeram acreditar que éramos o quarto poder, quando na verdade, talvez fossemos até mais do que isso. Mas não fomos maduros o suficiente para lidar com a força dos demais, que nos usaram para alcançar o que quiseram e nos destruir, pouco a pouco.

Jornalismo burro, irresponsável, inconsequente, fake news! Sim, é tudo o que eles querem de nós! Mas somos todos responsáveis pelos rumos que nossa profissão tomou. Viramos replicadores de informações pagas e agora precisamos nos reinventar, juntando o que restou da nossa sanidade mental para reconstruir um novo destino. O velho jornalismo acabou! As universidades estão formando as últimas turmas de sonhadores. Viramos todos digitais influencers, apenas isso. Comentaristas de podcasts. Quem tiver mais seguidores tem mais voz, não importa a veracidade do que se diga, tampouco se cursou qualquer graduação.

Foi bom enquanto o sonho durou!

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02
Nov19

Anti-intelectualismo e a fusão da paixão do ódio com a ignorância

Talis Andrade

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Por André Del Negri

O psicanalista Jacques Lacan mostrou que existem três paixões fundamentais no homem, que são o amor, o ódio e a ignorância.[1] Mas o que dizer da ignorância? Consideremos o seguinte: atrás do nosso desconhecimento há sempre uma organização de afirmações, e se o sujeito não começa a se colocar na posição de saber o que é e o que não é, estaciona-se na posição daquele que ignora. E nesse equilíbrio tênue entre as três paixões fundamentais – que nos falou Lacan –, o amor pode se tornar ódio e o ódio é indissociável da ignorância. E daí? Em que a psicanálise pode contribuir? Ora, em muitos pontos: a começar de uma questão que se exterioriza no divã e se manifesta na polis (ou cidade).

É que cada vez mais tem sido cansativo conversar com pessoas que deixam o argumento de lado para, no lugar, desfilar subjetividades (juízos morais). E é desgastante porque há pessoas que não sabem ouvir; não discutem o assunto, e o diálogo vira o que ela acha que é (ou deve ser) e ponto. Partem logo para as conclusões sem uma criteriologia mínima de objetividade.

Em linhas gerais, cada vez mais esses tipos de disfunções se tornam comum na contemporaneidade, pois em tempos de internet, universo digital de massificação de subjetividades, que influencia o nosso processamento cognitivo, novas formas de produção do discurso e formas de sentido podem ser detectadas.[2]

Vivemos numa sociedade imersa na cultura digital e como sempre disse Lenio Streck, “os grupos de WhatsApp são o ninho preferido para o desenvolvimento de todo e qualquer tipo de ataques a teorias” (aqui). O ponto a ser destacado – ainda seguindo Lenio – é que “tanta gente estudou, pesquisou, ganhou prêmio Nobel… para que qualquer pessoa, em uma rede social, diga: ah, isso não é bem assim”.

É que no campo da pesquisa, as dificuldades são imensas e cientistas só refutam teorias já apresentadas por outros cientistas quando possuem igual formação na área e após revisitarem as bases empíricas e conceituais testadas. O que hoje se vê de forma excessiva é o movimento contrário. Isto é: pessoas sem conhecimento mínimo do que falam, resolvem dizer que os cientistas estão errados. Simples e direto assim!

Pois bem... o assunto do anti-intelectualismo tem merecido as tintas na imprensa brasileira e mundo afora, temática que sempre vêm colada ao tema da pós-verdade, que leva à decadência do debate público porque argumentos e divergências não têm onde se ancorar.

Se quisermos compreender esse painel de questões, precisamos entender que a hostilidade ao intelecto é de cunho variado. Os alvos das investidas sempre são filósofos, sociólogos, psicanalistas, educadores, historiadores... (o dito marxismo cultural), tudo impulsionado pelo universo midiático para controlar massas, com posts que circulam pela internet explorando medos e preconceitos, com grupos adulterando elementos de informação (fake news). Tal como esclarece Lenio Streck, “o anti-intelectualismo está ancorado nas fake news” e assim “o obscurantismo sobrevive nessa era pós-verbo” (aqui), em que dizer qualquer coisa sobre qualquer coisa é usual. E pronto! Temos uma tempestade perfeita...

E nessa algazarra – que não é de hoje – sucede um bloco de perplexidades, como as repreensões a pesquisas que denunciam o aquecimento global, porque para os anti-intelectuais defender esse tema é produzir conspirações. Ou crenças, tais, de coisas como o terraplanismo ou desconfianças de que os cubanos do programa Mais Médicos não eram médicos, mas “militares e agentes infiltrados”, e até mesmo mentiras sobre a presunção da inocência. Os exemplos vão se multiplicando, e, então, modelam a opinião pública e levam a ideia de pós-verdade às últimas consequências.

E com isso há, sim, em boa parte, posts de “anti-conhecimento” que viralizam todos os dias. Ciência? Ora, não! O que se vê são palpites de “anti-ciência”. São “anti-intelectuais” atacando não a tese, mas sim a pessoa que expressa a tese, apenas para poder dar pontapés, vulgarizar e dizer que estão sempre certos, e não aceitam nada que negue as suas posições. Os que agem assim, satanizam as pessoas que pensam de modo diferente. Note-se, que nesses casos, o senso comum não é substituído por conhecimento objetivo, mas há uma insistência em “achações” ou opiniões da forma “Creio que...”.

Por isso Karl Popper orgulhava-se de não ser um filósofo de crença, mas um pensador interessado por teorias, porque a eliminação de erros corresponde a eliminação de teorias, não de pessoas.[3]

Dito isso, estamos diante de um desafio, a tal ponto, inclusive, de nisso se fundir a paixão do ódio com a paixão da ignorância. O revés, portanto, é o “outro” saber (o outro das nossas relações). É que se o outro sabe o que eu não sei, aí haverá o anúncio da minha falta e essa “falta” (esse furo) é a causa do “meu sofrimento”. E por que há riscos? Há riscos porque o perigo está no lado freudiano da pulsão de morte.

Por sua vez, o tema do anti-intelectualismo quando entra no circuito poder-política se fortalece na medida em que, atracado nas fake news, tem uma rampa de disparo de mensagens em massa mediante robôs calibrados por estrategistas políticos, com o propósito de agitar uma onda de movimento dirigido com o objetivo de persuadir pessoas com informações facciosas nas redes sociais.

Nesse sentido, a partir da relação ideologia-governabilidade o risco é assumir a autoria destruidora de qualquer oposição, ambiente favorável para se estudar aquilo que foi alcunhado de “guerra híbrida”, na medida em que enfrentamentos brutais são travados de forma tática em diversos espaços, a partir de concepções de “guerra ideológica” (movimento instituidor do ódio ao opositor político, que joga pessoas contra pessoas), ao lado de “guerra econômica” (desestabilização econômica de países), e, até, mediante “guerra jurídica”, com prisões ilegais de pessoas vítimas da camuflagem, da emboscada do Judiciário, com o propósito de instrumentalizar o Direito como arma política, guindando a ocorrência do que se convencionou chamar de lawfare.

No caso, o anti-intelectualismo é a mesma coisa que pôr milhares de pessoas num navio furado, em alto mar, e assistir o vagaroso naufrágio ao vivo pelas webcams. O assustador é que, apesar disso, muitos tripulantes vão imaginar estar num navio de cruzeiro em temporada de férias. Se a saída rápida desse lugar não acontece, as pessoas são tragadas por suas intersubjetividades pressupostas, algo capaz de aumentar a distância entre o afogado à ponta de uma corda.

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[1] LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 1: os escritos técnicos de Freud (1953-1954). 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2009, p. 308-309.

[2] CONDE, Gustavo. “Sentidos da aniquilação”. In. Relações Obscenas. RAMOS FILHO, Wilson; NASSIF, Maria Inês; (Orgs.) Florianópolis: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 43-50.

[3] POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1999, p. 35.

Referências

CONDE, Gustavo. “Sentidos da aniquilação”. In. Relações Obscenas. RAMOS FILHO, Wilson; NASSIF, Maria Inês; (Orgs.) Florianópolis: Tirant Lo Blanch, 2019, p. 43-50.

LACAN, Jacques. O Seminário, Livro 1: os escritos técnicos de Freud (1953-1954). 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2009.

POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia, 1999.

STRECK, Lenio. “O caso do STF e as fake news: por que temos de ser ortodoxos!”. Revista Eletrônica Consultor Jurídico – Conjur. Disponível em: https://www.conjur.com.br. Acesso em 09 jun. 2019.

STRECK, Lenio. “Para você ganhar um milhão, uma pessoa deve morrer. Você aceita?”. Jornal O Sul. Disponível em: http://www.osul.com.br. Acesso em 03 ago. 2019.

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10
Jan19

Ter um filho no BB ganhando R$ 36,3 mil não tem preço. Não é, Mourão?

Talis Andrade

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por Emanuel Cancella

---

Polícia Apura mentiras na rede contra filho de Lula (7).

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Bolsonaro, verdade seja dita, nunca abandona os amigos! E não é só o filho de Mourão, pois até o genro de Leo Pinheiro, Pedro Guimarães, foi agraciado com a presidência da Caixa Econômica.

 

Bolsonaro, que disse que Lula vai apodrecer na cadeia, com essa nomeação na Caixa retribui a Leo Pinheiro pela prisão de Lula (2).

 

Leo pinheiro, dono da OAS, foi aquele preso pela Lava Jato que, em delação premiada para diminuir sua pena, disse que fizera a reforma milionária no tríplex de Guarujá a pedido de Lula. Em troca, receberia do ex-presidente vantagens ilícitas na Petrobrás.

 

Foi só a palavra de Leo Pinheiro, não houve qualquer comprovação.

 

Assim Lula foi preso e ficou fora da eleição por causa dessa delação de Leo Pinheiro.  Pasmem! Essa reforma alegada na delação nunca existiu. Há fotos e vídeos que comprovam a farsa (3a6).

 

A ex-presidente Dilma sofreu impeachment sem que nada fosse provado contra ela. E Lula preso pela Lava Jato, chefiada por Moro, num claro intuito de o deixarem fora da eleição para favorecer Bolsonaro. E Moro, que prendeu Lula com base numa reforma que nunca existiu, conseguiu assim ser ministro da Justiça de Bolsonaro, como prêmio pelos serviços prestados.

 

E agora o filho do Mourão no BB. Imagine se o filho de Lula ou de Dilma fosse agraciado com um cargo no governo? O mundo viria abaixo!

 

O filho de Lula, mesmo sem nenhum cargo, foi acusado de dono da Friboi e de tantas outras relíquias milionárias. E, mesmo desmentidas, continuam a ser ditas, agora é a polícia que investiga as mentiras contra o filho de Lula (7).

 

Esta aí mais uma constatação de idoneidade de Lula e Dilma, pois nunca praticaram o nepotismo!

 

Fonte:

1https://jornalggn.com.br/noticia/bolsonaro-nomeia-genro-de-leo-pinheiro-na-direcao-da-caixa

2https://www.oantagonista.com/brasil/bolsonaro-diz-que-lula-vai-apodrecer-na-cadeia/

3https://www.diariodocentrodomundo.com.br/video-as-fotos-que-desmontaram-a-farsa-do-triplex-por-joaquim-de-carvalho/

4https://www.youtube.com/watch?v=Ygq_liCgWjA

5https://www.youtube.com/watch?v=hNIlF-9RWiw

6https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/351698/Lula-foi-condenado-por-reforma-que-nunca-existiu.htm

7https://www.brasil247.com/pt/247/brasil/117566/Pol%C3%ADcia-apura-mentiras-na-rede-contra-filho-de-Lula.htm

8https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/01/filho-de-mourao-vira-assessor-do-presidente-do-banco-do-brasil-e-triplica-salario.shtml

03
Jan19

O homem mediano assume o poder

Talis Andrade

O que significa transformar o ordinário em “mito” e dar a ele o Governo do país?

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15
Nov18

Bolsonaro existe? Foi esfaqueado mesmo, ou é tudo ‘fake news’?

Talis Andrade

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Hoje, pela primeira vez, a crônica cotidiana, a história que estamos vivendo, não é narrada exclusivamente pelo poder, como no passado

 

Talvez a História nunca tenha estado tão insegura entre a verdade e a mentira. Nunca, nem mesmo o presente foi posto tanto em dúvida. Será que descobrimos, de repente, que a verdade no estado puro não existe e que tudo pode ser verdadeiro e falso ao mesmo tempo?

Vejamos o Brasil. Tudo parece ser uma coisa e o contrário. Há até quem chegue a perguntar a si mesmo se o capitão Jair Bolsonaro, que conseguiu 57 milhões de votos nas urnas não se sabe como, existe realmente ou é uma miragem. Coloca-se em dúvida até mesmo que tenha sido esfaqueado.

 

Em um mundo no qual até intelectuais chegam a pôr em dúvida a existência do Holocausto judeu, com um saldo seis milhões de pessoas — homens, mulheres e crianças — exterminadas nos campos de concentração, podemos ter a impressão de que a verdade não existe e não será possível conhecê-la.

 

Isso é positivo ou negativo? É verdade que dessa forma todos nos sentimos mais vulneráveis e inseguros ao não ser capazes de distinguir entre verdade e mentira. E, ao mesmo tempo, talvez tenhamos de nos acostumar a conviver em uma realidade mais complexa do que pensávamos, que nos obriga a estar mais vigilantes, já que os limites entre realidade e aparência, entre notícia e fake news, estão ficando cada vez mais tornam-se se fazem cada dia mais tênues e indefinidos.

 

O que sentimos hoje como uma inquietação, talvez porque estivemos séculos sentados tranquilos sobre nossas certezas, pode acabar sendo uma importante purificação. Durante séculos vivemos alimentados pelos dogmas que poder civil ou religioso nos impôs. Tudo era, sem que precisássemos nos preocupar em descobrir, branco ou preto, verdadeiro ou falso, bom ou mau, justo ou injusto. Era assim mesmo, ou será que tínhamos nos acostumado a conviver com a verdade imposta, o que nos dispensava da dúvida? As coisas eram como eram, porque sempre tinham nos ensinado assim. Teria dado muito trabalho colocá-las em discussão.

 

Sempre acreditamos nos livros de História, como se fossem textos sagrados que não pudessem ser discutidos. E se, na verdade, os livros de História nos quais bebemos durante séculos fossem, em sua maioria, uma grande fake news? Nós nos esquecemos de que, em grande parte, a História foi escrita pelos vencedores, nunca pelos perdedores. Como teriam escrito os mesmos fatos aqueles que perderam as guerras, as vítimas, os analfabetos que não podiam escrevê-la, mas que a sofreram em sua pele?

 

É melhor não sofrer tanto e aprender a conviver em um mundo que já não é nem será aquele em que nossos pais viveram

 

Será que estaria a salvo da contaminação das fake news o grande livro da Humanidade, a Bíblia, escrita no espaço de mil anos por autores desconhecidos, que as Igrejas cristãs consideram ter sido inspirada por Deus e, portanto, verdadeira? E se descobríssemos que historicamente a Bíblia não resistiria a uma crítica séria? Ou será que alguém pode acreditar que existiram seus personagens mais famosos, como Abraão, Noé, Matusalém e Moisés?

 

E analisando apenas os quatro evangelhos canônicos que os católicos consideram inspirados por Deus, quanto neles há de histórico e quanto há de catequese religiosa ou política? Qual é a versão verdadeira sobre o julgamento e condenação à morte do profeta Jesus se entre as versões dos quatro evangelistas há inúmeras diferenças bem visíveis? Qual é a figura real de Jesus, a que é apresentada aos judeus da época, cuja morte é totalmente atribuída aos romanos, ou aquela narrada aos gentios e pagãos, em que se carrega nas tintas contra os judeus e fariseus?

 

Talvez a inquietude que todos sentimos hoje, na nova era em que a Humanidade entrou ao não saber se estamos lidando com notícias verdadeiras ou falsas nem o quanto isso pode condicionar a convivência política e social, se deva, no fim das contas, a algo positivo, embora seja preciso se recompor e recuperar a serenidade para entender que vivemos em um mar agitado, no qual é difícil distinguir um peixe vivo de um pedaço de plástico.

 

Essa positividade que alguns pensadores começam a farejar na situação angustiante que vivemos, na qual verdade e mentira convivem abraçadas, talvez nasça de algo novo e ao mesmo tempo positivo que não existia no passado. Hoje, pela primeira vez, a crônica cotidiana, a história que estamos vivendo, não é narrada exclusivamente pelo poder, como no passado. Não é narrada pelos que se consideravam donos da verdade e a impunham com a espada na mão, se fosse necessário. Todos os poderes, civis e religiosos, fizeram isso. Hoje, a crônica começa a ser escrita e filtrada também pelos de baixo, pela periferia, por aqueles que não têm mais poder do que o oferecido pelas redes sociais.

 

Isso sem dúvida levará, como já está ocorrendo, a crises de identidade e à quebra de velhos paradigmas de segurança, como o que os dogmas e as verdades oficiais ofereciam antes. Era tudo mais cômodo e causava menos angústia. Mas não éramos também mais escravos do pensamento único do poder? O fato de não termos de nos preocupar em saber se o que nos ofereciam como história era verdade ou não, ou se era só a verdade de uma parte e não da outra, dava-nos tranquilidade. Hoje, estamos no meio de um ciclone que parece arrastar tudo e não é estranho que nos sintamos inseguros, irritados e até com medo.

 

Tão inseguros que ainda há quem não saiba realmente quem é Bolsonaro ou se ele é uma invenção, ou se os médicos de dois hospitais de prestígio inventaram a história da facada. E Lula? E Moro? Como se escreverá amanhã a história atual do Brasil? Será que os historiadores de hoje conseguirão nos contar no futuro a verdade ou a fake news sobre o que está vivendo uma sociedade que se sente presa entre a verdade e o boato, entre o que ela gostaria que fosse e o que efetivamente é a realidade — que, afinal, tem possivelmente tem tantas caras e nuances quanto as cores do arco-íris.

 

É melhor não sofrer tanto e aprender a conviver em um mundo que já não é nem será aquele em que nossos pais viveram. E essa sim é uma verdade. Se opressora ou libertadora, só poderemos saber quando baixar a poeira dessa agitação em torno de verdade e falsidade ou de meias verdades e meias mentiras. O famoso filósofo espanhol Fernando Savater me lembrava de que “se o mundo parasse de mentir, acabaria despedaçado em poucos dias”. Às vezes, uma meia verdade pode salvar o mundo de uma catástrofe. Até a Igreja católica, com seus séculos de experiência em conduzir o poder, cunhou as famosas “mentiras piedosas”.

 

Para terminar, é verdade que Bolsonaro existe, com mais sombras do que luzes e mais incógnitas do que realidades. E também existe Lula, com toda sua história e todas suas contradições. O que não sabemos é como a História nos contará um dia este momento, que em outras colunas em já chamei de dor de parto, mais do que de funeral e morte. E em todo parto existe, ao mesmo tempo, dor e felicidade, ansiedade e esperança.

 

E, acima de tudo, a certeza de que a vida, com todas suas amarguras e crueldades, verdades e mentiras, é o único e o melhor que temos. Que no Brasil predomine, apesar de tudo, a cultura da vida e não a da morte. Essa é a grande aposta e a grande resistência. Para isso, todos deveríamos andar de mãos dadas.

 

13
Nov18

Como o analfabetismo funcional influencia a relação com as redes sociais no Brasil

Talis Andrade

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por Vanessa Fajardo


---Três entre cada dez brasileiros têm limitação para ler, interpretar textos, identificar ironia e fazer operações matemáticas em situações da vida cotidiana - e, por isso, são considerados analfabetos funcionais.
Eles hoje representam praticamente 30% da população entre 15 e 64 anos, mas o grupo já foi bem maior: em 2001, chegou a 39%, de acordo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf).


O Inaf acompanha os níveis de analfabetismo no Brasil em uma série histórica desde 2001, mas, pela primeira vez neste ano, trouxe informações relacionadas ao contexto digital. Os dados relacionados ao uso de redes sociais foram divulgados nesta segunda-feira com exclusividade para a BBC News Brasil.

 

O instituto classifica os níveis de alfabetismo em cinco faixas: analfabeto (8%) e rudimentar (22%) (que formam o grupo dos analfabetos funcionais); e elementar (34%), intermediário (25%) e proficiente (12%) (que ficam na classificação de alfabetizados).


Para a pesquisa foram entrevistadas 2.002 pessoas entre 15 e 64 anos de idade, residentes em zonas urbanas e rurais de todas as regiões do país.
O grupo de analfabetos funcionais reúne os analfabetos absolutos, que assinam o nome com dificuldade, mas conseguem eventualmente ver preços de produtos, conferir troco, ligar para um número de telefone e identificar um ônibus pelo nome; e os rudimentares, que só leem o suficiente para localizar informações explícitas em um texto curto, sabem somar dezenas, mas não conseguem identificar qual operação matemática é necessária para resolver um problema, por exemplo.


De acordo com a pesquisa, entretanto, mesmo com suas dificuldades, os analfabetos funcionais são usuários frequentes das redes sociais. Entre eles, 86% usam WhatsApp, 72% são adeptos do Facebook e 31% têm conta no Instagram. Leia mais para você conhecer melhor o eleitor de Bolsonaro

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