Uma professora de redação foi filmada por alunos, fazendo uma saudação nazista dentro de uma sala de aula em Ponta Grossa, nos Campos Gerais do Paraná (veja no vídeo acima). O caso aconteceu no Colégio Sagrada Família.
Nas imagens é possível ver a professora fazendo um sinal de sentido antes de estender a mão direita para frente. O gesto era usado no período do nazismo na Alemanha, quando Adolf Hitler governou o país nas décadas de 1930 e 1940 e cometeu um genocídio contra mais de 6 milhões de judeus, perseguidos pelo regime. E mais negros, ciganos, homossexuais e pessoas com deficiência física. Tudo pela pureza da raça, da supremacia branca.
Nas imagens, divulgadas pela Revista Fórum, é possível observar que a docente está vestida com roupas pretas, adereços verde-amarelos e um tecido estampado com a bandeira do Brasil e, durante a execução de uma música, faz continência e ergue as mãos à frente do rosto, em referência a um gesto adotado pelos nazistas para saudar o ditador Adolf Hitler.
Sequestrar os símbolos nacionais para manifestações torpes, ou mesmo uso doméstico, constituem crime da maior gravidade. Coisas que os bolsonaristas realizam nas motociatas e comícios.
Durante manifestação contra medidas de isolamento social, feitas por governadores para diminuir o contágio da Covid 19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu um grupo de pessoas que se dizem ligadas à Brigada Paraquedista do Exército e fizeram uma adaptação da saudação ao líder nazista, Adolf Hitler.
“Somos todos Bolsonaro!”, exclamaram os paraquedistas usando roupas militares e com os braços erguidos no ar.
Ainda na ocasião, os paraquedistas entregaram ao presidente uma camisa que faz alusão ao grupo, com o nome “Bolsonaro” em destaque.
Eles afirmaram ao chefe do Executivo que são apoiadores antes mesmo dele ser eleito em outubro de 2018.
Esses bandidos nazistas foram punidos? O Adrilles, a professora que esconde o nome, seguem o exemplo dos militares bolsonaristas galinhas verdes e outros fanáticos da extrema direita.
O alvoroço da semana é provocado pela possibilidade de ver um dos milionários tios golpistas do zap na cadeia.
É uma ilusão que vai e volta e enfeita os sonhos das esquerdas. Tem que chegar a hora de ver mais do que Sarah Winter e Zé Trovão nas grades.
Precisamos de um ricaço delinquente encarcerado, para que se cumpra uma etapa sempre adiada de reparação.
As esquerdas sonham com o momento em que um desses sujeitos graúdos que saíram do bueiro destampado por Bolsonaro entrarão num camburão.
É uma miragem recorrente. Mas dizem agora os juristas formados pelo lavajatismo que golpistas podem se articular em seus grupos de zap e conversar sobre a tomada do poder.
Eles teriam o direito de falar em voz alta entre eles. É o que dizem os justiceiros da direita, que desejam ferro e fogo para as esquerdas e moderação para a abordagem dos delitos de suas turmas.
De acordo com tese já disseminada, é preciso respeitar a privacidade dos golpistas descobertos pelo jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles.
É como se um delegado de Sorocaba, Barbacena ou Alegrete descobrisse que uma quadrilha se prepara para tomar e saquear um banco da cidade, mas respeitasse a privacidade dos bandidos.
Porque, de acordo com esse raciocínio, a conversa fechada no grupo tem efeitos naquela bolha. O delegado só iria intervir se o plano fosse tornado público pelo Twitter.
O certo é que a ilusão de ver um fascista grandão na cadeia é um direito de todos e uma possibilidade real.
O jurista Wálter Maierovitch já pulverizou em artigo na Folha a teoria do golpe mantido em conversa privada como galhofa ou liberdade de expressão.
O grupo de tios endinheirados do zap caracteriza, segundo Maierovitch, crime de associação delinquencial, que recebe o nome jurídico de formação de organização criminosa.
E a prisão cautelar é uma hipótese a ser considerada, ensina o jurista. Maierovitch não diz, mas é preciso levar em conta que essa é uma possibilidade improvável às vésperas da eleição.
Mesmo assim, o impasse político não afasta completamente a hipótese, considerando-se que o golpe estaria sendo planejado para evitar a posse de Lula.
Como o plano é dar o bote depois da eleição, é nesse momento, pós-pleito, que iria se configurar a ameaça real.
O que a realidade nos impõe, destruindo sonhos coloridos nesse sentido, é que poderemos ter, com Lula eleito, a acomodação das pacificações.
E o grupo dos tios milionários do zap seria visto com o tempo como uma subturma de gente que não frequenta altas rodas e se contenta com o que, na definição de Maierovitch, são apenas associações delinquenciais.
A força do empresariado fascista em geral é outra, em toda parte. Eles aplicam golpes contra o Fisco e contra concorrentes, mas não têm mais poder para golpes políticos.
Até a ameaça de golpe dos milionários pode ser, como também é o blefe de golpe de Bolsonaro, mais um estelionato do capitalismo brasileiro.
Apesar de o ministro da Defesa estar alinhado a Bolsonaro, militares da ativa e da reserva querem distância dos arroubos golpistas de Bolsonaro
247 -Militares de alta patente ouvidos por Carla Araújo, doUOL, classificaram como "vergonha internacional" e "vexame" areunião de Jair Bolsonaro (PL) com embaixadoresque teve como objetivo principal atacar as urnas eletrônicas e colocar sob suspeita o sistema eleitoral brasileiro.
Apesar do alinhamento do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ao discurso bolsonarista, as Forças Armadas seguem independentes, garante um general da ativa. Paulo Sérgio, que foi chefe do Exército, 'mudou de emprego' ao aceitar ser ministro de Bolsonaro, diz o general.
Paulo Sérgio sabe que as Forças Armadas são instituições de Estado, e não de governo, garante o militar.
O ministro da Defesa esteve na reunião de Bolsonaro e estava pronto para também discursar, mas não foi requisitado pelo chefe do Executivo. Para um militar de alta patente, o ministro se livrou de passar vergonha. "Ninguém merece ficar atrelado a uma vergonha internacional".
Um general da reserva deixou claro: "a gente não quer participar deste vexame".
Os comandantes do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, da Marinha, almirante-de-esquadra Almir Garnier Santos, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Baptista Junior, foram convidados para participar do evento, mas não compareceram.
O que se fala nos quartéis é que as Forças Armadas respeitarão o nome que for eleito pelo povo para a Presidência da República.
Operação em 2019 desmantelou garimpo e destrói 60 balsas no Vale do Javari. Última ação da Funai para proteger os povos isolados na imensidão e abandono do Vale do Javari. A última missão de Bruno Araújo que lhe custou o emprego na Funai e a vida
por Carlos Madeiro /UOL
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Em 13 de setembro de 2019, quando ainda era coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai (Fundação Nacional do Índio), Bruno Araújo Pereira coordenou uma megaoperação no sudoeste do Amazonas que resultou em perdas consideráveis para o garimpo ilegal.
Quinze dias depois, Bruno foi demitido do cargo de coordenador geral. A operação foi um divisor de águas na mudança de rumo da política da Funai. O órgão não realizou mais nenhuma grande ação na região, que sofre também com invasões de caçadores e pescadores ilegais, além de madeireiros e até narcotraficantes.
Ação e reação
A operação Korubo reuniu cerca de 60 agentes da Funai, Polícia Federal e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e enfraqueceu o garimpo na área com a destruição de 60 balsas que atuavam ilegalmente no rio Jandiatuba. A área fica dentro da Terra Indígena Vale do Javari, onde vivem 19 povos indígenas isolados —o nome Korubo faz referência a um destes povos.
Depois da operação, os garimpeiros aumentaram a pressão sobre a Funai, articulando um lobby pela demissão de servidores que estavam comandando ações desse porte na Amazônia —o que incluía Bruno e servidores de outro órgãos, como Ibama e ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).
O UOL perguntou à Funai se a demissão de Bruno foi motivada pela operação, mas o órgão não respondeu. Apenas alegou que "os cargos em comissão e as funções de confiança são de livre nomeação e exoneração por parte do gestor".
Segundo entidades da região, Bruno foi exonerado do cargo de coordenador-geral por perseguição, justamente por ter atuado pela proteção ao Vale do Javari. Após deixar a função, ele reassumiu o cargo efetivo de agente de indigenismo. Ao perceber que a Funai não iria mais atuar na defesa dos indígenas da região, ele pediu licença sem vencimentos em 29 de janeiro de 2020, para atuar na proteção de indígenas fora do órgão.
Garimpeiros enfurecidos
A coluna teve acesso a vídeos dos garimpeiros da região, que reclamaram de uma suposta truculência durante a operação Korubo e da destruição dos barcos.
"Eles estão no direito deles, mas humilharam todo mundo, colocaram todo mundo quase pelado, jogaram as coisas do outro lado do rio. Tivemos de atravessar o rio nadando", conta um dos garimpeiros que perdeu a balsa queimada pelos agentes do governo.
Em outro vídeo, garimpeiros vão até o local onde as balsas foram queimadas para conferirem a destruição. O vídeo, publicado no YouTube, é repleto de mensagens de apoio aos garimpeiros.
"Muito triste ver essa cena", diz um deles. "O Brasil tem muito a aprender", diz outro. "Sonhos queimados e esperanças resumidas a cinzas", afirma um segundo usuário. "Infelizmente esse sistema corrupto assola nosso país", comenta outra pessoa.
Reuniões com o governo
Em 16 de setembro de 2019, três dias após a operação no Javari, representantes do garimpo foram recebidos pelos então ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e do Meio Ambiente, Ricardo Salles, além de outros integrantes do governo. Um segundo encontro foi marcado para o dia 8 de outubro, com a participação do então ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
Uma carta obtida pela coluna prova que eles iriam se reunir e até adiaram o encontro marcado pare que Freitas participasse. A coluna não conseguiu confirmar se a reunião realmente aconteceu.
Carta anuncia encontro com integrantes do governo cinco dias antes da demissão de Bruno Imagem: Reprodução
O grupo era liderado por garimpeiros da região do Tapajós, no Pará, que também tiveram maquinário destruído por atividades em terras indígenas e chegaram a fechar por quatro dias a BR 163 em protesto contra a intensificação das fiscalizações na área.
Entretanto, os pedidos dos garimpeiros foram além da área e incluíram toda a Amazônia.
Hoje, um projeto que está parado na Câmara tenta liberar as atividades em terra indígena —o que é reprovado até pela entidade oficial da mineração no país.
Sem Bruno, sem grandes ações
Depois da saída de Bruno Pereira, a coordenação dosindígenas isolados foi entregue ao pastor Ricardo Lopes Dias, que tinha trabalhado em uma missão evangelizadora americana criticada por caciques do Amazonas.
Pastor Ricardo Lopes Dias coordenar geral dos índios isolados, indicado pela ministra Damares, tomou o lugar de Bruno na Funai
Foi a partir desse momento que, segundo alegam as entidades indigenistas, o governo começou a mudar a forma de atuação na Funai. As entidades afirmam que o órgão passou a se alinhar ao discurso do presidente Jair Bolsonaro e ser permissiva à exploração de minérios na área indígena.
O MPF (Ministério Público Federal) no Amazonas, inclusive, precisou entrar com uma ação civil pública no final de 2019, cobrando o reforço às frentes etnicoambientais de proteção a isolados na região do Vale do Javari, que foram paulatinamente sendo enfraquecidas ao longo dos últimos anos. O reforço, porém, não foi feito.
Após pedir licença da Funai, Bruno passou a atuar junto com a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e a realizar, com a entidade, o trabalho de proteção da área e orientações de sustentabilidade ambiental com o povo que vive no entorno da terra.
Helicóptero do Ibama ajudou na operação de setembro de 2019 Imagem: Ibama
Segundo Francisco Loebens, integrante no Amazonas da equipe de apoio a povos livres do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), a operação foi importante para mitigar a invasão de garimpeiros na TI Vale do Javari.
"A operação teve a participação ativa de Bruno na sua articulação e foi motivada sobretudo pela denúncia de um possível massacre praticado por garimpeiros contra indígenas isolados, conhecidos na região por flecheiros, que habitam essa área", afirma.
Segundo ele, a demissão causou "estranheza" porque Bruno era reconhecidamente "uma das pessoas mais qualificadas da Funai e respeitado por sua dedicação à proteção dos povos isolados".
Com a saída de Bruno, a proteção aos indígenas isolados foi reduzida, segundo Francisco e outros servidores e indigenistas ouvidos pela coluna. Um dos pontos citados é que operações como a Korubo não foram mais realizadas desde então.
Em 2019 houve, inclusive, um corte grande nos recursos para a atuação da Funai em relação aos povos indígenas isolados
Francisco Loebens, Cimi
Terra no Vale do Javari, alvo de diversos tipos de ataque Imagem: Funai
Com a entrada do pastor, diz, mudou completamente a forma como a coordenação da Funai atuava na proteção de povos isolados.
"A preocupação era com a conquista espiritual dos indígenas isolados. As bases de proteção etnicoambiental da Funai passaram a atuar em precaríssimas condições. A direção da Funai passou a agir abertamente contra os direitos indígenas —perseguição, tentativas de criminalização de lideranças indígenas e de servidores do órgão indigenista que atuavam em defesa dos direitos indígenas", diz.
A partir daquele momento, o lobby a favor do garimpo só ganhou força na região. Por várias vezes, a imprensa nacional e internacional noticiou invasão de áreas, com destaque para a terra ianomami, em Roraima.
"Houve uma omissão total na demarcação e proteção dos territórios indígenas. Enfim, a Funai passou a ser a Fundação Nacional Anti-Indígena", finaliza Francisco.
O governador do Rio de Janeiro não respeita o luto das famílias. A declaração foi concedida dias após da chacina da Vila do Cruzeiro, a terceira operação policial com o maior número de mortes. Para os soldados de Castro e Bolsonaro todos os moradores das favelas são bandidos. E o Rio, ex-Cidade Maravilhosa, virou zona de guerra. Apenas os bairros ricos e territórios das milícias são considerados livres de operações militares.
247- O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), chamou de "vagabundos", nesta segunda-feira (30), os mortos na operação policial na favela do Jacarezinho, zona norte da cidade do Rio, em maio de 2021. Foi a ação policial mais letal da região metropolitana do estado, com 28 mortes, das quais24 foram arquivadas. Outras duas, com ao menos 23 mortes cada, aconteceram em Duque de Caxias, em 1998, e naVila Cruzeiro, zona norte da capital, na última terça-feira (24).
Um levantamento do Instituto Fogo Cruzado, divulgado na semana passada, também apontou que o estado do Rio teve39 chacinas e 178 mortesem apenas um ano de gestão, durante o governo Cláudio Castro.
"Cada policial que eu perco, eu perco duas vezes. Por isso que aquele memorial lá, nós tombamos ele. O nome do André [o policial] não merece estar no meio de 27 vagabundos. O único herói que merecia um memorial é o André com seu filho, da idade do meu, que chora até hoje", disse Castro em coletiva de imprensa.
Falta de amor ao próximo. De respeito aos mortos. O Memorial foi derrubado na marra pelos policiais que participaram da chacina. A maior chacina do Rio. A mais letal e desnecessária. Os soldados entraram na favela atirando, derrubando portas, matando os moradores nas ruas e nas casas. A fúria assassina. O prazer de matar de serial killers
O governador fez referência ao policial civil André Leonardo de Mello Frias, morto na operação, e que estava com o nome na placa retirada pela polícia.
No dia 11 de maio, a Polícia Civil do Rio de Janeiro destruiu um memorialem homenagem às 28 vítimas da Chacina do Jacarezinho. O memorial, inaugurado cinco dias antes, foi uma iniciativa de moradores da comunidade, amigos e familiares dos mortos.
Os moradores da favela pensam diferente do governador. Em reportagem de Thayná de Souza e fotos de Selma Souza, a Voz das Comunidades publicou:
Exatamente após um ano, o nome dos 28 assassinados pela Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro no Jacarezinho está gravado eternamente na favela, considerada a mais negra da cidade. Do total, 27 eram moradores e 1 era servidor público. Por volta das 14h50, a marcha que relembra a maior chacina da história do Rio adentrou as ruas do Jacarezinho com mulheres negras à frente, segurando a faixa “28 mortos não é operação, é chacina! 1 ano sem respostas”, rumo ao memorial.
Enquanto a caminhada seguia, alguns moradores que trabalhavam e andavam pelas ruas do Jaca paravam para ler os cartazes e observar. Frases de apoio puderam ser ouvidas e também diálogos que só quem é favelado entende. “Botaram essas polícia aí não sei pra quê”, comentou uma senhora com a outra, que respondeu de pronto: “Pra matar mais gente!”. “Eles tiram a vida dos outros” e “a escravidão não acabou!” também foram ditas em tom de indignação por moradoras enquanto a marcha seguia.
Durante a cerimônia de inauguração do memorial, mães, irmãs e primas estavam presentes. Tassiana Barbosa era irmã de criação de duas vítimas, Richard Gabriel, de 23 anos e Isaac Ferreira, de 22, que morava na mesma casa que ela, já que sua família não era de lá. “É muita tristeza depois de um ano ainda sem nenhuma justiça! Eu acho que isso nunca vai mudar. A gente que mora aqui até desacredita que algo vai ser feito. Se fosse na Zona Sul, seria totalmente diferente”, relatou.
PARA PROTEGER HOMICIDAS, GOVERNADOR CONTRA POLICIAIS UTILIZAREM CÂMERAS NO UNIFORME
Questionado sobre a possibilidade de outros batalhões policiais, e até a Polícia Civil, utilizarem câmeras no uniforme, Castro afirmou que "operação é planejada, tem estratégia e tem sigilo. Há de se tomar muito cuidado, principalmente pensando na vida do policial".
Mônica Cunha, defensora dos direitos humanos, que teve seu filho Rafael assassinado pelo Estado com apenas 20 anos, disse emocionada: “A gente não aguenta mais ficar botando memorial em favela com o nome dos nossos”. Ela destacou também o que é sempre ignorado ao se tratar de corpos favelados, principalmente pretos. “Esses meninos são nossos filhos, nossos irmãos! Eu quero homem preto igual a você (apontou para o advogado e morador Joel Luiz), não quero homem preto com nome em memorial”.
Joel Luiz, citado por Mônica, em seu discurso durante a homenagem, pontuou que essa chacina não se construiu em um dia, mas em séculos de escravidão. “28 mortes é um projeto do estado brasileiro”, completa. Sobre o sentimento durante o memorial, ele desabafa que hoje é um dia muito importante.
“Nesse primeiro aniversário de muitos que estão por vir, de que isso não vai ser mais um dia. Não foi só mais uma operação, que, na verdade, foi uma chacina. Não foi só mais uma manhã, mas um dia que a gente vai lembrar todo ano. Eu, enquanto estiver aqui, vou lembrar todo ano. Nem que seja por uma faixa, por fogos, por uma caminhada… Eu vou lembrar todo ano. Porque eu não vou e não podemos normalizar esse tipo de ação, sobretudo no nosso território. O que fica é: isso aconteceu, não pode mais acontecer e temos que lembrar para que não mais aconteça”, finaliza.
Na marretada derrubaram o Memorial. Os moradores decidiram pichar os muros. Os mortos inocentes jamais serão esquecidos
Polícia destrói memorial em homenagem a mortos da Chacina do Jacarezinho
Um memorial que servia de homenagem aos 28 mortos na Chacina do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, foi derrubado por policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE).
A CORE, grupo criado especialmente para invadir favelas e realizar operações, é uma unidade especial da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro. Os agentes usaram marretas e um caveirão, carro blindado, para destruir a estrutura.
A chacina do Jacarezinho foi a ação policial mais letal da história do estado do Rio.
O memorial, inaugurado no último dia 6 de maio, por moradores da comunidade e movimentos sociais, buscava homenagear os assassinados neste trágico episódio.
Na estrutura do monumento derrubado estava escrito que “nenhuma morte deve ser esquecida. Nenhuma chacina deve ser ignorada”. Além disso, tinha os nomes dos mortos em placas de ferro.
Chacina do Jacarezinho mostra terrorismo policial no Brasil
Diversas entidades internacionais mobilizaram denúncias em relação a essa ação brutal da polícia do Rio. Os acontecimentos da chacina foram denunciados como uma violações graves de direitos humanos pela ONU.
O Jacarezinho é o bairro do Rio de Janeiro com o maior número de moradores mortos em chacinas decorrentes de operações policiais.
Fica cada vez mais claro que o estado burguês e seu aparato policial fazem de tudo para assassinar, prender e eliminar a população dos bairros pobres. Depois de mortos, precisam apagar o seu legado e a sua memória.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais bem votado da história da Câmara e filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), disse que “para fechar o STF basta 1 cabo e 1 soldado”.
A declaração ocorreu durante uma palestra do congressista antes do 1º turno das eleições, em 9 de julho de 2018, durante uma aula de preparação para concursos públicos, em Cascavel (PR), promovida pela empresa AlfaCon.
O soldado Jair Bolsonaro já arranjou. O soldado PM Daniel Lúcio da Silveira, com ficha ideal para o serviço sujo
A ficha suja do cobrador de ônibus
por Caique Lima /Jornal DCM
Quando foi chamado para prestar depoimento na delegacia de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, sobre o uso de atestados médicos falsos no trabalho, em abril de 2007, o então cobrador de ônibus Daniel Lúcio da Silveira deu uma explicação pouco convincente: alegou que, diante da negativa de uma médica do pronto-socorro da cidade de assinar o documento, pediu um atestado a um “homem que estava sempre de branco no corredor da unidade”. O homem prontamente “preencheu o atestado na sua frente”. Por outras duas vezes, Silveira voltaria ao hospital para pedir atestados à mesma pessoa — que a polícia descobriria se tratar de um faxineiro do hospital.
Deputado federal, Silveira disse que não sabia que o homem de branco não era médico. Em depoimento, o faxineiro disse que conhecia Silveira “antes mesmo de ele trabalhar na empresa de ônibus”. Ao todo, Silveira conseguiu atestados falsos para faltar ao serviço de 23 de dezembro de 2006 a 17 de janeiro de 2007.
O crime de falsidade material de atestado pelo qual ele foi acusado prescreveu em 2016, e o caso acabou arquivado. No entanto, por conta da passagem pela polícia, Silveira foi reprovado, em 2011, pela pesquisa social necessária para ingressar na PM do Rio. Ele só seria plenamente integrado à corporação em 2014, após recorrer à Justiça.
Eleito para a Câmara dos Deputados apenas quatro anos depois, ostentando um perfil de PM combatente, Daniel Silveira teve uma passagem pela corporação que mimetiza seus tempos de cobrador de ônibus: repleta de faltas injustificadas. Levantamento feito pelo GLOBO em boletins da corporação revela que, num período de oito meses, entre junho de 2015 a janeiro de 2016, quando trabalhava na UPP da Rocinha, ele faltou oito vezes ao serviço. Nos carnavais de 2015 e 2016, mesmo escalado para trabalhar, não apareceu. Em seus cinco anos, nove meses e 17 dias na PM, contabilizaria 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e duas advertências — a maioria das punições por faltas e atrasos (Publicado in 18 de fevereiro 2001)
A ficha suja de militar
Por Gabriel Barreira e Marco Antônio Martins, G1 Rio
Quando era policial militar, o deputado federal Daniel Silveira (PSL) –preso por fazer um vídeoem que defende o AI-5 e destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal – recebeu 60 sanções disciplinares. A informação consta de um processo administrativo da PM.
Na ficha policial, consta que o PM licenciado tinha "mau comportamento". Por isso, Silveira ficou 26 dias presos e 54 detido — a prisão ocorre por transgressões mais graves, enquanto a detenção por casos menores.
Daniel Silveira recebeu, ainda na corporação, 14 repreensões e duas advertências, "ficando cristalina sua inadequação ao serviço policial militar", conforme o boletim.
'Incompatibilidade' com a PM
O processo administrativo contra Silveira na PM apurava a suspeita de:
conduta irregular
ato que afeta a honra pessoal, o sentimento do dever, a honra policial militar e o decoro da classe
Ainda segundo o documento, "em breve tempo de efetivo serviço policial militar" ele demonstrou "ausência de compromisso e incompatibilidade ao serviço policial militar".
O processo administrativo foi arquivado quando Daniel Silveira se licenciou ao ser eleito deputado federal, em 2019.
Um dos desvios de conduta apontados no boletim interno da PM datado de julho de 2019 está uma postagem do então policial militar em uma rede social.
Na medida em que postou vídeos em sua página pessoal da rede social Facebook, pag 14, com comentários ofensivos e depreciativos em desfavor de integrantes da imprensa nacional de uma forma geral, em alguns deles durante a execução do serviço, fardado e no interior da viatura, erodindo preceitos éticos em vigor da Polícia Militar e repercutindo negativamente a imagem da corporação".
Decisão judicial para entrar na PM
A Polícia Militar do Rio de Janeiro reprovou, em 2010, a entrada de Daniel Silveira na corporação durante a pesquisa social feita pelo então candidato a soldado. De acordo com o documento, Daniel descumpriu requisitos como ter boa conduta social e não haver praticados atos considerados incompatíveis com a honra do policial militar.
Daniel Silveira era investigado pela Polícia Civil pela suspeita de furto do carimbo de uma médica para fraudar atestados quando era cobrador de uma empresa de ônibus em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.
Para entrar na corporação, Daniel obteve uma decisão judicial, em 2013, que garantiu seu ingresso na PM do RJ. Em 2014, o caso foi arquivado pela Justiça. (Publicado em
Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado federal bolsonarista Junio Amaral (PL-MG) respondeu, nesta terça-feira (5/4), uma fala doex-presidente Lula sobre mapear as casas de deputados e "incomodar a tranquilidade" deles.
No vídeo, o parlamentar e policial militar reformado começa falando que mora em Contagem e ressalta que a cidade é governada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), partido do qual Lula é filiado.
Na sequência, enquanto carrega uma arma, Julio segue."Eu vou esperar vocês lá, tanto a sua turma, quanto você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha, tá bom? Vocês serão muito bem-vindos", termina ele ainda segurando o revolver.
Moramos em um país onde um homem negro e refugiado pode ser espancado até a morte, ter seus órgãos arrancados e nada acontecer com os responsáveis. O motivo dessa crueldade? Moise foi apenas cobrar o seu salário que estava atrasado. Que país é esse?
Carolina Cacau
Trabalhadores do bandejão da USP em greve se levantam por #justicaparaMoise
James Fricke
O "braZil-Zil-Zil" milico-miliciano-gloBBBOçal do MERCADO é um grande quiosque TROPICÁLIA...
Distopia Brazil
O Brasil desgovernado pela Milícia é a pior das Distopias!
Quiosque Tropicália contribuinte protegido da Milícia da Barra da Tijuca
Nah
@nahrivelli
Sobre o caso Moise Mugenyi: Ontem a noite a embaixada da República Democrática do Congo soltou uma nota. Dizia que já era o quinto congolês morto em curto período no Brasil, e que se não houver respostas vamos encerrar as atividades mineradoras do Brasil no solo da RDC.
Fora os que não morreram, mas foram agredidos e até hoje não obtivemos resposta nem justiça.
Depois de ser brutalmente agredido por homens armados na Canteira, em São Domingos, estudante congolês da Universidade Federal Fluminense (UFF), diz não ter condições psicológicas para continuar cursando engenharia na universidade e pretende voltar para a casa dos pais no Congo. O estudante que tinha passado na UFF e UFRJ optou pela faculdade em Niterói acreditando ser mais tranquila em relação a capital fluminense.
“Ainda não estou pronto para retomar a minha vida e voltar às aulas, já que estudo próximo à Cantareira, e a região está cada vez mais perigosa para os estudantes. Antes de vir para o Rio de Janeiro, ouvia histórias sobre a violência no Estado, mas não imaginava que seria uma vítima de um crime tão cruel. Me sinto muito traumatizado, porque sempre andei pelas ruas com muita cautela e, mesmo assim, fui covardemente agredido”, disse o jovem, que acredita ter sido vítima de racismo como tantos outros jovens negros do Rio.
“Fui espancado e até ameaçado de morte, por um grupo de homens que estava à procura de uma pessoa negra. Nunca imaginei passar por isso no Brasil, sobretudo porque o país é um dos maiores berços da miscigenação étnica. É triste perceber que as pessoas ainda associam o negro a um bandido. Me sinto revoltado com toda essa situação, porque sei que a cor da minha pele fez com que eu fosse vítima de toda essa violência”, disse.
O caso desse estudante da UFF é mais um entre tantos outros que fazem escancarar o racismo no país, quando muitas das vezes legitimado por uma polícia e Estado que assassina jovens negros todos os dias pelos morros cariocas.
Nah
@nahrivelli
Para todos aqueles que se mobilizaram pelo caso do jovem congolês, Moise Mugenyi: No sábado, dia 05, haverá uma manifestação em frente ao quiosque Tropicalia, posto 8, na praia da Barra da Tijuca Ás 10h O protesto tá sendo organizado pela família e comunidade congolesa.
O que há de pior no Brasil e que existe desde sempre ficou mais forte do que nunca em 2018. O repúdio coletivo assassinato brutal de Moise é o repúdio ao racismo, é o repúdio às milícias, é o repúdio ao bolsonarismo! É URGENTE UMA GRANDE MOBILIZAÇÃO!
Sergio Moro era o super ministro da Justiça e Segurança Pública de Bolsonaro. O escolhido foi Augusto Aras
Neste domingo (12) Jair Bolsonaro publicou um vídeo nas redes sociais afirmando ter rejeitado uma audiência com o ex-procurador-chefe da Lava Jato de Curitiba, Deltan Dallagnol.
O pedido para furar a fila da lista tríplice votada pelo mpf, teria ocorrido em 2019, quando se especulava sobre uma possível indicação de Deltan para ocupar o posto de procurador-geral da República. O escolhido foi Augusto Aras.
“Se eu tivesse audiência com ele, com toda certeza não ia indicá-lo para PGR. Mas iria sair uma história pronta. Como faziam por ocasião de alguns depoimentos por ocasião da Lava Jato... Escrevia o depoimento, chamava o cara para assinar. E ia falar o quê? Que eu teria feito proposta indecorosa para ele. Salvar um amigo, parente”, disse Bolsonaro, se referindo às revelações de delações premiadas fraudadas pela Lava Jato.
Político da extrema direita, Deltan se filiou oficialmente ao Phodemos, na última sexta-feira (10), em um hotel de luxo longe do povo em geral, em um evento que contou com a presença do ex-juiz Sergio Moro, pré-candidato a presidente pela mesma legenda.
Na quinta-feira (9), Bolsonaro disse que Moro só fazia "intrigas" enquanto estava no governo. “A Polícia Federal faz o seu trabalho, a PRF [Polícia Rodoviária Federal] nunca teve tanta produtividade depois que nós chegamos. Em especial aquele outro cara, que não fazia operação no estado que interessava para ele. Mesmo com toda a liberdade, nunca mostrou serviço, a não ser, também desde o começo do mandato, fazer intrigas”, disse.
A tradição de formação da Lista Tríplice iniciou-se em 2001.
De 2001 até agora, a Lista Tríplice para o cargo de Procurador-Geral da República só não havia sido acatada em sua primeira edição. A partir de 2003, o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, passou a reconhecer e prestigiar a escolha dos procuradores da República para o cargo de chefe do órgão. O costume foi mantido por Dilma Rousseff e Michel Temer, mas Jair Bolsonaro o interrompeu em 2019.
Podem se candidatar ao cargo membros de carreira do Ministério Público Federal, em atividade e maiores de 35 anos.
Os procuradores da República habilitados a votar têm a possibilidade de escolha plurinominal, facultativa e secreta.
Após o resultado das eleições, a ANPR é a responsável por encaminhar os três nomes mais votados aos presidentes da República, do Supremo Tribunal Federal, do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, bem como ao Procurador-Geral da República e ao Conselho Superior do MPF. Dessa forma, o chefe do Executivo pode avaliar os anseios da carreira antes de repassar ao Senado Federal o nome do indicado.
Em 17 de junho de 2019, dez membros do Ministério Público Federal concorreram à lista tríplice para procurador-geral da República. Os mais votados foram o subprocurador-geral da República Mário Bonsaglia (478); a subprocuradora-geral da República Luiza Frischeisen (423); e o procurador regional da República Blal Dalloul (422). Ao todo 82% dos membros do MPF votaram na eleição. Pela primeira vez em 18 anos, o presidente da República, Jair Bolsonaro, rejeitou a indicação dos procuradores e nomeou como PGR o subprocurador-geral da República Augusto Aras. Bolsonaro acabou com a politicalha na ANPR.
Em 22 de junho de 2021, o Ministério Público Federal insistiu. Com a participação de 70% dos membros do Ministério Público Federal, a lista tríplice teve como eleitos os subprocuradores-gerais da República Luiza Frischeisen (647), Mario Bonsaglia (636) e Nicolao Dino (587). Pela segunda vez, Jair Bolsonaro rejeitou a indicação dos procuradores e reconduziu ao posto o subprocurador-geral da República Augusto Aras, acabando com a ditadura corporativa.
Dallagnol politicava com os tucanos, mas a legenda tem candidato escolhido em uma prévia. Dallagnol teve que ficar com os marrecos.
Empresa Consultoria Ponteio Política, responsável pela pesquisa em que Sérgio Moro aparece em terceiro, foi aberta há apenas três dias
por Jeferson Miola
No início da tarde desta 6ª feira [19/11] foi publicada uma pesquisa de intenção de votos com resultados disparatados da maioria daqueles encontrados por distintos institutos de pesquisa.
A pesquisa traz resultados favoráveis a Sérgio Moro, que aparece com 11%. Com isso, o juiz declarado suspeito pelo STF estaria atrás apenas de Lula [37%] e Bolsonaro [24%], mas à frente de Ciro [8%] e de todos demais candidatos.
Curiosidades
Chama atenção, à primeira vista, que este suposto crescimento das intenções de votos no juiz suspeito não altera o desempenho do também extremista de direita Bolsonaro, que continuaria no patamar de 24%. Isso é contraditório, porque ambos disputam o mesmo eleitorado.
A empresa pesquisadora – Consultoria Ponteio Política – é desconhecida do mercado de pesquisas e não se conhece nenhum levantamento dela realizado anteriormente. Também pudera: a empresa foi aberta há apenas 3 dias. O CNPJ da empresa foi registrado em 16/11/2021, 3 dias antes desta estréia da Ponteio na realização de pesquisas [figura].
Mais curiosidades
A cronologia da aparição dos dados da pesquisa na mídia também chama atenção. O primeiro a publicá-la foi o site de extrema-direita O Antagonista – “Moro tem 11% na primeira pesquisa após filiação”, noticiou às 14:21 desta 6ª feira [19/11].
O Antagonista é porta-voz do lavajatismo e responsável pela Revista Crosué, na qual o juiz suspeito escreve coluna semanal.
A curiosidade aqui é que um dos consultores da Ponteio Política é João Bosco Rabello, que foi diretor do Estadão em Brasília por 23 anos, até 2013, e “de 2017 a 2018 foi consultor especial de comunicação nos Ministérios da Defesa e da Segurança Pública”. [período do usurpador Temer].
O terceiro veículo em sequência a divulgar matéria sobre a pesquisa foi o Blog Ricardo Antunes, às 15:03 horas – apenas 3 minutos depois do Broadcast do Estadão. A manchete do blog destaca que “Moro passa Ciro e já tem 11% na primeira pesquisa após filiação”.
Este resultado discrepa bastante da pesquisa Vox Populi [11/11], pioneira na simulação sem Bolsonaro na urna. A Vox mostra que neste cenário Moro passaria de 3% para 8%, menos da metade do encontrado pela pesquisa Ponteio.
Agendamento da pesquisa no debate público
Ao se pesquisar no Google a expressão “pesquisa Ponteio Política” se encontra a ordem de divulgação dos dados do levantamento tal como descrito anteriormente: primeiro pelo O Antagonista, depois pelo Broadcast do Estadão e 3 minutos depois pelo Blog Ricardo Antunes.
Somente após o itinerário acima referido a pesquisa passou a ser divulgada em vários veículos de comunicação, e com a reprodução literal do enquadramento feito originalmente com o objetivo de turbinar a votação do juiz suspeito.
Se a publicação de tais resultados tinha o objetivo de agendar no debate público o “crescimento espantoso” da intenção de votos no juiz suspeito, este objetivo foi concretizado. No judiciário, o juiz suspeito Sérgio Moro mostrou apreço por métodos e práticas sujas para alcançar fins políticos. Seria duvidoso se agiria diferente agora, atuando diretamente na política sem o disfarce da toga.
No site oficial da Ponteio política o relatório integral da pesquisa não está publicado. Em resposta ao pedido de acesso ao relatório, o sócio-administrador Ricardo Luiz Mendes Ribeiro respondeu: “Sinto muito, mas não posso passar o relatório para você hoje. Só na terça no final da tarde, depois que apresentarmos para clientes. Divulgamos apenas alguns números para esquentar o lançamento da Ponteio que será na terça. Volte a me procurar na terça que eu te passo o relatório”.
Questionado que os dados estão divulgados em vários veículos e também perguntado sobre a desde quando a Ponteio realiza pesquisas, o sócio da empresa não respondeu até a conclusão desta matéria.
A partir de 1º de janeiro de 2022 os institutos de pesquisa estarão obrigados pela lei eleitoral a registrar no TSE todas informações técnicas relativas aos levantamentos [amostragem, metodologia, período de campo, modelos estatísticos etc]. Este procedimento confere transparência e ajuda a coibir a manipulação e a indução da opinião pública com fraudes e manipulações.
A direita não tem partido. Ela muda de partido, conforme suas conveniências. Seu partido foram as FFAA durante a ditadura militar. Foi o bloco neoliberal – PSDB, mídia, grande empresariado – durante o governo de FHC. Agora o partido da direita é a Lava Jato – uma aliança entre o Judiciário, a mídia e o grande empresariado.
Antes do golpe de 1964 a direita se representava basicamente na UDN, como partido político, e na Escola Superior de Guerra, que formulava e difundia no Brasil a Doutrina de Segurança Nacional. A UDN, que tinha em Carlos Lacerda seu principal líder político e candidato às eleições presidenciais previstas para 1965, se caracterizava por sempre pregar o golpe: contra o Getúlio em 1964, contra a posse do JK em 1965, na renúncia do Jânio em 1961 e em 1964.
A alternativa golpista foi construindo suas próprias organizações, entre elas o IPES (Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais) e o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), com financiamento direto dos Estados Unidos. Elas produziam conteúdos para rádio, televisão, jornais e cinema, pregando o anticomunismo e a derrubada do governo do João Goulart. Elas gastavam 60 mil dólares na publicação de livros para oficiais das FFAA – objeto privilegiado da ação golpista -, tendo organizado 1.706 exibições de filmes em quartéis, bases, escolas e navios.
Conforme a opção da direita brasileira foi se canalizando diretamente para o golpe militar, a UDN foi substituída definitivamente pela alta oficialidade da FFAA como partido de representação da direita brasileira. A expectativa de Carlos Lacerda de que JK e Brizola – os outros candidatos para as eleições de 1965 – fossem cassados e ele concorresse praticamente sozinho, foi frustrada e os militares se apropriaram do Estado brasileiro, militarizando-o, até o fim da ditadura.
Até os anos 2000, a direita brasileira tinha nos partidos tradicionais da direita, especialmente na Arena (depois PDS) e no PFL, seus representantes. Quando o Fernando Collor caiu, se diz que Roberto Marinho teria dito: “Já não elegeremos alguém do nosso campo”, indicando que teriam que escolher alguém do outro campo, que defendesse seus interesses.
FHC se apresentou para esse papel, assumindo como ministro do governo de Itamar Franco, relançando o programa econômico do Collor com outra versão – que desembocaria no Plano Real. E, depois, sendo o candidato da direita à presidência. Dali, chamou o PFL (Antônio Carlos Magalhães, em particular, seu principal dirigente político) para estabelecer um novo bloco de alianças partidárias para governar o Brasil como o modelo neoliberal.
Em torno deste se articularam a grande mídia e o grande empresariado, que formaram um bloco solido e dinâmico, que propagou as ideias neoliberais – desqualificação do Estado, abertura do mercado interno ao mercado internacional, desregulamentação da economia, privatização das empresas estatais, entre outras. Se construiu um novo consenso nacional, estreitamente vinculado aos novos consensos internacionais da era da globalização, que impuseram o neoliberalismo como nova ideologia dominante também no Brasil. A direita brasileira se representava neles, tendo no PSDB – em aliança com o PFL – sua representação político-partidária. Os meios de comunicação – praticamente todos os grandes meios, da TV às rádios, passando pelos jornais e revistas – foram os grandes propagadores das novas ideias, promovidas como um suposto “pensamento único”, tendo em um grande numero de economistas seus novos teóricos, do qual nenhum governo poderia escapar – tendo na adesão de um partido que se pretendia social democrata, como o PSDB, a esse novo modelo e a essas novas ideias. Mesmo depois do fim do governo de FHC, a direita brasileira continuou a se representar no PSDB, que disputou quatro eleições com o PT, tendo perdido todas elas, defendendo o programa neoliberal do governo de FHC.
Na década passada a direita brasileira mudou sua estratégia e sua representação política. Derrotada quatro vezes em disputas eleitorais democráticas, optou pelo atalho do golpe. Contestou a legitimidade do governo da Dilma, para apelar para o impeachment, sem nenhum fundamento jurídico, promovendo, de novo, um golpe e uma ruptura da democracia.
Sua representação política se foi deslocando, desde o primeiro governo Lula, para o Judiciário e, em particular, para a Lava Jato, que foi se constituindo como um verdadeiro partido político. Seu diagnóstico era de que o problema principal do Brasil era a corrupção, de que o PT era o seu principal agente, que tinha se apropriado do Estado e das empresas estatais, para financiar suas campanhas eleitorais, generalizando a corrupção por todo o Estado e o sistema político.
O “mensalão” foi sua primeira versão, seguida pelas denúncias contra as empresas estatais - a Petrobrás em primeiro lugar – e as empresas construtoras – com a Odebrecht como destaque. Os meios de comunicação foram os maiores aliados das instâncias jurídicas, difundindo a imagem da corrupção do PT como a grande bandeira da direita para tirar o partido do governo e tentar impedir que ele retornasse.
A guerra híbrida, como nova estratégia da direita, corrompia a democracia liberal desde dentro, perseguindo, prendendo e condenando a dirigentes políticos acusados de envolvimento com corrupção, assim como empresário. Seria a grande limpeza nacional da corrupção, operada pela Lava Jato, que tinha em juízes como Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, seus pop-stars, os novos heróis da direita, que conseguiram tirar o PT do governo, prender, condenar o Lula e levar o Bolsonaro à presidência da República.
Uma nova estratégia golpista requereu assim uma nova forma de representação política da direita, que passou a ter no Judiciário e, em particular na Lava Jato, seus agentes políticos. Em torno dela, uma imensa rede de meios de comunicação – TV, rádios, jornais, revistas, internet – se unia e assumia tanto o diagnóstico, quanto as ações de liquidação da corrupção no Brasil. Foi uma nova hegemonia, construída ao longo de muito tempo no Brasil – começou na luta contra o Getúlio, passou pelo governo Jango e desembocou nos governos do PT. Conseguiu deslocar a centralidade das questões sociais e da luta contra as desigualdades, que o PT havia conseguido impor e mediante as quais havia ganho quatro eleições democraticamente.
A disputa política e no plano das ideias atualmente no Brasil se dá em torno das tentativas de sobrevivência da Lava Jato – na qual se emprenham diretamente o Moro e o Deltan, entre outros políticos e meios de comunicação lavajatistas – e a retomada do diagnóstico e das propostas em torno da visão de que o principal problema do Brasil são as desigualdades sociais, que tem que ser combatidas com governo que retome o crescimento da economia, a geração de empregos e a centralidade das políticas sociais. Por isso o enfrentamento partidário entre a Lava Jato e o PT (e as forças identificadas com a estratégia petista) ocupa o centro dos debates e da disputas políticas no país hoje.