ConJur - Mensagens trocadas entre procuradores da extinta "lava jato" de Curitiba indicam que o ex-juiz Sergio Moro pressionou o Ministério Público Federal para que o órgão pedisse a extradição de um executivo da Odebrecht que estava preso na Suíça. A informação é do colunista Jamil Chade, do UOL.
A conversa envolveu Fernando Magliaccio, preso em Genebra em fevereiro de 2016. No final do mesmo ano, ele retornou ao Brasil e fechou um acordo de delação premiada, tornando-se peça importante do que viriam a se tornar denúncias e condenações contra autoridades.
"Você se lembra que eu já solicitei a extradição do Magliaccio? Eu fiz isso por causa do pedido do juiz. O Sergio Moro estava me pressionando a fazer isso. Você acha que o pedido de extradição tem algum efeito em nosso pedido de MLAT (Tratado de Assistência Legal Mútua) para ouvi-lo lá na Suíça? Se sim, talvez possamos suspendê-lo, mas apenas por um curto período", disse o procurador Orlando Martello em 17 de março de 2016.
Dias antes, em 9 de março de 2016, o procurador suíço Stefan Lenz, que colaborava clandestinamente com integrantes da "lava jato", falou em um grupo de procuradores de Curitiba sobre o caso.
"Temos provas (emails apreendidos) de que Marcelo (Odebrecht) está diretamente envolvido e deu ordens a Fernando (Magliaccio) para fazer pagamentos ilícitos", disse.
"Vocês devem fazer um (pedido de) assistência Mútua Legal para interrogá-lo na Suíça e ter acesso a todos os dados que apreendemos", sugeriu o procurador suíço. "Discutiremos isso o mais rápido possível", concluiu.
Cerca de duas horas depois, Martello responde: "Olá Stefan, está pronto. Ele (o pedido) será traduzido hoje com urgência. Eu o envio com antecedência para você."
A prisão e colaboração de Magliaccio é um ponto de transição importante para os procuradores. Por meio do executivo, apontado como um dos responsáveis pelo departamento de "operações estruturadas da Odebrecht", a "lava jato" processou políticos de diferentes países que supostamente estariam envolvidos em recebimentos de propina.
As suspeitas de encontros informais com integrantes da "lava jato" foram um dos fatores que antecederam a demissão de Stefan Lenz.
Responsável até 2016 pelas investigações da "lava jato" na Suíça, Lenz tentava fechar um acordo de cooperação bilateral entre os países.
Ele aparece em diversas conversas, em muitas delas colaborando clandestinamente com os procuradores brasileiros, sem que documentos enviados e encontros passassem pelo DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional", órgão ligado ao Ministério da Justiça que é o responsável por cooperações internacionais.
Considerações sobre a canção “Apesar de você”, de Chico Buarque de Holanda
por Francisco de Oliveira Barros Júnior
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Construção. Apesar de Você. Cálice. Samba de Orly. Acorda Amor. Meu Caro Amigo. Bom Conselho. Gota d’Água. O Que Será (À Flor da Terra). Fado Tropical. Tanto Mar. Angélica. Cordão. Deus lhe Pague. Títulos de 14 composições do repertório de “Chico, o político”. Uma singular dimensão da obra artística de um dos grandes nomes da história da Música Popular Brasileira. Das canções antes citadas, destacoApesar de você, por um particular motivo: a sua sintonia com a expressão Fora Bolsonaro, explicitada pelos descontentes e indignados com um governo precário, de retrocessos e ameaçador dos valores democráticos.
A crítica ao bolsonarismo, globalizou negativamente, em viralizações poliglotas: nas “reflexões sobre as grandes ameaças à existência humana”, Noam Chomsky alude aos “palhaços sociopatas”, arautos da “praga neoliberal” e cita a grave ameaça, chamada Jair Bolsonaro, “…o mais extremista, o mais abominável dos ultranacionalistas de direita que agora assolam o hemisfério” (CHOMSKY, 2020, p.108). Em francês, no contexto necropolítico de um “capitalismo pandêmico”, Edgar Morin alerta ser “hora de mudarmos de via” e faz referência ao Brasil “…que vive uma tragédia por ter no comando um presidente irresponsável, …” (MORIN,2020, p.30). No desassossego do português de sotaque lusitano, Boaventura de Sousa Santos interroga: “Brasil: política genocida?” Uma situação crítica “…provocada por um presidente irresponsável, golpista e de ultradireita, …” (SANTOS,2021, p.164).
Apesar de você, concebida em outra conjuntura histórica, não perde a sua atualidade por estar sintonizada com a luta contra todos os autoritarismos e tendências fascistas em suas tentativas de chegarem ao poder. “Apesar de você/Amanhã há de ser/Um novo dia”, trecho do texto musical focalizado, poderia receber uma outra versão, antenada com o momento histórico no qual estamos inseridos. Eis a possível troca: “Apesar de Bolsonaro, amanhã há de ser outro dia”. De 1970 aos dias de hoje, mudanças ocorreram, mas os progressos, em movimentos ambivalentes, caminham ao lado das regressões. O “apesar de você”, cantado hoje, ganha uma reatualização conjuntural. Peço licença ao Chico Buarque para fazer uma troca temporária do “você” pelo nome do atual ocupante do cargo de Presidente da República do Brasil.
Focalizando a cançãoApesar de você, em seus tons políticos, vemos que é referenciada em diversos textos históricos sobre a Música Popular Brasileira. Censura nos “anos de chumbo da ditadura” (1970-1978). Rodrigo Faour esclarece sobre quem é o “você” da composição focalizada. Na tentativa de driblar os censores, em suas interrogações, não estava cantando sobre “uma mulher muito mandona e autoritária”, “e sim o general Médici, então presidente do Brasil” (FAOUR, 2021). Na companhia dos contos e cantos das letras buarquianas, a escrita desmascara “o serviço sujo nos porões” dos “anos de chumbo” (BUARQUE,2021).
Da “geração que fixou a moderna canção brasileira”, Chico Buarque experenciou “o furor antibuarquiano da censura”. Na perspectiva histórica de Jairo Severiano, pensamos com música pela escrita de “…um intelectual, autor de diversificada obra musical-literária, especialmente comprometida com questões sociais, nunca, porém, panfletária” (SEVERIANO, 2017, p.366). O sambaApesar de vocêestá incluído entre as “101 canções que tocaram o Brasil”. Um discurso sonoro de “resistência democrática”, “um hino de protesto contra a ditadura militar” (MOTTA, 2016). Em seu torto e cortante canto, o Chico sambista incomodou os ditadores e incluiu mais uma das suas obras musicais noDicionário da história social do samba(LOPES & SIMAS, 2021).
Apesar de vocêfoi um dos destaques de 1970. Em “desabusado recado à ditadura”, Francisco Buarque de Hollanda desafinou o coro dos contentes e chegou ao ponto de apelar para o uso de pseudônimos como uma forma de disfarce e assim conseguir escapar dos censores do regime autoritário. Julinho da Adelaide e Leonel Paiva foram os nomes escolhidos para a assinatura disfarçada. É “a canção no tempo” em que os artistas bebiam um amargo cale-se (SEVERIANO & MELLO, 2015). “Driblando com uma caneta na mão”, Chico enfrentou os militares e tem um capítulo a ele reservado no livro que expõe sobre a “Mordaça”, no qual estão registradas as “histórias de música e censura em tempos autoritários” (PIMENTEL & McGILL, 2021). No repertório censurado,Apesar de vocêtem os seus aparelhos de escuta desligados.
Produzir arte “num tempo de tempestade”. Um contexto hostil para quem tonalizou os ais dolorosos emitidos pelo “sangue da repressão” e pela “tragédia social” de um momento histórico de sinal fechado. Na sua ousadia criativa, o artista, em seus dribles poéticos, torna-se “um símbolo da resistência aos governos militares”. Chico é “o poeta da fresta” (MIRANDA, 2001). No relacionamento “entre o texto poético e a construção melódico-harmônica da obra musical”, os “aspectos sociais e históricos” da composição tonalizam os “sintagmas recorrentes nas obras buarqueanas” para criticar os breus ditatoriais. “A música das palavras”, em estudo semiótico das canções de Chico Buarque, aponta para as várias possibilidades de lê-las (TORRES, 2014). Na ligação “música popular e moderna poesia brasileira”, Chico Buarque representa “a música contra o silêncio” (SANT’ANNA, 2004).
Apesar dos Aiatolás, atoladores históricos, o brasileiro, profissão esperança, na escuta de Chico Buarque, afirma: “vai passar”. Na “canção de desafogo” e “saudação à democracia”, o objetivo é virar as páginas infelizes da nossa história. A coisa aqui está sombria, indelicada, áspera, grosseira. Acordados, emitimos um abaixo ao tempo do cale-se. Chega de sofrimento para as Angélicas que buscaram pelos seus(as) filhos(as) desaparecidos(as). Na construção de um país mais justo e democrático, o bom conselho é votar em quem entoa o samba “liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós”.
Chico – artista brasileiro(2015), filme de Miguel Faria Jr., apresenta imagens do Chico Buarque multidimensional. O Chico político é apenas uma das dimensões de um homem complexo. Nas cenas em que discursa sobre as pedras colocadas no seu caminho pela censura ditatorial, destaca o ocorrido com a sua criaApesar de você: “Foi um sucesso grande, assim, imediato, e aí acendeu uma luz ali e o pessoal se tocou que tinha aprovado o bicho errado, eles não podiam ter aprovado aquela letra. E aí o disco foi retirado das lojas. Esse foi o começo de uma série de problemas que eu tive com a censura, porque aí também existia uma vontade de vingança do outro lado, porque eles se sentiram ludibriados, né?”.
Chico relata os bastidores da violência sofrida pelo artista nas pressões feitas para que altere o conteúdo das suas criações musicais: “Eu não tinha diálogo nenhum com a censura, mas a gravadora tinha, tinha um advogado que ia a Brasília, recorria, tinha uma certa negociação. Eu me lembro bastante disso, de eu estar em casa e o sujeito ligar de Brasília, aquela ligação interurbana, meio difícil, aí ele dizia: se você trocar esse verso, a música passa”. Aí eu: tá bom, então me liga, dá uns 15 minutos pra eu tentar dar um jeito nesse abacaxi aí”.
Qual o impacto subjetivo de ser “vetado” no seu processo produtivo? Quais os sentimentos e emoções deflagrados? Entre perdas e danos, o desconforto situacional de criar sob o risco do amordaçamento, é desvelado por Chico: “Nessa briga, saímos todos perdendo, eu saí perdendo também. Eu acho que a qualidade artística, tem coisas que eu fiz nessa época que eu gosto, mas tem muita coisa que eu fiz mesmo com raiva, sabe, e você começa a criar, pressionado, debaixo de uma pressão e começa a responder a essa pressão e começa a não sei o quê. E isso sim, você fica com raiva e escreve canções raivosas e coisas que depois perdem o sentido, que passa o motivo da raiva e fica aquela canção solta, sem chão. Com raiva você não cria nada bem”.
Atento aos sinais do tempo histórico no qual está situado, o artista experimenta o seu particular engajamento. Um ativismo no qual a sua arte pensa e responde às provocações da conjuntura histórica na qual afirma a sua presença: “Os jornais me chamavam de ativista: o ativista Chico Buarque. “Eu participei de uma porção de movimentos e me aliei a uma porção de gente de todas as áreas que se opunham à ditadura. De alguma forma, o que eu pudesse fazer, que não fosse para pegar em armas, eu podendo contribuir, eu contribuía”.
E esses criminosos se querem cidadãos de bem. Como eram os nazistas, os fascistas, os franquistas, os salazaristas. Todos fascínoras de família! Mensagens sugerem marcar com estrelas as casas de quem votou em Lula no norte do RS
Bolsonaristas de Casca (RS) espalham mensagens para perseguir comerciantes petistas na cidade
Um grupo de eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou táticas semelhantes às usadas pelo regime nazista para perseguir comerciantes petistas em uma pequena cidade do Rio Grande do Sul com apenas 9.000 habitantes.
Em Casca (RS), bolsonaristas espalharam mensagens nas redes sociais e em grupos de WhatsApp pedindo que comerciantes locais colocassem adesivos com a estrela vermelha do PT na frente de seus estabelecimentos. A prática é parecida com o nazismo alemão, que obrigou comerciantes judeus a colocar a estrela de Davi em suas lojas na década de 1930.
O que diz o Ministério Público. Em nota, a Promotoria diz ter recebido a informação de listas de boicote, situação que tem ocorrido em diversas cidades do país. "Estariam circulando em redes sociais com nomes de comerciantes e pessoas que teriam votado no Lula", diz, em um dos trechos do texto. No texto não há menção sobre o pedido de incluir a estrela vermelha.
Por que o episódio se assemelha à tática nazista? No regime nazista na Alemanha, no começo da década de 1930, foram elaboradas listas para boicote de comércios de propriedade de judeus. Os nazistas grafitaram vitrines dessas lojas e espalhavam avisos pelas cidades, pedindo para que a população não comprasse produtos nesses estabelecimentos.
"O boicote aos comércios e a ideia de marcar as pessoas que votaram no PT é a reprodução da linguagem nazista, que é típica do bolsonarismo", diz Michel Gherman, que coordena o núcleo de estudos judaicos do departamento de sociologia da UFRJ (Universidade do Rio de Janeiro).
Embora não veja a relação entre o nazismo e o bolsonarismo como novidade, Gherman entende que há uma escalada nos episódios. "O bolsonarismo é letrado politicamente pelo nazismo. Mas os episódios estão cada vez mais explícitos. Assim como os nazistas isolaram os judeus, os bolsonaristas agora querem isolar os petistas."
Como bolsonaristas espalharam a mensagem? Mensagens atribuídas a bolsonaristas da cidade de Casca foram direcionadas aos próprios eleitores do PT, com uma ameaça em tom irônico: "Atenção petistas, coloquem esse adesivo na porta do seu negócio [mensagem acima da imagem da estrela símbolo do PT]. Mostre que você tem orgulho de quem elegeu."
Comércio fechado e depredação
Mais de 120 comércios fecharam as portas ontem após ameaças enviadas via WhatsApp. A advogada Janaíra Ramos, 54, denunciou casos de assédio eleitoral ao Ministério Público, que também incluem agressões a petistas após o resultado das eleições, na noite de 30 de outubro.
O escritório da defensora amanheceu hoje com o interfone depredado. Às 20h53 de ontem, as câmeras do circuito interno registraram as imagens de um homem danificando o portão do estabelecimento. No vídeo, um indivíduo que aparenta usar um soco inglês, arma branca de ferro com orifícios para encaixar os dedos, desfere quatro golpes no interfone e sai do local caminhando.
Ela está coletando as imagens em uma mídia e irá registrar ocorrência do caso hoje à tarde junto à Polícia Civil pelo crime de dano.
"Bolsonarismo aqui virou uma seita." Em entrevista ao UOL Notícias, ela vê o episódio como uma retaliação às denúncias contra os ataques bolsonaristas após o segundo turno das eleições presidenciais, no dia 30 de outubro.
"As pessoas perderam a racionalidade, e as coisas aqui estão fugindo do controle. Estamos tomando as medidas cabíveis para que as agressões parem."
Ela atribui esses atos de violência ao que vê como uma "minoria extremista", que não aceita o resultado das urnas. "O bolsonarismo aqui virou uma seita. É um grupo minoritário, que está colocando em risco a própria convivência das pessoas em uma cidade pacata por causa de uma incitação ao ódio criminosa", diz.
Primeiro, eles [bolsonaristas] fazem listas para perseguir pessoas e comerciantes. Depois, organizam uma greve no comércio. Agora, começam a depredar o patrimônio. São recados para intimidar as pessoas? Os líderes desses movimentos precisam ser identificados e responsabilizados"Janaíra Ramos, advogada
Outros ataques denunciados em Casca. Um petista que comemorava a vitória de Lula nas urnas teve o carro depredado por bolsonaristas. De acordo com a denúncia, uma mulher parou em frente ao veículo, identificado com bandeiras do PT, e começou a chamá-lo de "bandido e ladrão." Em seguida, outros apoiadores de Bolsonaro atiraram garrafas na direção do veículo, que ficou danificado. O ataque só foi interrompido porque havia policiais militares nas imediações.
Em outro episódio, uma mulher sofreu ferimentos ao ter uma bandeira do PT arrancada da sua mão. Em seguida, relatou, os agressores atearam fogo no material. "Nenhum petista pôde comemorar a vitória de Lula em Casca", relatou a advogada Janaíra Ramos.
A maioria é composta por conservadores que introjetaram os valores da sociedade patriarcal, ignorados durante muito tempo pela esquerda como assunto secundário
Durante muito tempo, boa parte da esquerda rejeitava qualquer tema que se afastasse do que então se entendia por luta de classes, vista apenas numa chave economicista. Assim, as lutas feministas, antirracistas e anti-homofóbicas eram rejeitadas como “pautas identitárias” que enfraqueciam a luta revolucionária do proletariado contra a burguesia. E a questão indígena não era percebida como problema social, e sim como uma questão puramente ambiental. O índio era visto como natureza.
Essa visão equivocada afastou os partidos e organizações políticas da esquerda de setores sociais que lutavam por seus direitos contra a opressão de que eram vítimas. Mas a esquerda tradicional não via opressão social e cultural, só via a exploração econômica dos trabalhadores. Com isso, se afastou de uma agenda crítica da sociedade patriarcal e não enfrentou na luta política os valores conservadores.
Lembrei disso para explicar, por outro ângulo, os 51 milhões de votos recebidos por Jair Bolsonaro no primeiro turno. Entre esses votos, temos os neoliberais que consideram o teto de gastos como questão de princípio, os militares reacionários – a grande maioria – os evangélicos e católicos de direita, e os que são ideologicamente fascistas. Mas esse contingente está longe de ser a maioria.
A grande maioria dos eleitores de B. é constituída por conservadores que rejeitam, assustados, o empoderamento das mulheres que não aceitam mais o seu papel tradicional como mãe de família e dona de casa. Nostálgicos da Casa Grande e da Senzala, ficam intimidados com a luta dos negros pela igualdade e verdadeiramente escandalizados com a luta dos gays (LGBTQIA+) pelo reconhecimento de seus direitos. Por exemplo, casamento entre pessoas do mesmo sexo é visto como algo vergonhoso. Além disso, associam desmatamento a progresso.
No eleitorado de B. não existem apenas interesses econômicos do empresariado capitalista, interesses corporativos dos militares, ou interesses de uma grande massa de evangélicos ludibriados em sua boa-fé por pastores corruptos. A grande maioria é composta por conservadores que introjetaram os valores da sociedade patriarcal, ignorados durante muito tempo pela esquerda como assunto secundário, fora do foco da luta de classes.
Esse grande contingente de eleitores conservadores não pode ser classificado de fascista. Mas não se deve ignorar que eles apoiariam uma ditadura fascista que levantasse bem alto o lema “Deus, Pátria e Família”. São, antes de tudo, conservadores que se identificam com os governantes que, mesmo de forma hipócrita, anunciam aos quatro ventos seus valores retrógrados como política oficial. Por exemplo, defendem a vida desde a concepção, mas não defendem as crianças que morrem de fome ou vítimas de “balas perdidas” nas favelas.
Esse eleitorado conservador transforma seu líder em mito e apoiaria uma ditadura de natureza fascista. Quer um governo forte para impedir as mudanças sociais, principalmente na esfera comportamental. O fascismo italiano e o nazismo alemão servem de modelo, ressalvadas as diferenças e as adaptações necessárias. Mas as palavras de ordem, como “Brasil Acima de Tudo”, “Deus, Pátria e Família”, “O Trabalho Liberta”, “Uma Nação, Um Povo, Um Líder” e outras, o gestual, os passeios de motocicleta, muita coisa é copiada diretamente do nazi-fascismo europeu.
Os conservadores detestam a liberdade. Precisam de um chefe autoritário para dar ordens, estão ansiosos por obedecer. Combatem a mudança, principalmente no que se refere a valores morais. Esse substrato do bolsonarismo terá de ser atacado de forma permanente, mesmo correndo o risco de romper depois a atual frente democrática anti-fascista de apoio a Lula. As lutas das desprezadas “questões identitárias” terão de ser travadas em articulação com as lutas econômicas da classe trabalhadora e com a luta pela redução da desigualdade social.
O que está hoje em questão não é uma disputa eleitoral “normal” entre dois candidatos, como a imprensa gosta de apresentar. Há um confronto entre democracia e ditadura dentro das próprias instituições, como o episódio surrealista do Roberto Jefferson demonstrou. Já estamos convivendo com medidas de um Estado de exceção. O presidente cometeu dezenas de crimes e nem processado foi, tamanha a cumplicidade criminosa das instituições de controle. O que está em jogo é a sobrevivência da democracia em luta contra a ditadura que, com o apoio dos conservadores, certamente seria implantada com a vitória do candidato hoje no poder.
Após a provável vitória de Lula, por margem mais apertada do que imaginávamos, a luta contra os valores conservadores da sociedade patriarcal será inadiável. Teremos de articular essas lutas “identitárias” com as lutas econômicas dos trabalhadores. Na linguagem da filósofa norte-americana Nancy Fraser, trata-se de articular o “reconhecimento” com a “redistribuição”, que não podem mais andar separados.
Os projetos golpistas não precisam mais de tanques nas ruas. Foi assim quando o general Villas-Bôas precisou apenas de dois tuítes para encurralar o STF. É assim quando Villas-Bôas fala pelo tuíte de um general da reserva.
“Não sou coveiro, tá?”, diz Bolsonaro ao responder sobre mortos por coronavírus (G1, abril de 2020)
Bolsonaro diz que jornalista 'bundão' tem chance menor de sobreviver à Covid. Presidente deu a declaração durante o encontro 'Brasil vencendo a Covid-19', no Palácio do Planalto. Um mês antes Rodrigo Rodrigues, jornalista, havia morrido de Covid. (G1, agosto de 2020)
251 mil mortes por covid: relembre as falas de Bolsonaro sobre a pandemia (Poder360, março de 2021)
CPI da Covid atribui 600 mil mortos a “descaso” do governo Bolsonaro (Uol, outubro de 2021)
Bolsonaro ironiza morte de crianças para Covid-19: ‘É um número insignificante’ (VEJA, janeiro de 2022)
“Todo mundo vai morrer um dia, não adianta fugir disso. Tem que deixar de ser um país de maricas”. Sete vezes em que Bolsonaro foi insensível ao comentar mortes por Covid-19 (Veja, janeiro de 2022)
Após desdenhar mortes por COVID, Bolsonaro minimiza fome dos Brasileiros (Estado de Minas, maio de 2022)
Há três meses:
Há um mês:
2. CAMPANHA CONTRA VACINAS
Bolsonaro diz que Brasil “não será cobaia” da vacina chinesa (Poder 360, outubro de 2020)
Toda e qualquer vacina está descartada, diz Bolsonaro (UOL, outubro de 2020)
"Virar jacaré"; "Ô imbecil, eu já tive o vírus, para que tomar vacina?"; "O que é pior, mexer no sistema imunológico das pessoas". Durante evento na Bahia, presidente reitera que não se vacinará contra a covid-19 e desdenha das pessoas que dizem que ele está dando mau exemplo (Correio Braziliense, dezembro de 2020)
“A pressa da vacina não se justifica”, diz Jair Bolsonaro. Presidente afirmou que pandemia “está chegando ao fim” e que um “pequeno repique pode acontecer” (Poder 360, dezembro de 2020)
“Eu tive a melhor vacina: o vírus”, diz Bolsonaro em Santa Catarina. Fala contraria especialistas em saúde (Poder 360, dezembro de 2020)
“Pelo que sei, menos da metade da população vai tomar vacina”, diz Bolsonaro (Poder 360, janeiro de 2021)
Bolsonaro ataca CoronaVac e mente sobre não ter comprovação científica (UOL, junho de 2021)
Bolsonaro: “Não tomei vacina e, quem quiser, siga o meu exemplo” (Metrópoles, outubro de 2021)
Bolsonaro faz associação absurda e falsa entre Aids e vacina de Covid, dizem especialistas. Fala em transmissão ao vivo pode comprometer plano de imunização, preocupam-se cientistas (Folha, outubro de 2021)
Bolsonaristas distorcem notícia para tentar justificar mentira do presidente sobre vacinas e HIV. Bolsonaristas alegavam que presidente lia matéria da revista 'Exame'. Texto lido por Bolsonaro é de site de teorias da conspiração; revista 'Exame' publicou reportagem em outubro de 2020 que não sustenta a tese infundada de que vacinas causariam Aids (Estadão, outubro de 2021)
Brasil vai na contramão de outros países, desacredita a vacina e trata a Covid-19 com descaso (Jovem Pan, novembro de 2021)
Bolsonaro quer divulgar nomes de técnicos da Anvisa que aprovaram uso da vacina da Pfizer em crianças (Gaúcha ZH, dezembro de 2021)
Ministro da Saúde defende divulgar nomes de técnicos da Anvisa; servidores têm sofrido ameaças (Gaúcha ZH, dezembro de 2021)
Servidores da Anvisa receberam mais de 150 ameaças por email (Congresso em Foco, dezembro de 2021)
Bolsonaro ataca vacinação infantil contra Covid e espalha desinformação sobre mortes de crianças. Anvisa aprovou vacinação. Bolsonaro minimizou número de mortes de crianças por Covid, dizendo que é quase zero; Saúde contabiliza 308 mortes de crianças entre 5 e 11 anos (G1, janeiro de 2022)
Bolsonaro critica vacinação infantil e ataca Anvisa: 'Dona da verdade'. O presidente aproveitou a live para desestimular a imunização de crianças contra COVID-19 (VEJA, janeiro de 2022)
Bolsonaro se isolou como o maior líder antivacina do mundo (The Intercept Brasil, janeiro de 2022)
Servidores da Anvisa receberam 458 ameaças por aval a vacina infantil contra Covid. Aumento de ataques à agência coincidem com falas de Bolsonaro (Folha, fevereiro de 2022)
Datafolha: eleitores de Bolsonaro se vacinaram menos contra Covid (Metrópoles, maio de 2022)
Saúde contrata empresa sem experiência em vacinas do SUS para entregar doses de crianças. Com dispensa de licitação (Folha, janeiro de 2022)
Atraso na vacinação contra covid-19 no Rio custou a vida de 31 mil pessoas, segundo estudo (Valor, junho de 2022)
Bolsonaro critica vacina contra Covid e minimiza racismo no Brasil em TV americana (Folha de São Paulo, junho de 2022)
BOICOTE À VACINA DA PFIZER
Imunização no Reino Unido: Mulher de 90 anos é 1ª vacinada contra Covid-19, com vacina da Pfizer (CNN, dezembro de 2021)
Governo reconhece oferta da Pfizer por vacinas, mas diz que acordo causaria 'frustração' a brasileiros. Saúde alega que quantidade no primeiro trimestre, de 2 milhões de doses, seria pequena, apesar de valor ser igual ao total importado pela Fiocruz (Folha, janeiro de 2021)
Governo rejeitou 70 milhões de doses da Pfizer, das quais 3 milhões poderiam já ter sido aplicadas (Folha, março de 2021)
Governo finalmente anuncia que assinou compra de doses das vacinas da Pfizer e Janssen (CNN, março de 2021)
Vacina da Pfizer: Brasil recebe 1º lote do imunizante com 4 meses de atraso (BBC, abril de 2021)
Diretor da Pfizer escancara atraso letal do Governo Bolsonaro na compra de vacinas (El País, maio de 2021)
E-mails mostram que governo federal ignorou dez ofertas da Pfizer sobre vacinas em um mês (O Globo, maio de 2021)
53 e-mails da Pfizer ao governo Bolsonaro ficaram sem resposta (Estadão, junho de 2021)
Pfizer foi ignorada pelo governo federal pelo menos 81 vezes (Cultura, junho de 2021)
Bolsonaro quer divulgar nomes de técnicos da Anvisa que aprovaram uso da vacina da Pfizer em crianças (Gaúcha ZH, dezembro de 2021)
BOICOTE À CORONAVAC
Bolsonaro desautoriza Pazuello e suspende compra da vacina CoronaVac. Decisão foi tomada um dia após o Ministério da Saúde anunciar que estava negociando a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac com o Instituto Butantan, de São Paulo (Jornal Nacional, outubro de 2020)
'Já mandei cancelar', diz Bolsonaro sobre protocolo de intenções de vacina do Instituto Butantan em parceria com farmacêutica chinesa (G1, outubro de 2020)
Toda e qualquer vacina está descartada, diz Bolsonaro (UOL, outubro de 2020)
O CONSÓRCIO COVAX
Documentos mostram que Brasil reduziu à metade as doses de vacinas por meio da Covax Facility (G1, maio de 2021)
Documentos indicam que Brasil desistiu de mais de 40 milhões de doses do Covax (CNN, junho de 2021)
Em vídeo, assessora da Casa Civil implica diretamente Bolsonaro em atraso na compra de vacinas da OMS. A três dias do prazo para a compra de vacinas, Bolsonaro ainda não tinha tomado uma decisão sobre a compra das vacinas do consórcio Covax (Crusoé, julho de 2021)
3. PROMOÇÃO DE MEDICAMENTOS INEFICAZES
“Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, diz Bolsonaro (Uol, maio de 2020)
Bolsonaro exibe caixa de cloroquina para emas no Palácio da Alvorada (UOL, julho de 2020)
Bolsonaro ergue caixa de cloroquina para saudar população em Bagé (RS) (Veja, julho de 2020)
“Tratamento precoce”: governo Bolsonaro gasta quase R$ 90 milhões em remédio ineficazes, mas ainda não pagou Butantan por vacinas (BBC, janeiro de 2021)
Bolsonaro defende nebulização da hidroxicloroquina para tratar Covid (Metrópoles, março de 2021)
Bolsonaro mente de novo sobre remédio ineficaz e manda ministros gravarem vídeos pró-cloroquina (Folha, maio de 2021)
Bolsonaro completa 410 dias de propaganda de remédio ineficaz contra a Covid (G1, maio de 2021)
A história de Bolsonaro com a hidroxicloroquina em 6 pontos: de tuítes de Trump à CPI da Covid (BBC, maio de 2021)
Durante entrega de casas, Bolsonaro defende uso de hidroxicloroquina (Agência Brasil, junho de 2021)
Live de Bolsonaro cai após presidente defender remédio sem eficácia contra Covid (Cultura, setembro de 2021)
Na ONU, Bolsonaro defende ineficaz “tratamento precoce” (DW, setembro de 2021)
Bolsonaro volta a defender ivermectina e hidroxicloroquina e ataca cartão vacinal (Congresso em Foco, dezembro de 2021)
Bolsonaro volta a defender remédio rejeitado pela Anvisa para Covid-19 (Congresso em Foco, janeiro de 2022)
Secretário pró-cloroquina rejeita recurso contra indicação de kit Covid no SUS (Folha de S. Paulo, fevereiro de 2022)
Em TV americana, Bolsonaro defende medicamento ineficaz contra covid e questiona eficácia da vacinação (O Globo, junho de 2022)
Bolsonaro diz que ameaçou médico militar para receitar remédio para Covid. “Traz o remédio ou te transfiro para a fronteira agora, democraticamente”, relatou presidente em entrevista a um canal do Youtube (Veja, junho de 2022)
Bolsonaro volta a defender remédios ineficazes após PGR pedir arquivamento de investigações da CPI da Covid (Yahoo, julho de 2022)
4. MINIMIZAÇÃO DA GRAVIDADE DA PANDEMIA
Bolsonaro volta a falar em 'histeria' e diz que ações de governadores sobre isolamento prejudicam a economia (G1, março de 2020)
Governo Bolsonaro impõe apagão de dados sobre a covid-19 no Brasil em meio à disparada das mortes (El País, junho de 2020)
“E daí?”: Relembre frases de Bolsonaro sobre a covid-19 (BBC, julho de 2020)
"Pressa para a vacina não se justifica", diz Bolsonaro sobre imunizante contra a Covid-19. Segundo presidente, pandemia está chegando ao fim, apesar do aumento no número de casos e mortes. Um mês depois, ocorreu o colapso em Manaus. (Folha, dezembro de 2020)
‘Vamos todos Morrer um dia”: 251 mil mortes por covid: Relembre as falas de Bolsonaro sobre a pandemia (Poder 360, fevereiro de 2021)
Bolsonaro em dezembro: 'Pandemia está no finalzinho'. Três meses depois da declaração do presidente, Brasil tem disparada no número de óbitos e registra quase três mil mortes em um só dia. Agora, são 280 mil óbitos (Estado de Minas, março de 2021)
“Gripezinha”: Relembre o que Bolsonaro já disse sobre a pandemia, de gripezinha e país de marisco à frescura e mimimi. (Folha de São Paulo, março de 2021)
“Não precisa entrar em pânico”: Vírus Verbal: frases de Bolsonaro sobre a pandemia (DW, março de 2021)
Planalto omitiu morte de auxiliar direto de Bolsonaro por Covid-19. O servidor Silvio Kammers foi a primeira vítima fatal da doença entre os funcionários do entorno do presidente, que tem negado casos graves no Planalto (O Globo, março de 2021)
Bolsonaro diz que TCU questiona 50% das mortes por covid em 2020 (Poder 360, junho de 2021)
TCU contraria Bolsonaro e nega questionar 50% das mortes por covid (Poder 360, junho de 2021)
CGU vai investigar ‘supernotificações’ de mortes por Covid-19, diz Bolsonaro. Após admitir erro sobre relatório do TCU, presidente afirma que estados teriam inflado números de óbitos na pandemia (CNN, junho de 2021)
Como Bolsonaro usou o TCU para justificar seu negacionismo (Nexo Jornal, junho de 2021)
CPI da Covid quer apurar distorção de dados da pandemia em publicações da Secom (Jornal Extra, julho de 2021)
“Vírus Vacinal” e expectativa de “imunização de rebanho”: Bolsonaro minimiza ômicron e sugere que variante é 'bem-vinda' (Folha de São Paulo, janeiro de 2022)
“Brasileiro pula em esgoto e não acontece nada”: 2 anos de covid: Relembre 30 frases de Bolsonaro sobre pandemia (Poder 360, fevereiro de 2022)
5. BOICOTE DO COMBATE AO VÍRUS
Governo lança campanha ‘Brasil Não Pode Parar’ contra medidas de isolamento. Publicação no perfil oficial do governo federal no Instagram defende que quarentena deve se restringir apenas aos idosos (CNN, março de 2020)
Pediu o fim do Isolamento Social: Pronunciamento de Bolsonaro sobre isolamento social causa polêmica na Câmara (Agência Câmara, março de 2020)
Deputada bolsonarista Carla Zambelli diz em entrevista que caixões estavam sendo enterrados vazios no Ceará (VEJA, maio de 2020)
Bolsonaro diz que 'fique em casa' é para os 'fracos': 'Conversinha mole' (UOL, setembro de 2020)
Bolsonaro usa enquete alemã distorcida para criticar uso de máscaras. Presidente citou 'estudo de universidade alemã' para desestimular uso de acessório. 'Estudo', na realidade, é uma mera enquete online com pouco rigor e que contou com participação desproporcional de céticos da pandemia (G1, fevereiro de 2021)
Bolsonaro avalia decreto contra isolamento e rejeita contestação judicial (CNN, maio de 2021)
CPI da Pandemia: Relatório acusa governo federal de atraso na compra de vacinas e de negociações ilícitas no caso Covaxin (Agência Senado, outubro de 2021)
Bolsonaro sugere que usar máscara sem lavar pode causar pneumonia e matar (Poder 360, outubro 2021)
Bolsonaro usa alagamento de cidades na Bahia para atacar lockdown contra Covid (Estado de Minas, dezembro de 2021)
'Aqui, é proibido máscara', diz Bolsonaro a forrozeiros no Planalto (Valor, dezembro de 2021)
Governo Bolsonaro deixa país sem informações sobre a covid-19 (Brasil de Fato, janeiro de 2022)
Bolsonaro diz que conscientizou Brasil contra isolamento social (Poder 360, fevereiro de 2022)
CGU aponta perda de 1,1 milhão de testes de Covid pelo Ministério da Saúde (Folha de S. Paulo, junho de 2022)
6. IMUNIDADE DE REBANHO: O ESTÍMULO AO CONTÁGIO
Bolsonaro diz que contaminação é mais eficaz que vacina contra Covid; especialistas contestam (G1, junho de 2021)
Ao buscar 'imunidade de rebanho', governo trata população como animais, diz Maierovitch na CPI (Agência Senado, junho de 2021)
Bolsonaro diz que contaminação é “até mais eficaz” que vacina contra covid (Poder 360, junho de 2021)
Governo sabia desde julho que a imunidade de rebanho é ineficaz, dizem documentos (Poder 360, agosto de 2021)
Líder do governo defendeu ‘imunidade de rebanho’ que levaria à morte 1,5 milhão por Covid (Carta Campinas, agosto de 2021)
Bolsonaro diz que imunidade de rebanho está salvando Brasil da Covid (Istoé Dinheiro, janeiro de 2022)
Bolsonaro ignora vacina e faz afirmação sem fundamento sobre imunidade de rebanho (Yahoo, janeiro de 2022)
Bolsonaro ignora vacina e apagão de dados ao defender imunidade de rebanho (UOL, janeiro de 2022)
Em 2018, quando as pesquisas indicavam que o candidato Jair Bolsonaro poderia vencer a eleição e se tornar presidente do Brasil, uma pequenina notícia na Folha indicava que aquele que alcançaria o posto mais alto do funcionalismo público no país poderia ser chamado de Nazista.
Quem dizia isso era o advogado estadunidense Mike Godwin, criador da lei conhecida como "Lei de Godwin".
A chamada lei tem como objetivo convocar a nossa atenção contra a banalização da palavra - e alertar para quando os paralelos são pertinentes.
Então vejamos: o advogado judeu que criou um limite para que não abusássemos das comparações com o nazismo disse que era ok chamar Bolsonaro de nazista.
Desde 2018, o que o então eleito presidente da república fez foi reforçar sua ligação com o nazismo.
Aos fatos.
Em 1998, o deputado Jair Bolsonaro defende Hitler como figura história na tentativa de autorizar que alunos do Colégio Militar em Porto Alegre exaltassem o líder em redação do vestibular.
Em 2001, um grupo de neonazistas organizou uma manifestação de apoio ao deputado Jair Bolsonaro não vão do MASP. O evento foi organizado depois que Bolsonaro deu declarações homofóbicas ao programa de TV CQC.
Em 2002, no mesmo programa, Bolsonaro desfila teses negacionistas sobre o Holocausto e diz que os judeus morreram de doenças nos campos de concentração. Não tinham sido, portanto, assassinados.
Em 2015, Carlos Bolsonaro convidou o professor Marco Antônio Santos para discursar na Câmara dos Vereadores em defesa do Escola sem Partido, um movimento que estabelece regras sobre o que pode, ou não, ser dito em sala de aula por professores.
Marco Antônio Santos apareceu na Câmara vestido como Hitler - usando um bigode característico do nazista, um corte de cabelo semelhante e um terno com broches militares.
Em 2016, um internauta resgatou uma foto de Bolsonaro ao lado de Santos. Na época, ambos eram do Partido Social Cristão (PSC).
Em 2019, já presidente, Bolsonaro discursou sobre sua ida ao Museu do Holocausto diante de uma audiência evangélica: "Fui, mais uma vez, ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer".
Podemos perdoar, Jair?
Ainda em 2019, o assessor de Bolsonaro, Felipe Martins, aparece em vídeo durante sessão no Senado fazendo com a mão o sinal associado ao antissemitismo.
Flagrado no ato, foi convidado a se retirar da sala pelo deputado Randolfe Rodrigues. Martins ainda trabalha com Bolsonaro.
Em 2020, Roberto Alvim, Secretário Especial da Cultura de Bolsonaro, encenou imitação de um discurso de Joseph Goebbels, ministro de propaganda nazista.
Alvim, teatrólogo renomado, escolheu um cenário quase idêntico ao usado por Goebbels, cortou o cabelo como o do nazista, usou as mesmas paleta de cores no cenário.
Trechos de Alvim: "A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional". "E será igualmente imperativa". "Ou então não será nada"
Trechos de Goebbels: "A arte alemã da próxima década será heroica" "Será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada"
Ao fundo, enquanto Alvim falava, tocava ópera de Richard Wagner, compositor alemão celebrado por Hitler.
Depois da apologia ao Nazismo feita por Alvim, houve revolta generalizada com repercussões internacionais. Bolsonaro demorou mas finalmente percebeu que seria obrigado a demitir Alvim.
Ainda em 2020, Bolsonaro aparece em live ao lado do então presidente da Caixa, Pedro Guimarães, demitido depois de ser acusado de inúmeros crimes de abuso sexual e moral, tomando um copo de leite.
O uso do leite como símbolo neonazista nos Estados Unidos vem de 2017. Começou como uma brincadeira até se tornar linguagem de supremacistas brancos nas redes sociais.
Adriana Dias, doutora em antropologia social pela Unicamp e pesquisadora do nazismo, disse à revista Forum que há uma referência clara entre o episódio que envolve a live de Bolsonaro e o neonazismo.
"O leite é o tempo todo referência Neonazi. Tomar branco, se tornar branco. Ele vai dizer que não é, que é pelo desafio, mas é um jogo de cena, como os neonazistas historicamente fazem".
Em 2021, Bolsonaro confraterniza com Beatrix von Storch, vice-presidente do partido neonazista alemão (AfD). Trata-se de figura radioativa evitada por todos os líderes democráticos do mundo.
Bolsonaro termina seus discursos e alguns documentos com o lema do fascismo: Deus, Pátria, Família.
Bolsonaro tem como slogan de campanha uma frase textualmente nazista: Brasil acima de tudo - "Alemanha acima de tudo, era a de Hitler.
São fatos. Não são crenças ou teorias da conspiração.
Mas fica pior.
Em 2017, Bolsonaro fez um discurso ao mesmo tempo cheio de raiva e de deboche contra pessoas pretas e quilombolas.
A plateia riu e aplaudiu. Onde o discurso foi feito? Na Hebraica do Rio.
Do lado de fora do clube, um grupo barulhento de judeus se manifestava contra a presença de Bolsonaro ali.
Vamos parar aqui e definir neonazismo: promoção de ódio contra diferentes grupos da sociedade por motivos étnicos raciais, nacionalistas, religiosos, de gênero ou políticos, sem excluir argumentos eugênias.
O antissemitismo são ataques feitos diretamente contra judeus.
Nos dois casos, o que conta como ataque: agressão verbal, propaganda de natureza antissemita, nazista ou fascista, manifestações como uso de símbolos e tatuagens, violência física e vandalismo.
Bolsonaro faz uso de linguagem nazista cifrada, como no caso do copo de leite, e de linguagem extremista direta (vamos metralhar a petralhada ou vamos levar os inimigos da nação para a ponta da praia - uma referência ao local onde, durante a ditadura, muitos foram assassinados).
Desse modo ele vai autorizando e legitimando que seus apoiadores ajam de forma violenta contra grupos minoritários.
Aqui a gente lembra que o nazismo perseguia e assassinava judeus, mas também gays, comunistas, negros e ciganos.
E lembra também que Hitler, que chegou legalmente ao poder, tinha apoio popular, foi amparado por inúmeras pessoas que não detestavam nenhum desses grupos mas se sentiam confortáveis para apoiar o Fuher por "motivos econômicos".
A história deu um nome para as pessoas que apoiaram Hitler por motivos econômicos, aliás: são chamadas de nazistas.
"Ah, mas o Bolsonaro usa a bandeira de Israel aqui e ali. Gosta de Israel. Já foi algumas vezes", você pode dizer.
Tudo verdade.
Só que a aproximação de Bolsonaro com Israel é uma aproximação econômica e ligada a um israelense que ele entende apenas como masculino, branco, heterossexual armado e neoliberal.
Para entender o risco que Bolsonaro representa ao futuro do Brasil seria preciso voltar um pouco no tempo.
Auschwitz não aconteceu da noite para o dia.
Hitler e o partido nazista chegaram ao poder de forma absolutamente legal nos anos 30.
Depois disso, foi muito tempo de preparação, de discursos de ódio, de separação, de legimitização das mais corriqueiras violências.
Quando os campos de concentração começaram a ser erguidos, eles pareceram apenas um desenrolar natural e a população não se articulou para impedi-los.
O nazismo e o fascismo não são eventos históricos localizados no tempo passado. São também modos de gestão de vida. Eles se atualizam e retornam.
O fascismo, para existir, precisa de um líder que cultue a morte e a violência, que pregue o extermínio de quem enxerga como inimigos, que aponta os inimigos dentro de sua própria população.
Esse líder precisa ser ao mesmo tempo uma espécie de fanfarrão porque essa imagem é conveniente para que absurdos sejam ditos e, no dia seguinte, desmentidos: era brincadeira, pessoal.
O líder fascista é desprovido de empatia: ele não se comove com a dor ou a morte dos seus.
O líder fascista não é capaz de chorar diante de horrores como 700 mil mortes, não vai a hospitais visitar quem sofre, não conforta aqueles que representa - ou deveria.
O líder fascista é perfeitamente capaz de dizer "E daí? Não sou coveiro" quando questionado sobre as perdas na pandemia.
O líder fascista é igualmente preparado para mandar que as pessoas circulem e espalhem o vírus entre si.
O líder fascista é movido por ideias paranóicas e persecutórias: as instituições atuam contra ele, querem eliminá-lo, não deixam ele trabalhar.
Todas essas definições são técnicas.
Todas elas servem a Jair Bolsonaro.
O Bolsonarismo é, portanto, uma espécie de fascismo.
Está tudo aí revelado.
No Brasil, o fascismo bolsonarista encontra campo fértil: temos uma longa e perversa história com ele.
Não vou nem citar - embora talvez devesse - os discursos políticos da época em que a abolição era debatida, sugerindo que negros deviam ser exterminados, que não deviam fazer parte da sociedade brasileira, que era inaceitável incluí-los. Vamos deixar isso pra lá agora.
Recomendo que escutem o podcast Projeto Querino para descobrir por que o fascismo e o nazismo encontram campo fértil nessa nação chamada Brasil.
O partido fascista (integralista) brasileiro foi um dos mais fortes do mundo nos anos 30.
Quando o partido nazista alemão se expande, ele cria filiais em 82 países. Onde você acham que esteve a maior militância fora da Alemanha?
Exatamente: no Brasil. Havia núcleos oficiais do partido nazista em 18 estados brasileiros.
Bolsonaro explodiu a tampa do bueiro.
Assim como suas matrizes - o nazismo e o fascismo - o bolsonarismo tem uma linguagem própria.
Bolsonaro é um troll.
É o cara que faz o bulling.
Ao se colocar nesse lugar, ele se apresenta como um deboche. Mas ele está longe de ser um deboche.
Ele é o articulador de uma espécie de mal totalitário que funciona através da trituração da consciência social.
Sem ela, nascem soldados da barbárie que atuam no dia-a-dia praticando a violência contra corpos e sujeitos políticos considerados inimigos.
A disseminação dessas violências é ao mesmo tempo pandêmica e irracional porque ela se espalha pelo afeto, pelo rancor, pela amargura, pelo ódio.
Não existe compromisso com a verdade, apenas com o que chamam de liberdade de expressão, ambiente dentro do qual eles colocam absolutamente todas as distorções históricas:
"Não houve Holocausto nenhum". "As pessoas morreram de doenças nos campos".
"Não existe racismo no Brasil". "Não impus sigilo nenhum de 100 anos em nada". "Não tenho nada a ver com o Bolsolão".
O bolsonarismo transforma tudo em opinião, em conversa de boteco.
E conversa de botequim não pode ser contestada ou confrontada sob pena de "estarmos matando a liberdade de expressão e virando a Venezuela".
Bolsonaro age desse jeito como forma de gestão.
Transformar tudo em opinião é uma forma de gestão.
Não é acaso, não é diversão. É gestão.
No cargo de presidente, ele, ao se utilizar desse recurso, institucionaliza o assédio.
Nada a respeito de Bolsonaro está dentro do campo democrático. Nunca esteve. Nunca houve polarização nenhuma.
Bolsonaro não é aceitável sob nenhum aspecto.
Desde que ele entrou em cena, saímos do campo da normalidade. Não é apenas "mais uma eleição".
As instituições já colapsaram: Bolsonaro não é aceitável enquanto candidato e não devia estar concorrendo.
Por que insistimos em naturalizar as ações desse homem?
É nisso que você vai depositar seu voto?
Quem apoia o nazi-fascismo é o quê?
Para saber mais:
A linguagem da destruição, livro de Miguel Lago, Heloisa Starling e Newton Bignotto:
Em entrevista ao DIA, o ex-deputado federal destacou o déficit na Polícia Civil, afirmando haver a necessidade de mais de 10 mil policiais. Freixo disse que irá retomar a bolsa-formação, permitindo aos policiais se especializarem em áreas mais específicas, como no combate ao feminicídio. “Para combate o tráfico de drogas precisamos investir na parceria entre as polícias. É fundamental a união com a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. É importante um grande controle sobre a Baía da Guanabara, que é por onde a droga entra.”
Sobre a milícia, Marcelo Freixo afirmou que irá combater com firmeza, investimento maciço na polícia e também no controle dos milicianos. O candidato destacou ainda que o combate começa nos gabinetes, onde devem ser estabelecidas as diretrizes na luta contra as milícias.
Sobre o avanço das milícias no Rio, o parlamentar diz: “A milícia não é um estado paralelo, a milícia é um estado leiloado, interessa a muita gente. A milícia elege senadores, elege prefeitos, ajuda a eleger presidentes, inclusive”.
Freixo promete que, no seu governo, a polícia chegará aos mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco: “É muito importante para a democracia brasileira a gente saber quem mandou matar, qual grupo político e por que razão mandaram interromper a vida da Marielle”.
Quanto ao funcionalismo público, Freixo disse que é filho de pai e mãe funcionários públicos, e que existe a necessidade de valorizar “quem trabalhou a vida inteira para construir o Rio de Janeiro. Esse aposentado precisa ser valorizado e vamos fazer concurso público, analisando quais as áreas que têm maior demanda, respeitando, evidentemente, a questão fiscal. O Rio de Janeiro hoje tem um orçamento muito grande oriundo do petróleo.”
Por que Bolsonaro deve ver o vídeo Vizinhos do Mal, retrato sobre a milícia
O senhor sabe que um a cada três cariocas vive em áreas sob o controle de milícias paramilitares?
A capital da unidade da federação que te deu sete mandatos parlamentares agoniza em insegurança, com moradores e comerciantes sofrendo extorsões violentas.
Muitos, como as que tiveram a coragem de participar desse vídeo-denúncia, tiveram que deixar tudo para trás --casa, família, trabalho e liberdade-- para tentar preservar a vida.
Vida e liberdade --palavras tão repetidas em seus discursos-- estão bem distante da realidade de muitos brasileiros, em especial, dos cidadãos cariocas.
Assista ao vídeo, presidente. Sei que o senhor não tem costume de expressar sensibilidade diante de dores alheias nem mesmo diante da morte de seus compatriotas. Mas pelo menos, a grave situação denunciada pode levá-lo a refletir sobre o que Vossa Excelência fez (ou não fez) pela segurança pública do Rio de Janeiro em quase três décadas de mandato parlamentar.
Logo o senhor, que tanto se orgulha do seu passado militar, o qual poderia ter-lhe garantido algum conhecimento sobre o tema. Ao contrário, más-línguas falam sobre o vexame do seu relativamente breve período de atuação fardada. Não é estranho que logo o Rio de Janeiro --que há três décadas elege um político com discursos tão comprometidos com a segurança pública e em defesa das forças policiais-- encontre-se em uma realidade tão desesperadora diante de tanta violência e domínio da marginalidade.
Nem o deputado Jair Bolsonaro nem o atual presidente da República demonstram o menor interesse com a situação denunciada nos depoimentos das vítimas das milícias, que expõem inclusive a conivência de policiais.
O senhor, que adora jogar a culpa das incompetências da sua gestão nos governadores, vai dizer que segurança pública é responsabilidade estadual. Nem no Congresso, nem no Palácio do Planalto, Vossa Excelência encontrou possibilidade de atuar para reverter a realidade violenta observada nas comunidades dominadas ou por milícias ou pelo narcotráfico.
Quando o senhor ainda era parceiro do ex-juiz que facilitou a sua chegada à Presidência, juntos, vocês enviaram ao Congresso proposta relacionada ao excludente de ilicitude, que, na prática, visava apenas ampliar as possibilidades de legítima defesa e de licença para matar de agentes que integram instituições de segurança com já elevada taxa de letalidade. Há alguma outra iniciativa sua que, ao contrário desta, buscou conter a violência?
Se tiver, informe aos brasileiros com urgência, especialmente aos que se encontram, neste momento, na mira das armas dos milicianos. Armas que inclusive tiveram a circulação facilitada por medidas do seu governo. Os bandidos agora utilizam armamentos legalmente registrados.Imagine o senhor tendo que se despedir da Presidência a partir de outubro próximo sem ter contribuído em nada para segurança pública. Ao contrário, ter entrado para a História como o presidente que mais estimulou o ódio e a violência entre brasileiros. A começar pelo elogio a práticas de tortura tão comuns na rotina agressiva dos milicianos.
Neste sentido, o vídeo Vizinhos do Mal, em vez de indignação pelos relatos, pode causar-lhe satisfação ao confirmar que a tortura praticada por seus saudosos ditadores ainda é repetida cotidianamente nos territórios dominados pelas milícias.
Então, reforço a sugestão para que Vossa Excelência reserve 17 minutos do seu tempo para ver esse registro, que para muitos expressa o horror, mas não indigna ou mobiliza quem aposta na violência como política. (transcrevi trechos)
Já a restrição quantitativa aos alimentos existia em 30,1% dos domicílios. Desses, 15,5% convivem com a fome, a chamada insegurança alimentar grave. Em termos absolutos, significa dizer que 125,2 milhões de brasileiros sofrem com a insegurança alimentar, enquanto mais de 33 milhões vivem em situação de fome.
A maior parte desses 31,1 milhões vivem na região norte (25,7%) e nordeste (21%). Como não podia deixar de ser, a fome está relacionada às condições de desigualdade, uma vez que ela se encontra em 43% das famílias com renda per capita de até 1/4 do salário mínimo. Outro dado triste: a insegurança familiar grave atinge mais as casas que têm como chefes mulheres ou pessoas de cor preta ou parda.
Crise e pandemia
“A progressiva crise econômica, a pandemia e o desmonte das políticas públicas, que poderiam minimizar o impacto das duas primeiras, explicam o recrudescimento da insegurança familiar e da fome entre o final de 2020 e o início de 2022”, apontam os responsáveis pela pesquisa. “Mesmo o Auxílio Brasil, vigente no período do Inquérito, não mitigou a grave situação social do povo brasileiro”, continuam.
O levantamento chama atenção de que, apesar dos níveis de segurança alimentar se manterem em 40%, existe um agravamento daqueles que vivem em situação de insegurança. Tanto que entre o último trimestre de 2020 e o primeiro de 2022, a insegurança alimentar grave subiu de 9% para 15,5%, “incorporando, em pouco mais de 1 ano, 14 milhões de novos brasileiros ao exército de famintos do país”, apontam os pequisadores.
“A piora da insegurança alimentar é a repercussão das desigualdades sociais que resultam de processos econômicos e políticos, com destruição de instituições e políticas públicas, desde 2016. As evidências aqui colocadas apontam a amplitude dos desafios e a necessidade de uma agenda de reconstituição das instituições públicas e de reorientação das estruturas econômicas, políticas e sociais no Brasil”, conclui o levantamento.