Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, acusou Julia, levada da breca, de ter uma atitude nazista e machista, pela mão de Lula cravada de balas pintadas na blusa
Julia Zanatta dona do perfil "Casa Opressora”, que costuma hostilizar feministas, ameaça metralhar lula
A deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) publicou uma foto nas redes sociais em que aparece segurando uma metralhadora e usando uma camisa com o desenho de uma mão com quatro dedos alvejada por três tiros.
“Não podemos baixar a guarda. Infelizmente a situação não é fácil. Com Lula no poder, deixamos um sonho de liberdade para passar para uma defesa única e exclusiva dos empregos, do pessoal que investiu no setor de armas. Estamos agora falando em socorrer empregos e lutar por segurança jurídica”, escreveu nas suas redes sociais.
Zanatta é amiga do filho 03 (Eduardo Bolsonaro), do ex-presidente golpista Jair Bolsonaro e também dona do perfil “Casa Opressora”, que costuma hostilizar feministas. A parlamentar foi a sexta deputada federal mais votada pelo Estado de Santa Catarina. Defende os armados bandidos amigos: os empresários grileiros de terra na Amazônia, as mineradoras desmatando florestas, a contamiação dos rios com mercúrio, o genocídio dos povos indígenas, a morte dos quilombolas, os assassinos do reitor Cancellier, as chacinas das polícias nas invasões das favelas, principalmente, no Rio de Janeiro e São Paulo, a destruição e o entreguismo da dupla Paulo Guedes e Sergio Moro, e os altos juros de Roberto Campos.
Depois da postagem de Zanatta, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que a PL teve um “comportamento nazista” e que estuda medidas contra a deputada catarinese.
“Comportamento nazista da deputada de SC, de apologia à violência contra Lula. Quem não pode baixar a guarda é a sociedade brasileira e nossas instituições com quem insiste incitar a violência e semear o ódio. Estamos estudando medidas contra esse ato criminoso”, escreveu.
Família de idosa ficou revoltada com disseminação de postagem falsa que engana ao dizer que tenha morrido entre presos por ato terrorista em Brasília. Foto: Reprodução Twitter (esquerda) / Edu Carvalho (direita)
por Louise Queiroga /Extra
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Para disseminadores de informações falsas, esta é a segunda vez que Deolinda Tempesta Ferracini morreu. A primeira foi quando usaram sua imagem em um boato relacionado à Covid-19. Agora, dizem que seu óbito ocorreu após ser presa pelo ato terrorista nas sedes dos três poderes em Brasília no domingo. Diante disso, sua família acordou nesta segunda-feira com a caixa de mensagens lotada, sentindo uma revolta ainda maior pelouso indevido de imagem— mais uma vez.
Edu Carvalho, fotógrafo responsável pelo registro, feito em 2018, esclareceu que Deolinda, avó de sua esposa, morreu aos 80 anos em 10 de outubro de 2022 após passar alguns dias internada na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) da Santa Casa de Vinhedo (SP) devido a um acidente vascular cerebral (AVC).
— A família está muito chateada com isso. Você tem noção que eu carreguei o caixão dela no enterro? Eu chorei a morte dela — desabafou o fotógrafo. — Ainda usando para esse terrorismo que aconteceu, ficamos revoltados.
Deolinda Tempesta Ferracini morreu aos 80 anos após passar alguns dias na Santa Casa de Vinhedo (SP) devido a um AVC Foto: Edu Carvalho / Pexels
A foto de Deolinda que aparece em postagens como se tivesse morrido sob custódia da Polícia Federal foi baixada de um banco de imagem na internet. Além disso, a PF desmentiu que uma mulher tenha morrido nesta segunda-feira nas dependências da Academia Nacional de Polícia.
— Acordei com uma enxurrada de pessoas mandando os posts pelas redes sociais e justo hoje que fazem apenas três meses que minha avó nos deixou! Me senti impotente, a internet tem uma força absurda tanto para o bem quanto para o mal. Estamos tentando ao máximo avisar as pessoas, mas muitas desacreditam e ainda pedem para provar, isso dói muito e só vai saber quem estiver na pele um dia. Que isso acabe logo — lamentou Juliana Cuchi Oliveira, neta de dona Deolinda.
A deputada Bia Kicis (PL) foi uma das pessoas que disseminaram a informação falsa. Ela disse esta inverdade na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, enquanto era votada a intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal devido a falhas da Polícia Militar que resultaram na invasão de terroristas nas sedes dos três poderes e na sua consequente depredação, numa tentativa de golpe de estado e ataque à democracia brasileira.
por Amanda Sales /Correio Braziliense
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) repercutiu a informação durante um discurso no plenário da Câmara dos Deputados, na noite de segunda (9/1). Na tribuna da Câmara, Bia Kicis disse: "acabo de receber uma notícia de que uma senhora veio a óbito hoje nas dependências da Polícia Federal. Não foi nas dependências da PM, não. Falo de uma senhora a quem foi negado comida e água e que, depois de horas, e horas, e horas a fio sendo destratada e descuidada, veio a falecer".
E continua: "É preciso ainda confirmar essa informação, mas a recebi de mais de uma fonte. Quero aqui lamentar e até torcer para que isso não seja verdade, mas, se for, isso não aconteceu nas dependências da Polícia Militar, e sim, nas da Polícia Federal, que é ligada ao governo federal".
"A Polícia Federal informa que é falsa a informação de que uma mulher idosa teria morrido na data de hoje (9/1) nas dependências da Academia Nacional de Polícia", diz a nota da corporação (Transcrevi trechos)
Dirigente da entidade comentou sobre políticos que incentivam o ódio e compartilham fake news para desinformar
Móveis e janelas danificados no Congresso Nacilnal -
Volker Türk, alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos pediu através de um comunicado emitido nesta segunda-feira, 09, que o Brasil "conduza investigações rápidas, imparciais, eficazes e transparentes sobre a violência de domingo e responsabilizem os envolvidos".
Türk, disse que as cenas das invasões "de simpatizantes do ex-presidente (Jair Bolsonaro)" foram "chocantes". "Condeno com veemência este atentado ao coração da democracia brasileira", afirmou.
O comissário questionou as ações de políticos que incentivam o ódio e o uso da desinformação, as chamadas fake news.
De acordo com Volker os atos deste domingo foi "o desdobramento final da distorção continuada dos fatos e da incitação à violência e ao ódio por parte de atores políticos, sociais e econômicos que têm fomentado uma atmosfera de desconfiança, divisão e destruição ao rejeitar o resultado de eleições democráticas. Aceitar o resultado de eleições livres, justas e transparentes está no centro dos princípios democráticos fundamentais. Alegações infundadas de fraude eleitoral minam o direito à participação política. A desinformação e a manipulação precisam parar". disse.
"Exorto as lideranças de todo o espectro político do Brasil a colaborarem umas com as outras para restaurar a confiança nas instituições democráticas e promover o diálogo e a participação pública", solicitou no comunicado.
A ONU ainda pontou que ao menos oito profissionais da imprensa foram agredidos ou tiveram seus equipamentos destruídos, "impossibilitados de cumprir sua função essencial de informar os brasileiros e o mundo sobre o que estava acontecendo".
"Estes últimos ataques confirmam uma tendência de aumento das agressões físicas contra jornalistas num contexto de elevados níveis de violência política", disse.
Türk ainda disse que seu escritório está "pronto para apoiar o novo governo a tratar das questões de direitos humanos que o Brasil enfrenta".
Tem dias que a gente se sente Como quem partiu ou morreu A gente estancou de repente Ou foi o mundo então que cresceu A gente quer ter voz ativa No nosso destino mandar Mas eis que chega a roda-viva E carrega o destino pra lá
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
A gente vai contra a corrente Até não poder resistir Na volta do barco é que sente O quanto deixou de cumprir Faz tempo que a gente cultiva A mais linda roseira que há Mas eis que chega a roda-viva E carrega a roseira pra lá
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
A roda da saia, a mulata Não quer mais rodar, não senhor Não posso fazer serenata A roda de samba acabou A gente toma a iniciativa Viola na rua, a cantar Mas eis que chega a roda-viva E carrega a viola pra lá
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
O samba, a viola, a roseira Um dia a fogueira queimou Foi tudo ilusão passageira Que a brisa primeira levou No peito a saudade cativa Faz força pro tempo parar Mas eis que chega a roda-viva E carrega a saudade pra lá
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
Roda mundo, roda-gigante Rodamoinho, roda pião O tempo rodou num instante Nas voltas do meu coração
Há 54 anos, peça de Chico Buarque era alvo de censura e violência
Chico Buarque nos ensaios da peça "Roda Viva", em 1968. Imagem: Reprodução
De improviso, o ator e codiretor Claudio Botelho fez referências à uma possível prisão do ex-presidente Lula e ao impeachment de “uma presidente ladra”. Recebeu uma reação forte por parte da plateia, que com vaias e grito de “Não vai ter Golpe”, impediu que a peça continuasse. Botelho tentou seguir o espetáculo, mas já era tarde: “Vocês são piores que os militares, vocês pararam Roda Viva”, gritou, antes de ser retirado do palco.
Há 54 anos, a peça “Roda Viva”, que é lembrada no musical da dupla Charles Möeller e Claudio Botelho, se tornaria um símbolo da resistência contra a ditadura militar. Os contextos díspares revelam que a ação sofrida foi muito além do que uma mera manifestação, como ocorrida no último sábado.
Com poucos meses em cartaz, a peça de Chico era aparentemente apolítica. Contava a história de um ídolo da música que decide mudar de nome para agradar o público, se tornando uma figura manipulada. A submissão do personagem aos mecanismos da indústria cultural ressoava, nas entrelinhas, uma reflexão sobre a questão política na época -- muito mais séria do que a polarização entre "coxinhas" e "petralhas".
No dia 18 de julho de 1968, cerca de 100 pessoas do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) invadiram a força o Teatro Galpão (hoje Teatro Ruth Escobar), no encerramento da apresentação, destruindo os cenários e agredindo o elenco.
A edição da Folha de S. Paulo no dia seguinte noticiou que os elementos estavam “armados de cassetetes, soco-inglês sob as luvas” e que espancaram os atores Marília Pêra, André Valli e Rodrigo Santiago. “Depredaram todo o teatro, desde bancos, refletores, instrumentos e equipamentos elétricos até os camarins, onde as atrizes foram violentamente agredidas e seviciadas”.
Ao Jornal da Tarde, naquela semana, Marília relatou o cenário de horror: "Quis fechar a porta, mas eles já tinham me visto. Entraram quebrando os espelhos arrancaram minha roupa, deram socos. Saí correndo eles continuaram batendo. Pelo corredor havia mais rapazes e enquanto eu fugia sentia cassetetes nas costas. Não apanhei mais porque a Isa, camareira do teatro, correu para mim e me protegeu enquanto fugíamos"
A reação a toda aquela violência foi explicitada na opinião do dramaturgo Plínio Marcos. “Grupos terroristas procuram, através de atos violentos de terrorismo organizado por gente interessada numa ditadura violenta, agredindo trabalhadores em seu local de trabalho", disse à Folha.
Dois meses depois, a peça seguia com filas ainda maiores, quando sofreu violência semelhante dois meses depois, em Porto Alegre, com uma batida do Exército Brasileiro. A peça havia sido proibida pela censura, por ser considerada "degradante" e "subversivo".
Segundo o censor responsável, Mario F. Russomano, Chico Buarque havia criado "uma peça que não respeita a formação moral do espectador, ferindo de modo contundente todos os princípios de ensinamento de moral e de religião herdados de nossos antepassados".
Criado em homenagem a Chico Buarque, na ocasião de seu 70° aniversário, “Todos os Musicais de Chico Buarque em 90 Minutos” foi uma dos poucos espetáculos que conseguiu liberação para a citação de “Roda Viva”, considera pelo autor como uma peça ruim e datada, o que impediu novas encenações desde então.
Juíza volta a negar autoria de “Roda Viva” a Chico Buarque
Músico, teatrólogo e romancista processou o deputado Eduardo Bolsonaro por utilizar a canção indevidamente
247- A juíza substituta do 6º Juizado Especial Cível da Comarca da Capital Lagoa, Mônica Ribeiro Teixeira, contestou, mais uma vez, que o cantor e compositor Chico Buarque seja o autor da letra da música “Roda Viva”, que em 1968 virou inspiração para uma peça de teatro quando o elenco foi espancado pelo regime militar, informa ojornalO Globo.
Na ação, Chico cobra a retirada de sua música da postagem do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), além de uma indenização de R$ 48 milhões e publicação da sentença condenatória no Instagram.
Na decisão em questão, a referida juíza tem dúvidas se Chico é, de fato, autor de 'Roda Viva'. Segundo ela, há “ausência de documento indispensável à propositura da demanda, qual seja, documento hábil a comprovar os direitos autorais do requerente sobre a canção ‘Roda Viva’”
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Chamado de 'subversivo' pela Censura, 'Roda Viva', de Chico, faz 54 anos
Redação Folha de S. Paulo
Um dos marcos do teatro brasileiro, "Roda Viva" fazia sua estreia há 50 anos no Teatro Princesa Isabel, no Rio.
O diretor Zé Celso acabara de sair de outra montagem de impacto, "O Rei da Vela", de Oswald de Andrade, que estreara em setembro de 1967 em São Paulo e, naquele mesmo janeiro de 1968, fazia uma temporada carioca no Teatro João Caetano.
"Roda Viva" também marcou a estreia de Chico Buarque na dramaturgia –antes, porém, ele havia musicado para o teatro o poema "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto.
Escrito pelo músico "em 25 dias, trabalhando sem parar", segundo Chico contou ao "Globo" pouco antes da estreia, "Roda Viva" é uma alegoria de um artista (então vivido por Heleno Prestes) que ganha fama e é "engolido" pela indústria cultural.
Em determinada cena, como num rito mítico –ecoando o filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha"–, o protagonista chega a ser crucificado.
Entre as músicas, a famosa canção-título que diz "A gente quer ter voz ativa/ No nosso destino mandar/ Mas eis que chega a roda-viva/ E carrega o destino pra lá".
Ao periódico carioca, Chico ainda disse durante os ensaios da montagem: "Meu tema é um desabafo, que não chega a ser autobiográfico".
O espetáculo enfrentou o recrudescimento da ditadura, que no fim daquele ano decretaria o AI-5, o mais severo dos Atos Institucionais.
Em julho de 1968, o CCC, Comando de Caça aos Comunistas, invadiu o Teatro Galpão, onde o musical fazia uma temporada paulistana. Destruiu o cenário e espancou artistas, entre eles a atriz Marília Pêra (1943-2015).
Em outubro, quando a peça estrearia em Porto Alegre, foi proibida pelo o Exército, que bateu nos atores no hotel onde estavam hospedados.
Censurada repetidas vezes pelo regime militar, "Roda Viva" foi considerada pelo governo um espetáculo "degradante", "subversivo" e que "desrespeita a todos e tudo, até a própria mãe".
Na análise do censor Mário F. Russomano, Chico foi chamado de "débil mental".
A Executiva do PT de Passo Fundo (RS) criticou a "escalada da extrema direita"
247 - A advogada Janaíra Ramos foi agredida na manhã desta quarta-feira (23) pelo arquiteto bolsonarista Rodrigo Tondelo.
De acordo com a Executiva do PT de Passo Fundo (RS), ele foi ao "escritório dela fazendo ameaças de morte, e após agressões verbais passou a agredi-la fisicamente, continuando as agressões na rua".
"A escalada da extrema direita precisa ser contida com a criminalização de todos os atos de violência".
Manifesto minha total solidariedade à advogada Janaíra Ramos, de Casca (RS), covarde e violentamente agredida pelo bolsonarista Rodrigo Tondelo. Nenhuma divergência política justifica qualquer tipo de violência, motivo pelo qual ele deverá responder à justiça pelos seus atos.
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Janaíra é lutadora exemplar pela democracia, muito corajosa, pois mesmo em ambiente hostil tem denunciado a perseguição aos eleitores de Lula em seu município, onde os comércios começaram a ser marcados pelos fascistas. Não ficarão impunes. Basta de violência política! Covardes!
Levantamento inédito da Agência Pública registrou cinco assassinatos apenas no final de semana do segundo turno
por Anna Beatriz Anjos, Caio de Freitas Paes, Clarissa Levy, Giulia Afiune, José Cícero, Júlia Rohden, Karina Tarasiuk, Laura Scofield, Mariama Correia, Matheus Santino, Nathallia Fonseca, Rafael Oliveira, Yolanda Pires /Agência Pública
* 40% dos ataques foram por bolsonaristas e 7% por apoiadores de Lula * Desde o início da campanha houve pelo menos 15 assassinatos e 23 tentativas
Pedro Henrique Dias Soares, 28 anos, foi assassinado em Belo Horizonte (MG), enquanto comemorava a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência, no último dia 30 de outubro. Ele estava com familiares, na garagem de casa, quando um homem que vestia uma máscara chegou atirando. Além de Pedro, a mãe dele e uma prima saíram feridas, mas sem gravidade. A menina Luana Rafaela Oliveira Barcelos, de 12 anos, também baleada pelo mesmo agressor, faleceu nesta quinta-feira (3) em decorrência dos ferimentos.
As mortes são o ápice de uma campanha extremamente violenta, na qual ocorreram pelo menos 324 casos de violência eleitoral, uma média de quatro casos por dia, de acordo com levantamento exclusivo feito pela Agência Pública. Em 40% deles, os agressores eram apoiadores do presidente Bolsonaro. Apoiadores de Lula protagonizaram 7% dos ataques. Em 57% das ocorrências não foi possível identificar os agressores. Em dois terços, os agressores eram homens cisgênero.
Apenas em 30 de outubro, dia do segundo turno eleitoral, registramos 36 casos de violência política. Ao menos dez envolveram o uso de armas de fogo. Em todo o período eleitoral, houve pelo menos 15 assassinatos e 23 tentativas de assassinato. O segundo turno foi expressivamente mais violento. O fim de semana da ida às urnas teve 14 ocorrências com arma de fogo, 23 agressões físicas, cinco atentados ou tentativas de assassinato e cinco assassinatos. No final de semana do primeiro turno não houve registros de assassinatos.
“Eu não consigo expressar a dor que eu tô sentindo em ver um amigo querido, uma pessoa tão nova com uma caminhada imensa pela frente assassinado friamente por sua escolha política”, disse uma amiga de Pedro Henrique, nas redes sociais. Ruan Nilton da Luz, de 36 anos, foi preso em flagrante, acusado de homicídio e tentativa de homicídio. Ele tinha armas e certificado de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Antes do crime, segundo o portal O Tempo, o homem gritava “Bolsonaro” nas ruas e teria feito uma postagem nas redes sociais afirmando que se o presidente perdesse a reeleição, ele sairia fazendo “uma desgraça” nas ruas, o que pode indicar a premeditação do crime.
Em uma das eleições mais violentas da história do país, a reportagem da Agência Pública mapeou e checou ataques contra eleitores, candidatos, jornalistas e trabalhadores de institutos de pesquisa. Os dados foram colhidos desde o início oficial da campanha, em 16 de agosto, até o segundo turno, realizado em 30 de outubro, a partir de notícias divulgadas na imprensa local e nacional, nas redes sociais e em um questionário aberto ao público. O levantamento considera apenas ataques presenciais, excluindo ataques por telefone, por email e pelas redes sociais.
Pedro Henrique foi assassinado durante comemorações das eleições em MG
“A violência política é sistemática e afeta diretamente nossa democracia”, analisa Gisele Barbieri, coordenadora de incidência política da Terra de Direitos, organização que também monitora casos de violência nas eleições junto com a Justiça Global. De acordo com o levantamento feito pelas duas organizações, que utiliza uma metodologia própria, apenas nos dois meses que antecederam o primeiro turno das eleições deste ano, o número de episódios de violência política quase se igualou à quantidade de casos registrados nos primeiros sete meses do ano. Entre 1 de agosto e 2 de outubro de 2022, as organizações registraram 121 casos de violência política. Ou seja, até o primeiro turno, duas pessoas foram vítimas de violência eleitoral por dia.
“O acirramento da violência é crescente e segue um padrão consolidado antes mesmo do período eleitoral. Existe um discurso público contra determinados grupos de pessoas, vindo principalmente da autoridade máxima do país, que incentiva outros atores a reproduzirem a violência política e eleitoral”, considera Barbieri. “Nós percebemos uma concentração de casos contra candidaturas que atuam na defesa dos direitos humanos. Ou seja, a violência está cada vez mais sofisticada, intensa e direcionada a determinados grupos de pessoas, que já estão apartados dos espaços de poder e decisão”, acrescenta.
A coordenadora da Terra de Direitos alerta ainda que os números de casos de violência política e eleitoral podem ser muito maiores do que mostram os levantamentos em razão da subnotificação das ocorrências.
Gisele também destaca que é muito difícil identificar quem são os agressores. “Mas em mais de 70% dos casos onde é possível identificar os agressores, eles são homens cisgênero brancos e muitos são agentes políticos”, informa.
Do total de ocorrências de violência eleitoral mapeados pela Pública, 51% (166) foram motivados por discordância política. Em 125 houve violência contra mulheres, 19 envolveram racismo e oito, LGBTfobia.
Um dos casos de violência mais explícitos, envolvendo armas de fogo, foi protagonizado pela deputada federal bolsonarista reeleita Carla Zambelli (PL), na véspera do segundo turno. Ela apontou uma arma para o jornalista Luan Araújo, que é um homem negro e apoiador do PT, e com a arma em punho o perseguiu pelas ruas de São Paulo, em plena luz do dia. O vídeo que mostra a cena viralizou. Zambelli chegou a afirmar que tinha sido empurrada por Araújo, mas o argumento foi desmentido por testemunhas ouvidas pela Pública e também por um vídeo que mostra a deputada caindo sozinha, após ter sido xingada pelo militante. O PSOL entrou com um pedido de cassação de Zambelli e a Polícia Federal investiga o caso. (Continua)
A maior parte dos casos indica a existência de uma articulação das disputas políticas locais com conflitos envolvendo redes criminosas
por João Gabriel Freitas /Correio Braziliense
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A cada 45 dias, um político é assassinado na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. Os dados são da pesquisa "Violência Política na Baixada Fluminense e na Baía da Ilha Grande", lançada nesta terça-feira (27/9). A maior parte dos casos indica a existência de uma articulação das disputas políticas locais com conflitos envolvendo redes criminosas.
O levantamento analisou casos de violência cometidos contra políticos e ativistas nas regiões da Baixada Fluminense e da Baía da Ilha Grande entre janeiro de 2021 e junho de 2022. Dos 31 casos de violência política mapeados pelo levantamento, 28 foram cometidos na Baixada Fluminense e 3 na região de Ilha Grande. Ao todo foram 12 casos de assassinato, sendo que todas as execuções ocorreram na Baixada Fluminense. Isso significa que houve pelo menos 1 assassinato político a cada 45 dias na região, considerando o período de 18 meses analisado na pesquisa.
No corpo de análise, 23 dos 31 ataques foram praticados com armas de fogo. Além das 12 mortes, o estudo registrou sete casos de atentados contra a vida, seis casos de ameaça, um caso de invasão de espaço político, um caso de atentado, um caso de ferimento à bala, um caso de depredação de espaço político, um caso de violência política de gênero e um caso de disparo de arma letal contra manifestação política no período.
Em relação às cidades, o município líder em número de casos de violência política foi Duque de Caxias, que contabilizou 10 ataques, seguido por Nilópolis, com quatro ocorrências. Logo atrás aparecem as cidades de Nova Iguaçu, São João de Meriti e Itaguaí.
O estudo "Violência Política na Baixada Fluminense e na Baía da Ilha Grande" usou como metodologia o levantamento de casos deviolência políticaem jornais, pesquisas complementares na internet, entrevistas e monitoramento e análise das mídias sociais de políticos que atuam na área da segurança pública nas regiões estudadas.
Outro destaque, além dos casos de violência política quantificados pela pesquisa, é que as entrevistas realizadas expuseram um cenário de violência estrutural que atinge, sobretudo, mulheres negras na política. Segundo o Observatório das Favelas, as mulheres entrevistadas revelaram diversos casos de agressões físicas e verbais, ameaças, intimidações, violência institucional e violência política de gênero e raça.
Ainda que algumas de nossas flores tenham ido ao chão, nada será capaz de deter a primavera que tomará as ruas no dia 2 de outubro com a eleição de Lula
por Ádamo Antonioni
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Não é de hoje que a esquerda sente na pele a escalada da violência no Brasil. Com a ascensão da extrema-direita no poder, consequentemente, uma névoa sombria de terror e medo sobrevoa o país desde 2018. A morte de Marielle Franco no Rio de Janeiro, que ainda hoje permanece um mistério sobre quem seria o mandante do crime, e do capoeirista Moa do Katendê na Bahia por um bolsonarista, eram um prenúncio dos tempos difíceis que tivemos que enfrentar desde então.
Como já cantara Caetano Veloso em 1969 durante os tenebrosos anos de chumbo: “Atenção ao dobrar uma esquina. [...] É preciso estar atento e forte”. É triste imaginar que nossa geração está muito perto de viver aqueles dolorosos momentos de repressão que a geração de Caetano viveu com o golpe de 1964.
Novamente estamos às voltas de uma tentativa de golpe com o atual ocupante do Palácio do Planalto que, diariamente, ataca as instituições como STF (Supremo Tribunal Federal), desqualifica o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e espalha desinformação entre seus apoiadores quanto às urnas eletrônicas.
Diante desse cenário que tanto nos causa espanto e medo, podendo desestimular alguns do campo progressista ou desmobilizar outros, resumi nesta espécie de decálogo, os mandamentos para que a militância possa resistir e sobreviver até o primeiro turno das eleições presidenciais que acontecem neste domingo, 02 de outubro:
1-Mantenha a esperança viva
A esperança de dias melhores é o que nos motiva. Apesar do sofrimento que vivemos nestes últimos anos, temos a esperança de que amanhã, aliás, a partir de 1º de janeiro de 2023, haverá de ser outro dia. E que nossos ideais como igualdade, solidariedade, justiça social e respeito à diversidade, hão de se tornar realidades. Manter a esperança viva é ter a coragem para se levantar e lutar. “Esperançar”, como diria Paulo Freire.
2-Proteja os seus e a ti mesmo
O bolsonarismo é responsável por dois assassinatos de petistas só neste ano de 2022. Marcelo Arruda no Paraná e Benedito dos Santos, no Mato Grosso. Fora as agressões como de uma mulher em Angra dos Reis (RJ) depois de criticar Jair Bolsonaro e de uma janela com bandeira do PT ser alvo de tiros no Recife (PE). É preciso criar redes de apoio e proteção para cuidar dos nossos, especialmente, dos grupos mais vulneráveis à violência política, como mulheres e população LGBTI+. Evite andar sozinho nas ruas e redobre a atenção, sobretudo, se tiver identificado com as cores vermelhas associadas à esquerda. Mantenha o telefone de contato de seus amigos/as atualizado.
3-Não entre em discussões vãs na internet
As redes sociais criam uma falsa sensação de debate político. Muitos que participam das discussões já possuem sua opinião formada e querem apenas “trollar”, isto é, enfurecer ou perturbar uma conversa. Além disso, segundo pesquisa do ITS- Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro), cerca de 50% dos tuítes pró-Bolsonaro foram impulsionados por bots, ou seja, robôs que apresentam comportamento automatizado para passar a sensação de engajamento digital. As chances de você estar “batendo boca” e perdendo seu tempo com uma máquina atrás de um perfilfake, geralmente sem foto, é muito grande.
4-Não ceda à provocação nas ruas
No último final de semana, o MBL (Movimento Brasil Livre) utilizou um adolescente para provocar a equipe de campanha de Guilherme Boulos, candidato a deputado federal pelo PSOL, que fazia um ato na Av. Paulista. Após confusão, o MBL acionou policiais para prender Boulos ilegalmente. A extrema-direita é intolerante e agressiva, age com provocações e insinuações para que percamos a linha e respondamos com baixaria. Mas a melhor resposta que podemos dar será nas urnas no dia 2 de outubro.
5-Orgulhe-se de suas cores e símbolos
É hora de ostentar nossas cores, sim. E por que não? O vermelho da cor do sangue que corre em nossas veias, a estrela, o martelo e a foice que mostra união da classe trabalhadora do campo e da cidade, a bandeira do arco-íris, as palavras de ordem estampadas nas camisetas. E no dia 2 de outubro, vá com um livro para sua sessão de votação, assim como fizemos em 2018. O livro é o símbolo mais potente contra este governo negacionista, terraplanista e obscurantista.
6- Não se desespere
Se se receber uma desinformação em seu WhatsApp ou vê-la circulando nas redes sociais, mantenha a calma. Respire. Jamais a compartilhe. Denuncie. Nesta reta final, o bolsonarismo vai inundar as redes com mamadeiras de todos os tipos para espalhar pânicos morais, desinformar e tentar causar confusão na população. Repito: denuncie nas próprias plataformas que já disponibilizam campos próprios para isso.
7-Busque fontes confiáveis para se informar
Se se deparar com alguma informação duvidosa, com dados confusos ou em tom alarmista, busque os sites que trabalham com checagem de informações, os chamadosfact-checking, como Agência Lupa, Aos Fatos, Boatos.org, Comprova, E- Farsas e Fato ou Fake, são alguns deles.
8-Não espalhe fake news
A dimensão ética nunca pode deixar de estar no horizonte de atuação do campo progressista. Por mais tentadora que possa ser, temos que resistir às armas do inimigo e levar sempre a verdade, a informação correta e os fatos concretos.
9-Fale com amorosidade
Nesta reta final, há muitos indecisos e pessoas propensas à abstenção. Esteja aberto ao diálogo, mas fale com amorosidade, expressão utilizada por Paulo Freire, para se referir ao processo pedagógico de profundo amor ao ser humano. A amorosidade fala do compromisso com a justiça, da superação das opressões, mas também escuta com paciência e respeita as opções políticas alheias. Procure convencer essas pessoas sobre a importância do comparecimento às urnas no dia da votação e da necessidade de derrotar o ódio e o autoritarismo já no primeiro turno.
10- Não esqueça o título de eleitor
Verifique com antecedência seus documentos, título e documento de identidade com foto. Também veja seu local de votação, sessão e endereço, caso precise se deslocar por causa do trânsito, etc. Quanto antes puder checar esses pormenores, mais cedo poderá se precaver de eventuais contratempos.
Falta pouco. Olha só o quanto já enfrentamos e superamos até aqui.
Resistimos como a flor de lótus que renasce a cada dia em meio à adversidade.
E ainda que algumas de nossas flores tenham ido ao chão, nada será capaz de deter a primavera que tomará as ruas no dia 2 de outubro com a eleição de Lula para presidente do Brasil.
O eleitor vai se contrapor ao medo, instrumento de controle da liberdade
por Gustavo Krause
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“Viver é negócio muito perigoso…[…] O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria. Aperta e daí, afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Guimarães Rosa falava, fluentemente, alemão, francês, inglês, espanhol, italiano e esperanto. Lia sueco, holandês, latim e grego, bem que podia escolher qualquer idioma para escrever. Brasileiramente, escolheu a língua-mãe, o português, mas foi o autor de uma revolução linguística.
Criou quase uma dezena de milhar de neologismos e, segundo os estudiosos, 30% do léxico de Rosa não está dicionarizado. A primeira leitura de “Grandes Sertões: veredas” exige esforço na busca dos significados, depois, o leitor viaja do regional para universal, uma fusão de sentimentos, de sabedoria com gosto de carne seca e rapadura para os da banda de cá.
O que mais me sensibilizou foi a reflexão existencial que propõe coragem para enfrentar o vaivém da vida. É exatamente esta virtude de que necessitamos no processo político-eleitoral para sair de casa e exercer o poder-dever do voto.
O que deveria ser um ato praticado, em clima de paz e esperança que ratifica a democracia e fortalece o plebiscito cotidiano que forja a nação, transformou-se num ambiente de insegurança e de medo, decorrente do aprofundamento da radicalização, sobretudo, da violência política que permeia a sociedade brasileira.
O processo vem se agravando, mundo afora, e foi objeto da obra magistral de Manuel Castells “Redes de indignação e esperança na era da Internet” que analisa em profundidade as manifestações ocorridas com um posfácio dedicado ao Brasil de 2013.
A voz das ruas deixou uma clara e contundente mensagem: “vocês não nos representam”: grave abalo nas democracias liberais por conta da descrença e do ressentimento em relação ao estabilishment.
Resultado: as líderanças populistas e autocráticas encontraram o ambiente fértil para as mensagens messiânicas.
No Brasil, o Presidente surfou na onda, desafiou instituições, desrespeitou pessoas. Sua contraparte, Lula, reaparece com promessas de paz e amor: “um museu de grandes novidades”(crédito para Cazuza em “O tempo não para”).
Nós vamos ofertar à democracia o que ela quer de nós: coragem cívica. Em troca, a democracia vai, como escreveu Guimarães Rosa, “desinquietar” os exaltados, garantir liberdade, direitos fundamentais e paz social.
O eleitor terá a palavra final. E vai contrapor ao medo, instrumento de controle da liberdade, a virtude da coragem que se mantém entre dois abismos: a covardia e a temeridade.
A polícia cercou a casa do arruaceiro, que se negou a descer do primeiro andar, e do alto de alguma patente militar desacatou a soldadesca paralisada
Nesta sexta-feira (23), um homem ameaçou pessoas que estavam fazendo campanha para o Partido dos Trabalhadores (PT) nas ruas de Montes Claros, em Minas Gerais.
Segundo relatos, ele apontou uma arma para cima enquanto mostrava o pênis para mulheres que trabalhavam na panfletagem no Bairro São Geraldo, Minas Gerais, quando os militantes passaram por sua rua em frente à sua casa.
A Polícia Militar (PM) foi acionada e afirma que a ocorrência ainda está acontecendo e, por enquanto, não divulgará mais informações.
A esposa do homem saiu para conversar com os policiais, enquanto ele ficou em casa, e vestia uma camisa do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL).
O morador disse que “não aceita a campanha do PT” em sua rua. Segundo outros moradores, ele tem costume de ameaçar os vizinhos.
Passou o dia 23, 24, 25, 26, 27, e hoje 28, a polícia de Romeu Zema continua muda. Um disciplinado e recatado silêncio, depois que o arruaceiro afirmou que era imbrochável.
Mulheres que promoviam panfletagem, e passantes, não conseguiram ver a bananinha do pm.