A imagem das Forças Armadas foi jogada no lixo. Cada cena de vandalismo em Brasília é associada à proteção dada pelo Exército aos bandidos acampados em área militar
Sérgio Etchegoyen foi a ponta de lança da invasão militar na área civil. Levado por Michel Temer para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), lotou o Palácio e o governo de militares e se tornou uma espécie de braço-direito do general Villas Boas, na consolidação do poder militar.
Na reserva, cumpriu papel similar aos colegas da reserva que, nos tempos da ditadura, eram chamados de generais-maçanetas, contratados como lobistas de empresas privadas para abrir portas no governo – em geral, dominadas por colegas militares. Montou uma empresa de “compliance” com o ex-ministro da Defesa Raul Jungmann. O que ele entende de compliance? Nada. É evidente que seu trabalho consistiria em atuar junto a setores do governo controlados por militares. Ou seja, abrir maçanetas.
É interessante analisar o conceito de covardia. Onde reside o poder e a influência de Etchegoyen? Em sua carreira militar e nas suas relações com colegas da ativa e da reserva. Ele faz ataques dessa ordem contra o Presidente da República porque tem, atrás de si, a solidariedade da instituição que o abrigou e abrigou várias gerações de Etchegoyen.
E como ele retribui? Ajudando a afundar ainda mais a imagem do Exército.
É evidente que há conspiradores militares – como é evidente que não conseguiram unanimidade para perpetrar o golpe. Mas a imagem das Forças Armadas foi jogada no lixo. Cada cena de vandalismo em Brasília é associada à proteção dada pelo Exército aos bandidos acampados em área militar, e escudando-se em famílias militares.
Qual seria o papel de um militar que honrasse a farda? Batalhar para limpar as Forças Armadas, para exigir que os maus elementos sejam punidos, para fortalecer os colegas que procuram devolver as Forças Armadas ao caminho da disciplina e da legalidade.Etchegoyen cumpre o caminho inverso.
Vale-se de seu cargo de militar da reserva para falar em nome das Forças Armadas, comprometendo ainda mais sua imagem. Vale-se do corporativismo mais nocivo, aquele que não vacila em comprometer sua corporação, em nome de uma causa menor.
"Organizar e apoiar atos antidemocráticos é crime. Impunidade corrói a democracia", afirma o deputado
247 -O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) usou o Twitter neste sábado (19) para cobrar a identificação dos financiadores dos atos golpistas bolsonaristas, realizados em várias partes do país desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) para o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Quem financia os acampamentos golpistas? O que falta para serem presos? Organizar e apoiar atos antidemocráticos é crime previsto em lei. Cumplicidade e facilitação também é crime e deve ser igualmente punido. Impunidade corrói a democracia", escreveu o parlamentar.
Bolsonaro lembra o ditador Idi Amin Dada. A mesma brutalidade, ignorância e necropolítica. Com a Covid 19, Bolsonaro se transformou em um monstro, um genocida. Quantos milhares de brasileiros foram assassinados com o 'kit cloroquina me engana', com a prática do negativismo e do negocismo das vacinas, crentes no risco premeditado da imunidade de rebanho.
Bolsonaro é um assassino em série.
Quantos civis e militares Bolsonaro, general Braga e os marechais de contracheque pretendem matar? Quantos esquerdistas? Quantos petistas? Quantos senadores? Quantos deputados federais? Quantos governadores devem ser cassados? Quantos prefeitos serão guilhotinados? Idem vereadores?
Quem tem as listas estaduais de lideranças que devem ser presas e torturadas? Quem tem a lista nacional?
O Gabinete do Ódio trabalha há quatro anos neste golpe de república de bananas, para mando da família miliciana Bolsonaro e alguns generais de pijama, que passaram a receber soldos de marechais. Eta vida boa! Eta farra danada regada a vinhos caros, licores raros, uísque. Eta safadeza da boa com Viagra, próteses penianas e lubrificante íntimo. Eta banquetes e mais banquetes com filé, picanha, salmão, lombo de bacalhau, caviar, e o povo com fome, e o povo com fome, e o povo com fome. 33 milhões de brasileiros com fome. Que a fome uma exclusividade da população civil.
Não é o que eles chamavam de “esquerda revanchista”. Nem a mídia progressista, com seu antagonismo dos militares e ao governo. Nem os ativistas de direitos humanos, teimosos e persistentes.
Louvar publicamente um torturador, como faz o pai-presidente, e debochar de torturados, como faz o filhote arrogante, é que são “revirar túmulos”, na podre ironia do imprestável general Mourão.
Josias de Souza, insuspeito de qualquer radicalismo, diz muito bem noUOL:
A tortura de brasileiros desarmados submetidos à custódia do Estado durante a ditadura é uma história que tem início e meio. Mas não tem fim. Se a tortura é condenada, vira história. Quando Mourão e Bolsonaro chamam de “herói”, a tortura se torna parte do presente. Pior: ela se eterniza no futuro.
É mais um “presente” do bolsonarismo que se fez confundir com o Exército Brasileiro que, ao permiti-lo, aceitou (quando não procurou) ser confundido, como um todo, com esta estupidez.
O que o Exército ganha ao ver seu aniversário de 374 anos ser comemorado hoje fazendo sua solenidade comemorativa sendo transformada por Jair Bolsonaro, em seu discurso, afirma publicamente que o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas foi decisivo na derrubada de um governo legítimo, ou quando faz mais um discurso de afronta à Justiça Eleitoral, dizendo que o processo de escolha do presidente terá a tutela das Forças Armadas e ainda fazendo saudações a seu candidato a vice, Walter Braga Netto?
Quantos fantasmas os perseguirão – como fazem agora – quando, daqui a 30 anos, forem apontados como sustentáculo de um governo vergonhoso para o Brasil?
Quem revira túmulos é esta camada dirigente, do país e das Forças Armadas, que não sabe deixar morto e enterrado o assado de intervenção militar nos assuntos civis.
Ao lado de Moro e Bolsonaro, Braga Netto era integrante do trio de afilhados do general Villas Boas, os novos condestáveis de uma república chamada de Brasil.
‘General Villas Bôas, o que já conversamos ficará entre nós. O senhor é um dos responsáveis por eu estar aqui’, disse Bolsonaro ao comandante do Exército durante evento no Ministério da Defesa
No dia2 de janeiro de 2019, durante cerimônia de posse do novo Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, em seu primeiro dia como Presidente, Jair Bolsonaro soltou uma frase enigmática para o general Villas Bôas, cujo mandato se encerrava ali.
Qual o teor da conversa? Provavelmente passou pelo caso Marielle Franco. E pode explicar porque, até hoje, não foi desvendado o crime contra Marielle Franco?
Foi um crime de repercussão internacional, em que o provável assassino foi detido quase um ano depois, já encerradas as eleições e Jair Bolsonaro empossado presidente, mantido isolado de qualquer contato com o mundo, criando o mais relevante segredo político dos tempos modernos: quem foi o mandante? Como se prende o assassino e não se identifica o mandante?
O próprio Ministro da Justiça do governo Temer, Raul Jungmann, declarou, certa vez, ter certeza da existência de “poderosos” por trás da morte de Marielle.
Uma cronologia ajudará, se não a elucidar, pelo menos a entender melhor a conspiração que levou Bolsonaro ao poder.
Doze dias depois,no dia 17 de janeiro de 2018, o comandante do Exército, general Villas Boas, dava o nihil obstat da força a Bolsonaro, garantindo que não haveria mais restrições a ele.
Em pouco tempo, Bolsonaro deixou de ser uma sombra e se tornou possibilidade concreta de vencer as eleições.No dia 31 de janeiro, DataFolha já sustentava que o único candidato capaz de vencê-lo seria Lula.
No dia 31 de dezembro de 2018 termina a intervenção no Rio de Janeiro.
No dia 11 de janeiro de 2019, ainda cumprindo funções burocráticas finais do período da intervenção, Braga Netto diz saber quem matou Marielle, em uma declaração inacreditável.
Lógico que eu gostaria de ter entregado o caso, mas o próprio novo chefe de Homicídios (delegado do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) deu uma entrevista dizendo que já tomou conhecimento e viu que está muito adiantado (o trabalho de investigação). Nós fizemos todo um trabalho. Nós não procuramos protagonismo. Eu poderia ter anunciado quem a gente acha que foi, dito ao Richard (Nunes, ex-secretário de Segurança) para anunciar. Mas a gente quis fazer um trabalho profissional. Tenho confiança que se mantiver as equipes que estavam na investigação vão chegar a um resultado em breve”, disse o general de Exército.
Na cerimônia de troca do comando do Exército,em 11 de janeiro de 2019, o general Villas Boas saúda Bolsonaro, diz que sua eleição trouxe “renovação e liberação das amarras ideológicas”.
E diz que Bolsonaro, Sérgio Moro e Braga Netto “fizeram história”.
Não agradece o Ministro Luis Roberto Barroso que, tirando Lula da disputa, pavimentou a vitória de Bolsonaro. Provavelmente, por considerá-lo apenas um inocente útil.
Moro assume o cargo de Ministro da Justiça e,menos de um mês depois, Bolsonaro nomeia Braga para o mais importante cargo do governo, o de Ministro-Chefe da Casa Civil, responsável por toda a interlocução do Presidente com demais Ministérios, com o Congresso. Era um general recém-saído da ativa, sem nenhuma experiência política, que não fazia parte do círculo de amizades ou alianças de Bolsonaro. Mas era integrante do trio de salvação nacional, os afilhados do general Villas Boas, os novos condestáveis de uma república chamada de Brasil.
Além disso, desde meados de 2018 havia uma disputa surda entre olavistas e militares, por cargos no governo Bolsonaro. A escolha de Braga Netto para a Casa Civil faz o pêndulo virar definitivamente para a ala militar,
No dia 13 de março de 2019, é preso Ronnie Lessa, como provável assassino de Marielle. Fica-se sabendo que morava no mesmo condomínio de Bolsonaro, a poucos metros de sua casa, era contrabandista de armas. Ao mesmo tempo, descobrem-se as ligações do vereador Carlos Bolsonaro com o Escritório do Crime, empregando parentes de Adriano da Nóbrega, o chefe do Escritório.
Aceita-se como normal que Bolsonaro, ligado ao submundo do Exército e das milícias, com ligações diretas com os principais responsáveis pelo Escritório do Crime, morando a algumas dezenas de metros da casa de Ronnie Lessa, sustentasse não ter relações maiores de conhecimento com ele.
Nos meses seguintes, há um jogo de varrer a sujeira para baixo do tapete, do qual participaram o Ministro da Justiça Sérgio Moro e procuradoras do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro.
O jogo culmina com a informação de que, horas antes do assassinato de Marielle, houve uma reunião na casa de Ronnie Lessa, no próprio condomínio de Bolsonaro, do qual saiu o carro conduzindo o assassino.
Seguiu-se um jogo de apagar-pistas, com Carlos Bolsonaro confiscando o sistema de telefonia do condomínio, Sérgio Moro, colocando a Polícia Federal no encalço do porteiro – que sustentava que o motorista pediu, primeiro, para ir à casa de Bolsonaro, as procuradoras do MPE simulando uma perícia no sistema. E a mídia inteira engolindo o álibi de Bolsonaro de que, na hora, da ligação, estava em Brasilia.
Nem a informação de que o PABX do condomínio estava ligado nos telefones fixos e celulares dos moradores comoveu a imprensa.
Junto com Marielle, o jornalismo corporativo também havia sido assassinado.