Correios serão vendidos por “valorzinho”
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por Gustavo Krause
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Em 15/08/19, cena chocante e cruel: um homem de 101 anos, carregado pelos familiares, para fazer prova de vida exigida pelo INSS em uma agência bancária do Itaú, cidade de Porangatu, Goiás. Na época, escrevi um indignado artigo.
Em 16/06/21, a cena se repetiu na Agência do Banco do Brasil, RJ. A idosa Enite Góes, 79 anos, diabética, vítima de AVC e demência foi levada para fazer prova de vida do INSS. Não conseguiu. A cena se repetiu. Com humilhação. Mais indignado, transcrevo o artigo.
“Max Weber, o teórico da burocracia, está dando voltas no túmulo. A concepção degenerou. A burocracia virou um estamento de privilegiados. O mais grave: o burocrata tem visão de mundo e estilo de vida. Onipresente, põe em movimento o ´monstro frio´, chamado Estado.
Existem pais, filhos, políticos, médicos, jogadores, advogados etc..e até amante burocrata que não dá a segunda, prefere uma cópia autenticada da primeira. Burocrata não pensa, repete; não cria, copia; não discute, obedece; não reflete, aquiesce. São sádicos e necrófilos.
Sádico, sente gozo inebriante quando diz ao suplicante: “Volte amanhã, o expediente encerrou”.
Em 16/06/21, a cena se repetiu na Agência do Banco do Brasil, RJ. A idosa Enite Góes, 79 anos, diabética, vítima de AVC e demência foi levada para fazer prova de vida do INSS. Não conseguiu. A cena se repetiu. Com humilhação. Mais indignado, transcrevo o artigo.
“Max Weber, o teórico da burocracia, está dando voltas no túmulo. A concepção degenerou. A burocracia virou um estamento de privilegiados. O mais grave: o burocrata tem visão de mundo e estilo de vida. Onipresente, põe em movimento o ´monstro frio´, chamado Estado.
Existem pais, filhos, políticos, médicos, jogadores, advogados etc..e até amante burocrata que não dá a segunda, prefere uma cópia autenticada da primeira. Burocrata não pensa, repete; não cria, copia; não discute, obedece; não reflete, aquiesce. São sádicos e necrófilos.
Sádico, sente gozo inebriante quando diz ao suplicante: “Volte amanhã, o expediente encerrou”.
Protegido, covardemente, pela máquina perversa, o burocrata stalinista sacrificou milhões de soviéticos; o burocrata hitlerista, genocida, assassinou corpo e alma de milhões de judeus. No Tribunal de Nuremberg, o silêncio de Rudolf Hoess, monstro de Auschiwtz, é revelador: supliciar prisioneiros e acionar as câmeras de gás eram tarefas triviais para o funcionário exemplar, definidas por Hannah Arendt como a “banalidade do mal”.
Pois bem, a burocracia brasileira mimetiza a malvadeza. Persegue o cidadão brasileiro do berço (registro de nascimento) ao túmulo (atestado de óbito). Com eficiência digital, enfia a mão no bolso do contribuinte, ao longo de cinco meses, e abocanha mais de 35% da renda suada e devolve com uma solene banana o que deveria ser o serviço público básico. Que se danem o custo Brasil e ambiente de negócios favorável ao investimento.
Cabe, por justiça, uma palavra de reconhecimento ao notável Hélio Beltrão (Ministro da Desburocratização, 1979-1983), um D. Quixote da causa, cujos avanços obtidos foram destruídos pelos poderosos propinodutos”.
Atenção: atualmente, salsichas, jabutis, bodes e boiadas – recheios das leis – asseguram privilégios da casta e dos poderosos lobbies. Será tema do próximo artigo.
Ele mesmo se transformou de filho de funcionária pública, que estudou em escola pública, que cursou universidade pública, no monstro que quer a qualquer e todo custo destroçar as instituições públicas
Por Eric Nepomuceno /Brasil-247
Paulo Guedes, o ex-funcionário de Augusto Pinochet que tem no currículo brasileiro um e apenas um destaque – sua bem sucedida atuação como especulador no mercado financeiro – disse que os que o acusam por ter dito que qualquer filho de porteiro com zero no vestibular entra em universidade estão querendo “criar um monstro” às custas do Estado.
Uma injustiça, disse ele.
E concordo plenamente, apesar de ter dado prova inconteste de sua ignorância radical: há, sim, nota mínima para ser aprovado em vestibular.
Mas quem quer que seja que tenha o projeto de transformá-lo em um monstro está, na verdade, sendo um usurpador no melhor estilo de Temer.
Contei num texto, repito aqui.
Em novembro de 2002, poucas semanas depois da eleição de Lula, eu estava em São Paulo.
E resolvi almoçar numa cantina italiana do bairro de Higienópolis, onde costumava me encontrar com meu pai quando ia do Rio para visitá-lo.
Escolhi uma mesa de canto.
E, ao lado da minha, uma meia dúzia de engravatados comentava a eleição de Lula.
Pareciam advogados, agentes do mercado financeiro, enfim, gente de dinheiro.
Os paletós estavam pendurados no respaldar da cadeira, as gravatas afrouxadas, dando sinais de um certo relaxamento.
Falavam alto, impossível não pescar uma frase aqui, outra acolá. Até que começaram a falar de Lula, e resolvi prestar atenção.
As menções iam de “pau-de-arara analfabeto” a “operariozinho de merda”, até que um – que achava natural comer enquanto bebia uísque com água – soltou a pérola: “Não serve nem para porteiro do meu prédio”.
Pois Paulo Guedes poderia perfeitamente estar naquela mesa, e certamente aplaudiria.
Ninguém pode querer transformar semelhante besta em “monstro”: ele mesmo se transformou de filho de funcionária pública, que estudou em escola pública, que cursou universidade pública, no monstro que quer a qualquer e todo custo destroçar as instituições públicas.
E, se tudo der certo, destroçar o próprio Estado.
Afinal, quem que não possa pagar um plano de saúde milionário acha que pode ter o direito de querer viver muito? Ter direito de, se ficar doente aos 88 anos e não tiver plano caríssimo de saúde, ser atendido às custas do Estado? Absurdo.
Em qualquer governo decente essa abjeção ambulante só passaria pela Esplanada dos Ministérios para tirar fotos e ponto final.
No pior governo da história da República ele se juntou a todas as nulidades indecentes e cúmplices: virou ministro.
Guedes é legítimo representante não apenas dos especuladores do mercado financeiro: também representa, e com brilho, gente como os cavalheiros daquela mesa de cantina em Higienópolis.
Continua, embora com intensidade muitíssimo menor, a contar com o apoio a classe asquerosa e daninha dos agentes dessa sacrossanta entidade invisível mas infinitamente poderosa, o tal de “mercado”.
Que não se tente transformar uma pilha de excremento moral em monstro. Ele é apenas cúmplice do Genocida. Isso e nada mais.
por Fernando Brito
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Não fosse a inapetência de Jair Bolsonaro para governar, a esta altura Paulo Guedes seria o ex-ministro da Economia e não apenas o ex-superministro que se tornou.
A sucessão de absurdos que vem dizendo nos últimos dias – aliás, só assim consegue alguma manchete em jornais, porque medidas econômicas não consegue adotar – são, certamente, guinchos de desespero.
Guedes perdeu a proteção do “ruim com ele, pior sem ele” que vinha sendo a razão maior de sua permanência no cargo.
Agora, o traço mais evidente do “apoio” empresarial largou mão do atacado – medidas de política econômica de superausteridade – e passou para o varejo das “oportunidades de negócio”, de curto prazo, à espreita do que possam abocanhar nas maluquices privatizantes e tributárias com que Guedes pretende agarrar-se ao cargo.
O arranjo feito com o atrabiliário Artur Lira para “tocar” às pressas uma reforma tributária que ninguém sabe o que é vai abrir uma crise – está aí o exemplo da vizinha Colômbia – ou, e mais provável, vai ser uma corrida ao pote: mexer com tributos quando o governo está desesperado por migalhas e os contribuintes – exceto os grandes e poderosos – está asfixiado pela crise não pode dar boa coisa.
Mas Paulo Guedes segue com a sua suavidade de hipopótamo na loja de louças já aos cacos.
Só não é pior porque está no fim, a caminho de uma cremação na qual ele próprio se incendeia.
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