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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

08
Jun22

Vozes da diversidade ecoam no jornalismo feito sobre, para e a partir das periferias e favelas brasileiras

Talis Andrade

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Tendo alcançando certa sustentabilidade financeira, parte deste jornalismo insere no mercado de trabalho grupos que historicamente encontram barreiras discriminatórias para acessá-lo. Imagem: acrítica

 

Juliana Freire Bezerra /Objethos

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O Dia da Imprensa aconteceu na última quarta-feira (01/06). Em alusão à essa data comemorativa, o relatório Diversidade, Equidade e Inclusão: “devemos passar do discurso à ação” foi lançado pelo observatório de informação Media Talks. O documento é formado por um conjunto de artigos e entrevistas que discutem práticas concretas de incentivo à diversidade na mídia e como elas podem ser melhoradas, bem como as consequências da falta de pluralidade de visões e opiniões na indústria da comunicação. Especialistas e jornalistas de várias partes do mundo, incluindo o Brasil, foram ouvidos quanto a essa questão.

A jornalista brasileira radicada em Londres e uma das organizadoras do Relatório, Luciana Gurgel (2022, s/p.), explica que a diversidade não é “uma causa que interessa apenas a profissionais de imprensa em busca de oportunidades iguais às de colegas que não fazem parte de grupos minoritários ou historicamente marginalizados na profissão”. Embora esta por si só já seja uma grande questão, a discussão sobre a diversidade compreende também que a qualidade e a pluralidade das informações jornalísticas podem ser maiores ou menores, a depender de quem esteja ocupando os cargos de repórter, fotógrafo, editor, chefia (GURGEL, 2022).

É que, segundo os parâmetros internacionais aprovados pela Unesco em 2005, ações concretas de diversidade na mídia buscam representar a heterogeneidade humana, contidas no pensamento, na cultura, na fala de grupos sociais historicamente silenciados, como as mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência, imigrantes, maiores de cinquenta anos, LGBTQIA+ (GURGEL, 2022). No caso específico do jornalismo, ela pode incidir nas escolhas de outras pautas investigadas, fontes consultadas, formas de apuração, bem como em novas estratégias de apresentação e socialização de informações, que sejam próximas e condizentes com as realidades vivenciadas por aquelas populações.

Embora seja um valioso instrumento nesta direção, uma sólida formação sobre as contradições sociais, em que sejam desenvolvidas também a empatia e a escuta atenta, não pode ser o único caminho percorrido pelo jornalismo para a visibilização de vozes e saberes pouco escutados. Esta questão levantada pelo professor e pesquisador da Universidade Carlos III de Madri, Luis Albornoz, em uma das entrevistas contidas no Relatório do Media Talks, lembra-nos que a diversidade abarca uma discussão já antiga em torno do direito das cidadãs e dos cidadãos de não apenas serem informadas (os), mas também de poderem comunicar suas versões da História. Se nas décadas de 1970 e 1980, a tônica deste debate se dava em torno da democratização dos meios de comunicação social (RAMOS, 2005), hoje compreende também a democratização do acesso aos cargos de decisão de grande parte da mídia, que continua preponderantemente concentrada nas mãos de poucos, em geral de homens brancos da elite econômica.

No contexto brasileiro, o assunto tem repercutido na imprensa tradicional – após pressões sociais -, mas ainda de forma tímida. Concretiza-se nos poucos casos de contratação de profissionais negros nas redações, na inserção de algumas mulheres entre vários homens em uma equipe de decisão do jornal, na busca por ouvir de vez em quando fontes especialistas que comumente não eram consultadas no noticiário televisivo, nos espaços e tempos conferidos a falas mais plurais.

Não por acaso, é justamente na práxis dos jornalismos desvinculados da imprensa tradicional e gestados por uma equipe dirigente com outro perfil, que as possibilidades de associar Direito ao Trabalho e Direito à Comunicação, tão caros à temática da diversidade, acontecem de forma mais robusta no país.  Em especial, destaca-se no Brasil o trabalho desenvolvido pelo jornalismo profissional feito sobre, para e a partir das periferias e favelas brasileiras. Tendo alcançando certa sustentabilidade financeira para remunerar seus profissionais e assumindo como critério fundamental a contratação de pessoas provenientes das periferias e favelas brasileiras, parte deste jornalismo insere no mercado de trabalho grupos que historicamente encontram barreiras discriminatórias para acessá-lo. Fortalecem este movimento em torno da diversidade nas redações as iniciativas jornalísticas Voz das Comunidades, Nós, mulheres da Periferia, Desenrola e não me enrola, Periferia em Movimento, Favela em PautaAlma Preta, Amazonia Real, Agência Mural.

Das mãos e das mentes dos (as) Sujeitos (as) Periféricos (as) e Favelados (as) (pessoas negras, indígenas, brancas, jovens e experientes, femininas e masculinas), que dirigem, coordenam e produzem esse jornalismo, nascem histórias pouco contadas sobre as periferias e favelas brasileiras. Com o olhar apurado e sensível de um (a) morador (a) favelado (a) e/ou periférico (a), os (as) jornalistas destas iniciativas revelam que aquelas realidades não se resumem à violência, à pobreza e ao tráfico de drogas como historicamente foram retratadas. Visibilizando pautas, personagens, fontes, que até então eram desconhecidas publicamente, geram conhecimentos plurais sobre os diversos Brasis existentes no nosso país e mostram que a cultura periférica e favelada é pura potência, dinâmica em termos econômicos, intelectuais, políticos, artísticos. Faz parte do compromisso histórico deste jornalismo também denunciar a ausência e os desmandos do Estado nestas realidades. Complexificando e por muitas vezes corrigindo a imprensa comercial, por conhecerem intimamente as realidades sociais a que se reportam, iniciativas com esse perfil se aproximam dos preceitos e princípios estabelecidos pelo Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, como a defesa dos Direitos Humanos. Ciente da relação entre a diversidade da força produtiva e a qualidade dos produtos jornalísticos, a Agência Mural de Jornalismo das Periferias, em São Paulo, disponibiliza em seu site uma declaração sobre essa questão.

“Nossa rede de correspondentes comunitários é formada por dezenas de comunicadores que moram ou cresceram em bairros de 36 distritos e em 17 cidades da região metropolitana de São Paulo. Temos entre 18 e 60 anos e somos de diferentes credos e religiões, etnias e raças, gênero e orientação sexual, além de possuirmos formação em várias áreas — jornalismo, publicidade, secretariado, economia, entre outros. Como uma agência de jornalismo, a diversidade em nossa redação colabora para que a nossa apuração e produção jornalística considerem, respeitem e promovam a pluralidade de visões de mundo que constrói a identidade das periferias paulistanas. Como moradores de lugares onde os índices de desenvolvimento humanos (IDH) são baixos, buscamos expor realidades além das violências sofridas — habitualmente exploradas na imprensa tradicional — e contar histórias a partir de perspectivas que não são consideradas oficiais: a dos cidadãos (residentes nas localidades onde o correspondente também mora)”

Redações diversas como essa, com cargos de decisões ocupados por pessoas que historicamente estiveram fora deles por motivações racistas, homofóbicas ou de discriminação de gênero, classe e/ou território, têm, portanto, a potencialidade de gerar cumulativamente versões múltiplas, e não únicas, sobre o que ocorre no mundo. E embora seja válido o argumento de que não há como garantir no plano individual que, ao ocupar um cargo de poder, alguém detentor de uma característica específica – seja quem for – irá caminhar no sentido do aprofundamento democrático, é certo que, coletivamente, as chances de redações diversas e inclusivas contribuírem na prática para o avanço do aprendizado social acerca das lutas por cidadania são altíssimas. O jornalismo feito sobre, para e a partir das periferias e favelas brasileiras tem escancarado isto e ao que parece a imprensa tradicional brasileira tem muito a aprender com ele.

03
Jun22

Geriatras alertam contra o ageísmo: o preconceito contra a pessoa idosa

Talis Andrade

 (crédito: Caio Gomez)

Ilustração Caio Gomez

 

Como se envelhecer fosse uma condenação, a idade vira motivo para discriminar. Supor que todo velho é sábio ou diminuí-lo à incapacidade são exemplos desse mal, que foi debatido no Brain Congress 2022

 

por Giovanna Fischborn /Correio Braziliense

 

Ageísmo, etarismo, idadismo. Três palavras para o mesmo significado: preconceito contra a pessoa idosa. A crença de que o velho é frágil e incapaz e que envelhecer é um defeito se materializa em atitudes, práticas e políticas discriminatórias. Isso chega ao ambiente de trabalho, prejudica a convivência social e abala o psicológico.

E não é culpa do idoso. A cultura do desmerecimento dos mais velhos precisa mudar. Veja que os primeiros millennials (nascidos entre 1981 e início dos anos 2000) já estão completando 40 anos este ano. É tempo de tratar bem a figura que um dia você será.

“Coitado, é idoso, vou ajudar.” “Que absurdo usar uma roupa dessa nessa idade!” “Adoro os idosos. São todos queridos e atenciosos.” Esses foram exemplos que a médica Ivete Berkenbrock, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), apresentou durante o Brain Congress 2022, em Gramado (RS). É bem provável que você já tenha presenciado ou falado essas frases sem nem se dar conta, mas os idosos não são todos iguais e é bom evitá-las.

O evento trouxe visões sobre o paradoxo da longevidade, em que mesmo o "novo velho" — mais ativo e distante do estereótipo de velhinho — passa por preconceito. A intolerância é tanto explícita quanto velada, quando é “brincadeira”, e afeta o idoso nas duas formas.

Tal preconceito parece não fazer sentido num país que só envelhece. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, nas cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre, já há mais pessoas acima dos 60 do que crianças/jovens entre zero e 19 anos. Para se ter ideia, a população idosa brasileira de 35 milhões equivale ao número de habitantes da Região Sul somado aos do Distrito Federal e do Goiás. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do primeiro trimestre de 2021. Os 60+ representam 23% do consumo familiar, e 25% dos lares os têm como única ou principal fonte de renda.

“E, por mais que tenhamos conquistado anos de vida no século 20, é preciso viver com qualidade”, pondera o geriatra João Senger, presidente da SBGG do Rio Grande do Sul, em entrevista ao Correio.

O especialista frisa que o envelhecimento traz ganhos e também perdas. E é preciso ser realista. Na velhice, a autoestima é modificada, por exemplo. Os cabelos costumam ficar ralos, as rugas aparecem, os fios tornam-se brancos e, no corpo, flacidez. A pessoa, de repente, se vê diferente. “Por essas e outras, a terceira idade obviamente não é a melhor idade, como insistem em dizer. E o ageísmo torna o processo ainda mais desafiador”, explica.

O médico lembra, ainda, o quanto a pandemia agravou esse cenário. "Observamos os idosos assustados, excluídos, longe da família, tratados como problema social e achando que seriam exterminados pelo vírus."

A nível mundial, a Organização das Nações Unidas (ONU) emitiu um relatório alertando para o fenômeno do preconceito de idade. No material de 2021, eles estimam que uma em cada duas pessoas tem atitudes discriminatórias do tipo, o que reduz e piora a saúde mental e física dos idosos.

 

Projeto Veranópolis

 

Longevidade e qualidade de vida andam juntos na cidade de Veranópolis (RS), onde desde 1994 existe um projeto voltado à boa convivência, à prevenção de doenças e à promoção da saúde. O município tem um número considerável de idosos, população-alvo dos programas, que contam com o apoio de várias instituições de pesquisa e saúde nacionais. Em 2017, Veranópolis recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) o título de Cidade Amiga do Idoso. Foi o primeiro município do Brasil a ter o certificado. Desde então, vem se firmando como um município para todas as idades, inclusive, pela cultura do respeito à pessoa idosa.

 

O envelhecimento na história

 

Nas sociedades antigas (China, Japão, Grécia, sociedade romana), o ancião era visto com uma aura de privilégio. Mas, com a queda do Império Romano, os mais velhos perderam seu lugar para a superioridade juvenil. No século 6, a velhice vira sinônimo de cessação da atividade e se inicia a concepção moderna de isolamento dos idosos em casas de retiro.

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[Prefiro o termo que inventei: velhofobia. Fácil de decorar e de jogar na cara danosa do preconceito. Embora considere que o safado haverá de pensar que ageísmo, etarismo, idadismo sejam palavrões cabeludos. Importante lembrar que o Deus Pai Nosso na Santíssima Trindade sempre foi representado por um ancião de longa barba branca] 

 

15
Abr22

Solidão e isolamento social: como impactam na saúde dos idosos?

Talis Andrade

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A falta de interação social, que se manifesta nessa população sobretudo pela solidão, pode conduzir a um processo de inflamação crônica, favorecendo o surgimento de doenças

 

 

Por Carolina Kirchner Furquim, da Agência Einstein - Estudo publicado no Journal of the American Geriatrics Society, revista médica da Associação norte-americana de Geriatria, aponta que idosos dos Estados Unidos que vivenciam isolamento social apresentam níveis mais elevados de dois marcadores de inflamação (interleucina-6 e proteína C reativa/PCR) no sangue, que podem ser prejudiciais ao longo do tempo. O estudo avaliou os dados de 4.648 beneficiários do Medicare (sistema de seguros de saúde gerido pelo governo norte-americano), indivíduos com 65 anos ou mais.

Segundo o autor principal, Thomas K.M. Cudjoe, da The Johns Hopkins School of Medicine, as descobertas demonstram uma associação entre o isolamento social e processos biológicos, sendo um trabalho importante no desvendamento dos mecanismos pelos quais essa situação aumenta os níveis de morbidade e mortalidade. Um destaque, de acordo com Rubens de Fraga Júnior, médico especialista pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, cabe à solidão causada pelo isolamento que, ainda que seja um sentimento subjetivo negativo, afeta sobretudo os idosos sem um sistema de suporte social, ou uma rede social mais ampla.

“Essa falta de suporte, que pode se manifestar pela ausência de um companheiro ou companheira, por exemplo, leva à solidão emocional, já descrita em estudos anteriores, que demonstraram a interação entre uma vida mais reclusa e o aumento de marcadores inflamatórios como a interleucina-6 e o PCR”, explica o médico, que também é professor de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná.

Tais marcadores, quando aumentados, estão ligados à inflamação crônica do organismo. “São marcadores com potencial trombogênico e aterogênico [que tendem a produzir trombos e placas de gordura (ateroma)], capazes de desencadear doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, elevando as taxas de morbidade e mortalidade. Minha interpretação, como gerontólogo, é que o estado de solidão marcado por esses poucos ou infrequentes contatos sociais leva à diminuição da atividade física, menor sensação de bem-estar, percepção alterada da qualidade de vida e saúde física mais precária. A repercussão disso tudo nos marcadores existe, mas precisamos de mais estudos para melhor estabelecer os detalhes dessa relação”, avalia o especialista.
 

É possível trabalhar sobre diferentes intervenções nos idosos nessa situação, de modo a restabelecer as capacidades sociais, melhorar as habilidades e incrementar a recreação social, segundo Fraga. “São medidas simples, como fazer com que o idoso participe de grupos de caminhada no parque ou frequente a academia, por exemplo. O contato digital, que para muitos se tornou um meio viável, é mais problemático no idoso, especialmente entre aqueles não digitalizados, além de não resolver a questão da mobilidade física”, sugere. 

O especialista lembra ainda que não existe uma solução única para o problema, mas alguns pontos podem ser chaves. “A promoção da resiliência, ou a capacidade de se ter ‘jogo de cintura’ frente a situações novas e inesperadas, bem como a manutenção de relacionamentos sociais de alta qualidade, são vitais nesse processo”, finaliza.

 
Charge - Idosos - Vvale
 
01
Out21

Paim: “Estatuto do Idoso trouxe luz à população esquecida”

Talis Andrade

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No Dia Internacional do Idoso, também aniversário de 18 anos do Estatuto do Idoso, o senador Paulo Paim (PT-RS) destaca desafios e celebra marco que garante direitos e proteção à pessoa idosa

 

Autor do Estatuto do Idoso, criado pela Lei 10.741, de 2003 no governo Lula, o senador Paulo Paim (PT-RS) celebra os 18 anos de um marco relevante para a garantia dos direitos e da proteção à pessoa idosa. Neste dia 1º de outubro, também é comemorado o Dia Internacional do Idoso. A data foi instituída na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e também no Brasil.

Apesar dos direitos das pessoas idosas estarem garantidos na Constituição Federal, em seu artigo 230, há muitos desafios em relação ao envelhecimento, à implantação de programas que desenvolvam cultura nas escolas de respeito aos mais velhos e de cuidados preventivos à saúde, para que as futuras gerações gozem de uma melhor qualidade de vida.

O senador Paulo Paim alerta sobre a violência contra a pessoa idosa, ainda praticada e agravada com a pandemia da Covid-19. Segundo pesquisas, 83% das agressões ocorrem dentro de casa, por familiares e cuidadores. No primeiro semestre deste ano, segundo dados do Disque 100, foram registradas 37 mil notificações de violência contra os idosos, sendo grande parte das vítimas do sexo feminino.

Conforme o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), no Brasil, há 37,7 milhões de pessoas idosas. Os dados deste ano também revelam que 18,5% dessa população ainda trabalha e 75% dela contribuem para a renda de onde moram.

O aumento da violência, segundo especialistas, deve-se também ao isolamento social imposto pela pandemia, aliada à fome, à miséria e ao desemprego em massa, causando sofrimento físico e psíquico.

O Estatuto tutela o respeito, a dignidade e a integridade do idoso, porém, lamentavelmente, temos constatado um aumento da violência, tornando-se uma questão de saúde pública, que precisa ser combatida com programas governamentais específicos”, destaca o senador.

 

Estatuto do Idoso

 

A Lei promoveu avanços na qualidade de vida dos idosos, conforme Paim. Mas, ainda assim, há muitos desafios no Brasil a serem alcançados. “Fazendo um balaço desses 18 anos do Estatuto do Idoso, tenho a convicção de que ele é a realização de um sonho que deu certo, que promoveu avanços na agenda nacional, trazendo visibilidade para essa camada da população que estava esquecida e promovendo, mesmo que ainda tímida, a cultura de solidariedade entre as gerações”.

O Estatuto trouxe luz a essa parcela da população que estava esquecida, isolada e à margem da participação social. O que eu considero mais importante, em relação ao envelhecimento da população brasileira, é a necessidade de promoção de uma melhor percepção da sociedade em relação a essa camada da população”.

 

 

Políticas Públicas

Paim ressalta ainda a necessidade de desenvolvimento de políticas públicas que promovam efetivamente uma redução desses índices de violência, com programas de proteção integral à pessoa idosa e que combatam também o abandono afetivo na velhice.

Ele cita o PLS 231/2016, que trata da Política Nacional do Idoso, com o objetivo de instituir o Sistema Nacional de Proteção à Pessoa Idosa (SINAPI). “Um projeto que irá promover políticas capazes de atender às necessidades que estão presentes em nosso cotidiano e nos preparar para o futuro”.

 

Renda familiar

Outros projetos de autoria do senador são o  PLS 212/2013, que propõe elevar o limite da renda familiar que enseja o recebimento do benefício de prestação continuada; o PL 672/2007, que estabelece que a pessoa idosa com pelo menos cem anos terá direito a um benefício no valor de dois salários mínimos e o recente PL 3657/2020, que prevê o pagamento do um 14º salário emergencial em favor dos segurados e dependentes do Regime Geral da Previdência Social, em decorrência da pandemia.

Não podemos esquecer também da importância do retorno da Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo, atendendo a regra inflação mais o PIB, prevista no PL 605/2019, bem como a necessidade de uma política de reajuste dos benefícios previdenciários, conforme dispõe o Estatuto do Idoso no seu art. 29, nos termos do PLS 302/2016, todos de nossa autoria”, ressalta.

 

Envelhecer é arte

Paim enfatiza que seu desejo é que o Brasil possa avançar nas políticas públicas destinadas à pessoa idosa, pois “envelhecer é a arte de deixar desabrochar a criança que existe dentro de nós, que nos permite voar, sonhar e continuar acreditando que a vida sempre pode ser melhor”.

Deixo uma mensagem do Augusto Cury para reflexão de todos nós neste dia: “O intervalo de tempo entre a juventude e a velhice é mais breve do que se imagina. Quem não tem prazer de penetrar no mundo dos idosos não é digno da sua juventude.”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

08
Set21

O misterioso pênis gigante verde e amarelo na manifestação golpista da avenida Paulista

Talis Andrade

O objeto inflado durante as manifestações do 7 de Setembro.

O objeto inflado durante as manifestações do 7 de Setembro

 

Mais do que o pênis gigante, símbolo de uma masculinidade violenta e vulgar, me fez pensar o fato de estar apoiado sobre um carrinho vazio de supermercado

 

Na manifestação golpista da emblemática avenida Paulista, onde se concentra boa parte do PIB do Brasil, havia muito mais homens do que mulheres. Homens brancos e mais velhos, cheios de raiva. Poucos jovens. É que, segundo uma sondagem do Atlas Político, 73% dos jovens entre 16 e 24 anos desaprovam Bolsonaro, o que constitui uma esperança nestas horas sombrias que o Brasil vive vendo sua democracia ser bombardeada a cada hora por quem deveria defendê-la.

Ontem, na avenida Paulista, um dos muitos detalhes simbólicos foi o surgimento na cena de um pênis gigante com as cores verde e amarelo da bandeira do Brasil, que foi apropriada pelas forças mais golpistas do país. O pênis inflado estava colocado sobre um carrinho vazio de supermercado. Estava rodeado por homens de idade. Quem deu destaque nas redes àquele curioso objeto no lugar em que se perpetrava a liturgia de um golpe de Estado por parte de um presidente que gritava como se estivesse possuído pelos demônios do ódio, do rancor e da violência, foi a ex-deputada federal Manuela d’Ávila, que compartilhou o vídeo e indagou sobre o estranho objeto. “Gostaria, escreveu ela na rede, que me ajudassem a traduzir o simbolismo de um objeto fálico gigante inflado na Paulista”.

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O vídeo do pênis gigante acabou viralizando com respostas criativas à pergunta da ex-deputada, algumas bem humoradas e outras ferozes e até não reproduzíveis. A verdade é que todas as manifestações convocadas pelo genocida tiveram um aspecto masculino, com poucas mulheres, muita raiva e nenhuma alegria. Sem crianças. O clima estava mais para guerra e ameaças. E isso no aniversário de uma data que deveria ser uma festa para todos em comemoração aos 199 anos da Independência do Brasil. Era o aniversário da maior idade da nação já livre de sua colonização. Uma festa que acabou prostituída pelo presidente, não apenas incapaz de governar e de enfrentar os graves problemas que abalam o país em um dos momentos mais dramáticos de sua história, mas que insiste em arrastar o país não só a uma ditadura como também a uma guerra civil, com sua obsessão pela violência e pelas armas.

Não saberia responder àqueles que ontem se perguntavam na avenida Paulista sobre o simbolismo daquele pênis gigante verde e amarelo, mas o que me impressionou foi o fato de que estava apoiado em um carrinho vazio de supermercado. Isso me fez lembrar a fotografia, semanas atrás, de uma senhora idosa que, em um supermercado, enquanto esperava na fila para pagar suas compras, começou a chorar. Ao jornalista que a surpreendeu, ela explicou o motivo de suas lágrimas: “É que está tudo muito caro”. Seu carrinho estava meio vazio.

Mais do que o pênis gigante, símbolo de uma masculinidade violenta e vulgar, me fez pensar o fato de estar apoiado sobre um carrinho vazio de supermercado, pois hoje o drama de milhões de brasileiros, dos mais pobres, dos desempregados, é não conseguir encher esse carrinho com comida suficiente para alimentar a família.

E esse foi o maior drama das manifestações golpistas da extrema direita machista e bolsonarista: o presidente da nação, em seus discursos inflamados, não soube ter nem uma palavra de esperança e consolo sobre o verdadeiro drama que aflige o país não apenas por sua incapacidade de governar, mas também pela ausência em sua alma de um único sentimento de empatia pela dor alheia.

Foi certamente essa falta de compaixão pelos que sofrem seus abusos o que fez com que nas manifestações não abordasse nem uma vez os graves problemas que afligem o país, como a fome que voltou a açoitar milhões de famílias, a inflação galopante, as ameaças de falta de energia elétrica, a crise hídrica, a desvalorização da moeda, a total ausência de sinais de esperança e o perigo de que os investidores acabem buscando países mais seguros para investir, sem ameaças de golpes de Estado.

Dizem que o presidente não sabe chorar, e muito menos pela dor alheia. Sua melhor identidade é a raiva; seu lema, a destruição; sua vocação, a terrorista; sua sexualidade, misteriosa; seu sonho de poder absoluto depois de ter ameaçado todas as instituições, com o agravante de que essas instituições parecem amedrontadas e acovardadas pelas ameaças fanfarronas do aprendiz de ditador e terrorista.

Melhor, mais simbólico e mais real do que o pênis gigante e grotesco verde e amarelo da avenida Paulista teria sido uma fila de carrinhos vazios de supermercado para simbolizar o drama que aflige e faz chorar em silêncio tantas famílias vítimas da incapacidade de governar de quem há muito deveria estar fora do poder para permitir que o país recupere a esperança que lhe foi tragicamente roubada. E como ensina a psicologia, nada é mais difícil para uma pessoa e para uma nação do que a desesperança que seca a alma e arrasta para a depressão.

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03
Set21

Bolsonaro veta suspensão de prova de vida para aposentados e pensionistas do INSS

Talis Andrade

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Faltam quatro dias para as agitações do dia 7 de setembro, e as vivandeiras golpistas estão alvoraçadas. Não se faz golpe sem uma lista de presos políticos, tortura, exílio e morte e desaparecidos.

O terror de Estado continua. No genocídio de jovens negros pela polícia assassina. Pelo genocídio dos povos indígenas na passagem da boiada de Ricardo Salles, promovida por grileiros e garimpeiros que realizam, principalmente, o contrabando de ouro, pedras preciosas e madeira nobre. O genocídio da covid-19, com a panaceia do tratamento precoce. E a ameaça permanente de um golpe de estado, com a possível carnificina de uma guerra civil. Bolsonaro governa o necroestado na gandaia das motociatas. 

Por pura maldade, Bolsonaro vetou a suspensão, até 31 de dezembro deste ano, da obrigatoriedade de prova de vida para aposentados e pensionistas do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). A lei 14.199 sancionada por Bolsonaro e publicada nesta sexta-feira (03) no Diário Oficial da União, dispõe sobre medidas alternativas para os beneficiários da Previdência Social  durante o estado de calamidade pública, como a pandemia de Covid-19.

Bolsonaro diz na justificativa,  segundo reportagem de O Globo, que a pandemia do novo coronavírus não é motivo para suspender a prova de vida e que a suspensão da comprovação pode levar ao pagamento indevido de benefícios. 

 

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27
Jul21

O idoso maior de 80 anos e o direito à prioridade especial

Talis Andrade

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Por Luciano Nunes Maia Freire /ConJur

Na exegese normativa para o implemento de ações destinadas à atenção prioritária aos diversos grupos que apresentam vulnerabilidades, revela-se imperiosa a necessidade de salvaguardar a prioridade especial dos idosos maiores de 80 anos, em consonância com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, da igualdade e da proporcionalidade.

Com matriz constitucional e previsto no artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) o princípio da absoluta prioridade foi alçado ao artigo 3º do Estatuto do Idoso como aplicável aos idosos. Esses diplomas normativos, ao atribuírem a diferentes sujeitos prioridade de direitos sobre o mesmo bem jurídico, podem vir a gerar aparentes conflitos no exercício dos direitos tutelados.

Eventuais conflitos entre os sujeitos de direito à prioridade podem surgir, de sorte que cabe ao Estado solucioná-los. O poder público tem o dever de promover a proteção integral diferenciada aos idosos maiores de 80 anos. É de responsabilidade estatal fomentar o equilíbrio para a efetivação do direito à vida em sua compreensão máxima, assim como à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária dessa população.

É sabido que a Lei 10.048/2000, que trata das prioridades, estabelece o atendimento prioritário às pessoas com deficiência, aos idosos com idade igual ou superior a 60 anos, às gestantes, às lactantes, às pessoas com crianças de colo e aos obesos. O princípio da absoluta prioridade rege os estatutos do idoso e da criança e do adolescente, entretanto, encontra-se detalhado de maneira distinta ao longo dos textos legais, com atenção diferenciada às crianças e aos adolescentes em situação de risco e, no caso dos idosos, aos mais vulneráveis. Destarte, diante de eventual conflito de interesses entre idosos e outros grupos vulneráveis, poder-se-ia indagar a qual dos sujeitos de direito é devido o tratamento preferencial?

Observa-se que mesmo diante da previsão de grupos variados para o atendimento preferencial e para o desenvolvimento de políticas públicas prioritárias, não há, no ordenamento jurídico brasileiro, um dispositivo que trate expressamente da primazia de algum dos grupos em caso de conflito de interesses entre os sujeitos. Conquanto não tenhamos previsão expressa de hierarquia entre o rol de sujeitos preferenciais, a análise sistemática (e teleológica) do nosso ordenamento descortina a prioridade peculiar dos idosos, especialmente dos maiores de 80 anos. A preocupação com o idoso maior de 80 anos, especificamente no que tange à prioridade de atendimento, é elevada a nível especial no Estatuto do Idoso e consta no rol das preocupações para a garantia dos meios necessários ao exercício da cidadania, dignidade e prioridade nas políticas públicas.

O Estatuto do Idoso representa inegavelmente uma grande conquista social e um marco na garantia de direitos desta população. Além disso, afirma a obrigação da família, da sociedade e também do poder público em oferecer uma especial proteção ao idoso. O Estado deve fomentar atividades e ações para garantir um envelhecimento ativo e saudável, de sorte a também garantir os direitos essenciais dos idosos.

A fraternidade entre os seres humanos propicia o tratamento prioritário e protetivo dos mais vulneráveis como forma de atingir um grau ótimo de dignidade. Acerca da dignidade da pessoa humana em sintonia com a fraternidade ensina Ingo Wofgang Sarlet: "ao pensamento cristão coube, fundados na fraternidade, provocar a mudança de mentalidade em direção à igualdade dos seres humanos" [1]. Nesta mesma linha leciona Bobbio, "a liberdade e a igualdade dos homens não são um dado de fato, mas um ideal a perseguir; não são uma existência, mas um valor, não são um ser, mas um dever-se" [2].

O princípio da igualdade apresenta-se como um importante instrumento jurídico de busca do valor do equilíbrio das relações humanas com ênfase para a igualdade material. Com efeito, pressupõe que as pessoas colocadas em situações diferentes sejam tratadas de forma desigual, de modo que dar tratamento isonômico significa tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na exata proporção de suas desigualdades.

O tratamento digno e igualitário da pessoa humana deve levar em consideração as características especiais que a diferencia das demais. A população idosa, especialmente a maior de 80 anos, revela uma desigualdade de condições físicas e de saúde que deve ser observada para dirimir conflitos de interesses existentes na aplicação do princípio da prioridade absoluta. A desigualdade natural do envelhecimento decorre de um processo gradual que se desenvolve durante o curso de vida e que implica alterações biológicas, fisiológicas, psicossociais e funcionais com várias consequências, as quais se associam com interações dinâmicas e permanentes entre o sujeito e o seu meio [3]. Desse modo, a desigualdade física natural decorrente do envelhecimento exige que o direito exclua situações degradantes e desumanas para o idoso maior de 80 anos. Nesse contexto, ressalta-se a existência do direito a prioridade especial absoluta dos idosos, maiores de 80 anos, de forma sistemática no ordenamento jurídico brasileiro.

A Constituição da República, disciplina a proteção dos idosos, ao determinar em seu artigo 229 o seguinte "(...) os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade" [4]. Esse dispositivo norteia o grau da preocupação constitucional com a vulnerabilidade da pessoa idosa carente ou enferma, e a necessidade de integrar e fortalecer o papel da família na proteção desses indivíduos. Na mesma linha, o artigo 230 da Constituição proclama que, "a família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida" [5].

A partir de uma análise sistêmica da Constituição, visualiza-se a intrínseca ligação do princípio da dignidade da pessoa humana com o exercício da plena cidadania dos idosos. Neste sentido, tem-se o artigo 230, §2º, a gratuidade do transporte público urbano é garantida aos maiores de 65 anos; há também a previsão da faculdade do voto a partir de 70 (setenta) anos de idade (artigo 14, §1º, inciso II, alínea "b"); além da garantia do salário mínimo ao idoso que não possuir meios de manutenção própria (artigo 203, V) [6].

Em nível internacional, diversos instrumentos estabelecem a especial proteção do idoso, entre eles os Princípios das Nações Unidas em Favor das Pessoas Idosas (1991), a Proclamação sobre o Envelhecimento (1992), a Declaração Política e o Plano de Ação Internacional de Madri sobre o Envelhecimento (2002), bem como os instrumentos regionais, tais como a Estratégia Regional de Implementação para a América Latina e o Caribe do Plano de Ação Internacional de Madri sobre o Envelhecimento (2003), a Declaração de Brasília (2007), o Plano de Ação da Organização Pan-Americana da Saúde sobre a Saúde dos Idosos, Incluindo o Envelhecimento Ativo e Saudável (2009), a Declaração de Compromisso de Port of Spain (2009) e a Carta de San José sobre os direitos do idoso da América Latina e do Caribe (2012).

O Estatuto do Idoso, por sua vez, determina que pessoas com idade igual ou superior a 60 anos sejam destinatárias de prioridade no exercício dos direitos humanos. No Estatuto é assegurado ao idoso, em um nível elevado de proteção, o direito a saúde física e mental e o pleno exercício da vida moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade [7]. Além disso, atualmente, vivemos a realidade do aumento da expectativa de vida da pessoa idosa no Brasil e dentro dessa nova perspectiva o direito brasileiro instituiu um grau de proteção e prioridade especial para os idosos maiores de oitenta anos, conforme se extrai da Lei 13.466/2017 que acrescentou o §2º ao artigo 3º do Estatuto do Idoso.

O envelhecimento ativo e saudável, com respeito aos princípios da dignidade da pessoa humana e igualdade material, é claramente um objetivo Constitucional. Conforme demonstrado também em nível infraconstitucional, mais especificamente no Estatuto do Idoso e nas leis que protegem as condições peculiares dessa faixa etária, o direto deve propiciar o exercício de uma vida digna ao idoso, livre de tratamentos degradantes e desumanos, de modo a alcançar o envelhecimento ativo.

Otimizar as oportunidades de bem-estar físico, mental e social e de participação dos idosos em atividades sociais, econômicas, culturais, espirituais e cívicas; promover a proteção, segurança e atenção, com o objetivo de ampliar a esperança de vida saudável e a qualidade de vida de todos os indivíduos na velhice e permitir, assim, seguir contribuindo ativamente para suas famílias, amigos, comunidades e nações é necessariamente uma das finalidades do estado social de direito [8].

O envelhecimento ativo e saudável é decorrência das oportunidades desenvolvidas pelo princípio da prioridade absoluta e especial do idoso. Inspirada nesse princípio, a legislação pátria, de forma direta e indireta, oferece subsídio para que o idoso maior de 80 anos atinja um grau elevado de proteção em atenção às suas características especiais e, por conseguinte, concretize a igualdade de condições na vida em sociedade, viabilizando-se o reconhecimento e o pleno gozo e exercício, em condições de igualdade, de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais.

Esta coluna é produzida pelos membros e convidados da Rede de Pesquisa de Direito Civil Contemporâneo (USP, Humboldt-Berlim, Coimbra, Lisboa, Porto, Roma II-TorVergata, Girona, UFMG, UFPR, UFRGS, UFSC, UFPE, UFF, UFC, UFMT, UFBA, UFRJ e UFam).

[1]SARLET, Wolfgang Ingo. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Constituição da República de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2002, p. 24.

[2]Bobbio, Norberto, A Era dos Direitos, Editoração Eletrônica, DTPhoenix Editorial , 2004, ISBN 13: 978-85-352-1561-8, ISBN 10: 85-352-1561-1, Edição original: ISBN 88-06-12174-X, p. 18, [Consult. 22 julho 2021]. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/297730/mod_resource/content/0/norberto-bobbio-a-era-dos-direitos.pdf

[3]Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos https://idoso.mppr.mp.br/arquivos/File/convencoea.pdf

[4]Constituição da Republica Federativa do Brasil http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

[5] ibdem

[6] ibidem

[8] Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos https://idoso.mppr.mp.br/arquivos/File/convencoea.pdf

21
Mar21

Sem vacinas, sem liderança, sem fim à vista: como o Brasil se tornou uma ameaça

Talis Andrade

Atendimento médico em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes de CovidAtendimento médico em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes de Covid-19. Foto Mister Shadow/Estadão 

Na sexta-feira (19), 16 dos 26 estados brasileiros estavam com ocupação de leitos de UTI de 90%, o que significa que esses sistemas de saúde entraram em colapso

 

por Matt Rivers /CNN /Estados Unidos
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A temperatura era de 35 graus Celsius na terça-feira (16), mas a umidade fazia com que parecesse ainda mais quente. Em meio ao calor sufocante do final do verão carioca, Silvia Silva Santos acalmou sua mãe de 77 anos enquanto as duas caminhavam em direção ao portão da clínica.

“Já viemos aqui duas vezes, mas ela não conseguiu se vacinar”, contou Silvia. “Ela fica na fila, daí não tem mais vacinas e a gente tem que ir embora”.

No portão, Silvia perguntou ao guarda se poderia vacinar a mãe. Consciente da presença das câmeras da CNN, ele rapidamente a conduziu para dentro.

Cerca de cinco minutos depois, mãe e filha voltaram com as más notícias estampadas em seus rostos.

“Acho isso muito errado”, disse a filha, claramente irritada e frustrada. “Agora teremos que descobrir novamente quando vai ter vacina, e na verdade não dá para saber quando".

A mesma frustração se espalhou pela multidão de idosos quando as doses foram negadas a todos. O estado do Rio de Janeiro suspendeu a campanha de vacinação porque seu estoque de doses havia acabado.

“É um desastre, um desastre total”, disse uma mulher à CNN após ter sua vacina negada. “Quem é o culpado por tudo isso? Acho que são os nossos líderes, nossos políticos não prestam”.

A tempestade perfeita

A crise da Covid-19 no Brasil está pior do que nunca. Quase todos os estados brasileiros têm uma taxa ocupação de leitos de UTI de 80% ou mais, de acordo com uma análise da CNN de dados estaduais. Na sexta-feira (19), 16 dos 26 estados estavam com ocupação de 90% ou acima, o que significa que esses sistemas de saúde entraram em colapso ou estão em risco iminente de fazê-lo.

As médias de sete dias de novos casos e novas mortes estão mais altas do que nunca.
Nos últimos dez dias, cerca de um quarto de todas as mortes por coronavírus no mundo foram registradas no Brasil, de acordo com análises da CNN.

“São sinais claros de que estamos em uma fase de aceleração muito crítica da epidemia e é algo sem precedentes”, disse o epidemiologista brasileiro Jesem Orellana.

Se as vacinas são a melhor saída para essa pandemia global, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para sua superação.

Até sexta-feira, menos de 10 milhões de pessoas no país de cerca de 220 milhões de habitantes haviam recebido pelo menos uma dose, de acordo com dados federais de saúde. Apenas 1,57% da população foi totalmente vacinada.

Esse é o resultado de um programa de vacinação lento que tem sido atormentado por atrasos. Durante o anúncio de seu plano de distribuição no início de fevereiro, o governo prometeu que cerca de 46 milhões de doses de imunizantes estariam disponíveis em março. O governo foi forçado a diminuir esse número repetidas vezes, e agora estima apenas 26 milhões no final do mês.

A produção nacional – que os governos dizem que será de centenas de milhões de doses da vacina da Oxford-AstraZeneca – acaba de começar. As primeiras 500 mil doses foram entregues e celebradas por autoridades do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro esta semana, apesar do atraso de meses.

“[Não há] vacinas em uma quantidade que realmente cause um impacto no momento”, afirma a microbiologista brasileira Natalia Pasternak. Segundo ela, vai demorar até o segundo semestre para que doses suficientes estejam disponíveis para ter um impacto significativo na epidemia.

Se as vacinas continuarem escassas no futuro próximo, as únicas maneiras de controlar o crescimento exponencial da epidemia no Brasil são os métodos que o mundo já cansou de ouvir: distanciamento social, nada de grandes reuniões, movimentos restritos e boa higiene.

Mas, em muitos lugares do Brasil, isso simplesmente não está acontecendo. No movimentado Rio de Janeiro, é fácil encontrar multidões sem máscara andando pelas ruas, conversando de perto.

Embora as famosas praias da cidade estejam fechadas neste fim de semana, restaurantes e bares ainda podem ficar abertos até as 21h, e muitos provavelmente ficam lotados.

Muitos estados impuseram restrições bem mais severas, incluindo toques de recolher noturnos, mas os líderes locais estão lutando contra a liderança federal, ou a falta dela, que está determinada a manter tudo aberto.

O presidente Jair Bolsonaro, um cético da Covid-19 que zombou da eficácia das vacinas e não as tomou publicamente, anunciou na quinta-feira (18) que entraria com uma ação judicial contra certos estados no Supremo Tribunal Federal, alegando que a única pessoa que pode decretar toques de recolher é ele – algo que  prometeu nunca fazer.

Apesar da morte de milhares de pessoas diariamente por causa do vírus, Bolsonaro afirma que a verdadeira ameaça vem dos danos econômicos que as restrições provocadas pelo vírus podem impor.

Milhões de seus apoiadores estão seguindo seu exemplo, desafiando abertamente os regulamentos locais de distanciamento social e uso de máscaras.

Tudo isso por si só já seria preocupante, mas é exacerbado por uma realidade profundamente preocupante: a disseminação das variantes do Covid-19.

O perigo da P.1

variante P.1 foi descoberta pela primeira vez no Japão. As autoridades de saúde japonesas detectaram a mutação viral em viajantes que vinham do Amazonas, um estado isolado no norte do Brasil repleto de floresta tropical.

A CNN tratou da região no final de janeiro, quando uma segunda onda brutal de Covid-19 dizimou a cidade de Manaus.

Quase dois meses depois, mais pesquisas apontam para a variante P.1 como um fator crucial não apenas no surto de Manaus, mas na crise nacional que o Brasil enfrenta hoje.

Um estudo do início de março feito pela principal fundação de pesquisa médica do Brasil, a Fiocruz, descobriu que, dos oito estados brasileiros pesquisados, as variantes da Covid-19, incluindo a P.1, eram prevalentes em pelo menos 50% dos novos casos.

A variante é amplamente aceita como sendo mais facilmente transmissível, até 2,2 vezes, de acordo com um estudo recente. Isso significa que ela é mais transmissível do que a amplamente discutida variante B.1.1.7, identificada pela primeira vez no Reino Unido, que é até 1,7 vezes mais transmissível, de acordo com um estudo de dezembro.

A mesma pesquisa também descobriu que as pessoas têm 25% a 65% mais probabilidade de escapar da imunidade protetora existente de infecções anteriores que não tenham sido causadas pela P.1.

Por fim, ainda existem preocupações de que as diferentes vacinas possam não ser tão eficazes contra a variante P.1.

Embora um estudo recente do Reino Unido tenha descoberto que as “vacinas existentes podem proteger contra a variante do coronavírus brasileiro”, a CNN conversou com vários epidemiologistas que continuam preocupados.

“O mundo não acordou para a terrível realidade potencial que a variante P.1 pode representar”, afirmou o doutor Eric Feigl-Ding, epidemiologista. ‘As pessoas não perceberam o quanto a P.1 é pior”.

Ameaça global

Em meio à disseminação não mitigada do vírus no Brasil, encontram-se duas ameaças adicionais distintas.

A primeira é a exportação mais fácil da variante P.1 existente para o exterior. Ela já está presente em pelo menos duas dezenas de países e as viagens internacionais de e para o Brasil ainda estão abertas para a maioria dos países.

A segunda é que, se a variante P.1 foi criada aqui, outras também podem surgir.

“O fato de a pandemia estar fora de controle no Brasil causou a variante”, disse Natalia Pasternak, a microbiologista brasileira. “E vai causar mais variantes. Vai causar mais mutações porque é isso que acontece quando você permite que o vírus se replique livremente”.

De acordo com as leis da evolução viral, novas variantes são criadas para tentar permitir que o vírus se espalhe mais facilmente. Ao longo da trajetória, iterações mais perigosas podem ser criadas.

“Mais variantes significam que há uma probabilidade maior de que uma delas possa de fato escapar de todas as vacinas, por exemplo", disse Pasternak. “É raro, mas pode acontecer”.

Segundo a microbiologista, isso torna o Brasil um perigo global, não apenas para os países vizinhos, mas para outros ao redor do mundo.

“Tudo isso junto deve aumentar o alarme em todos os países do mundo de que devemos ajudar o Brasil a conter P.1, para que todos não sofram o mesmo destino do colapso do sistema hospitalar brasileiro”, detalhou o doutor Feigl-Ding.

Com a falta de vacinas e um governo relutante em tomar as medidas necessárias para evitar que isso aconteça, não está claro como as coisas vão melhorar tão cedo no Brasil.

O jornalista Eduardo Duwe contribuiu para esta reportagem.

(Texto traduzido. Clique aqui para ler o original em inglês)

14
Mar21

Até quando o Exército Brasileiro se prestará ao papel de biombo?

Talis Andrade

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A ‘cortininha’

Cinco ex-militares – Jair Bolsonaro, Braga Neto, Luiz Eduardo Ramos, Fernando Pimentel e Eduardo Pazuello – reuniram-se ontem em um hotel militar em Brasília.

Poderia ser um inofensivo joguinho de baralho de senhores aposentados, entremeado por recordações da caserna, tremoços e goles de cerveja, mas era uma reunião de cúpula do governo brasileiro, pois aqueles senhores são o presidente e os ministros da Casa Civil(!?), de Governo, da Defesa e da Saúde.

Do que se tratou ali, porém, não se sabe, pois na versão oficial foi “um encontro informal”.

De perceptível, apenas o fato de que, a partir do momento em que se percebeu o olhar da câmara de televisão, ordenou-se que militares fizessem uma “cortininha” para ocultá-los.

Informações supostamente vazadas do encontro – se a turma do “serviço secreto” quiser saber quem foi, procure o general Ramos, o mais falastrão de todos – dizem que trataram da vacinação.

Mas não de obter vacinas. O que estaria em pauta era a “comunicação da vacinação”, que seria a responsável pelo desgaste do governo na opinião pública.

Lamento informar que não é, muito antes pelo contrário.

A comunicação, com a ajuda de uma mídia incompetente e primária, tem sido excelente para que o povo brasileiro não foque sua atenção na incapacidade do governo de gerir a crise sanitária.

Se as imagens de hospitais lotados são dramáticas, horas e horas de reportagens cândidas sobre os idosos que se vacinam – e, natural, sobre sua alegria, suas esperanças e manifestações de que “tudo vai dar certo” – edulcoram o fato de que, até agora, dois meses depois de iniciada a vacinação, nem chegamos à faixa dos 75 anos.

O problema da vacinação é a falta de vacinas, ponto.

E não vai ser resolvido com anúncios ribombantes de compra de vacinas que não têm data, não tem registro para uso, não tem plano para serem aplicadas.Image

Se o russo Gamaleia tem 37 milhões de doses para entregar aos governadores do Nordeste (e estes entregarem ao SUS) , porque não as têm para vender e entregar ao governo brasileiro. Como é que o governador do Rio de Janeiro anuncia a compra de 5 milhões de doses e não se sabe de quem e para quando?

Quando Joe Biden anunciou que haveria 100 milhões de norte-americanos vacinados ao fim de seus 100 primeiros dias de governo, muitos duvidaram. Já são 105 milhões de doses aplicadas, não porque tenham um sistema de saúde público capilarizado, mas porque têm centenas de milhões de doses de vacina.

A “mesa de biriba” de ontem só nos revela a metáfora que há em enfileirar soldadinhos para que com eles se encubra os jogadores que movimentam ali número de corpos sem vida como fichas de suas apostas insanas.

Até quando o Exército Brasileiro se prestará ao papel daqueles pobres soldados que ali estavam, perfilados, a servir de biombo a incompetentes que se acharam e se acham ungidos para exercer o poder porque instalaram um psicopata na Presidência do país?

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Nota deste correspondente: Velho quem tem 60 anos. Idoso, 65 anos. Ancião, depois dos 70. 

O Brasil ainda não terminou de vacinar os anciãos. 

12
Jan21

Idosos, cuidadores e a lei

Talis Andrade

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Um dos graves problemas para idosos de famílias pobres e da classe média consiste na falta de instituições públicas municipais destinadas a lhes proporcionar abrigo, alimentação, assistência à saúde, lazer e acompanhamento adequado

 

por Almir Pazzianotto Pinto

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Como é sabido a Constituição promete mais do que pode assegurar. No artigo 230 garante à pessoa com idade superior a 65 anos "sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhe o direito à vida". A única promessa concretizada foi a do transporte urbano gratuito, prevista no parágrafo 2º.

As normas constitucionais estão regulamentadas no Estatuto do Idoso e dispositivos do Código Civil relativos ao contrato de prestação de serviços (arts. 593/609) e às relações de parentesco (arts. 1.591/1.694). Quem se detiver na leitura dos artigos 2º, 3º e 4º do Estatuto dos Idosos chegará à conclusão de que o Poder Legislativo é integrado por nefelibatas movidos por incontrolável populismo.

Um dos graves problemas para idosos de famílias pobres e da classe média consiste na falta de instituições públicas municipais destinadas a lhes proporcionar abrigo, alimentação, assistência à saúde, lazer e acompanhamento adequado. A omissão sugere duas soluções, ambas ruins: onerosa internação em casa particular, ou dispendiosa contratação de cuidadores.

Razoável número de homens e mulheres chega a 70, 80, 90, 100 anos de idade. A velhice, contudo, cobra elevado preço em doenças típicas da ancianidade. Muitos são viúvos ou viúvas cujos filhos, sobrecarregados por encargos de família, não reúnem condições de arcar com as necessidades mínimas dos pais. O problema assume proporções dramáticas entre membros da classe média e os pobres. Como assegurar à mãe, ao pai ou a ambos, idosos e desprovidos de recursos, a preservação da dignidade, do bem-estar, da saúde e os cuidados necessários garantidos na Constituição e Código Civil? Poucos dispõem de recursos pessoais. São aposentados pelo INSS ou pelo serviço público, que não acumularam fortuna. Os filhos, pequenos empresários, profissionais liberais, comerciários, bancários, operários, proprietários rurais, impotentes para lhes oferecer a assistência exigida.

A empregada doméstica é amparada por legislação especial. Trabalha oito horas diárias. Cuida da casa e não dos donos da casa. Vítima de depressão, osteoporose, acidente vascular cerebral, mal de Parkinson, Alzheimer, falência do sistema renal, artrose generalizada, demência senil, cardiopatia grave, o idoso exige atenção constante. Desde o momento em que acorda necessita de alguém que o levante, conduza ao sanitário para a higiene diária, lhe dê alimentação três vezes ao dia, ministre medicamentos, troque de roupa, coloque na poltrona ou cadeira de rodas, leve para tomar sol, à noite o ponha de volta à cama e o agasalhe para dormir.

Se lhes aplicarmos a Consolidação das Leis do Trabalho ou a legislação da doméstica, serão necessários quatro ou cinco cuidadores em regime de revezamento. O leitor já percebeu que só a elite econômica teria recursos suficientes. As relações entre cuidador e idoso não pertencem ao amplo círculo da legislação do trabalho, mas aos dispositivos concernentes ao Direito das Obrigações e da Família do Código Civil. Ser idoso e inválido não é profissão da qual alguém tire proveito. Resulta da longevidade e natural vontade de sobreviver. É errado enquadrar como empresário ou profissional liberal quem não exerce atividade econômica ou sem fins lucrativos.

A realidade a tudo se impõe. Em nome da proteção do cuidador, não se pode relegar ao abandono homens e mulheres aos quais o Estado nega a assistência programada na Constituição e na Lei. Estamos diante de gravíssimo problema social potencializado pela pandemia. Os idosos, integrantes da camada mais vulnerável da população, exigem medidas de defesa específicas.

Surgem as primeiras reclamações trabalhistas ajuizadas por cuidadores. Reivindicam registro em carteira, reconhecimento de vínculo empregatício, pagamento de horas extraordinárias, descanso semanal remunerado, férias mais um terço, décimo terceiro salário, Fundo de Garantia. Para muitos idosos isto significa o risco de perda do apartamento ou da casa em que residem, o único bem acumulado durante a vida.

O Poder Judiciário do Trabalho deve compreender que as relações entre cuidador e idosos e idosos e parentes em linha reta não se resolvem com aplicação da CLT ou da legislação da doméstica. O mundo jurídico se defronta com desafio ético e moral: como assegurar aos pais e avós idosos dignidade e assistência se o Poder Judiciário lhes impuser obrigações insuportáveis? A solução passa pela incidência da Constituição e do Código Civil. Não se pode deixá-los morrer à míngua de assistência, por falta de recursos.

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