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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

02
Mar19

Lula chega ao velório do neto cercado pela polícias federal, civil e militar de SP

Talis Andrade

 

 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou, neste sábado (2), sob custódia da polícia, ao cemitério La Colina, em São Bernardo do Campo, para o velório de seu neto Arthur, que faleceu aos sete anos em decorrência de meningite.

Lula chegou ao cemitério às 11h00 em um comboio de veículos pretos, escoltado por agentes da Polícia Federal, para a cerimônia de despedida do menino.

Lula ficou menos de uma hora e meia no local, por determinação da juíza Carolina Lebbos, e proibido de discursar, e falar com a imprensa. Também proibidas fotografias de Lula junto do caixão do neto. Notadamente de Lula chorando, para evitar, como recomendou o deputado federal e policial Eduardo Bolsonaro: "o larápio em voga posando de coitado".

A mando do governador Doria,

grades.jpg

 

a Polícia Militar improvisou a colocação de grades para manter o povo distante de Lula.

A presença de mais de uma centena de pessoas no local, porém, foi discreta em relação a mobilizações anteriores - a pedido de aliados do próprio petista, que se comprometeu a manter detalhes de seu roteiro sob sigilo. Parecia que havia mais policiais fardados e à paisana do que civis. 

Lula cercado gorilas .jpg

 

Lula saiu do cemitério por volta das 13h - e seria levado de volta para a PF em Curitiba.

Caciques petistas ou próximos do ex-presidente estiveram no velório ou na cremação, como Fernando Haddad, Dilma Rousseff, Gleisi Hoffmann, além do líder do PSOL Guilherme Boulos.

O garoto Arthur visitou o avô por duas vezes

neto lula.jpg

neto lula 2.jpg

na sede da PF em 2018. 

 

Familiares e amigos se despediram do menino em um caixão branco aberto. À frente, foram colocados brinquedos, bola de futebol e um par de chuteiras.

brinquedos de Arthur.jpg

 

Faltava o ipad que os policiais de Sérgio Moro deram sumiço. A sala estava repleta de coroas de flores, enviadas por políticos e sindicatos, notadamente da Europa.

 

Lula não respondeu às provocações do filho de Jair Bolsonaro, nem de sua líder na Câmara dos Deputados. 

 

joice.jpg

Narra a jornalista Joana Oliveira no El País, Espanha:

 Por volta das 11h, Lula chegou ao Cemitério Jardim das Colinas, em São Bernardo do Campo, seu berço político na Grande São Paulo, escoltado pela Polícia Federal. Parentes, amigos e lideranças políticas acompanharam a cerimônia em meio a um esquema de segurança reforçado e com a presença de um grupo pequeno de apoiadores. Arthur era filho de Sandro, herdeiro do líder petista, e de Marlene, e foi cremado por volta do meio dia. O ex-presidente deixou o local por volta das 13h e retornou ao Paraná.

Não houve incidentes em uma jornada com alta carga emocional em que o ex-presidente esteve apenas durante poucos momentos exposto ao público e às câmeras da imprensa. Logo após a entrada do petista no cemitério, seguranças fecharam os portões do local e muitos não conseguiram entrar para acompanhar o velório. “Lula, estamos juntos”, gritavam os apoiadores. Antes do presidente, por volta das 9h30, chegou a ex-presidenta Dilma Rousseff, que foi se reunir com os familiares do ex-presidente em uma sala reservada. "Lula chorou de fato ao se despedir e agradecer a todos. Perante seu neto, ele tomou um compromisso de que vai comprovar a inocência dele e nós esperamos que isso ocorra o quanto antes", contou o ex-senador Suplicy aos jornalistas no final da cerimônia fúnebre.

Artur neto-Lula.jpg

 

 

02
Mai18

O BUROCRATA

Talis Andrade

ares.jpeg

 

1

A marcar passo

todo santo dia

a marcar o ponto

no desencanto

de cada segundo

o burocrata passa

o modorrento tempo

carimbando calhamaços

matando moscas azuis

com o alfinete de prata

que enfeita a gravata

 

 

A gravata o alfinete

emprestam certa nobreza

ao paletó comprado

em tempo de festa

 

A boa aparência

o diploma de bacharel

supostas condições

para conseguir

a bajulada promoção

que (re)tarda

 

No carregar do andor

pelos corredores dos palácios

no arrastar do tempo

que tudo desgasta

o paletó triste mortalha

vestida em vida

 

 

Vida desbotada e puída

lentamente consumida

Sedentária vida

que deforma o corpo

descarnado e oco

 

Vida contida

de quem se con

tenta em possuir

de tudo um pouco

um pouco de amor

um pouco de sexo

um pouco do bolo

sobejo do lobo

 

 

Enquanto a morte não vem

na cadeira do birô

o paletó lembra um

espantalho

 

2
Na velação

todo morto

um santo

e quanto

mais morto

mais santo

 

Incelenças cantam

as virtudes

Uma vida dedicada

à família

ao trabalho

Uma vida

de mãos limpas

sem escrita

na folha corrida

 

Incelenças cantam

a pobreza

cobiçada moeda

dos mortos

como garantia

da conquista

do paraíso

 

3
Na vida e na morte

despertamos a ganância

a invídia

 

Ninguém consegue ser

totalmente desprovido

totalmente deserdado

fatalmente aparecerá um oportunista

para tirar vantagem

o belchior

o penhorista o sebista

 

Fatalmente aparecerá um sabido

 

4
Não esfriou o cadáver no caixão

começaram a repartir os despojos

Na repartição os colegas

jogam os dados da sorte

reivindicando o posto

o birô

a cadeira

o alquime das comendas

 

Não esfriou o cadáver no caixão

apresentaram-se os pretendentes

para dormir na cama do morto

Ávidos olhos cortejam a fêmea

a beleza realçada pelo negro vestido

negro pesado luto exibido

como sinal de renúncia

aos prazeres do mundo

 

5
Olhos fechados

a mulher desmancha

               a presença

na cama de casal

o falecido estirado

              na quietude

do relaxado descanso

esterilizado e santo

do sexo dominical

 

Olhos fechados a mulher reza

como se temesse o morto

pudesse ler-lhe os pensamentos

levantar-se do esquife

para diferidas perguntas

que não teve coragem em vida

 

---

Talis Andrade, O Enforcado da Rainha, ps 78/ 83

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