Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

10
Mai23

As mulheres que resistiram nas prisões

Talis Andrade

 

Por lutarem por um Brasil democrático, milhares foram encarceradas pela ditadura militar. Em livro da Fundação Rosa Luxemburgo, ex-ALN rememora vida na ala feminina do Presídio Tiradentes

A partir do fatídico 1º de abril de 1964, o arbítrio se tornou regra no Brasil. A ditadura imposta pelos generais não se furtou de torturar, matar e desaparecer com corpos para garantir os privilégios do andar de cima da sociedade. A corajosa decisão de resistir ao regime militar levou milhares às cadeias oficiais e clandestinas da repressão. A professora de Serviço Social da Unifesp Ana Maria Ramos Estevão, ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), rememorou sua experiência no cárcere em livro recentemente lançado.

Torre das guerreiras e outras memórias foi publicado no ano passado, com apoio de nossos parceiros da Fundação Rosa Luxemburgo. Seu título remete a uma renomeação da ala feminina do Presídio Tiradentes feita por Estevão na obra: conhecida como “torre das donzelas” pelos carcereiros, a ala abrigou dezenas de presas políticas até sua desativação em 1973. Ali se encontraram mulheres de diversas origens e convicções, que praticaram a solidariedade coletiva apoiando-se naquela situação de poucas perspectivas.

Não foram poucas as mulheres que se envolveram com a luta revolucionária no Brasil dos anos 60 e 70, a exemplo da Rússia de 1917 e muitos outros movimentos históricos. E no rol de encarceradas do Tiradentes há várias figuras que fizeram seu nome na democracia brasileira. Entre elas, a presidenta Dilma Rousseff, cujo prefácio para a obra foi publicado com exclusividade em Outras Palavras. Na época, a jovem Dilma, estudante de economia, participava da Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR-PALMARES), organização guerrilheira que combatia a ditadura.

Ramos Estevão esteve no Presídio Tiradentes durante longos nove meses. Antes disso, havia sido torturada pela Operação Bandeirantes – ação das forças de segurança organizada com recursos do empresariado paulista para combater a esquerda – e, depois de libertada, ainda seria presa mais duas vezes e levada ao exílio.

Seu relato deixa explícito o contraste entre captores e capturadas. Os primeiros têm como principal característica o sadismo. Torturavam nem sempre para captar informações, mas também por divertimento. Em especial os civis, chamados pela autora de “fascistas voluntários”, que colaboravam com a repressão não por disciplina do quartel, mas por convicção política (ou crueldade). As últimas, a despeito das dificuldades, das condições sub-humanas de sobrevivência, da pressão psicológica causada pelo medo de dizer algo sob tortura, buscavam de alguma maneira trazer acalento umas às outras. Estevão relembra um episódio em que tentou aliviar o sofrimento de uma companheira de cela massageando apenas seus pés, já que todo o resto do corpo estava em carne viva devido às agressões.

Como livro de memórias, Torre das guerreiras é mais amplo que um diário de prisão. Engloba um período mais longo da vida da autora (em síntese, a ditadura), e ela registra ali seus pensamentos da época mas também as reflexões que faz hoje em dia sobre aquele tempo, que reencontra hoje ao rever companheiros e lugares para escrever o livro. Também liga sua biografia militante iniciada na ALN de Marighella com sua vida pregressa de imigrante nordestina em São Paulo, participante fiel das atividades sociais de sua Igreja Metodista e jovem estudiosa na Faculdade Paulista de Serviço Social.

Íntimo e sensível, o livro da professora da Unifesp nos permite acessar uma perspectiva pessoal sobre o que aconteceu na ditadura, algo que muitas vezes a narrativa historiográfica não consegue transmitir com a força necessária. Ao mesmo tempo, a obra mantém aceso nas consciências o alerta sobre as desumanidades praticadas naquele período obscuro da história do país, que precisamos evitar a todo custo que retorne, como querem alguns militares.

Amanhã será o primeiro 1º de abril após a saída da presidência do  principal representante das viúvas da ditadura na política nacional. Ocorrerão manifestações em todo o país pela punição dos golpistas de ontem e hoje – os pontos de encontro estão nas imagens abaixo –, e será uma importante oportunidade de mostrar a força do grito “ditadura nunca mais!”.

Ana Maria Ramos Estevão - Sobrevivente dos porões da ditadura militar, ex militante da ALN (ação libertadora nacional), professora aposentada da Unesp e atualmente professora da Unifesp. Maria Cláudia Badan Ribeiro - Mestre em Sociologia pela Unicamp, doutora em História Social pela USP, Pós-Doutora pelo Instituto de Altos Estudos da América Latina (IHEAL/Sorbonne) e pela Unicamp (IFCH). Na USP realizou sua pesquisa de doutorado sobre as Mulheres da ALN (Ação Libertadora Nacional), e foi Pesquisadora Colaboradora da UNICAMP junto ao Departamento de Sociologia.

28
Mar22

La muerte de un traidor: Obituario del Cabo Anselmo

Talis Andrade

Anselmo delató a sus compañeros

Anselmo delató a sus compañeros, incluso a su pareja de entonces, Soledad Barrett. El agente de la dictadura falleció a los 80 años.

 

 

A los 80 años murió José Anselmo dos Santos, conocido como Cabo Anselmo, este agente infiltrado en las filas de la Vanguardia Popular Revolucionaria (VPR), el movimiento guerrillero del legendario capitán Carlos Lamarca, del cual la paraguaya Soledad Barrett formaba parte, y cuya captura y asesinato el cabo organizó.

 

  • por Urariano Mota* /Ultima Hora /Paraguai

El Cabo Anselmo murió el 15/03/2022.

Por teléfono, el escritor y periodista André Cintra me comunicó la noticia hace cinco minutos. Estaba durmiendo la siesta, pero salté de la cama. Y hasta ahora no sé por dónde empezar la necrológica de José Anselmo dos Santos.

La noticia, con su natural objetividad, que en este caso significa con toda la natural ignorancia de la historia, dice que José Anselmo dos Santos murió el martes por la noche a los 80 años, en Jundiaí (SP). Y que fue un “agente doble durante el régimen militar”. ¿Ves? Llaman “régimen militar” a la dictadura y al terror de Estado en Brasil.

Pero a ver si Dios nos ayuda a intentar algo de justicia para este criminal.

Si quitamos la infamia de su piel, tarea difícil o imposible, la primera característica del Cabo Anselmo es que era un buen mentiroso. En primer lugar, mintió sobre su nombre: ¿era Daniel, como se presentó en Recife, o Jadiel o Jônata? Eso era lo mínimo. Donde sobresalió con las artes interpretativas, no solo en las palabras, fue en la frialdad y el cinismo con que se refirió a su mayor crimen: la entrega de su compañera embarazada, Soledad Barrett, a la represión. En más de una entrevista, ante periodistas comprometidos con la derecha o por ignorancia histórica, se refirió al gran guerrero con la delicadeza de una serpiente.

En su entrevista con Band, observé que Fernando Mitre, al mencionar a Soledad, el cabo Anselmo respondió, con ambas manos levantadas, como defendiéndose, como recordando un acuerdo, que amenazaba con romperse: “¡Opa!”. Y Mitre, de vuelta: ”Luego hablas de ella”. Y él, “ah, por supuesto”. Y lo que se vio después fue nada, o casi nada.

En Roda Viva, en uno de los momentos de calculado cinismo, Anselmo se refiere a Soledad Barrett.

El entrevistador dijo: “¿Discute usted que estuviera embarazada, como la versión histórica...?”.

Cabo Anselmo: “Si creo, como dicen los médicos, que el DIU era el más seguro de los preservativos, lo impugno, sí”.

Y el entrevistador le levantó la pelota a Anselmo: “¿Entonces el feto encontrado allí no era suyo?”.

El cabo Anselmo respondió: “Imagino que será de Pauline. Paulina estaba embarazada, incluso tenía un problema de embarazo, y Soledad la llevó al médico”.

La fría infamia no se discute.

Pero conoce las palabras de Nadejda Marques, única hija de Jarbas Marques, uno de los seis militantes socialistas asesinados en Recife, junto con Soledad. En la actualidad, Nadejda Marques es doctora en Derechos Humanos y Desarrollo:

“Mi abuela Rosália, la madre de Jarbas Marques, consiguió entrar en la morgue. Ella, entre los diversos trabajos que tenía, también era enfermera. Conocía a la persona de Soledad. Mi abuela siempre contó lo que vio en aquel fatídico enero de 1973. Mi padre, con marcas de tortura por todo el cuerpo, tenía marcas de estrangulamiento en el cuello y agua en los pulmones compatibles con el resultado de la tortura por ahogamiento. Los disparos en el pecho y la cabeza se dieron después de su muerte. El cuerpo de Soledad, aún ensangrentado, tenía los restos de una placenta y un feto en un cubo improvisado.

Y definitivas son las palabras de la denuncia de la abogada Mércia Albuquerque:

“Soledad estaba con los ojos muy abiertos, con una expresión de terror muy grande. Estaba horrorizado. Mientras Soledad estaba de pie con los brazos a los lados, me quité la enagua y se la puse al cuello. Lo que más me impresionó fue la sangre coagulada en grandes cantidades. Tengo la impresión de que la mataron y la acostaron, y la trajeron después, y la sangre, al coagularse, se le pegó a las piernas, porque era una gran cantidad. El feto estaba allí en sus pies. No puedo saber cómo acabó allí, o si fue allí mismo, en el tanatorio, donde cayó, donde nació, en ese horror”.

En la muerte del cabo Anselmo, finalmente, Soledad Barrett fue y sigue siendo el centro, la persona que grita, el punto de apoyo para Arquímedes por sus crímenes. Señala a José Anselmo dos Santos y lo sentencia, vaya donde vaya: “Hasta el final de tus días estás condenado, sinvergüenza”.

Que el infierno sea pesado para él, por fin. Para toda la eternidad.

- - -

*Escritor brasileño, autor del libro Soledad Barrett no recife y de la novela A mais longa duração da juventude.

Soledad Barrett

 

soledad urariano.jpg

Soledad Barrett Viedma nació el 6 de enero de 1945 en Paraguay. Su padre fue Alejandro Rafael Barrett López, único hijo del escritor y líder anarquista español Rafael Barrett, quien llegó al país en 1904 y se convirtió en un referente en las luchas sociales de toda una época.

Ante la inestabilidad política previa a la dictadura militar de Alfredo Stroessner (1954-1989), la familia Barrett se exilió en Uruguay, donde una adolescente Soledad comenzó a militar en los movimientos estudiantiles.

Cuando Soledad tenía 17 años, se convirtió en víctima de los movimientos de extrema derecha en los años previos a la instauración de la dictadura cívico-militar en Uruguay (1973-1985). Fue secuestrada y le dibujaron una esvástica en los muslos.

Tras el incidente, Soledad pasó de ser víctima a perseguida por la policía política, por lo que su familia decidió enviarla un año a Moscú, de donde viajó a Cuba.

Allí nació Ñasaindy en 1969, hija de Soledad y de un militante contra la dictadura brasileña (1964-1985), José María Ferreira, que se trasladó a Brasil un año más tarde, donde fue asesinado y desaparecido.

Soledad le siguió un año después, y solo al llegar a Brasil descubrió que habían matado a su compañero. En el país conoció al “cabo Anselmo”, destacado militante de la Vanguardia Popular Revolucionaria (VPR), grupo que ejercía la resistencia a la dictadura, con quien entabló una relación.

Pero el “cabo Anselmo” era en realidad un agente infiltrado de la policía, que organizó la captura y asesinato de Soledad y de otros cinco de sus compañeros en el norte de Brasil en 1973.

El cabo murió en la impunidad.

Soledad.jpg

 

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2020
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2019
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2018
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2017
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub