Peça chave em denúncia de vacina é indicação de Barros e Lupion
Luís Miranda diz em entrevista que Roberto Ferreira Dias é parte central de esquema
As denúncias sobre a compra da vacina indiana Covaxin têm mais um elo com a bancada paranaense em Brasília. Roberto Ferreira Dias, responsável pelo departamento de logística que faz as importações, foi nomeado para o cargo por indicação de dois paranaenses. Um é o próprio Ricardo Barros, principal implicado na história. O outro é o ex-deputado Abelardo Lupion, do DEM, bastante próximo a Bolsonaro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo nesta segunda (27), o deputado Luís Miranda diz que Roberto Ferreira Dias é a peça central dos esquemas denunciados por ele e por seu irmão à CPI. “Nada ali acontece se o Roberto não quiser”, diz o deputado. Foi Dias quem assinou a dispensa de licitação para a compra da Covaxin. (Publicado em 28 de junho de 2011)
O homem do centrão no Ministério da Saúde
por Diego Escosteguy /O Bastidor
Líderes do centrão não se cansam de elogiar o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias. Cabe a ele assinar os principais contratos da pasta.
Dias foi indicado pelo ex-deputado Abelardo Lupion, ainda na gestão de Luiz Henrique Mandetta - ambos são do DEM. Ele foi recomendado por Ricardo Barros, do PP, atual líder do governo na Câmara.
O apadrinhado agradou tanto que foi indicado a uma vaga na Anvisa. No entanto, suspeitas de irregularidades em contrato fechado por Dias já na pandemia forçaram Bolsonaro a retirar a indicação à agência. (Ele nega ter beneficiado qualquer empresa.)
Apesar de ter perdido a vaga na Anvisa, Roberto Ferreira Dias permaneceu como diretor de Logística. Desde então, conquista cada vez mais aliados no Congresso.
Ontem, em edição extra do Diário Oficial, Dias aparece como signatário dos contratos firmados pelo Ministério da Saúde para a compra das vacinas Sputnik (R$ 693,6 milhões) e Covaxin (R$ 1,6 bilhão).
O contrato com a Sputnik foi fechado por meio da União Química, do lobista e ex-deputado Rogério Rosso. O da Covaxin, por sua vez, foi assinado com a Precisa Medicamentos - empresa indevidamente favorecida, segundo promotores de Brasília, pelo governo do Distrito Federal numa compra de testes rápidos de covid-19.
Francisco Maximiano, conhecido em Brasília como Max, é diretor da Precisa. O Ministério Público cobra dele R$ 20 milhões por remédios que foram pagos, mas não entregues, na gestão de Ricardo Barros à frente do Ministério da Saúde. Outra empresa de Max deu prejuízo ao Postalis, fundo de pensão dos Correios. Max sempre teve relações fortes com ala sindical do PT, sobretudo com João Vaccari. Depois da queda do PT, aproximou-se do PP.
Tanto a Sputnik quanto a Covaxin não têm perspectiva de obter autorização de uso emergencial junto à Anvisa. Para que os contratos possam ser cumpridos e o dinheiro, pago, o presidente Jair Bolsonaro precisa sancionar a MP que, na prática, exclui a agência do processo de importação das vacinas.
Essa MP foi articulada pelo centrão - em especial por Ricardo Barros. (Publicado em 20 de fevereiro de 2021)