O Instituto Brasil-Israel repudiou um discurso do deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP) na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira. Na ocasião, o parlamentar bolsonarista comentou a participação do avô na Segunda Guerra Mundial. Segundo um porta-voz da entidade, porém, Bilynskyj estaria "se orgulhando" do parente "ter lutado ao lado dos nazistas".
"Essas vestes são uma homenagem às minhas origens, ao meu avô Bohdan Bilynskyj, que chegou ao Brasil, em 30 de setembro de 1948, após lutar bravamente pela liberdade de seu país, invadido por russos comunistas. É na Ucrânia dos anos 30 que começa a luta da minha família contra o comunismo", afirmou o parlamentar descendente de nazista.
"Meu avô Bohdan, aos 20 anos de idade, lutou uma guerra mundial para libertar a Ucrânia das garras do comunismo. E hoje, como deputado federal, ao lado de meus irmãos, luto contra a instalação de um regime comunista no Brasil. A história é implacável", acrescentou Bilynskyj. "O avô nazista, o filho nazista, o neto nazista e assassino".
Ao site Congresso em Foco, o historiador e sociólogo Michel Gherman, assessor acadêmico do Instituto Brasil-Israel, destacou que o nazismo é o "mal absoluto" .
"Publicar notícia falsa sem ouvir os dois lados é jornalismo?", perguntou o ministro da Secom, após o episódio em que a CNN foi desmentida pela empresa ucraniana Antonov
247 -O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, criticou nesta quarta-feira (26) o jornalismo da CNN Brasil, depois que a emissora divulgou uma notícia falsa sobre o governo Lula, que foi replicada pela extrema-direita nas redes sociais.
A CNN divulgou a informação de que a empresa de aviação ucraniana Antonov havia suspendido um suposto investimento de US$ 50 bilhões no Brasil para a fabricação de aeronaves. Questionada sobre informação nas redes sociais, a emissora disse que as informações foram repassadas pelo governo de São Paulo, comandado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas.
Pimenta, que é formado em jornalismo, questionou a conduta jornalística profissional da CNN no episódio. "Publicar notícia falsa sem ouvir os dois lados é jornalismo? Usar um site oficial de um governo de estado para ‘esquentar’ uma Fake News é honesto? É jornalismo? Onde eu estudei, na @UFSM_oficial e me formei Jornalista aprendi que isso não é jornalismo", afirmou.
A empresa Antonov divulgou uma nota oficial desmentindoreportagem da CNN Brasil usada para atacar o governo Lula, sobre suposta suspensão de negociações com o Brasil após declarações de Lula a respeito da guerra. "Atualmente, os meios de comunicação de massa da República Federal do Brasil estão compartilhando a informação falsa de que a Companhia ANTONOV suspendeu supostas negociações sobre o suposto lançamento da produção de aeronaves no Brasil", disse a Antonov em nota publicada em suas redes sociais.
O russo Sergei Lavrov (à esq.) e Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Agência Brasil)
"O perigo de provocar os americanos e europeus é evidente: Lula arrisca levar um tombo", aponta o editorial de quem deseja o Brasil colonizado e submetido
247 –O jornal O Globo publicaeditorialnesta terça-feira em que defende o alinhamento automático do Brasil à posição dos Estados Unidos no tema da guerra na Ucrânia. "Os últimos movimentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à guerra na Ucrânia demonstram não a neutralidade que ele e o Itamaraty afirmam manter em relação ao conflito, mas uma posição tacitamente favorável aos interesses da Rússia. Ao assumi-la, Lula comete erros de ordem factual, moral e diplomática", escreve o editorialista.
No último parágrafo, o editorialista vocaliza a ameaça e diz que Lula pode cair se não adotar uma semelhante à do Ocidente. "A tradição de não alinhamento poderia ser seguida de modo mais produtivo em questões onde a voz do Brasil importa, como mudanças climáticas ou transição na Venezuela. Em vez disso, dentre quase 130 'neutros' no conflito ucraniano, o Brasil é o único que se meteu a criar um 'clube da paz' e flerta abertamente com a Rússia. O perigo de provocar os americanos e europeus é evidente: Lula arrisca levar um tombo", finaliza o texto.
Visão do Correio: O papel do Brasil na política global
Brasil livre indepente soberano
Editorial Correio Braziliense
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sempre que pode, ressalta que o Brasil voltou a ser um dos protagonistas internacionais. Sua concorrida agenda confirma que, depois de quatro anos de isolamento, realmente, o país retomou o diálogo com atores de todas as vertentes, movimento fundamental para as ampliação das relações comerciais. Logo depois da posse, em janeiro último, o líder brasileiro esteve nos Estados Unidos, maior potência global, num esforço para o fortalecimento da democracia, e, na última semana, passou pela China, a segunda economia do planeta. É o retrato claro da multipolaridade defendida pelo Itamaraty.
Nesta semana, Lula aportará em Portugal e, sem seguida, passará pela Espanha, dois tradicionais aliados do Brasil. Em maio, participará da coroação do Rei Charles III, na Inglaterra, e da reunião do G7, no Japão, grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo. Líderes como o chanceler Olaf Scholz, da Alemanha, fizeram questão de visitar o chefe do Executivo brasileiro, que deve receber, em breve, o presidente da França, Emmanuel Macron. Desde o início do ano, o ministro de Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, participou de quase 70 reuniões bilaterais, sendo 18 com chefes de Estado ao lado do presidente. Trata-se de um feito a ser comemorado.
Agora, é preciso que o país comece a colher os frutos desse amplo leque de contatos e que declarações polêmicas do presidente não coloquem em risco o reatamento das relações. O Brasil tem, no mercado internacional, um dos principais aliados para o crescimento econômico e um pilar importante para a boa saúde das contas externas. O forte avanço das exportações tem contribuído para o incremento do Produto Interno Bruto (PIB), ao mesmo tempo em que gera divisas para reforçar as reservas internacionais do país e conter os preços do dólar, que está sendo negociado abaixo de R$ 5, um alívio para a inflação.
É visível a disposição do mundo em trazer o Brasil para o palco central dos grandes debates. Contudo, o país deve manter a diplomacia conciliadora, que nunca foi confundida como uma postura de subserviência. Muito pelo contrário. Há acordos, como o que envolve o Mercosul e a União Europeia, que esperam para sair do papel há mais de 20 anos. O momento, portanto, é de aparar as arestas para que decisões que vão resultar em incremento da economia, em mais empregos e em aumento da renda se sobreponham a posições ideológicas. Os últimos quatro anos são o exemplo claro de como a ideologia custou caro ao Brasil.
O Estado brasileiro tem a exata noção de que os desafios globais são enormes e que terá função central para a consolidação do multipolarismo. Isso passa pelo reforço do Brics, acrônimo que reúne Brasil, China, Índia, Rússia e África do Sul, e também por parcerias estratégicas com os Estados Unidos e a União Europeia. Todos os países têm seus interesses, porém, não podem inviabilizar negociações em que a população, sobretudo, a mais vulnerável, seja a grande beneficiada. É a via de mão dupla que garantirá o jogo de ganha-ganha que se espera.
De forma mais imediata, as grandes lideranças têm a obrigação de encontrar um caminho para o fim da guerra entre Ucrânia e Rússia. É inaceitável que o maior conflito na Europa desde a Segunda Guerra Mundial esteja longe de um acordo de paz. O mundo todo sofre com tamanha aberração. A disputa na retórica só alimenta a tensão. É hora de todos baixarem as armas e selar a paz. No contexto atual, só há perdedores. Que o bom senso volte se sobreponha a pseudos ditadores e a oportunistas de plantão.
O presidente iniciou sua agenda oficial nesta quinta-feira (13) com uma visita ao centro de pesquisa e desenvolvimento da marca Huawei, uma das principais empresas de tecnologia chinesas, e se reunirá com importantes empresários do país. À noite, Lula terá um encontro e um jantar com o Secretário-Geral do Partido Comunista em Xangai, Chen Jining.
O primeiro compromisso deLula aconteceu em Xangai, com a cerimônia de posse de Dilma Rousseff no Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco do Brics, grupo formado pelas economias emergentes Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
A visita oficial à China, principal parceiro comercial do Brasil desde 2009, estava inicialmente marcada para os dias 25 a 31 de março, mas foi adiada devido a uma pneumonia de Lula, de 77 anos.
Em um discurso de cerca de meia hora, Lula disse que o tempo em que o Brasil esteve ausente das grandes decisões internacionais ficou no passado. "Estamos de volta ao cenário internacional após uma inexplicável ausência. Temos muito a contribuir com questões centrais do nosso tempo, a exemplo da mitigação da crise climática, do combate à fome e da desigualdade", frisou.
"É inadmissível que a irresponsabilidade e a ganância de uma pequena minoria coloquem em risco a sobrevivência do planeta e de toda a humanidade. O Brasil está de volta com a disposição de contribuir novamente para a construção de um mundo mais desenvolvido, mais justo e ambientalmente sustentável", afirmou o presidente, dizendo que gostaria de compartilhar a "experiência de desenvolvimento econômico e inclusão social" aplicada por ele e a ex-presidente Dilma Rousseff em seus governos.
Lula também lembrou que as mudanças climáticas, a pandemia e os conflitos armados "impactam negativamente as populações vulneráveis e os objetivos de desenvolvimento sustentável passam por graves retrocessos." Por isso, frisou o presidente, muitos países em desenvolvimento "acumulam dívidas impagáveis."
Neste contexto, ressaltou Lula, a criação do NDB (Novo Banco de Desenvolvimento) foi um marco na atuação conjunta dos países emergentes, "por suas dimensões, tamanhos de suas populações, pesos de suas economias e influências que exercem em suas regiões e no mundo."
De acordo com Lula, "a falta de reformas efetivas das instituições financeiras tradicionais limitam o volume e as modalidades de crédito dos bancos já existentes. Pela primeira vez, um banco de desenvolvimento de alcance global é estabelecido sem a participação de países desenvolvidos em sua fase inicial, livre das amarras e constitucionalidades impostas pelas instituições tradicionais", ressaltou.
"Fim da submissão dos países em desenvolvimento"
Isso possibilita financiar projetos com moedas locais. "Não queremos ser melhor do que ninguém. Queremos as oportunidades para expandir nossas potencialidades e garantir aos nossos povos dignidades, cidadania e qualidade de vida. Por isso, além de continuar trabalhando pela reforma do FMI, da ONU e do Banco Mundial, e pela mudança das regras comerciais, precisamos usar de maneira criativa o G-20, que o Brasil presidirá em 2024, e os BRICS, em 2025", disse. Ele salientou que o Banco dos BRICS representa o "fim da submissão" dos países em desenvolvimento às instituições internacionais.
"Estou certo de que a experiência da presidenta Dilma ao governar o Brasil, se renovará à frente desse importante instrumento para o desenvolvimento dos países", acrescentou Lula, dizendo que sua presença representa o compromisso com os Brics. "Fico feliz por ter uma mulher à frente desse banco: uma mulher forte e com muita experiência", disse. Lula conclui dizendo que a criação de um Banco do Sul "era um sonho" que ele teve nos oito anos à frente da presidência.
Em seu discurso de posse na presidência do NDB, Dilma Roussef destacou o projeto de reforçar o uso de outras moedas além do dólar nas transações internacionais. "Vamos desenvolver modelos de financiamento inovadores, capazes de alavancar recursos públicos e privados para obter o máximo impacto. Captaremos recursos dos mais diversos mercados mundiais, em diferentes moedas, como o renmimbi (yuan), o dólar e o euro. Buscaremos ainda financiar nossos projetos em moedas locais, privilegiando o mercado doméstico e diminuindo a exposição às variações cambiais."
Visita a Pequim
Na noite desta quinta-feira, o presidente brasileiro viaja para Pequim, onde se reunirácom o chinês Xi Jinping, nesta sexta. Na pauta, está o reforço das relações bilaterais, com a expectativa de firmar cerca de 20 acordos em diversas áreas, em especial em áreas como tecnologia, infraestrutura e energia. Os dois líderes também devemabordar o conflito na Ucrânia, em que o Brasil tem tentado se inserir num papel de mediação.
A comitiva brasileira em Pequim reúne 40 autoridades, entre as quais oito ministros, além de dezenas de empresários. Antes de deixar o Brasil, Lula disse que planejava convidar o presidente Xi para uma visita ao país, "para mostrar os projetos que temos de interesse de investimento dos chineses".
Os Estados Unidos querem "que o Brasil calce os sapatos da Ucrânia" e condene a invasão da Rússia ao país do leste europeu de forma mais incisiva, disse nesta quinta-feira (16) a subsecretária de Assuntos Políticos do Departamento de Estado americano, Victoria Nuland.
"Se [o Brasil] tivesse um grande vizinho pegando pedaços de seu território e o invadindo com militares, esperaria e ansiaria pelo apoio da comunidade democrática para resistir e repelir isso?", questionou em conversa com jornalistas. "Trata-se de defender a Carta da ONU e as regras do mundo que permitiram que nossos filhos crescessem em um ambiente internacional relativamente civilizado", afirmou.
Nuland ocupa o cargo mais alto da carreira diplomática no país -os cargos de secretário e vice no Departamento de Estado, equivalente ao Ministério das Relações Exteriores nos EUA, são políticos.
A fala desta quinta representa um aumento do tom do governo americano quanto à postura do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), herdada da gestão Jair Bolsonaro (PL), de evitar interferência mais direta no conflito. O novo presidente brasileiro negou pedido da Alemanha para repassar munições a tanques do lado ucraniano e afirmou na última semana que "o Brasil não participará" da guerra.
Até aqui, os EUA vêm tratando em público a postura de Lula como parte do jogo diplomático uma vez que as nações têm diferentes interesses. John Kirby, coordenador de comunicação estratégica do Conselho de Segurança Nacional, disse na última semana que os EUA respeitam a posição de Lula -com a ressalva de que para os americanos, segundo ele, não é hora de "agir de modo habitual" quando o assunto é Rússia.
Mas, na visita de Lula a Joe Biden na Casa Branca na última sexta (10), o governo brasileiro cedeu e aceitou condenar de forma mais dura a Rússia no comunicado divulgado ao fim do encontro. Versão preliminar do texto não condenava diretamente Moscou e falava apenas sobre a cooperação entre Brasil e EUA em questões regionais e globais, como o conflito no Leste Europeu. O texto final, porém, diz que "ambos os presidentes lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como violações flagrantes do direito internacional."
Biden está na "Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso", disse o prefeito Trent Conaway
247 -Trent Conaway, prefeito deEast Palestine, Ohio, disse na segunda-feira (20) que a visita do presidente Joe Biden à Ucrânia foi o "maior tapa na cara", enquanto sua cidade continua a lidar com as consequências de um descarrilamento de trem que espalhou substâncias tóxicas pela região.
Durante uma aparição na Fox News, Conaway foi convidado a dar sua opinião sobre a visita surpresa de Biden a Kiev.
“Esse foi o maior tapa na cara, que diz a você agora, ele não se importa conosco”, disse Conaway ao apresentador Jesse Watters. "Então ... ele pode enviar todas as agências que quiser, mas descobri isso esta manhã e em um dos briefings que ele estava na Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso".
“Sim, o Dia do Presidente em nosso país. Ele está… na Ucrânia”, acrescentou. “Então isso diz que tipo de cara ele é".
Nesta terça-feira (21), após as declarações do prefeito, Biden foi àPolônia.
O incidente em Ohio causou um grande incêndio e levou as autoridades a evacuar cerca de metade dos 4.800 residentes na área circundante. A Norfolk Southern, empresa ferroviária responsável pelo trem de 151 vagões que descarrilou, disse que o evento contaminou 1,1 milhão de galões de água. (Com The Hill).
Mas não deve haver ilusões: o país enfrenta nitidamente uma conspiração com participação de think tanks, pastores evangélicos, agentes infiltrados nas corporações públicas, inclusive no Exército, estimulando teorias conspiratórias
Como entender o que se passa hoje no país, com multidões de zumbis, repetindo teorias conspiratórias das mais amalucadas, e acampando em frente aos quartéis?
Trata-se de um xadrez complexo, que envolve muitos personagens, um clima de mal-estar generalizado em relação às limitações do modelo democrático liberal, em cima dos quais atuam ideólogos e agentes provocadores, invocando vários instrumentos do fascismo histórico.
Um dos principais sociólogos contemporâneos, Manuel Castells faz uma boa síntese dos tempos atuais (vídeo aqui)
Peça 1 – como ocorrem os golpes civis
Nas duas últimas décadas multiplicaram-se os chamados golpes civis, sem o velho modelo de intervenção militar, mas com uso intensivo das redes sociais, insuflando a revolta popular. Foram batizados de “revoluções coloridas”, ou “primaveras”.
Não é um fenômeno simples e individual, como um golpe militar. Há a necessidade de uma insatisfação mais disseminada, que se espraia por vários grupos e organizações. É nesse caldeirão que atuam os demais personagens: os agentes ideológicos, os financiadores e a malta propriamente dita. alimentada por teorias conspiratórias.
Isso porque havia o movimento de uma rapaziada em torno da bandeira do passe-livre, provavelmente nascido espontaneamente do ativismo digital. Havia (e há) um caldeirão de insatisfações diversas, no qual se movem estruturas organizadas para dirigir o movimento de manada para os jogos políticos.
Em 2015, o livro “Guerras Híbridas: Das Revoluções Coloridas aos Golpes”, de Andrew Korybko, traduzido para o português pela Expressão Popular, sistematizou os pontos em comum entre as diversas “revoluções coloridas”.
Um dos diagramas mostra o funcionamento desses movimentos.
No comando da organização, há os ideólogos fornecendo o cimento que juntará todos os tijolos. Abaixo deles, os financiadores e o social – os institutos e ONGs que passaram a organizar movimentos jovens por vários países.
Essas ONGs, das quais a mais notória é a Atlas Network, monta treinamentos para jovens atuarem politicamente nas redes sociais e na vida real. A partir daí geram um conjunto de informações, fatos e teorias conspiratórias que alimentam a mídia.
O símbolo de punho cerrado remete ao movimento original, que forneceu o know how e a inspiração para os demais: o Otpor, sobre o qual se falará mais abaixo.
Cada um desses núcleos possui um patrocinador. No caso brasileiro, em geral organizações norte-americanas. Depois, os chamados Tenentes/Assistentes – os movimentos tipo Vem Pra Rua, MBL, Passe Livre etc. Finalmente, os civis/simpatizante, na sua versão atual infestando as portas dos quartéis.
Se o Ministério Público Federal quiser sucesso em sua empreitada de investigar os sediciosos, tem que identificar os ideólogos (que articulam todas as peças do jogo) e os financiadores.
Peça 2 – a criação da tecnologia do golpe
A tecnologia das chamadas “revoluções coloridas” veio da Sérvia, no levante de 2000. Depois, houve a Revolução das Rosas, na Geórgia, em 2003; a Revolução Laranja, na Ucrânia, em 2004, e a Revolução das Tulipas, no Quirguistão, em 2005, todas elas no rastro do desmanche do império soviético.
Conforme trabalho de 2009 (quatro anos antes das manifestações brasileiras) por Felipe Afonso Ortega, na tese de mestrado de relações internacionais “Cores da Mudança? As Revoluções Coloridas e seus reflexos em política externa” pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, havia um padrão comum a todos esses movimentos.
Participação direta dos Estados Unidos, através do Departamento de Estado ou think tanks. Há uma divergência menor: se o apoio norte-americano (e europeu) foi essencial para o movimento, ou apenas ajudou a turbinar um descontentamento que já mobilizava a população.
Adesão dos revoltosos aos Estados Unidos, Europa e OTAN.
Ligações transnacionais entre todos esses movimentos.
A utilização de eleições (nem sempre presidenciais) para contestar abertamente o governo e/ou o regime vigente.
Uma grande participação popular, não apenas durante as eleições, mas também antes e, se necessário, após os processos de votação, para contestar possíveis fraudes.
E uma mudança significativa de governo, às vezes acompanhada por mudança de regime.
O episódio brasileiro mais revelador foi a própria eleição de Bolsonaro. Nos primeiros meses de governo, além de um lambe-botas humilhante em relação aos Estados Unidos, vendeu a ideia da entrada do Brasil na OCDE (o grupo de países desenvolvidos), embora provavelmente não tivesse a menor ideia sobre o seu significado.
“O governo Americano gastou 65 milhões de dólares promovendo a democracia na Ucrânia nos anos imediatamente precedentes à Revolução Laranja. Em maio de 2005, Bush viajou para Tbilisi, onde caracterizou a Revolução das Rosas como um exemplo a ser seguido por todo o Cáucaso e pela Ásia Central. Sob a influência das comunidades da sociedade civil que elas servem e de seus financiadores governamentais (…), um grande número de ONGs americanas (Freedom House, National Endowment for Democracy, National Democratic Institute, International Republican Institute e a Fundação Soros) silenciosamente passaram a adotar modos mais confrontacionais de promover mudanças”.
Peça 3 – os think tanks no Brasil
Todas essas revoluções – incluindo as manifestações de 2013 no Brasil – tiveram apoio ostensivo de Institutos e ONGs norte-americanos.
Não significa necessariamente que o grupo original do Passe Livre tenha sido pau-mandado de ONGs externas. Mas, a partir de determinado momento, houve o apoio direto de agências de publicidade ligadas ao Partido Democrata e que se especializaram em aporte operacional a movimentos dessa ordem.
Antes mesmo de 2013, houve os primeiros ensaios, como o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, conhecido como Cansei, organizado pelo então empresário João Dória Jr. Ou o Dia do Basta, em 2013.
A organização com maior penetração no país foi a Atlas Network, uma rede de think tanks americana canalizando recursos públicos do Departamento de Estado Norte-Americano e do National Endowment for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED) para estruturar, financiar e dar treinamento a uma série de afiliadas pelo mundo.
Os braços da Atlas Network no Brasil
No Brasil, o principal ativista e o ponto de contato com esses think tanks é Winston Ling, herdeiro do grupo Olvebra, de uma família ligada a Chiang Kai-shek, um dos governos mais corruptos da história, derrubado por Mao Tse Tung. Com a queda, famílias como a Ling e a família Pih fugiram para o Brasil com parte do patrimônio acumulado.
Ling não se envolve diretamente nos negócios da família, é considerado um bon vivant. Seu feito empresarial mais conhecido foi ter adquirido os direitos do concurso Miss Brasil.
Ele vive em Hong Kong, onde dirige a Ouray Iniciative, de defesa da autonomia da região.
Para as elites brasileiras são aceitáveis a xenofobia, o racismo, a misoginia, o machismo contra países com uma população de maioria negra.
A supremacia branca cassou o mandato do deputado Arthur do Val (Mamãe Falei) porque declarou as mulheres ucranianas "são fáceis porque são pobres".
Numa entrevista que concedeu ao jornal New York Times, Jair Bolsonaro disparou comentários relacionados ao canibalismo e agressões xenófobas às mulheres haitianas.
Em um dado momento da entrevista, Bolsonaro diz que estava numa tribo indígena e não comeu carne humana por falta de companhia.
Ele também disse que só não fez sexo com uma mulher haitiana “pela falta de higiene”.
SE ESTIVÉSSEMOS NA RÚSSIA,seríamos proibidos de sequer mencionar que há uma guerra no país ao lado, a Ucrânia. A versão oficial, imposta por lei pelo governo, é que soldados russos foram enviados para uma missão de paz, para resgatar gente de sua etnia diante de uma emergência humanitária. A mera aparição de palavras como “guerra” ou “invasão” nos meios de comunicação pode custar anos de cadeia – elas devem ser substituídas por alguma expressão neutra e inofensiva, como “operação militar especial”.
Como a Ucrânia, o Brasil muito evidentemente está neste momento sofrendo uma agressão militar ilegal e uma ocupação planejada de seu patrimônio e de suas instituições. A diferença é que, no nosso caso, são nossas próprias Forças Armadas que nos atacam, enquanto, ao modo de Putin, repetem enfaticamente que só estão defendendo a população.
Quando iniciou sua “operação militar” na Ucrânia, em 2014,Putin invadiu a península da Crimeia com soldados sem insígniaspilotando tanques sem bandeiras, que iam ocupando todos os pontos estratégicos da região – os lugares de onde se operava a administração, o financiamento, a comunicação. Putin passou meses negando que aqueles soldados fossem russos, embora falassem russo, se vestissem como russos, carregassem armas russas, se comportassem como russos, bebessem como russos. O presidentedizia que eram apenas patriotas locaisque agiam por vontade própria: uma espécie de exército espontâneo que se materializou no território inimigo, tomando-o (e depois repassando-o à Rússia).
Aqui no Brasil também as Forças Armadas vêm, há anos, desde o governo Temer, ocupando os espaços de poder. Em 2020,um levantamento do Tribunal de Contas da Uniãoconcluiu que já havia mais de 6 mil militares em lugares estratégicos do governo federal, um número que quase certamente continuou crescendo depois disso, só que mais discretamente. Também aqui os militares vêm negando que estejam empreendendo qualquer ação coordenada contra o Brasil civil. Seria só uma coincidência – um acúmulo de indivíduos que calharam de ser militares, movidos pelo patriotismo, se posicionando por acaso nos lugares estratégicos do país.
Mas os livros de memórias dos envolvidos revelam que a sequência de ações que nos trouxe até o lugar no qual estamos não foi assim tão casual. No depoimento que deu para o livro “A Escolha”, sobre sua presidência,Michel Temer admitiuque o comandante do Exército à época, o General Eduardo Villas Bôas, lhe deixou claro para ele que estava insatisfeito com sua antecessora, Dilma Rousseff. A história que vai dessa insatisfação até o impeachment da presidenta, pouco depois, e que resultou na ocupação de centenas de cargos civis no governo Temer e da segurança pública do Rio de Janeiro por militares nunca foi contada com os devidos detalhes.
Dois anos depois do impeachment, em 2018, o mesmo Villas Bôas achou por bem enviar de sua conta pessoal um tweet ameaçador ao Supremo Tribunal Federal, que estava diante de uma decisão crucial que poderia colocar na cadeia o candidato líder nas pesquisas para presidente da República, Lula. No tweet, Villas Bôas deixou claro que não queria Lula solto.
General Villas Boas
@Gen_VillasBoas
Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais?
General Villas Boas
@Gen_VillasBoas
Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais.
O livro de memórias de Villas Bôas, lançado em 2021, revelou que esse tweet não foi uma ação impensada de um general irritado com um celular na mão: foi fruto de uma deliberação oficial do Alto Comando do Exército. “O texto teve um ‘rascunho’ elaborado pelo meu staff e pelos integrantes do Alto Comando residentes em Brasília. No dia seguinte da expedição, remetemos para os comandantes militares de área. Recebidas as sugestões, elaboramos o texto final, o que nos tomou todo expediente, até por volta das 20h”, confessou o comandante. Quer dizer: uma estrutura do estado dedicou um dia inteiro de seus (nossos?) recursos e de sua atenção ao trabalho metódico de atacar um poder da República e interferir na democracia. Soa bastante como uma traição.
Se o objetivo dos militares com essa interferência era chegar ao poder, é difícil afirmar. O fato é que chegaram, com a eleição de um militar.
Os especialistas divergem sobre se Bolsonaro e os militares são uma coisa só (o chamado “Partido Militar”, no qual Bolsonaro faz o trabalho útil de criar o caos, clima propício para que generais se digam agentes da ordem) ou se têm interesses divergentes. Ainda que os tenham, é evidente que as Forças Armadas e as forças de segurança embarcaram já há muito tempo na aventura autoritária bolsonarista.
Deixaram isso claro em 2021, quando o Tribunal Superior Militar inocentou o general Eduardo Pazuello, numa decisão sobre a qualimpôs segredo de 100 anos, da infração que cometeu em público (subiu num palanque com Bolsonaro, algo impensável numa democracia, que por definição separa o poder político do poder das armas).
Pazuello é bom exemplo de militar que se comportou como um interventor num país inimigo. Coube a ele a missão de gerir a saúde do Brasil no momento mais crucial de todos os tempos: a escalada exponencial da pandemia de covid. O Ministério da Saúde não se ocupou em preparar o país não se ocupou em preparar o país para enfrentar a doença. Não mexeu uma palhapara evitar que centenas de pessoas fossem mortas por privação de oxigênio em Manaus. Também não pareceu se incomodar muito com o fato de a pasta ter virado um antro de corrupçãopara se aproveitar da crise sanitária, quase sempre com envolvimento de militares.
Em vez disso, dedicou-se a missões típicas de uma guerra. Por exemplo, empreendeuesforços para maquiar os números de doentes e de mortos, para impedir que a sociedade soubesse o que estava acontecendo (só temos números porque os órgãos de imprensa fizeram um consórcio). O MS não geriu a saúde: fez uma gestão da morte.
Não há chances de este país viver em paz enquanto estiver sob o jugo de forças armadas e de segurança que não respeitam ou obedecem à lei e à população civil
Em 2020, quando a devastação ambiental ficou muito na cara, diante das imagens de queimadas na Amazônia, e começou a repercutir mal na Europa, outro general, o vice-presidente Hamilton Mourão, recebeu a atribuição de comandar um certo Conselho da Amazônia. Quando lhe perguntaram qual era sua missão,ele nem disfarçou: “Nós temos que ter uma estratégia de comunicação que permita-nos contrapor, com fatos, acontecimentos e ações governamentais, de modo que a gente inverta essa situação que estamos vivendo e passe a ter um domínio, um controle dessa narrativa”.
Ou seja, nem lhe passou pela cabeça que seu papel fosse evitar a destruição. Ele só queria suprimir a informação sobre ela. Esse descaso dos militares com o seu papel de defesa ficou evidente no mês passado com o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na floresta amazônica,crime ignorado até onde foi possível pelas Forças Armadas, apesar de ter ocorrido em região de fronteira.
A atuação dos militares no governo tem uma lógica de ocupação. Não por acaso, há inúmeros militares estacionados em cargos em que se decide a execução do orçamento e a produção de informação. Enquanto o Brasil reduzia brutalmente os orçamentos de Educação, Saúde, Ciência e Inovação, o único orçamento a crescer – expressivamente – foi o da Defesa. Os generais envolvidos mais diretamente no orçamento estão conseguindoaprovar para si próprios aumentos fabulosos de salário, ao mesmo tempo em que tiram tudo da população brasileira.
Agora os generais dedicam-se a ficar cotidianamente ameaçando a população civil, repetindo as teorias conspiratórias que o presidente inventa para avisar que a democracia não significa nada.O último foi Walter Braga Netto, que Bolsonaro colocou na sua chapa como vice, certamente não para ganhar votos.
Ainda que se fique otimista com as baixas chances eleitorais de Bolsonaro, libertar o Brasil dessa ocupação não é algo que se resolva só com uma eleição. Não há chances de este país viver em paz enquanto estiver sob o jugo de forças armadas e de segurança que não respeitam ou obedecem à lei e à população civil.
Está chegando a hora de começar a conversar a sério sobre como as Forças Armadas irão reparar o que fizeram ao país. E também sobre como este país irá reformar essas forças para que elas nunca mais possam fazer isso outra vez.
Reportagem da Bloomberg informa que Jair Bolsonaro pediu ajuda ao presidente Joe Biden e disse que Lula, ao contrário dele, defende os interesses do Brasil. Bolsonaro sonha com os soldados de Biden. A transformação do Brasil numa Ucrânia, as cidades destruídas pela guerra civil
247 –Uma reportagem da agência Bloomberg confirma o que muitos brasileiros já sabem: Jair Bolsonaro trabalha contra os interesses nacionais e, portanto, comete o crime de lesa-pátria. "O presidente brasileiro Jair Bolsonaro pediu ajuda ao presidente dos EUA, Joe Biden, em sua candidatura à reeleição durante uma reunião privada à margem de uma cúpula regional nesta semana, retratando seu oponente de esquerda como um perigo para os interesses dos EUA, segundo pessoas familiarizadas com o assunto",informa o jornalista Eric Martin, da Bloomberg.
"Durante a reunião desta quinta-feira, Biden destacou a importância de preservar a integridade do processo eleitoral democrático no Brasil e, quando Bolsonaro pediu ajuda, Biden mudou de assunto, disse uma das pessoas. Os comentários de Bolsonaro a Biden sobre seu rival, Luiz Inácio Lula da Silva, ecoaram suas advertências públicas sobre o ex-presidente de dois mandatos, segundo as pessoas, que pediram anonimato para discutir uma conversa privada. A assessoria de imprensa da presidência do Brasil não respondeu imediatamente a um pedido de comentário, enquanto a assessoria de imprensa da Casa Branca se recusou a comentar imediatamente", acrescentou o jornalista.
Ao contrário de Bolsonaro, que entrega todas as riquezas nacionais, como fez com a Eletrobrás e pretende fazer com o pré-sal, Lula defende boas relações com os Estados Unidos, mas sem abrir mão da soberania nacional.
[Bolsonaro, em 2018, lançou sua campanha eleitoral a presidente nos Estados Unidos, e repete o feito de lesa-pátria ao dizer, ao se proclamar candidato a reeleição fora do Brasil.
Em 2018, bateu continência para a bandeira dos Estados Unidos e para Trump, transformando o filho 03 Eduardo Bolsonaro, deputado federal, uma espécie de embaixador in pectore para a trama de golpes inclusive a invasão do Capitólio.
Agora diz que Lula eleito não é bom para os Estados Unidos. Uma deduragem que só um traidor da pátria é capaz. Ele, Bolsonaro, da extrema direita de Trump, fica de quatro para Biden, ele e todos os seus marechais, para receber pomposas aposentadorias, e generais vassalos e golpistas que não pretendem perder as mamatas. Quando democracia é um governo que o povo exerce a soberania. Os militares não representam o povo. Os militares não foram eleitos pelo povo. Como castas pretendem ser fiscais de urnas. Quando Bolsonaro passou quatro anos malandrando, ele e sua corja. Que o povo julgue se devem permanecer mamando nas alturas, e os civis passando fome. 33 milhões de brasileiros civis passam fome, e 116 milhões de civis sofrem de insuficiência alimentar, isto é, não atingem o consumo básico de 2.100 calorias por dia, ou não tem garantida a alimentação]