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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

26
Dez22

“Brasil precisa de comissão da verdade para investigar o terrorismo bolsonarista”, diz Gilberto Maringoni

Talis Andrade

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"Depois do negacionismo, do terraplanismo, do golpismo e do fascismo, Bolsonaro nos lega o terrorismo", afirmou o jornalista

 

 

247 - O jornalista Gilberto Maringoni defendeu neste domingo (25) que o Brasil tenha uma Comissão da Verdade com o objetivo de apurar tentativas de ataques terroristas no País. Maringoni defendeu a solução após o empresário bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa, 54 anos, ser preso porque planejava explodir um caminhão-tanque carregado com querosene próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília (DF).

"Depois do negacionismo, do terraplanismo, do golpismo e do fascismo, Bolsonaro nos lega o terrorismo. O Brasil precisa de uma nova comissão da verdade sobre os tétricos anos 2018-22. Uma que não passe o pano!" escreveu o jornalista. 

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi criada em novembro de 2011, no governo da então presidenta Dilam Rousseff (PT). O objetivo para investigar as violações de direitos humanos no Brasil, com foco nos 21 anos da última ditadura militar (1964-1985). 
 
A CNV, extinta em 10 de dezembro de 2014, citou 434 pessoas como mortas ou desaparecidas na ditadura militar. Foram apontados 377 agentes de Estado como responsáveis por crimes como sequestros, torturas, assassinatos, violências sexuais e ocultação de cadáveres. 
 

Uma parte dos processos de punição estão em andamento ou parados juridicamente. A Justiçá é que tem dever de punir. A CNV teve a responsabilidade de fazer o diagnóstico e apontar conclusões. 

Entre os responsabilizados, estão o general reformado Leônidas Pires Gonçalves, que esteve à frente do Ministério do Exército no governo Sarney e morreu em 2015; o delegado Romeu Tuma, que morreu em 2010; e o médico Harry Shibata, que em 1975 assinou o laudo médico mentindo que o jornalista Vladimir Herzog havia cometido suicídio. 
02
Jan22

"Moro faz delação premiada de si mesmo em livro", diz o professor João Cezar de Castro Rocha

Talis Andrade

 

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Em entrevista à TV 247, professor da UERJ explica as contradições do ex-juiz parcial em sua relação com o doleiro Alberto Youssef

 

 

247 -  Em entrevista à TV 247, o professor de literatura comparada da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) João Cezar Castro Rocha fez uma análise da autobiografia do ex-juiz Sergio Moro, declarado parcial pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nos processos contra o ex-presidente Lula (PT) na Lava Jato. O professor revelou que Moro fez uma delação premiada de si mesmo no livro ao se contradizer sobre sua relação com o doleiro Alberto Youssef.

“Não vamos fazer caricatura do Sergio Moro, vamos respeitar o que ele escreveu e vamos ler no texto dele como, em alguma medida, este livro é uma delação premiada de si mesmo. Alberto Youssef era o artífice do maior escândalo de corrupção do Brasil, que ao contrário do que repete a militância bolsonarista sem parar, não é nem Mensalão nem Petrolão, mas aconteceu no Paraná. O maior escândalo de corrupção do país de lavagem de dinheiro e evasão de divisas foi o Banestado. E quem foi o juiz? Sergio Moro”, lembra o professor. 

Rocha destaca que o primeiro caso emblemático de delação premiada no Brasil foi no Banestado e o favorecido foi Youssef. Ou seja, Moro e Youssef já se conheciam desde então, conforme o ex-juiz parcial relata no segundo capítulo de seu livro. Desde o início dos anos 2000 o doleiro já vinha escapando de mandados de prisão. 

“É evidente que o Alberto Youssef no ecossistema político do Paraná é conhecido antes de 1998. O Sergio Moro está dizendo com todas as palavras que Youssef corrompeu a Polícia Federal de Londrina, que recebia informação privilegiada e por isso nunca era preso e essa informação já circulava no início dos anos 2000”, destaca.

Na análise do professor, Youssef já era uma “estrela” dentro do ecossistema político e financeiro do Paraná por ser considerado “o homem do dinheiro", que realizava a evasão de divisas transformando dinheiro de corrupção em dólar no exterior. “Ele era o cérebro de toda a operação em Curitiba”, afirma.  

Onze anos depois, em março de 2014, Youssef foi novamente preso por Moro. No livro, o ex-juiz descreve que a notícia de que o doleiro tinha voltado a cometer os mesmos crimes "não foi exatamente uma surpresa para mim. Já tinha ouvido rumores de que o antigo doleiro, apesar de acordo de colaboração na Operação Farol da Colina, assinado por ele, teria voltado ao mundo do crime”. 

Rocha questiona que se não era surpresa para o então juiz Sergio Moro que Alberto Youssef havia voltado a delinquir, rompendo o seu acordo de delação premiada, por que não mandou investigar?  

Moro permitiu, então, a segunda delação premiada de Youssef, alegando que foi essencial para dezenas de indiciamentos e prisões de importantes figuras, possibilitando a comprovação de desvios bilionários. [Foi assim criada a indústria da delação premiada. Indústria dos novos ricos da lava jato, notadamente advogados amigos dos procuradores e delegados da polícia federal, polícia política da autodenominada República de Curitiba. Onde foi parar o dinheiro das multas dos delatores? E a grana dos acordos de leniência das principais empresas do Brasil falidas pela Lava Jato? E a bufunfa de 2 bilhões e 500 milhões, colocada pela 'vítima' Petrobras, numa conta gráfica na Caixa Econômica Federal, no dia 30 de janeiro de 2019 para Deltan Dallagnol sacar e gastar ao deus-dará? Youssef é chefe da máfia libanesa, desde os tempos de Romeu Tuma, primeiro carcereiro de Lula, e do irmão de Lula José Ferreira da Silva, Frei Chico. Tuma, que tinha gabinete de trabalho anexado ao quarto do dedo-duro e espião Cabo Anselmo, biografado por Urariano Mota um dos maiores romancistas do Brasil. Os ergastulários, os aljubeiros, os cadeeiros de Lula da Lava Jato foram mais cruéis que os poliças e milicos da Ditadura Militar de 1964. Recordem o comportamento de juízas e procuradores e procuradoras quando da morte da primeira-dama do Brasil Marisa Leticia Lula da Silva e do seu neto Artur Lula da Silva de 7 anos.Tirem as conclusões lendo Luiz Antônio Araujo:

O chefe do Dops, delegado Romeu Tuma, concedeu ao sindicalista permissão para deixar a cadeia e participar do funeral da mãe, Eurídice Ferreira de Melo, a dona Lindu. Depois de passar um período internada em decorrência de um câncer no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Caetano, ela acabou por morrer no dia 12 de maio de 1980. Lula assistiu ao sepultamento, escoltado por policiais. Na véspera, a greve terminara. Seu líder seria libertado oito dias depois.

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Artur Lula da Silva, na porta da cadeia da juíza Carolina Lebbos, proibido de ver o avô. Escreve Alceu Castilho: Carolina é filha do médico libanês Elie Lebbos, que atendia José Janene chefe da mafia libanesa, capo do bandido Youssef seu sucessor

 

No ano seguinte, Lula ouviu pelo rádio, em casa, o julgamento de seu processo na 2ª Auditoria Militar, de São Paulo. Como os outros réus e seus advogados, decidira não comparecer à audiência em protesto contra a arbitrariedade do processo. Esperava que sua desobediência diante da corte naquele momento pudesse voltar a levá-lo à prisão.

O repórter Ricardo Kotscho foi à casa de Lula naquele dia e testemunhou a tensão do petista com ouvidos colados ao rádio. Sobre a situação, Kotscho escreveu: "Um amigo perguntou a Lula se ele já havia preparado sua mala para levar para a cadeia, e ele achou graça: 'Na cadeia ninguém precisa de roupa. Eu não vou passear...' Também não estava preocupado com a família, em caso de condenação. 'Aqui em casa cada um sabe o que precisa fazer'".

Lula e outros 10 dirigentes foram condenados a penas entre dois anos e seis meses de prisão por "incitação à desobediência coletiva das leis". Em virtude do não-comparecimento da defesa, o julgamento foi anulado pelo Superior Tribunal Militar (STM), mas um novo juízo, em novembro, confirmou as sentenças. Ao julgar um recurso dos condenados, o STM anulou todo o processo] 

 

04
Set20

Mais de mil ossadas de vala aberta na ditadura ainda aguardam identificação

A clandestina Vala de Perus, revelada em São Paulo há 30 anos, armazenou vítimas ocultadas pelo regi

Talis Andrade
 
09
Jul20

Como a Lava Jato escondeu do governo federal visita do FBI e procuradores americanos

Talis Andrade

Vazamentos da Lava Jato

 

Deltan Dallagnol e Vladimir Aras não entregaram nomes de pelo menos 17 americanos que estiveram em Curitiba em 2015 sem conhecimento do Ministério da Justiça


por Natalia Viana, Andrew Fishman, Maryam Saleh, Agência Pública/The Intercept Brasil

* Negociações ocorreram sem pedido de assistência formal e surpreenderam Ministro
* Procuradores sugeriram aos americanos maneiras de driblar entendimento do STF para ouvir delatores da Petrobras no Brasil e nos EUA
* Em 2016, americanos questionaram Nestor Cerveró e Alberto Youssef no Brasil


No dia 5 de outubro de 2015, Deltan Dallagnol, procurador-chefe da força-tarefa da Lava Jato, mal dormiu; chegou de uma viagem e foi direto para a sede do Ministério Público Federal (MPF) no centro de Curitiba, onde trabalhou até depois da meia-noite. No dia seguinte, acordou às 7 da manhã e correu de volta para o escritório. Ele já havia avisado a diversos interlocutores que aquela seria uma semana cheia e não poderia atender a nenhuma demanda extra.

Não era para menos. Naquela terça-feira, uma delegação de pelo menos 17 americanos apareceu na capital paranaense para conversar com membros do MPF e advogados de empresários que estavam sob investigação no Brasil. Entre eles estavam procuradores americanos ligados ao Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) e agentes do FBI, o serviço de investigações subordinado a ele. Todas as tratativas ocorreram na sede do MPF em Curitiba. Em quatro dias intensos de trabalho, receberam explicações detalhadas sobre delatores como Alberto Youssef e Nestor Cerveró e mantiveram reuniões com advogados de 16 delatores que haviam assinado acordos entre o final de 2014 e meados de 2015 em troca de prisão domiciliar, incluindo doleiros e ex-diretores da Petrobras.

Mas nem tudo foram flores para a equipe de Deltan Dallagnol. No final do dia 6 de outubro, às 23h16, ele foi chamado ao Telegram pelo diretor da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI) da Procuradoria-Geral da República (PGR), Vladimir Aras: “Delta, MSG DO MJ”.

A mensagem era grave. O Ministério da Justiça acabara de tomar conhecimento da visita dos americanos pelo Itamaraty – quando eles já estavam em Curitiba.

Segundo um acordo bilateral, atos de colaboração em matéria judicial entre Brasil e Estados Unidos – tais como pedir evidências como registros bancários, realizar buscas e apreensões, entrevistar suspeitos ou réus e pedir extradições – normalmente são feitos por meio de um pedido formal de colaboração conhecido como MLAT, que estipula que o Ministério da Justiça deve ser o ponto de contato com o Departamento de Justiça americano. O procedimento é estabelecido pelo Acordo de Assistência Judiciária em Matéria Penal, tratado bilateral assinado em 1997.

Naquela época, o ministério era chefiado pelo ministro José Eduardo Cardozo, sob a presidência de Dilma Rousseff (PT).

A mediação é feita pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça, o DRCI, então chefiado pelo delegado da Polícia Federal (PF) Ricardo Saadi. Era dele a interpelação que dizia que o governo não fora informado da visita dos procuradores e agentes americanos. No final, o encontro ocorreu à revelia do Executivo, em tratativas diretas entre os americanos e os procuradores de Curitiba.

O email enviado por Saadi dizia o seguinte: “Fomos informados hoje pelo Ministério de Relações Exteriores (MRE) sobre possível vinda de autoridades americanas para o Brasil para conversar com autoridades brasileiras e/ou realizar investigações no âmbito da Operação Lava Jato. Considerando que, até a presente data, este DRCI não tinha qualquer conhecimento dessa possibilidade, pergunto: 1. O MPF tem conhecimento sobre eventual vinda de autoridades norte-americanas para o Brasil para conversar com autoridades brasileiras e/ou para praticar atos de investigação ? 2. Em caso positivo, qual o período que ficariam em solo nacional ? 3. Foi feito algum contato oficial nesse sentido ? 4. Quais seriam as atividades desenvolvidas pelos norte-americanos em solo nacional ? 5. O MPF teria nome/função das autoridades americanas que viriam ? 6. Outras informações que entender relevantes”.

O recado foi compartilhado no chat “FTS-MPF”, onde membros da Lava Jato coordenavam ações com outros procuradores.

Especialistas ouvidos pela Agência Pública e The Intercept Brasil afirmam que quaisquer diligências – atos de investigação que vão gerar um processo e provas criminais – em solo nacional teriam que ser oficializadas por meio de um MLAT. Procurado pela reportagem, procurador Vladimir Aras respondeu, por nota, que “as reuniões prévias e o intercâmbio de informações no curso da investigação compreendem a etapa chamada ‘pré-MLAT’. O MP e a Polícia não estão obrigados a revelar ou a reportar esses contatos a qualquer autoridade do Poder Executivo”.

Mas os diálogos demonstram que, como a cooperação internacional não é regulamentada por lei nacional que estabeleça procedimentos padrões, os membros da Lava Jato exploraram zonas cinzentas que permitiram aos americanos avançar suas investigações, escondendo esse fato do governo federal – em especial, durante a época em que Dilma Rousseff ainda era presidente. Os contatos geraram questionamentos dentro da PGR e são ainda mais sensíveis por terem como alvo a empresa de economia mista Petrobras.

Em um chat de 13 de fevereiro de 2015, Deltan Dallagnol demonstra desconfiança em relação ao DRCI – e ao governo Dilma.

Questionado por Vladimir Aras sobre se estaria “tudo tranquilo” com o delegado federal Isalino Antonio Giacomet Junior, que era assessor do DRCI, Dallagnol responde: “Tranquilo, obrigado, embora eu não goste da ideia do executivo olhando nossos pedidos e sabendo o que há. Ainda bem que é o Saadi e não o Tuminha lá”, diz, referindo-se ao ex-delegado Romeu Tuma Júnior.

Em setembro de 2019, a força-tarefa da Lava Jato afirmou ao site The Intercept Brasil e ao UOL que “diversas autoridades estrangeiras de variados países vieram ao Brasil para a realização de diligências investigatórias, algumas ostensivas, outras sigilosas, conforme interesse dessas autoridades. Sendo um caso ou outro, todas as missões de autoridades estrangeiras no País são precedidas de pedido formal de cooperação e de sua autorização”. A primeira visita americana a Curitiba, porém, ocorreu sem nem mesmo o conhecimento do MJ. Durante quatro dias, os americanos foram apresentados a advogados de delatores e já começaram negociações de colaboração com a Justiça dos EUA. Depois, a força-tarefa orientou os americanos a convencer os colaboradores a ir aos EUA para depor, a fim de não ficarem sujeitos às limitações da lei brasileira. Se isso não fosse possível, eles ofereceriam sugestões sobre interpretações “mais flexíveis” das decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). E a força-tarefa ainda se comprometeu a “pressionar” os investigados a colaborar com os EUA. Além disso, a agenda da visita não foi divulgada para a imprensa brasileira a pedido dos americanos, segundos revelam os diálogos.

Procurada pela Pública, a força-tarefa Lava Jato afirmou, por nota, que “a necessidade de formalização da diligência ocorre quando ela tem cunho probatório (“diligências investigatórias”), destinando-se, por exemplo, a colher depoimentos formais que são enviados via canais oficiais. A informação não engloba, certamente, contatos e conversas entre autoridades, que podem se dar informalmente, por telefone ou pessoalmente”. Afirmou também que “Eventuais reuniões com autoridades alienígenas – e foram dezenas, algumas presenciais e outas virtuais com diversos países -, não necessitam de qualquer formalização via DRCI, mas apenas autorização interna dos respectivos órgãos interessados”. O posicionamento completo da força-tarefa está reproduzido no final desta reportagem, a pedido da assessoria de imprensa. (Continua)

 

16
Jun20

Quem pagou e mandou matar o advogado que pediu a prisão de Sérgio Moro

Talis Andrade

16.mar.2017 - Posto da Torre, no Setor Hoteleiro Sul, região central de Brasília, onde teve início a Operação Lava Jato em 2014 - Pedro Ladeira/Folhapress

Posto da Torre, no Setor Hoteleiro Sul, região central de Brasília, onde teve início a Operação Lava Jato em 2014, para prender traficantes internacionais de drogas

 

Não gosto muito de teorias conspiratórias. 

Importante recordar que a Lava Jato teve início com a prisão do dono de um camuflado posto de gasolina em Brasília, Carlos Habid Chater, pelo envolvimento com um traficante internacional de cocaína, ambos financiados pelo chefe da máfia libanesa o esquecido, na época, Alberto Youssef. Interessante que o pai do dono da bomba de gasolina jamais foi tocado pela polícia, desde os tempos de Tuma, chefe da Polícia Federal, apesar de comandar o tráfico de pedras preciosas. 

Youssef, hoje solto, como aconteceu com Dario Messer, depois do assalto ao BanEstado, com Sergio Moro de juiz, Carlos Fernando dos Santos Lima de procurador, Maurício Valeixo de delegado, ora aparecia como morto, ora como foragido no exterior.

MISTERIOSO OURIVES

Os citados voltam ao noticiário (?) com a execução, em Curitiba, de Igor Martinho Kalluf, de 40 anos, empresário e advogado, que cursava doutorado em Ciências Jurídicas, na Universidade de Lisboa.

Segundo a Delegacia de Homicídios, a linha de investigação inicial para a motivação do assassinato de Igor envolveu uma possível retaliação à atuação política do advogado sobre o processo movido contra Sérgio Moro, mas a hipótese já foi descartada.

A polícia, no mesmo dia do assassinato, fez circular que Igor cobrava uma dívida de 450 mil de um ourives de São Paulo. 

O nome do ourives, que vendeu as pedras preciosas, continua em segredo. Idem do contratante de três pistoleiros. A polícia espetáculo está calado, a justiça ativista ficou de repente muda. Veja vídeo abaixo do bárbaro e estranho crime neste Brasil sem lei. 

A mídia, principalmente a Globo, ignora o assassinato e o velório do advogado Igor Kalluf, que pedira a prisão de Moro!

 

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Igor Martinho Kalluf

por Emanuel Cancella

Hoje, dia 15, em toda mídia, principalmente a Globo, assistimos em todos os jornais à prisão de Sara Winter, e,em nenhum, assistimos a notícias acerca da execução covarde e brutal do advogado Igor kalluf que, com base na lei, pedira a prisão preventiva dos membros da Lava Jato, Moro, Deltan, Lima, Tessler e Gerum (3).  

Tentam abafar o caso tanto que sem qualquer investigação mais profunda, a Polícia Civil do Paraná nega a relação da morte de Kalluf com a ação contra Moro (1).

Também não mostraram qualquer imagem do velório de Igor, quando, como de praxe, os parentes e amigos expressam seus sentimentos e também denunciam arbitrariedades. Como Igor não morreu de Covid-19, com certeza, foi permitido velório.

Procure no Google imagens e notícia, e estamos falando de um Igor Kalluf, advogado de um grupo seleto na sociedade brasileira, que ousou enfrentar Sergio Moro, chefe da Lava Jato, e com base na lei pedir sua prisão (1,4).     

Da mídia o que se sabe é que o advogado Igor kalluf de 40 anos e seu amigo Henrique Mendes Neto, de 38 anos, quando assassinados, Igor estava a serviço de um comerciante de pedras preciosas (1).

Não se sabe se Igor tinha namorada ou era casado, tinha filhos, não vimos e nem assistimos ao depoimento dos pais e parentes, tudo como uma queima de arquivo.

Se de Sara Winter, uma terrorista, que ameaçou ministro do STF, tacar fogo no STF e aparece nas fotos fortemente armada e ameaçadora, tudo se sabe, principalmente através da cobertura midiática.

Já do advogado Igor kalluf a imprensa esconde vergonhosamente o caso, com certeza para proteger a Lava Jato. Igor fez coro com a OAB, que por unanimidade, pediu o afastamento dos chefes da Lava Jato, o ex-juiz Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnoll, de cargos públicos, para que não usassem a máquina pública em benefício próprio (2).

Igor Kalluf também fortaleceu as denúncias do The Intercepet-Brasil que mostrou o mar de lama da Lava Jato, principalmente de Moro e Dallagnol, inclusive provando com áudios. Vide anotações de Emanuel Cancella aqui      

 

 

28
Dez19

Porta dos Fundos: Cadê a PF do Moro?

Talis Andrade

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Por Ricardo Kotscho
 
“Se os terroristas que atacaram o Porta dos Fundos não forem imediatamente punidos, isso vai empurrar o país para conflito de proporções gigantescas”, alertou o escritor Paulo Coelho no Twitter.

Já se passaram 72 horas desde o atentado terrorista, às vésperas do Natal, quando duas bombas molotov foram atiradas contra a sede da produtora do grupo de humor Porta dos Fundos, no bairro do Humaitá, na zona sul do Rio.

Até o momento em que escrevo, Sergio Moro, o ministro da Justiça, sempre tão ágil e prestativo quando se trata de defender os interesses do governo, não deu um pio, não anunciou nenhuma providência e, até onde se sabe, não acionou a Polícia Federal, que só continua preocupada com Lula.

Só quem se mobilizou até agora foram os evangélicos, mas para apoiar o atentado e pedir punição contra o grupo de humoristas, por ter exibido na Netflix o programa especial de Natal “A Primeira Tentação de Cristo”, que apresenta uma versão gay de Jesus.

Presidente da Câmara Municipal de São Paulo, o evangélico Eduardo Tuma, eventual substituto do prefeito Bruno Covas, entrou com uma ação na Justiça, junto com o Conselho Nacional dos Conselhos de Pastores do Brasil, para pedir uma indenização de R$ 1 milhão por dano moral coletivo e mais R$ 1 mil “a todos os cristãos que se sentirem lesados”.

Um abaixo-assinado já com mais de 2,4 milhões de nomes circula na internet pedindo o veto total à produção do Porta dos Fundos.

“O ato não é isolado, mas fruto de um ódio que vem sendo espalhado no Congresso e na internet. Vale repensar, no aniversário de Cristo, se compreenderam o que ele quis dizer”, afirmou o ator Gregório Duvivier, que faz o papel de Jesus.

Câmeras de segurança identificaram a placa da caminhonete usada no atentado do Humaitá, em que um dos terroristas aparece com o rosto descoberto, mas a polícia carioca também não se manifestou até o momento.

Dá para imaginar a reação fulminante de Moro e Bolsonaro, se o atentado tivesse sido cometido contra um dos templos frequentados pelo presidente.

Já teriam convocado todas as tropas para sair às ruas.

Mas parece que só Paulo Coelho e eu estamos preocupados com isso, porque até a classe artística não se manifestou ainda exigindo a prisão dos terroristas.

Enquanto todo mundo finge que nada de grave aconteceu, um grupo que se diz integrante do redivivo Movimento Integralista, a extrema-direita que infernizou o país entre 1932 e 1938, reivindicou num vídeo a autoria do atentado contra o Porta dos Fundos.

No vídeo, divulgado pelas redes sociais, um homem lê o “manifesto” dos supostos integralistas, para dizer que se trata de uma “ação direta revolucionária para justiçar os anseios de todo povo brasileiro contra a atitude blasfema, burguesa e antipatriótica”.

Posso estar enganado, mas as lembranças da ditadura militar me fazem pensar que esta história da volta dos “camisas verdes” de Plínio Salgado, assumindo o ataque contra o Porta dos Fundos, é apenas um despiste para esconder os verdadeiros autores.

Se a PF de Moro estiver mesmo interessada em chegar aos verdadeiros responsáveis, pode começar procurando nos porões dos órgãos de segurança e dos xiitas fundamentalistas que querem colocar fogo no país.

Mudam os personagens, mas não mudam os métodos daqueles agentes que atuam nas sombras, como aqueles que participaram do célebre atentado ao Riocentro, nos tempos do general Figueiredo.

Paulo Coelho está certo: o terror voltou, e não encontra reação.

Vida que segue.
 
21
Set18

Há ineficiência ou má fé da PF na prorrogação do inquérito sobre Bolsonaro

Talis Andrade

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por Geraldo Seabra

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Depois de falhar na proteção que devia oferecer com seus 21 agentes ao candidato Jair Bolsonaro (PSL), e se estender de forma demasiada nas investigações para descobrir as reais motivações para a agressão à faca sofrida pelo ex-capitão durante passeata em Juiz de Fora, a Polícia Federal volta a dar provas da sua ineficiência – ou má fé - ao pedir a prorrogação das investigações para elucidação de um crime cujo principal suspeito foi preso em flagrante, minutos depois de consumar a agressão.

 

Ao prorrogar por mais 15 dias as investigações, a PF marca a divulgação do resultado do seu inquérito exatamente para as vésperas da eleição que tem por vítima exatamente o líder das pesquisas. E que já se beneficiou do atentado como deixa claro seu crescimento nas pesquisas, em razão da cobertura da mídia que noticia a evolução do seu quadro clínico desde os primeiros momentos do atentado.

 

Resta saber a quem pretende servir a PF, ao marcar para as vésperas da eleição a conclusão do inquérito. Como se recorda, nas eleições de 1989, procurou-se vincular ao PT o sequestro do empresário Abílio Dinis, então dono do grupo Pão de Açúcar. Presos no cativeiro de Diniz usando camisas da campanha de Lula, os envolvidos no sequestro do empresário disseram depois que a Polícia os obrigou a vestir as roupas.

 

Até mesmo teses acadêmicas já provaram que ao ser relacionado ao PT e desmentido logo após a eleição, a cobertura pela mídia (O Globo, Estadão, O Globo, Veja, Tv Globo etc.) do sequestro de Abílio Diniz pode ter sido decisiva para o resultado do segundo turno da eleição, que deu a vitória de Fernando Collor sobre Lula.

 

Sempre às vésperas de eleição arranja-se um fato para vinculá-lo ao PT. No início da semana, insinuou-se por vias transversas que o dinheiro apreendido pela Polícia Federal no aeroporto de Guarulhos na bagagem do vice-presidente da Guiné Equatorial seria destinado à campanha de Fernando Haddad.

 

No domingo passado, em entrevista ao Estadão, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, justificou o crescimento da candidatura de Bolsonaro nos quarteis "porque ele procura se identificar com as questões que são caras às Forças Armadas".

 

Essas questões com que se identificam Bolsonaro e os militares não são diversas das que fizeram da Polícia Federal linha auxiliar dos órgãos de repressão da ditadura militar (1964-1985).

 

Isso faz com que esse papel de polícia política, que voltou a contaminar a Polícia Federal no episódio do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que levado à morte depois de preso sem provas e afastado de suas funções da UFSC, seguida da perseguição que faz ao corpo docente da instituição, torna questionável as intenções da PF ao marcar para a véspera do pleito presidencial a conclusão do seu inquérito sobre o atentado a Jair Bolsonaro.

 

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09
Ago18

A Polícia Federal de volta aos anos de chumbo dos cachorros e secretas

Talis Andrade

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 Lava Jato de Curitiba já concedeu 1 063 delações premiadas

 

 

Lula presidente trabalhou por enterrar a Polícia Federal, a polícia política, criada pela ditadura de 64 para ser o braço armado do SNI, Serviço Nacional de Informações, cujos agentes perseguiram Lula líder sindical no ABC. 

 

O trabalho de Lula presidente de recriar uma Polícia Federal para um novo Brasil moderno, independente, potência do BRICS, mereceu um esperado histórico do delegado Paulo Fernando Lacerda. 

 

O Brasil do golpe de 2016 fez renascer das cinzas o corpo monstruoso da Polícia Federal que, nos tempos de chumbo da ditadura militar, prendeu, torturou presos políticos, e teve como diretor Romeu Tuma, que tinha as chaves dos cemitérios clandestinos de São Paulo. 

 

Os secretas e cachorros voltaram a perseguir, a espionar, a grampear Lula, a mando de Sergio Moro, e o líder operário revê seu carcereiro Tuma ressuscitado na juíza Carolina Lebbos, alcunhada pela revista Veja de "a algoz de Lula". 

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Transcrevo histórica reportagem de Vasconcelo Quadro, "Com sangue na boca".

 

Em entrevista à Pública, o delegado Paulo Lacerda, que reestruturou a PF no governo petista, critica protagonismo do MPF e diz que tribunal furou a fila para condenar Lula

 

“A ideia era tirar Lula do processo eleitoral”
“Havia mais de cem processos na pauta [antes do tríplex]”
“Sem investimentos [de gestão Lula] não haveria Lava Jato” 

 

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Em 18 anos de redemocratização, os governos pós-ditadura não tiveram a ousadia de mexer na PF para adequá-la ao combate a corrupção. O desinteresse, na opinião de Paulo Lacerda, tinha uma razão objetiva: nenhum governo resistiria, sem colocar em risco o próprio pescoço, a uma polícia forte, independente e com meios materiais e legais para investigar. Era mais interessante que a PF continuasse atrás de mafiosos, traficantes, contrabandistas e, de vez em quando, algum criminoso do colarinho branco, desde que a prisão deste, é claro, não afetasse os poderes da República.

 

Cortando na própria carne

 

Duas semanas depois de Lacerda ter dito que abriria a caixa-preta da PF, mais de 20 policiais federais (um deles foi Newton Ishii, o carcereiro conhecido como japonês da Federal), entre delegados e agentes que formavam todo o efetivo da delegacia Foz do Iguaçu, eram presos na investigação que ficou conhecida como Operação Sucuri. Pouco tempo depois, viria a Operação Anaconda, que desvendaria um esquema de venda de sentenças que começava na investigação e terminava na Justiça Federal. Um juiz, João Carlos da Rocha Matos, um agente federal, Cesar Herman Rodrigues e um delegado, José Augusto Belline, foram presos e apontados como chefes da organização criminosa.

 

O delegado havia recusado dois convites para dirigir a PF, um no governo de Itamar Franco e o outro no de Fernando Henrique Cardoso, por não sentir que teria o apoio necessário para o que julgava que seria preciso fazer. Respondera com um “sonoro” silêncio ao convite em tom de “intimação”, feito pelo então ministro da Justiça de Itamar, Maurício Corrêa, mais tarde ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ficou surpreso ao ser chamado para participar de um governo do PT. Estava, àquela altura, trabalhando como assessor de Romeu Tuma no Senado, portanto, prestando serviços ao PFL (atual DEM) em CPIs do Congresso.

 

“Nunca participei e nem tenho qualquer vínculo com a política, mas jamais imaginei que o PT chamaria alguém que estava trabalhando para o PFL, que era seu principal adversário”, disse Lacerda à Pública.

 

Apresentado a Lula por Bastos, numa conversa breve com o então presidente, recebeu carta branca e a garantia de que a PF teria liberdade e os meios necessários. “Vamos fazer grandes mudanças. Você terá todo o apoio. O que o Márcio disser está ok”, disse o ex-presidente, conforme se recorda o delegado.

 

“A primeira resposta concreta do governo foi o esforço que resultou num empréstimo internacional de US$ 500 milhões destinados a equipar e modernizar a polícia, contratar mais servidores e melhorar os salários dos policiais. O dinheiro estava aprovado desde os governos de Fernando Henrique, mas ninguém teve interesse em liberá-lo”, conta.

 

A penúria da PF era grande: faltava de combustível para viaturas a papel higiênico. Sedes regionais e delegacias, como as do Paraná, estavam instaladas em casas acanhadas, alugadas, e frequentemente eram alvos de alguma ordem de despejo por falta de pagamento. A principal superintendência do país, a de São Paulo, ocupava todos os 24 andares do edifício Wilton Paes de Almeida, encravado no largo do Paissandu, tão precário e inseguro que ninguém que o tenha frequentado se surpreendeu quando desabou ardendo em chamas no dia 1º de maio deste ano.

 

Viabilizado por entendimento entre os governos da Espanha, França e Alemanha, para dar suporte ao combate a crimes, como o tráfico de drogas, que afetava a Europa, o dinheiro deveria ser empregado para modernizar as polícias da América do Sul. O Brasil não o estava usando, mas, como havia assinado os protocolos e pré-contratos, pagava em dólar a contrapartida. “Quando soube que o empréstimo já estava reservado, pronto para ser liberado, Lula disse que o dinheiro tinha de ser usado. Mas houve um problema: “O Palocci [ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, preso atualmente] não queria. O ministro Márcio Thomaz Bastos foi a ele e o convenceu. Lula deu então a palavra final, aprovando”, afirma Lacerda.

 

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Paulo Lacerda reestruturou a PF no governo petista

 

O delegado havia recusado dois convites para dirigir a PF, um no governo de Itamar Franco e o outro no de Fernando Henrique Cardoso, por não sentir que teria o apoio necessário para o que julgava que seria preciso fazer. Respondera com um “sonoro” silêncio ao convite em tom de “intimação”, feito pelo então ministro da Justiça de Itamar, Maurício Corrêa, mais tarde ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ficou surpreso ao ser chamado para participar de um governo do PT. Estava, àquela altura, trabalhando como assessor de Romeu Tuma no Senado, portanto, prestando serviços ao PFL (atual DEM) em CPIs do Congresso.

 

“Nunca participei e nem tenho qualquer vínculo com a política, mas jamais imaginei que o PT chamaria alguém que estava trabalhando para o PFL, que era seu principal adversário”, disse Lacerda à Pública.

 

Apresentado a Lula por Bastos, numa conversa breve com o então presidente, recebeu carta branca e a garantia de que a PF teria liberdade e os meios necessários. “Vamos fazer grandes mudanças. Você terá todo o apoio. O que o Márcio disser está ok”, disse o ex-presidente, conforme se recorda o delegado.

 

“A primeira resposta concreta do governo foi o esforço que resultou num empréstimo internacional de US$ 500 milhões destinados a equipar e modernizar a polícia, contratar mais servidores e melhorar os salários dos policiais. O dinheiro estava aprovado desde os governos de Fernando Henrique, mas ninguém teve interesse em liberá-lo”, conta.

 

A penúria da PF era grande: faltava de combustível para viaturas a papel higiênico. Sedes regionais e delegacias, como as do Paraná, estavam instaladas em casas acanhadas, alugadas, e frequentemente eram alvos de alguma ordem de despejo por falta de pagamento. A principal superintendência do país, a de São Paulo, ocupava todos os 24 andares do edifício Wilton Paes de Almeida, encravado no largo do Paissandu, tão precário e inseguro que ninguém que o tenha frequentado se surpreendeu quando desabou ardendo em chamas no dia 1º de maio deste ano.

 

Viabilizado por entendimento entre os governos da Espanha, França e Alemanha, para dar suporte ao combate a crimes, como o tráfico de drogas, que afetava a Europa, o dinheiro deveria ser empregado para modernizar as polícias da América do Sul. O Brasil não o estava usando, mas, como havia assinado os protocolos e pré-contratos, pagava em dólar a contrapartida. “Quando soube que o empréstimo já estava reservado, pronto para ser liberado, Lula disse que o dinheiro tinha de ser usado. Mas houve um problema: “O Palocci [ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, preso atualmente] não queria. O ministro Márcio Thomaz Bastos foi a ele e o convenceu. Lula deu então a palavra final, aprovando”, afirma Lacerda.

 

O delegado diz que a PF conseguiu comprar o que havia de mais moderno em recursos de tecnologia para equipar a polícia em todas as áreas de investigação. Uma das novidades, a cereja do bolo, leva o nome de guardião, um equipamento de última geração, usado para grampear em sequência telefones de alvos de investigação. É, ainda hoje, uma ferramenta indispensável na vigilância de uma “clientela” que não desgruda do telefone. “O efetivo da PF, que era de 8 mil, subiu para 15 mil apenas com a convocação dos candidatos que já haviam sido aprovados em concursos. Ampliamos o Instituto Nacional de Criminalística e conseguimos dar uma boa arma para cada policial, a pistola Glock”, conta.

 

As operações Sucuri e Anaconda deram à PF a necessária musculatura moral para se desviar da prática de engavetar investigações contra políticos. A direção da PF passou a organizar uma série de operações, todas elas centralizadas em Brasília e sob a coordenação de dirigentes escolhidos entre os policiais mais antigos ou, como define Lacerda, “os melhores da minha geração”. Delegados mais novos, é claro, reclamaram, mas a PF tinha um comando experiente e centralizado. Vieram o Mensalão, Vampiro, Sanguessuga, Mecenas, Matusalém, Navalha e, entre as centenas contabilizadas nos primeiros quatro anos do governo do PT, a Xeque-Mate, que colocaria ministros, parlamentares, empresários, juízes e servidores graduados no banco dos réus.

 

A PF tornou-se, no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma espécie de “ilha de excelência” na área de investigações, inclusive no combate a crimes contra o patrimônio, que o delegado faz questão de lembrar: “Quando houve o assalto [na verdade foi um furto cinematográfico] ao Banco Central de Fortaleza [de onde foram levados R$ 164 milhões em agosto de 2005], organizamos a Operação Toupeira, na qual, sem precisar disparar um tiro, prendemos 29 criminosos ligados ao PCC, autores do crime”.

 

A PF promoveu um processo de repressão sem tiros nem violência, abrindo caminho para que, uma década depois, o país assistisse, ao vivo e em cores, políticos poderosos e a nata do empresariado nacional, dona de pelo menos um terço do PIB brasileiro, resignados, seguirem em constrangedora romaria para a cadeia.

 

O choque com Lula

 

A ofensiva sofreria um baque logo depois da Operação Xeque-Mate, que tinha entre os alvos Genival Inácio da Silva, o Vavá, o irmão-problema do então presidente, em cuja residência a polícia fez uma devassa. Se as buscas deram algum resultado, este foi colocar a PF em choque com o Palácio do Planalto. O episódio abriu caminho para o desgaste de Lacerda, que mais tarde, no início do segundo mandato de Lula, por medo e pressão da base parlamentar governista, seria substituído.

 

Lacerda foi transferido para o comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), de onde apoiou o delegado Protógenes Queiroz nas investigações que prenderam o banqueiro Daniel Dantas, na Operação Satiagraha e, mais uma vez, bombardeado pelos políticos, começou a balançar no cargo. A pá de cal foi a suspeita de que teria autorizado um grampo nos telefones do ex-senador Demóstenes Torres e do ministro Gilmar Mendes, então presidente do STF.

 

Pressionado nos bastidores por Mendes, que reclamava insistentemente do “estado policialesco” da era Lacerda, e pelo ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, Lula demitiu o delegado e o nomeou adido policial em Portugal, um jeito político para livrar-se de possíveis problemas. Foi um duplo equívoco do governo petista. As investigações minuciosas da própria PF comprovariam que o grampo não existiu, mas a saída de Lacerda abriria um vácuo de comando no setor de inteligência e de segurança do governo, deficiência que o MPF enxergou e da qual tiraria proveito.

 

Aposentado, atualmente prestando serviços a uma entidade privada de segurança, o delegado teria todos os motivos para odiar Lula. Mas, ao ver as imagens do ex-presidente, no dia 7 de abril, sendo conduzido à prisão, um insuspeito Lacerda não conseguiu conter sua habitual discrição. Postou no WhatsApp um pequeno texto, ilustrado com a foto de uma placa de inauguração da PF de Curitiba em que se destacava o nome de Lula, endereçado aos mais de mil delegados que integram um grupo fechado na internet.

 

“Se não fossem os grandes investimentos [do governo Lula], dificilmente teria havido a Operação Lava Jato. É uma grande ironia do destino: hoje o ex-presidente Lula é o mais ilustre dos presos da PF em Curitiba”. No texto, ele lembrou ainda que foi também no Paraná que o governo petista havia construído a mais bem aparelhada sede regional da PF e a primeira prisão federal de segurança máxima (em Catanduvas), cujo corregedor seria o juiz Sérgio Moro. 

 

Voz solitária

 

Lacerda é uma voz quase solitária no meio policial a apontar, nos bastidores, os exageros da Lava Jato. Acompanha de perto o roteiro de investigações que deram protagonismo a procuradores que, em sua época no comando da PF, apenas cumpriam o principal papel do Ministério Público (MP), que é fiscalizar o trabalho da polícia e auxiliar nas investigações para que a denúncia resulte numa ação penal bem instruída, que dê ao julgador parâmetros para uma sentença justa. Lacerda acha que, ao “puxar o freio de mão” na ofensiva contra políticos, a PF acabou abrindo caminho para que o MPF se projetasse como protagonista da nova era.

 

Percebendo que o órgão recuara, o MPF pegou carona na onda das grandes manifestações de 2013, promoveu uma campanha publicitária contra a corrupção, criou uma força-tarefa e assumiu a paternidade da Lava Jato, investigação que havia sido iniciada pela PF. Os procuradores já haviam tentado, sem sucesso, assumir investigações no período de Lacerda.

 

“Não tem problema. Os senhores serão bem-vindos. Nós temos centenas de inquéritos que estão parados ou andando devagar por falta de gente”, reagiu Lacerda numa reunião com procuradores. Foi uma ducha de água fria. O que o MPF queria não eram investigações triviais, de rotina. Na opinião de Lacerda, o MPF queria investigar alvos que atraíssem holofotes.

 

Em 2009 o então procurador-geral da República Roberto Gurgel encontrou uma forma de colocar o MPF nas investigações: criou, por norma aprovada no Conselho Nacional do Ministério Público, o chamado PIC, sigla de Procedimento de Investigação Criminal, pelo qual passou a abrir inquéritos para atuar nos casos de maior repercussão.

 

O problema é que a norma que instituiu o PIC passava por cima do que diz a Constituição, que define com clareza o papel de cada instituição no sistema penal: polícia investiga, procurador denuncia e juiz julga. Em 2013, no entanto, aproveitando-se da difusa pauta que emergia da onda de protestos, promotores e procuradores se incorporaram às manifestações para bradar contra a corrupção e derrubar a emenda parlamentar, a PEC-37 que, redundante, propunha exatamente o que está na Constituição. Por pressão das ruas, a PEC, que afastaria o MP de investigações sobre corrupção se aprovada, acabou esmagada na Câmara dos Deputados por 430 votos a favor do arquivamento e 9 contra.

 

Diante do grande número de investigações baseadas na norma e da insegurança jurídica gerada, o STF se viu obrigado a analisar a validade dos PICs, questionado por mais de uma centena de ações que pediam sua anulação, sob o argumento de que era inconstitucional. No final, contra o que havia decidido a Constituinte de 1988, o STF acabou validando as investigações do MPF, consolidando também o interminável conflito com a PF em torno da prerrogativa de investigar. Do contrário, teria de anular dezenas de processos, alguns deles relacionados ao PCC.

 

Lacerda achava que, ao assumir investigações, o MPF usurparia uma atribuição histórica da polícia e perderia a isenção necessária para formular a denúncia. Havia também uma razão prática: um procurador, culturalmente habituado a pedir e analisar inquéritos, não tem experiência em investigação de rua nem a sagacidade inerente ao policial e, portanto, poderia cometer equívocos ou ser levado na lábia.

 

O acordo de delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, que corre o risco de ser anulado, parece dar razão ao delegado. Além disso, o novo papel impôs ao MPF um ônus moral, com sérias suspeitas de envolvimento com corrupção na medida em que integrantes da instituição se viram obrigados a botar o pé na lama. O caso mais visível está no noticiário e ainda renderá: estrategista dos acordos de delação, o ex-procurador Marcelo Miller, um dos braços do ex-PGR Rodrigo Janot, acusado de ter mudado de lado e de receber dinheiro da JBS enquanto ainda estava ligado ao MPF, é agora réu acusado de corrupção.

 

O protagonismo sobre a Lava Jato deu ao MPF poderes jamais alcançados pela instituição. Só agora, quatro anos depois, é que o STF centrou foco na análise da principal ferramenta das investigações, a delação, base principal de uma infinidade de prisões e de condenações. A Segunda Turma do STF já rejeitou a colaboração premiada de réus como fundamento exclusivo para condenação, entendimento que poderá favorecer Lula, condenado a 12 anos e um mês pela delação do empresário Léo Pinheiro, ex-dirigente da OAS.

 

O roteiro seguido pelos investigadores no caso do tríplex, segundo o delegado, revela que a intenção de desconstruir Lula politicamente foi mais forte do que o combate a corrupção. “Foram com sangue na boca. A ideia era tirar Lula do processo eleitoral. Para julgá-lo rapidamente, o tribunal furou a fila. Antes do processo do tríplex, havia mais de cem casos esperando para entrar na pauta”, diz Lacerda.

 

Mesmo considerando que o ex-presidente tenha cometido algum delito, o delegado afirma que a pena e a prisão são desproporcionais: “A base da condenação é frágil. O máximo que o Lula poderia pegar seria uma pena alternativa, como distribuição de cestas de alimentos à comunidade, ou uma prisão domiciliar”. [Transcrevi trechos]

15
Mai18

Como lidar cada dia com uma indignação imensa contra os bandidos responsáveis por essa armação política da qual sou vítima e ao mesmo tempo sem dar lugar ao ódio

Talis Andrade

Passei oito anos na presidência. Nunca me permiti ir com Marisa a um restaurante de luxo, nunca fiz visitas de diplomacia na casa de ninguém... Fiquei ali trabalhando sem parar quase noite e dia... E agora esses moleques vêm me chamar de ladrão

 

marcelo barros.jpg

Meu encontro com Lula na prisão
Por Marcelo Barros, monge beneditino

 

Desde que a justiça liberou visitas religiosas, fui o segundo a ter graça de visitar o presidente Lula em sua prisão. (Quem abriu a fila foi Leonardo Boff na segunda-feira passada).



Eram exatamente 16 horas quando cheguei na dependência da Polícia Federal onde o presidente está aprisionado. Encontrei-o sentado na mesa devorando alguns livros, entre os quais vários de espiritualidade, levados por Leonardo.

 

Cumprimentou-me. Entreguei as muitas cartas e mensagens que levei, algumas com fotografias. (Mensagem do Seminário Fé e Política, de um núcleo do Congresso do Povo na periferia do Recife, da ASA (Articulação do Semi-árido de Pernambuco) e de muitos amigos e amigas que mandaram mensagens.

 

Ele olhou uma a uma com atenção e curiosidade. E depois concluiu:


- De saúde, estou bem, sereno e firme no que é meu projeto de vida que é servir ao povo brasileiro como atualmente tenho consciência de que eu posso e devo. Você veio me trazer um apoio espiritual. E o que eu preciso é como lidar cada dia com uma indignação imensa contra os bandidos responsáveis por essa armação política da qual sou vítima e ao mesmo tempo sem dar lugar ao ódio.

 

Respondi que, nos tempos do Nazismo, Etty Hillesum, jovem judia, condenada à morte, esperava a hora da execução em um campo de concentração. E, naquela situação, ela escreveu em seu diário:

 

“Eles podem roubar tudo de nós, menos nossa humanidade. Nunca poderemos permitir que eles façam de nós cópias de si mesmos, prisioneiros do ódio e da intolerância”.

Vi que ele me escutava com atenção e acolhida. E ele começou a me contar a história de sua infância. Contou como, depois de se separar do marido, dona Lindu saiu do sertão de Pernambuco em um pau de arara com todos os filhos, dos quais ele (Lula) com cinco anos e uma menina com dois.

 

Lembrou que quando era menino, por um tempo, ajudava o tio em uma venda. E queria provar um chiclete americano que tinha aparecido naqueles anos. Assim como na feira, queria experimentar uma maçã argentina que nunca havia provado. No entanto, nunca provou nem uma coisa nem outra para não envergonhar a mãe.

 

E aí ele prosseguia com lágrimas nos olhos: "Agora esses moleques vêm me chamar de ladrão. Eu passei oito anos na presidência. Nunca me permiti ir com Marisa a um restaurante de luxo, nunca fiz visitas de diplomacia na casa de ninguém... Fiquei ali trabalhando sem parar quase noite e dia... E agora, os caras me tratam dessa maneira..."

Eu também estava emocionado. O que pude responder foi:


- O senhor sabe que as pessoas conscientes, o povo organizado em movimentos sociais no Brasil inteiro acreditam na sua inocência e sofrem com a injustiça que lhe fizeram. Na Bíblia, há uma figura que se chama o Servo Sofredor de Deus que se torna instrumento de libertação de todos a partir do seu sofrimento pessoal. Penso que o senhor encarna hoje, no Brasil essa missão.

 

Comecei a falar da situação da região onde ele nasceu e lhe dei a notícia de que a ASA (Articulação do Semi-árido) e outros organismos sociais estão planejando um grande evento para o dia 13 de junho em Caetés, a cidadezinha natal dele. Chamar-se-á “Caravana do Semi-árido pela Vida e pela Democracia" (contra a Fome – atualmente de novo presente na região – e por Lula livre).

 

A partir daquela manifestação, três ônibus sairão em uma caravana de Caetés a Curitiba para ir conversando com a população por cada dia por onde passará até chegar em Curitiba e fazer uma festa de São João Nordestino em frente à Polícia Federal.

 

Ele riu, se interessou e me pediu que gravasse um pen-drive com músicas de cantores de Pernambuco, dos quais ele gosta. Música de qualidade e que não estão no circuito comercial.
Vergonha. Nunca tinha ouvido falar de nenhum e nem onde encontrar. Ele me disse que me mandaria os nomes pelo advogado e eu prometi que gravaria.

 

Distenção feita, ele quis me mostrar uma fotografia na parede na qual ele juntou os netos. Explicou quem é cada um/uma e a sua bisneta de dois anos (como parece com dona Marisa, meu Deus!).

 

Começou a falar mais da família e especialmente lembrou um irmão que está com câncer. Isso o fez lembrar que quando Dona Lindu faleceu, ele estava na prisão e o Coronel Tuma permitiu que ele saísse da prisão e com dois guardas fosse ao sepultamento da mãe. No cemitério, havia uma pequena multidão de companheiros que não queriam deixar que ele voltasse preso. Ele teve de sair do carro da polícia e falar com eles pedindo para que deixassem que ele cumprisse o que tinha sido acertado. E assim voltou à prisão.

 

A hora da visita se passou rápido. Perguntei que recado ele queria mandar para a Vigília do Acampamento e para as pessoas às quais estou ligado.

 

Ele respondeu:


- Diga que estou sereno, embora indignado com a injustiça sofrida. Mas, se eu desistir da campanha, de certa forma estou reconhecendo que tenho culpa. Nunca farei isso. Vou até o fim. Creio que na realidade atual brasileira, tenho condições de ajudar o Brasil a voltar a ser um país mais justo e a lutar para que, juntos, construamos um mundo no qual todos tenham direitos iguais.



Para concluir a visita, propus ler um texto do evangelho e ele aceitou.

 

Li o evangelho do próximo domingo – festa de Pentecostes e apliquei a ele – os discípulos que estão em uma sala fechada, Jesus que se deixa ver, mesmo para além das paredes que fechavam a sala. E deu aos seus a paz, a alegria e a capacidade de perdoar no sentido de discernir o julgamento de Deus sobre o mundo. E soprando sobre eles lhes deu a vida nova do Espírito.

 

Segurei em suas mãos e disse: Creio profundamente que isso se renova hoje com você.

 

Vi que ele estava emocionado. Eu também fiquei. Abri o pequeno estojo e lhe mostrei a hóstia consagrada que lhe tinha trazido da eucaristia celebrada na véspera. Oramos juntos e de mãos dadas o Pai Nosso.

 

Eu tinha trazido duas hóstias. Eu lhe dei a comunhão e ele me deu também para ser verdadeiramente comunhão.

 

Em um instante, eram vocês todos/as que estavam ali naquele momento celebrativo e eu disse a ele: “Como uma alma só, uma espécie de espírito coletivo, muita gente – muitos companheiros e companheiras estão aqui conosco e estão em comunhão e essa comunhão eucarística representa isso.

 

Eu lhe dei a bênção e pedi a bênção dele para todos vocês.

 

Foi isso.

 

Quando o policial que me foi buscar me levou para fora e a porta se fechou atrás de mim, me deu a sensação profunda de algo diferente.

 

Senti como se eu tivesse saído de um espaço de liberdade espiritual e tivesse entrando na cela engradeada do mundo que queremos transformar.

 

Que o Espírito de Deus que a celebração desses dias invoca sobre nós e sobre o mundo nos mergulhe no amor e nos dê a liberdade interior para irmos além de todas essas grades que aprisionam o mundo.

 

Marcelo Barros, monge beneditino

02
Nov17

O chanceler do Brasil, o santo das causas ganhas

Talis Andrade

O rei Midas tudo que tocava virava ouro. Aloysio Nunes supera o mito. Todo ouro que toca vira ouro santo no Brasil de tendas de milagres espalhadas por todas as cidades. De um Brasil que todo povo reza:

 

“Meu Santo Expedito das causas justas e urgentes, socorrei-me nesta hora de aflição e desespero, intercedei por mim junto ao Nosso Senhor Jesus Cristo. Vós que sois um Santo Guerreiro. Vós que sois o Santo dos Desesperados, vós que sois o Santo das Causas Urgentes."

 

Aloysio Nunes Ferreira começou a militância política, quando entrou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco da Universidade de São Paulo. Logo depois do golpe militar de 1964, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), e foi presidente do tradicional Centro Acadêmico XI de Agosto, que lhe falicitou ser infiltrado na Ação Libertadora Nacional (ALN), organização guerrilheira liderada por Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira, o Toledo.

 

Assumiu na clandestinidade o pseudônimo Mateus. Durante muito tempo foi motorista e guarda-costas de Marighella. As ações da ALN incluíram assaltos para angariar fundos que sustentariam a resistência armada.

 

Em agosto de 1968, participou do assalto ao trem pagador da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Foi o motorista do carro no qual os assaltantes fugiram do local com os malotes que continham 108 milhões de cruzeiros novos (21 600 dólares estadunidenses), dinheiro suficiente para o pagamento de todos os funcionários da Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Em outubro do mesmo ano, participou do assalto ao carro-pagador da Massey-Ferguson interceptando o veículo na praça Benedito Calixto, no bairro paulistano de Pinheiros. O lucro desse assalto nunca foi revelado. E num passe de mágica, Aloysio passou a viver na Europa, na Paris dos exilados com esposa e filhos.

 

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Cartaz de procurado pelo Exército na ditadura militar, e Aloysio em Paris  

 

 

Todos os companheiros de guerrilha foram presos e torturados e mortos. Aloysio 'matou' mais que o Cabo Anselmo. O preço conhecido: duas fazendas que tomou de algum defunto. Fazendas que escondem cocaína em tonéis de leite. Fazendas avaliadas em dois reais para o pagamento do devido e honesto imposto.

 

No Senado Federal, Aloysio é o santo sucessor do parceiro de crimes ex-senador Tuma, que fazia dupla com o herói da luta contra os comunistas o 'patriota' delegado Fleury, morto na cilada de uma orgia dentro de um iate.

 

Aloysio Nunes merece ser senador do São Paulo de governadores honestos como Maluf, líder civil da didatura, com Magalhães Pinto governador de Minas Gerais e ex-chanceler do Brasil dos militares.

 

De Aloysio, a gloria de ser chanceler de Temer três vezes secretário de Segurança, chefe das polícias civil e militar de São Paulo, inclusive durante os tempos de chumbo, e eterno rei do porto de Santos ancaradouro dos navios piratas, porteira do tráfico internacional.

 

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Nas últimas eleições presidendiciais, quase conquistou a vice-presidência do Brasil. Perdeu para Temer de quem é ministro do Exterior 

 

 

Mais um crime de Aloysio vai milagrosamente prescrever.

 

 

Em petição enviada ao Supremo Tribunal Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, aponta que Aloysio Nunes Ferreira, chanceler do governo Temer, recebeu R$ 500 mil da Odebrecht em 2010, embora os recursos não tenham sido declarados à Justiça Eleitoral.

 

As informações foram publicadas pelos jornalistas Rubens Valente e Reynaldo Turollo, na edição desta quinta-feira 2, da Folha de S. Paulo.

 

"É fato incontroverso que houve o repasse de recursos para a campanha do senador Aloysio Nunes. Resta investigar a origem destes recursos e a finalidade do repasse", escreveu Dodge ao relator do caso no STF, Gilmar Mendes.

 

"O inquérito foi aberto em março a pedido do então procurador-geral Rodrigo Janot como desdobramento do acordo de delação. Dois delatores da empreiteira informaram à PGR sobre o pagamento a Aloysio. Um deles disse que repassou os dados sobre Aloysio ao 'departamento da propina´ da empresa e fez duas entregas, de R$ 250 mil cada uma, para o ´representante´ do candidato em hotéis da zona sul, não nominados, no segundo semestre de 2010. No sistema de acompanhamento dos pagamentos, Aloysio tinha o codinome ´Manaus´", apontam os jornalistas.

 

Há risco de que Aloysio Nunes se beneficie da prescrição, assim como o senador José Serra (PSDB-SP), outro senador de São Paulo também investigado e chanceler de Temer.

 

 

 

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