Ana Luiza tem 21 anos e, segundo a mãe, trabalha como diarista. O nome dela, porém, aparece como dono de uma empresa que fatura milhões vendendo retroescavadeiras para o governo Bolsonaro. CGU aponta superfaturamento. No
Imperiogn Comércio de Máquinas Equipamentos e Serviços está registrada em nome de Ana Luiza Cassiano Batista que, segundo a mãe, trabalha como diarista em Goiânia
247 -A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou a existência de riscos de superfaturamento da ordem de R$ 11,8 milhões em um contrato de R$ 61,7 milhões para a compra de 325 tratores, celebrado entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco (Codevasf) e a Imperiogn Comércio de Máquinas Equipamentos e Serviços.
De acordo com o jornalO Globo, a empresa foi criada há apenas dois anos e está registrada em nome de Ana Luiza Cassiano Batista, de apenas 21 anos. Segundo a reportagem, Ana Luiza se apresenta em um perfil no LinkedIn como vendedora de calçados em uma loja de Goiânia (GO). A mãe da jovem, Andrea Cassiano Batista, afirmou que a filha não possui nenhuma empresa registrada em seu nome e que trabalha como diarista.
"A Imperiogn já participou de 49 licitações do governo federal e firmou contratos com diferentes braços do poder público, entre eles os ministérios da Defesa, Saúde, Educação e do Desenvolvimento Regional, ao qual a Codevasf é vinculada. Ao todo, a empresa já recebeu R$ 6,9 milhões do erário”, destaca o periódico.
No relatório que apontou o risco da existência de sobrepreço, a CGU destacou que os valores de referência utilizados pela Codevasf foram "exorbitantes" em relação ao Painel de Preços do próprio governo federal.
O contrato, celebrado em março deste ano, foi assinado pela Superintendência da Codevasf em Pernambuco, comandada por Aurivalter Cordeiro. Ele é ex-assessor do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do atual governo até dezembro do ano passado.
Tudo que o você precisa saber da Codevasf, a estatal do “Tratoraço”
⠀ A fundação da Codevasf ⠀ A Codevasf, ou Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, é uma estatal que foi criada em 1974 para fomentar o desenvolvimento nas áreas próximas aos rios São Francisco e Parnaíba.
⠀Projeto original ⠀ Durante muitos anos a estatal esteve restrita às regiões próximas aos rios do projeto original. A partir do ano 2000, os políticos começaram a aumentar sua área de atuação.
⠀Expansão desenfreada ⠀ Nos últimos 4 anos a Codevasf foi agigantada, indo de 13% para 27% do território nacional durante o governo Temer e de 27% para 37% durante o governo Bolsonaro.
⠀A prioridade nunca foi o cidadão ⠀ Junto com a expansão territorial, os aportes de dinheiro público triplicaram. O que era para ser uma empresa focada no desenvolvimento regional se tornou um ralo de dinheiro público a serviço de interesses patrimonialistas e eleitoreiros.
⠀Emendas secretas e tratoraço ⠀ A Codevasf se tornou centro das atenções nos últimos anos pelos indícios de uso político e corrupção. ⠀ A empresa está ligada ao suposto “Orçamento Secreto” e teria comprado tratores superfaturados, por preços 259% acima dos de mercado.
⠀Falta de transparência ⠀ O uso da Codevasf como destino de emendas parlamentares abre uma brecha para a corrupção. Os processos de licitação de estatais são muito menos detalhados que de emendas tradicionais, e a fiscalização por parte dos órgãos de controle como o TCU é dificultada.
⠀Inchaço e loteamento político ⠀ No governo Bolsonaro, a Codevasf se tornou a estatal preferida do Centrão devido à “rapidez” na entrega de repasses. O inchaço da empresa foi marcado pelo loteamento de cargos via indicações políticas do Centrão. Essa “rapidez” na entrega, porém, só é possível graças ao menor controle da sociedade na aplicação de recursos.
⠀Investigações são urgentes
Nunca se roubou tanto, aberta e escandalosamento como na Codevasf do governo Bolsonaro.
Até quando o País vai suportar tantos desaforos? Quantos crimes de responsabilidade serão passíveis de remissão a um mandatário que planeja ardilosamente um golpe de Estado para se perpetuar no poder? Por que, efetivamente, as autoridades constituídas nada fazem contra o festival de delinquências emanadas diretamente do Planalto por aquele que deveria ser o primeiro a defender a Constituição do País e a zelar por nossa democracia? Está na hora do basta! Definitivo, audível, veemente. Um brado nacional, que ecoe a absoluta indignação com essa avalanche de desmandos, afrontas e desprezo aos princípios republicanos mais elementares. Não dá para ser indulgente com a cruzada insana e golpista em curso. O presidente enxovalha o Brasil. Emporcalha a reputação de uma Nação digna e soberana, construída duramente ao longo de séculos. Ele não reúne mais a menor condição de se manter no cargo que ocupa. O Congresso e o Supremo Tribunal têm o dever cívico de fazer alguma coisa. Não podem parecer coniventes, omissos ou insensíveis diante da incitação à desordem e ao desmantelamento legal, orquestrados pelo mandatário. Não é passível de aceitação que uma corriola de parlamentares mal intencionados e muito bem pagos controle o regimento para brecar demandas de impeachment que se mostram inevitáveis e amplamente justificáveis. Há de se restabelecer o bom-senso na política nacional, sob pena de estarmos mergulhando numa espiral de autoritarismo sem fim e sem instrumentos lá na frente para coibir tantos abusos. Como é possível aceitar que o chefe da Nação convoque embaixadores representativos dos principais países parceiros para um festival de fake news patético, levantar desconfianças rasas e infundadas sobre o sistema eleitoral em vigor, pilar de nossa liberdade e do voto? O que ele quer é, definitivamente, anular o resultado que não lhe agrade. Diz isso e arquiteta diuturnamente os meios para alcançar tal objetivo. Inclusive apelando a militares aliados que estrategicamente aboletou em cargos para lhe dar respaldo. Bolsonaro é um acinte intolerável à estabilidade institucional. Seus movimentos e declarações não guardam qualquer lógica razoável. Dignos de uma mente doentia e perversa. Nem é preciso gastar tempo para explicar a um trangressor que em mais de 20 anos de operação das urnas eletrônicas – modelo invejado pelo mundo inteiro – não houve sequer um único registro de fraude computado. Ele não quer ouvir. Nem aceitar. O motor de suas ignomínias é o temor da derrota iminente, que pode significar também condenações em série pelas barbaridades cometidas no seu governo. Jair Messias Bolsonaro é o retrato do desespero diante da possibilidade de ser o primeiro presidente não reeleito após a redemocratização.
Também pudera! Com o novo gesto tresloucado aprofundou ainda mais a imagem de pária junto à comunidade internacional. Os diplomatas presentes foram unânimes em expressar o desprezo pelo ato. Nenhum dos participantes, ao final da cerimônia e da fala do anfitrião, sequer fez menção de aplaudi-lo, ainda que fosse de forma protocolar. O silêncio ensurdecedor na sala deu o tom do vexame. Nenhum cumprimento ou aperto de mão para aquele que acabara de encenar uma sabotagem ao próprio País. O teatro burlesco montado no Palácio da Alvorada vai ficar para a história como o dia da grande vergonha. Nunca antes em tempos modernos um chefe de governo brasileiro convocou diplomatas para destilar mentiras e ameaçar a democracia. O Brasil passou constrangimento e humilhação inclassificável por impossição daquele que deveria estar tratando dos problemas mais candentes como a fome que castiga 33 milhões por aqui, a inflação descontrolada e o desemprego. Ao sair de suas motociatas para disparar infâmias, Bolsonaro galgou mais um estágio na sanha ditatorial que acalenta. É um caudilho clássico em gestação e precisa ser urgentemente contido.
Um grupo de 43 procuradores dos 26 estados e do Distrito Federal decidiu, a bom termo, encaminhar ao procurador-geral da República ofício formal no qual eles pedem providências imediatas contra a conduta criminosa do capitão do Planalto. Augusto Aras, o PGR atual, não é dado a contrariar aquele que parece considerar como chefe supremo. Certamente driblará a demanda. Delegados e peritos da Polícia Federal também fizeram abaixo-assinado defendendo a lisura e a eficiência das urnas eletrônicas. São vozes importantes que começam a impor a saudável prática dos pesos e contrapesos diante das arbritariedades em andamento. Bolsonaro não aceitará perder o certame eleitoral. Mas nem ele, nem ninguém, pode sobrepor suas vontades pessoais ao desejo da maioria em um ambiente de Estado de Direito. Já chega de arruaça e prepotência. Se o presidente da República é um claro perigo à Carta Magna e ao processo democrático, que seja apeado do cargo o quanto antes. O Brasil tem de reagir!
A corrupção avança celeremente no laranjal de Jair Bolsonaro. O jornal Estadão revelou na segunda-feira (23) um esquema de compra de caminhões de lixo com suspeita de sobrepreço de R$ 109 milhões. Já a Folha publicou que o Ministério da Cidadania comprou tratores usando indevidamente verbas para o amparo de famílias carentes na pandemia da Covid-19. E o “capetão” ainda tem a caradura de afirmar que não há roubalheira no seu governo. Relembrando o patético general Augusto Heleno, “se gritar pega centrão, não fica um meu irmão”!
Segundo a reportagem do Estadão, Ciro Nogueira (PP-PI), cacique do Centrão e ministro da Casa Civil, destinou R$ 240 mil em emenda parlamentar para a aquisição de um caminhão de lixo, em janeiro de 2021. A empresa que forneceu o veículo para a cidade piauiense de Brasileira é de uma amiga do velhaco e frequenta o seu gabinete. Todo esse sinistro processo envolveu aliados do ministro bolsonarista. Além de Carla Denardin, dona do Grupo Mônaco Diesel Caminhões, a estatal que fez o pregão é comandada por um apadrinhado e a prefeita da cidade é do mesmo partido de Ciro Nogueira.
O veículo foi entregue no mês passado. Segundo especialistas ouvidos pelo jornal, esse tipo de caminhão é indicado para municípios com mais de 17 mil habitantes, o que não é o caso de Brasileira, que tem 8,3 mil moradores. Ainda segundo o jornal, desde que Ciro Nogueira se aproximou de Jair Bolsonaro, o Grupo Mônaco conseguiu contratos no valor de R$ 11,9 milhões com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) do Piauí, reduto eleitoral do ministro.
Em outra reportagem, o mesmo Estadão informou que “centenas de caminhões de lixo foram comprados com suspeitas de sobrepreço”. A compra e a distribuição para pequenas cidades teriam saltado de 85 para 488 veículos de 2019 para 2021. “A diferença dos preços de compra de modelos idênticos, em alguns casos, chegou a 30%. Em outubro passado, por exemplo, o governo adquiriu um modelo de caminhão por R$ 391 mil e menos de um mês depois aceitou pagar R$ 505 mil pelo mesmo veículo”.
R$ 89,8 milhões na suspeita compra de tratores
Confirmando que o governo fascista se tornou um covil de corruptos, a Folha deu destaque à denúncia de que “o governo destinou para a compra de tratores um recurso de R$ 89,8 milhões que deveria ser direcionado para mitigar o impacto da pandemia da Covid-19 em comunidades pobres. Os equipamentos agrícolas viraram símbolo de clientelismo político na atual gestão. Os tratores foram comprados pelo Ministério da Cidadania no âmbito de uma ação voltada a famílias de extrema pobreza da zona rural”.
“A operação envolveu drible a uma determinação do Tribunal de Contas da União e pressão para acelerar a liberação de recursos da União... A aquisição de 247 equipamentos foi efetivada no apagar das luzes de 2021. Ocorreu antes mesmo de a pasta definir a relação de municípios beneficiados, o que denota a ausência de critérios técnicos”.
No maior cinismo, o maior beneficiado da entrega foi a Bahia, “estado do próprio ex-ministro João Roma, pré-candidato ao governo estadual pelo PL, mesmo partido de Bolsonaro... Enquanto gasta R$ 89,8 milhões na compra de tratores, o Ministério da Cidadania ainda ignorou pedido da área técnica da pasta para incluir mais 45 mil famílias de extrema pobreza que vivem no campo em iniciativa de transferência de recursos diretos”. Só dá bandidos no laranjal!
Grande vitória! Moro, juiz venal e agora réu, vai ter que se explicar pelos prejuízos que causou ao povo brasileiro.
Parabéns, companheiro Pepe Mujica, pelos seus 87 anos. Você é um exemplo para os revolucionários do mundo todo!
Depois do bolsolão da vacina, bolsolão do busão, bolsolão do MEC, agora é a vez do Bolsolão do SUS. Durante a maior pandemia da nossa história, Bolsonaro usou dinheiro da saúde para comprar apoio de deputados. O Brasil não passa um dia sem escândalo de corrupção! #BOLSOLÃODOSUS
Protocolei uma representação na Procuradoria-Geral Eleitoral contra Michelle Bolsonaro e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Rodrigues Britto, por campanha antecipada e improbidade administrativa.
AÇÃO CONTRA MORO. Parlamentares do ingressaram com uma Ação Popular contra o ex-juiz Sergio Moro pelos prejuízos ao patrimônio público nacional e à Justiça, por conta de condutas ilegais e parciais enquanto comandou os julgamentos da Lava Jato.
A ação judicial, apresentada no dia 27 e enviada à 2ª Vara Federal Cível de Brasília, está sob os cuidados do juiz Charles Renaud Frazão de Morais. "Cite-se o réu", determinou o magistrado.O advogado Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas, assina a ação que afirma que "o ex-juiz Sergio Moro manipulou a maior empresa brasileira, a Petrobras, como mero instrumento útil ao acobertamento dos seus interesses pessoais. (...) O distúrbio na Petrobras afetou toda a cadeia produtiva e mercantil brasileira, principalmente o setor de óleo e gás".
Moro, juiz venal, tem que prestar contas à Justiça, tendo o direito de defesa que negou aos réus que perseguiu.
"Só espero que nessa acusação ele tenha o direito de defesa e a presunção de inocência que eu não tive. Se ele tiver que ser julgado, que ele tenha o direito de defesa, que possa se defender, que a imprensa possa ser honesta ao divulgar as coisas contra ou a favor dele, e não com a parcialidade que transmitiram coisas contra mim. Eu sou um democrata, mas é difícil você suportar nove horas de matérias contra mim, como eu suportei, nove meses de Jornal Nacional. É muito difícil você sobrevier com 59 capas de revistas te chamando de 'ladrão'. É muito difícil você sobreviver com 680 primeiras páginas de jornais falando que você cometeu corrupção. Eu sobrevivi a tudo isso".
2022 chegou com a esperança de que juntos vamos fazer o BRASIL FELIZ DE NOVO!
Nesta sexta-feira, 20 de agosto, a Polícia Federal amanheceu na porta de uma dezena de bolsonaristas que vinham liderando um movimento para destituir ministros do Supremo Tribunal Federal a partir do dia 7 de setembro. O “golpista” mais conhecido é o cantor sertanejo e ex-deputado federal Sérgio Reis. Mas talvez o seu aliado mais poderoso seja Antonio Galvan, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja, a Aprosoja, um fazendeiro nascido no Rio Grande do Sul e hoje um dos maiores produtores de soja do Mato Grosso.
A investigação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes busca desarticular o movimento golpista. Nas últimas semanas, mergulhamos em grupos de Telegram e WhatsApp e conversamos com pessoas que estão organizando a ação que pretende dissolver o Supremo Tribunal Federal, o STF, e impor demandas como a adoção do voto impresso. E vimos que quem banca essa escalada insana, de acordo com os próprios organizadores, é um dos grupos mais ricos do país: produtores rurais como Antonio Galvan. O agro é pop, o agro é tech, o agro é tudo. Agora o agro também é golpe.
A Procuradoria-Geral da República, a PGR, que pediu a investigação, suspeita que Galvan seja um dos financiadores do movimento golpista. “São doações de particulares para financiar a paralisação planejada por Zé Trovão (suposto caminhoneiro citado por Reis no áudio), possivelmente patrocinada por Antonio Galvan e amplamente divulgada por Wellington Macedo (Youtuber bolsonarista)”, diz um trecho da decisão de Morares citando a PGR a que tivemos acesso.
Galvan chegou a ser cotado para o Ministério da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro e apareceu ao lado de Sérgio Reis em um vídeo em que o cantor falava em fazer uma greve para pressionar o Supremo e o Congresso.
Nos chats, encontramos desde registros singelos do apoio ruralista ao movimento golpista, como a panelada de arroz carreteiro com “O agro é Bolsonaro” escrito com catupiry antes de ser servido a militantes bolsonaristas em um acampamento realizado em Brasília em maio, até declarações dos presidentes de associações de fazendeiros, como a Aprosoja, convocando militantes para os atos.
Reis e os sojicultores gravaram o vídeo na sede da Aprosoja, uma mansão de alto padrão no Lago Sul, em Brasília. A região abriga outras entidades de produtores rurais e costuma ser frequentada por parlamentares da bancada ruralista e representantes do agronegócio. Apesar de a Aprosoja negar participar da organização do movimento e se recusar a responder questionamentos sobre o assunto, alguns de seus diretores participam ativamente de grupos que coordenam o movimento – em especial o presidente, Galvan.
De acordo com a decisão de Moraes, Galvan e os demais líderes do movimento não podem se comunicar entre si nem usar redes sociais. Eles também foram proibidos de chegar a menos de um quilômetro de distância da Praça dos Três Poderes e de participar de eventos em ruas e monumentos do Distrito Federal, mas parece que o respeito às ordens do STF não está na pauta do movimento. O ruralista não se abalou com a visita da PF e gravou um vídeo nesta última sexta afirmando que ainda é uma liderança do movimento e vai participar dos protestos.
Os organizadores dos atos querem reunir até 2 milhões de pessoas em Brasília na semana do feriado de 7 de setembro, com a intenção de que 10 mil permaneçam acampadas por até um mês na capital, segundo o habeas corpus impetrado por integrantes do grupo no Supremo para garantir a realização do acampamento. Os custos serão cobertos por ruralistas, incluindo o acampamento e três refeições diárias, que serão realizadas no Rotary Club, de acordo com uma das lideranças do movimento, o caminhoneiro Marcos Gomes, conhecido como Zé Trovão – que também foi alvo da decisão de Alexandre de Moraes. O Rotary, no entanto, negou que tenha cedido o espaço.
“Eles estão doando o tempo deles, paralisando o trabalho deles para lutar pelo país. Para que mais tarde não seja tomado deles o direito de trabalhar e de ter o que lutaram para conquistar”, nos disse o caminhoneiro. Os produtores, segundo ele, têm medo de perder suas posses para o “comunismo”, uma ameaça que nunca existiu concretamente no Brasil, mas já foi usada como desculpa para o golpe de 1964 – e que, com frequência, aparece no discurso do presidente Jair Bolsonaro.
O caminhoneiro começou a ter destaque nas redes nas últimas semanas, anunciando que o agronegócio iria bancar a ida dos militantes a Brasília. Diariamente, ele divulga vídeos informando sobre os preparativos do evento e tenta insuflar o levante. “Se tu tem medo, fique em casa, porque depois o terror vai bater na tua porta. Agora, se tu não quer o terror na tua porta, é hora de se levantar. Sai da tua casa, vamos invadir Brasília, vamos invadir o Brasil. Vamos retomar a nossa liberdade”, disse em um dos vídeos publicados no Facebook.
Um dos trechos do inquérito aberto pela PGR contra Sérgio Reis, Galvan, Zé Trovão e outros integrantes do movimento cita aspas do caminhoneiro nas redes como justificativa para as medidas judiciais contra o grupo – e deixa claro o papel do agro nessa história. Zé Trovão [ou 'Bocão'], afirma o documento, “diz ter feito um contato com ‘o agronegócio’, que irá ‘apoiar sua causa’, que pretende ‘levantar empresários’ para ‘custear a viagem’ de populares até a capital federal e que tem a pretensão de ‘salvar o país dessa carniça podre chamada ministros podres do STF’. Afirma que só volta para casa com ‘tudo resolvido'”.
Existem grupos autônomos, que organizam a viagem por conta própria, fazem vaquinhas, pedem ajuda a comerciantes locais ou pedem doações de militantes. O principal canalizador de recursos é o portal Brasil Livre, que possuía uma chave pix divulgada por Zé Trovão e outros líderes do movimento. Bloqueado por Alexandre de Moraes, o pix estava em nome da Coalização Pro-Civilização Cristã, cujo presidente, Alexandre Peterson, também está entre os investigados pela PGR. O grupo chegou a divulgar uma prestação de contas da primeira semana de arrecadação, entre 3 e 9 de agosto: quase R$ 15 mil reais de doadores não identificados.
Coronel Davi Azim da reserva do corpo de bombeiros e PM do Ceará gravou um vídeo falando da organização das manifestações que ocorrerá no dia 7 de Setembro de 2021 em Brasília. "Temos que ser organizado, chega de ameaçar e não fazer nada, agora é tudo ou nada, não vamos aceitar mais essa submissão."
Parte da organização também é bancada pelo Movimento Brasil Verde e Amarelo, uma união de mais de 100 associações e sindicatos ligados ao agro que já levou 100 mil pessoas a Brasília em 15 de maio em um ato a favor do governo – e chegou até a lotar um avião.
Amarildo dos Santos, um investigador particular catarinense veterano do Exército, é um dos responsáveis pela organização das caravanas do Brasil Verde Amarelo. Em grupos bolsonaristas, ele oferece passe grátis para a manifestação de Brasília: “se você não tem condições de pagar sua passagem, entre em contato comigo”, diz.
Amarildo dos Santos paga tudo (com que dinheiro?) para o bolsonarista ir pra Brasília dia 7 de setembro
“Se você não tem condições de pagar sua passagem, entre em contato comigo”, diz investigados Santos
O investigador Santos, que também comanda o Partido da Mulher Brasileira, o PMB, em Itapema, Santa Catarina, aparece em vídeos explicando o passo-a-passo de como viajar de graça para o 7 de setembro na capital. Por telefone, ele nos confirmou que o movimento “tem o apoio do agronegócio e que, em alguns estados, está bancando ônibus para esse povo ir para o acampamento”.
“Eles [os ruralistas] estão colocando à disposição 2 mil banheiros químicos lá no acampamento em Brasília, com chuveiro, café da manhã, almoço e janta de graça para esse pessoal todo, que é dessa união dos agricultores, onde vamos acampar por tempo indeterminado até o impeachment dos ministros do STF”, acrescentou.
Sobre o vídeo em que aparece oferecendo ajuda para quem não tem como pagar a viagem, ele se justifica dizendo que a gravação é antiga e que a ajuda que oferece é angariada entre apoiadores do movimento. “São pessoas voluntárias que estão cedendo passagens”.
A generosidade dos empresários do agro com o governo federal é recíproca. Nos últimos dois anos, Bolsonaro mandou mais de R$ 121 milhões para associações, sindicatos rurais e cooperativas ligadas ao agronegócio, segundo levantamento que fizemos no Portal da Transparência. Sem licitação, patrocinou mais de uma dúzia de feiras e eventos do setor, como a Agrotec Show Feira Agrotecnológica de Negócios, no Mato Grosso, e a 51ª Exposição e Feira Agropecuária de Castanhal, no Pará.
A maior parte dos recursos saiu dos Ministérios da Agricultura, Economia e Defesa. Destaque para o Comando do Exército, que sozinho investiu três vezes mais verbas nessas organizações que a Marinha e a Aeronáutica juntas.
Está nesta lista, por exemplo, a filial da Aprosoja no Mato Grosso, que no ano passado foi acusada pelo Sindicato dos trabalhadores do sistema Agrícola, Agrário e Pecuário de mal uso de recursos públicos. Na denúncia encaminhada ao Ministério Público do Mato Grosso, o sindicato destaca que a Aprosoja utiliza recursos públicos “travestidos de privados” para patrocinar ações “politiqueiras”. A denúncia acabou não sendo aceita, mas o sindicato afirma que continua analisando o uso de recursos públicos pela Aprosoja
A ASSESSORIA de um dos vice-líderes de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados deixou vazar num grupo de WhatsApp planos para a montagem de um acampamento de ruralistas na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, durante os protestos marcados pela extrema direita para 7 de setembro. A mensagem confirma a intenção dos bolsonaristas de coagir ministros do Supremo Tribunal Federal, o STF, e parlamentares em prol das pautas antidemocráticas do presidente.
Sigmar Rodrigues Nunes, assessor do deputado Lúcio Mosquini, do MDB de Rondônia, enviou na segunda-feira, 23 de agosto, uma mensagem a um grupo de servidores da Câmara explicando que o deputado pretendia instalar uma “tenda no canteiro central da Esplanada no dia 07 de setembro”. Nunes pedia, então, ajuda aos colegas para conseguir uma autorização para montar a estrutura. Ele foi orientado a procurar o Governo do Distrito Federal, o GDF.
A mensagem enviada por Sigmar Nunes: uma tenda na Esplanada dos Ministérios para abrigar participantes dos atos golpistas, a pedido do chefe.
Na mensagem, Nunes não especificou a quem se destinava o acampamento, mas o deputado Mosquini me deixou claro que a intenção era abrigar seus eleitores ruralistas. No último sábado, 21 de agosto, o Interceptrevelou que latifundiários alinhados a Bolsonaro estão financiando as manifestações marcadas para 7 de setembro, em articulação com políticos ligados ao governo.
Estimulada pelo presidente ao longo das últimas semanas com frases como “estamos sendo sufocados e quem está nos oprimindo é uma minoria”, a extrema direita prepara atos de tom golpista para o feriado da Independência do Brasil. O objetivo é promover a “independência do governo Bolsonaro” e pressionar ministros do STF a recuarem de ações da corte contra Bolsonaro e seus apoiadores da milícia digital. Segundo a Procuradoria-Geral da República, a PGR, há planos de invasão do prédio do Supremo, na Praça dos Três Poderes, localizada num dos extremos da Esplanada.
Mosquini é um político ruralista em seu segundo mandato, que se tornou vice-líder do governo Bolsonaro na Câmara em setembro de 2020. Questionado sobre o uso da estrutura de seu gabinete para ajudar numa manifestação de caráter golpista, ele não fez rodeios para admitir seu apoio aos ruralistas participantes.
“São grupos de produtores rurais vinculados ao meu mandato lá em Buritis, em Rondônia”, me disse o deputado. “Eles fizeram um pedido para saber onde eles podem acampar, onde podem se instalar. Fiz de forma oficial, solicitei [ao GDF] informações”.
O político tem bom relacionamento com o Planalto e é um dos beneficiados por verbas do Tratoraço, um dos desdobramentos do orçamento secreto, criado pelo governo Bolsonaro para distribuir dinheiro a deputados aliados e revelado pelo Estadão.
“Não incentivei de forma nenhuma [os atos], mas é a minha base aliada lá do estado de Rondônia. O camarada pede uma assessoria para o nosso gabinete perguntando onde eles podem se instalar. Com a minha assessoria ou sem a minha assessoria, eles virão a Brasília. Não acho que estou incentivando, não, mas tenho esse compromisso de atendê-los. Quando vou na cidade deles, eles também me recebem, me atendem”, justificou-se.
A atuação do deputado vai contra o juramento que fez ao tomar posse do mandato, com base no Regimento Interno da Câmara, em que ele prometeu “manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro e sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil”. O código de ética da Câmara diz, ainda, que é dever dos parlamentares “zelar pelo prestígio, aprimoramento e valorização das instituições democráticas e representativas e pelas prerrogativas do Poder Legislativo”.
Informações sobre protestos e ocupação do espaço público em Brasília ficam disponíveis no portal do GDF, o que torna desnecessária a intermediação de um parlamentar. Ainda assim, Mosquini confirmou que funcionários de seu gabinete, pagos com dinheiro público, enviaram ofício para o GDF, em busca de informações para montar o acampamento. O Distrito Federal é governado por Ibaneis Rocha, do MDB, um bolsonarista arrependido que nos últimos dias assinou uma carta em defesa do STF.
Eu pedi a Mosquini acesso ao documento enviado ao GDF. Durante a entrevista, o deputado prometeu que enviaria o documento, mas não o fez. Reforcei o pedido por WhatsApp, mas não tive retorno.
O político já foi preso em 2014, durante a operação Ludus, do Ministério Público Estadual de Rondônia. Ele era suspeito de fraude em licitação de contratos do Departamento de Estradas e Rodagens, que dirigia à época. A defesa de Mosquini negou irregularidades e considerou que a prisão, que durou 10 dias, “não deve ter passado de algum equívoco”. Ele foi solto por decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Também confirmei que a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli, do PSL de São Paulo, se movimenta para encorpar os atos na capital paulista. Zambelli participa de grupos de WhatsApp que discutem as manifestações, trajetos e equipamentos que serão utilizados no protesto, como caminhões e faixas.
Procurei a assessoria da deputada. Eles não se manifestaram sobre os atos e sua coordenação. Responderam apenas que “Carla Zambelli apoia e participa de atos dos quais ela concorda com a pauta e que sejam pacíficos e democráticos”.
Bolsonaro e Mosquini: o ruralista se tornou vice-líder do governo de extrema direita há um ano, ganhou emendas no orçamento secreto e já foi preso em operação policial.
‘Vamos ficar até o dia que Deus achar que devemos’
A comitiva de cabos eleitorais de Mosquini pretende ir para Brasília com ao menos 150 pessoas, entre elas comerciantes e ruralistas, sem data para voltar para casa. O município de Buritis, de 40 mil habitantes no interior de Rondônia, fica a 2,4 mil km da capital federal.
“Não definimos quantos dias vamos ficar. A gente vai sair daqui, uns três dias antes do dia 7 e chegando aí [em Brasília], vamos ficar até o dia que Deus achar que devemos”, me disse um dos organizadores do grupo, Alexandro Pereira de Oliveira. Foi ele quem pediu ajuda ao deputado Mosquini.
Oliveira é ruralista e eleitor de Mosquini, com quem me disse ter relação de “amigo” há pelo menos quatro anos – ou seja, desde o primeiro mandato do deputado em Brasília. Segundo Oliveira, a comitiva se “autofinancia com doações”. Ele não revelou que valor será gasto com hospedagem, alimentação e deslocamento a Brasília.
Quando perguntei sobre o acampamento, Oliveira desconversou e disse que, apesar de planejar acampamento, o grupo preferiu ficar em uma pousada. “Achamos uma pousadinha com restaurante, que fazem comida para a gente. Porque até agora não tivemos retorno do deputado, achei até que você estava me ligando por acaso disso”, despistou.
Para ele, o ex-deputado e cantor Sérgio Reis, suspeito de estimular atos de violência, é um “coitadinho” que está sendo “massacrado”. “O que a gente vê está destoando um pouquinho da realidade, por exemplo, esses processos em que o ministro Alexandre [de Moraes] toma uma decisão, em que ele abre o inquérito, é o promotor, é o advogado, é o juiz. A gente vê que isso daí não tem como. Vai parar quando isso daí?”, questionou Oliveira.
Na mira da PGR, estão os ex-deputados Roberto Jefferson, presidente do PTB, que está preso preventivamente – por prazo indeterminado – desde 13 de agosto, Sérgio Reis e o deputado federal Otoni de Paula, do PSC do Rio de Janeiro. Todos são suspeitos de organizar os atos golpistas. Os últimos dois foram alvos de mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, que supervisiona a investigação sobre atos contra a democracia e a incitação de violência.
Governo do Distrito Federal se recusa a revelar nomes de quem informou que fará atos no 7 de setembro
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública do GDF não informou o nome de quem pediu autorização para realizar as manifestações de 7 de setembro. Em nota, informou que as forças de segurança “atuarão de forma integrada, de acordo com a legislação vigente no país, nas manifestações”. O texto ressaltava que, “assim como em todas as manifestações desse tipo, é feito planejamento prévio, com a participação dos envolvidos, com objetivo de garantir a segurança dos participantes e da população em geral”.
Procurei o assessor parlamentar Sigmar Nunes na tarde de terça-feira, 24 de agosto, via WhatsApp. Ele visualizou as mensagens, mas não as respondeu.
Tudo que o você precisa saber da Codevasf, a estatal do “Tratoraço”
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A fundação da Codevasf
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A Codevasf, ou Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba, é uma estatal que foi criada em 1974 para fomentar o desenvolvimento nas áreas próximas aos rios São Francisco e Parnaíba.
⠀Projeto original
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Durante muitos anos a estatal esteve restrita às regiões próximas aos rios do projeto original. A partir do ano 2000, os políticos começaram a aumentar sua área de atuação.
⠀Expansão desenfreada
⠀
Nos últimos 4 anos a Codevasf foi agigantada, indo de 13% para 27% do território nacional durante o governo Temer e de 27% para 37% durante o governo Bolsonaro.
⠀A prioridade nunca foi o cidadão
⠀
Junto com a expansão territorial, os aportes de dinheiro público triplicaram. O que era para ser uma empresa focada no desenvolvimento regional se tornou um ralo de dinheiro público a serviço de interesses patrimonialistas e eleitoreiros.
⠀Emendas secretas e tratoraço
⠀
A Codevasf se tornou centro das atenções nos últimos anos pelos indícios de uso político e corrupção.
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A empresa está ligada ao suposto “Orçamento Secreto” e teria comprado tratores superfaturados, por preços 259% acima dos de mercado.
⠀Falta de transparência
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O uso da Codevasf como destino de emendas parlamentares abre uma brecha para a corrupção. Os processos de licitação de estatais são muito menos detalhados que de emendas tradicionais, e a fiscalização por parte dos órgãos de controle como o TCU é dificultada.
⠀Inchaço e loteamento político
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No governo Bolsonaro, a Codevasf se tornou a estatal preferida do Centrão devido à “rapidez” na entrega de repasses. O inchaço da empresa foi marcado pelo loteamento de cargos via indicações políticas do Centrão. Essa “rapidez” na entrega, porém, só é possível graças ao menor controle da sociedade na aplicação de recursos.
⠀Investigações são urgentes
Nunca se roubou tanto, aberta e escandalosamento como na Codevasf do governo Bolsonaro.
Eta governo ladrão "da gota serena", disse um sertanejo na Missa do Vaqueiro em Serrita, feudo de Fernando Bezerra Coelho.
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