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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

11
Dez22

Campo de concentração e senzala a céu aberto

Talis Andrade

DIREITO À MEMÓRIA: Senzala urbana

 

por Ricardo Mezavila

 

Esse texto tem sua origem no século XV e não traz nenhuma novidade, desde que africanos, sobreviventes das longas e insalubres viagens nos porões dos navios, tornaram-se mercadoria nas mãos dos colonizadores europeus, dando início à escravidão moderna. 

A prática da escravidão mudou após as abolições mundo afora, porém o conceito permanece nos dias atuais. O que são os extermínios cometidos pelo Estado nas favelas?  

Com o nome de ‘operação contra o tráfico’, policiais militares invadem casas onde vivem famílias pobres e desassistidas pelo próprio Estado e aterrorizam, principalmente crianças, com bombas de gás e tiros de fuzil. 

Essas ‘operações’ não são de hoje, porém, atualmente, são chacinas institucionalizadas e legitimadas pelo presidente da república. O crime cometido pela polícia do Rio em Vila Cruzeiro, onde mais de vinte pessoas foram assassinadas com munições do Estado, recebeu elogios do presidente Bolsonaro. 

Repito, as ‘operações’ não são de hoje, mas os agentes públicos sentem-se empoderados quando recebem elogios vindos de cima, aliás, condecorar bandido travestido de policial é uma prática antiga do atual ocupante do Planalto. 

A normalização da barbárie atingiu um nível de excelência, que até a polícia rodoviária federal, que sempre passou a imagem de credibilidade para a população, parece ter entendido que os tempos são outros, e que a violência deve ser praticada como método de abordagem ao cidadão pobre e preto. 

Genivaldo de Jesus Santos, 38 anos, foi abordado por agentes da PRF em Umbaúba, Sergipe, por pilotar uma motocicleta sem o uso do capacete.  

Genivaldo, que usava medicamentos controlados por conta de esquizofrenia, ficou nervoso e foi imobilizado pelos agentes que usaram ‘técnica de menor potencial ofensivo’, depois foi colocado dentro do porta-malas da viatura junto com gás jogado pelos agentes, vindo a morrer por asfixia e insuficiência respiratória.  

As ações bárbaras promovidas pela polícia acontecem sem constrangimento, à luz do dia, na mira de câmeras de celulares que não inibem a crueldade que praticam em nome da ‘segurança pública’ porque, agindo assim, como os antigos colonizadores, pode motivar elogios e medalhas. 

Como na letra da música revanche de Bernardo Vilhena: ‘Quem é que vai pagar por isso’? 

18
Mai22

Deputado histérico atira durante votação virtual no MS: 'advertência ao comunismo'

Talis Andrade

Vídeo: deputado dispara arma durante sessão contra “comunismo” - Pensar  Piauí

Descontrolado João Henrique Catan

Quebra de decoro e apologia à violência

  • Parlamentares votavam PL que reconhece riscos do tiro desportivo

  • Autor deputado, que sofre de histeria, atira durante argumentação

  • PL foi aprovado

Durante a votação de um projeto de lei que reconhece o risco da atividade de atirador desportivo no estado de Mato Grosso do Sul, nesta terça-feira (17), o deputado estadual João Henrique Catan (PL-MS) sacou uma arma e disparou diversas vezes. Ele anunciava os argumentos do seu voto, de forma remota, desde um estande de tiro. Segundo ele, os disparos eram uma “advertência ao comunismo”.

"Esse projeto é um tiro de advertência no comunismo e na mão leve que assaltou o país. Por isso, uma salva de tiros sim", bravejou, atirando em uma imagem com uma foice e martelo, que é símbolo de partidos comunistas e de esquerda.

Ele é o autor do projeto, que acabou sendo aprovado por 16 votos a 3. Agora deverá ser sancionado pelo governador. E admirador apaixonado do vereador Carlos Bolsonaro, outro fanático da extrema direita.

O texto prevê o reconhecimento, no âmbito estadual, do risco da atividade de atirador desportivo integrante de entidades de desporto legalmente constituídas, com o objetivo de contribuir com os interessados em retirar o porte de armas de fogo.

Catan disse que o objetivo da lei "seria armar o cidadão de bem e inibir invasões ilegais, diminuindo a criminalidade e prevalecendo o direito de propriedade".

"O povo armado jamais será escravizado", declarou, no vídeo, repetindo uma fala do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os demais deputados presentes ficaram surpresos. A atitude foi condenada pelo presidente do Legislativo estadual, Paulo Corrêa (PSDB). "Não pode fazer isso, houve um exagero", disse.

Outros parlamentares também criticaram a demonstração. Paulo Duarte (PSB) disse que se sentiu desrespeitado e que tal atitude incentiva a violência. "Qual é a lógica de fazer isso? Meu repúdio a esse tipo de voto e ninguém vai me intimidar aqui".

Já o deputado Pedro Kemp (PT) repudiou o ato e afirmou que a intenção de Catan seria ganhar mídia com polêmicas.

"Isso aqui não é um teatro. Da próxima vez, se quiser se aparecer, pendure uma melancia no pescoço. Temos assuntos mais importantes do que debater armas, assuntos como fome, miséria, desemprego, violência contra a mulher, a LGBTfobia", disse.

Apesar das críticas de colegas, nenhum pedido de apuração da conduta do parlamentar foi solicitado até o momento, segundo apuração do jornal Folha de S. Paulo. 

29
Mai21

Manifestantes fazem ato contra Bolsonaro, e PM atira balas de borracha e gás lacrimogênio nos participantes; veja vídeo

Talis Andrade

Manifestantes se organizaram em filas durante protesto contra Bolsonaro, no Recife — Foto: Suzana Souza/G1

por G1

Manifestantes realizaram, neste sábado (29), no Recife, um ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pedindo a aceleração de medidas de prevenção à Covid-19, como a campanha de vacinação e auxílio emergencial de, ao menos, R$ 600.

Durante o ato, a Polícia Militar atirou balas de borracha e gás lacrimogênio contra os participantes. A manifestação terminou por volta das 13h.

O protesto é parte de uma ação nacional, realizada em diversas cidades do Brasil. Com faixas e cartazes contrários ao presidente, eles cantaram e gritaram palavras de ordem.

O grupo de pessoas se reuniu na Praça do Derby, no centro do Recife. Eles seguiram em caminhada para a Avenida Conde da Boa Vista, na mesma região. A via foi interditada nos dois sentidos.

Por volta das 11h30, a manifestação chegou à Ponte Duarte Coelho. No local, a Polícia Militar começou a dispersar os manifestantes.Bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha foram atiradas contra os participantes do ato. Vídeos mostram as pessoas correndo após a chegada dos PMs e as bombas de gás sendo jogadas. A confusão ocorreu, também, na Rua da Aurora.Manifestante monta estrutura de ferro para manter distanciamento social em protesto contra Bolsonaro no Recife — Foto: Reprodução/WhatsApp

Manifestantes levaram cartazes contra Bolsonaro a protesto no Centro do Recife — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Manifestantes se concentraram na Praça do Derby, no Recife, para manifestação contra Bolsonaro — Foto: Marlon Costa/Pernambuco PressManifestante ferido em Recife – 29 de maio

Repúdio à ação da PM

 

A Câmara Municipal do Recife divulgou uma nota de repúdio à ação da Polícia Militar durante o protesto. "Uma das vítimas destes atos foi a vereadora Liana Cirne (PT), covardemente atingida nos olhos com spray de pimenta, quando tentava dialogar com policiais militares na Ponte Santa Isabel", afirma a nota.

O presidente da Câmara, Romerinho Jatobá (PSB), afirmou que espera do governo do estado "uma apuração rígida sobre os responsáveis por estas ações" e que "a democracia é um patrimônio do povo brasileiro, que precisa ser respeitado e resguardado por todos nós".

A Ordem dos Advogados do Brasil em Pernambuco (OAB) também divulgou uma nota de repúdio à ação da polícia, e disse que “vem a público exigir uma apuração rigorosa por parte do governo do estado de Pernambuco e punição dos responsáveis pela atuação da Polícia Militar durante toda a manifestação ocorrida neste sábado”.

“Imagens reportam uma repressão absolutamente desproporcional por parte da PMPE, com uso de balas de borracha, gás lacrimogêneo e spray de pimenta, contra grupos que realizavam o ato na área central da cidade”, afirmou.

A OAB de Pernambuco também disse que “condena e repudia a covarde agressão sofrida pela advogada e vereadora do Recife Liane Cirne por parte de um policial militar até o momento ainda não identificado”.

A agressão foi filmada e, segundo a OAB, “as imagens demonstram que a atitude do policial não guarda amparo em qualquer regra ou protocolo sobre o uso legítimo da força. Muito pelo contrário. Tais imagens ressaltam uma agressão gratuita e covarde a uma mulher pública no exercício de um ato de cidadania, que não praticava qualquer atitude ao ponto de colocar em risco a integridade do militar”.

Por fim, a OAB de Pernambuco, por meio da Comissão de Direitos Humanos e da Comissão de Defesa e Assistência às Prerrogativas Profissionais, “irá levar o caso aos órgãos competentes e estará à disposição para prestar assistência no caso”.Manifestantes protestaram contra Bolsonaro no Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Mídia NINJA
Cenas fortes da reação violenta da policia pernambucana em Recife contra um ato pacífico. Genocidas não passarão! Fotos: Hugo Muniz #29MForaBolsonaro
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25
Fev20

Ceará registra 170 homicídios durante seis dias de paralisação de PMs

Talis Andrade

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O Ceará registrou 170 homicídios de 0h da quarta-feira (19) a meia-noite desta terça-feira (24), durante seis dias de paralisação de policiais militares do Estado, de acordo com a mais recente atualização da Secretaria da Segurança Pública (SSPDS). O dado representa, em média, uma morte violenta a cada 51 minutos durante o período.

O número de mortes violentas aumentou com o início do motim dos policiais militares, conforme dados da secretaria:

  • Segunda-feira (17): 3
  • Terça-feira (18): 5
  • Quarta-feira (19): 29
  • Quinta-feira (20): 22
  • Sexta-feira (21): 37
  • Sábado (22): 34
  • Domingo (23): 25
  • Segunda-feira (24): 23

A SSPDS destaca que "o amotinamento de parte dos policiais militares começou na terça-feira à noite".

Diário do Nordeste - De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), a última sexta-feira (21) foi o dia mais violento dos últimos oito anos, cuja quantidade de assassinatos somou 37 casos, em um intervalo de 24 horas. Antes disso, só havia sido registrado tantos assassinatos durante a outra paralisação da Polícia Militar, em 1º de janeiro de 2012, quando foram registrados 41. Os CVLIs englobam crimes como homicídios, feminícídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte.

O aumento das ocorrências acontece, desta vez, em um contexto de paralisação e amotinamento de policiais militares em diversas regiões do Ceará – que lembram atividades realizadas pela categoria durante o fim de 2011 e o início de 2012.

Desde que o movimento começou, às 18 horas da última terça-feira (18), já ocorreram 93 homicídios, o que dá uma média de quase um crime violento letal por hora. De acordo com a SSPDS, a média em janeiro de 2020 era de seis crimes por dia.

O esperado era que os números caíssem a partir do início da aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO), do Governo Federal que, na prática, garantiu a presença de 2,5 mil homens do Exército Brasileiro patrulhando as ruas da Capital. Nesse caso, os soldados têm poder para exercer policiamento.

Conforme o general Fernando da Cunha Mattos, comandante da 10ª Região Militar, “a ausência de ostensividade dá liberdade não só para crimes contra o patrimônio, mas também, infelizmente, aos crimes contra a vida”. Segundo ele, “provavelmente, essa foi a primeira consequência dessa redução do policiamento ostensivo no Ceará”.

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Números tão altos de homicídios foram registrados em outras duas oportunidades no Ceará. Em 27 de janeiro de 2018, a Secretaria contabilizou 31 mortes violentas. O dia foi atípico, porém, por causa da Chacina das Cajazeiras. No evento criminoso, 14 pessoas foram executadas durante a madrugada na casa de shows Forró do Gago. Conforme a Polícia Civil, a matança foi cometida por uma facção criminosa do Ceará em razão da disputa pelo comando do tráfico de drogas na região.

Trinta e uma pessoas também foram assassinadas no dia 8 de outubro de 2017. A única notificação de mortes múltiplas ocorridas foi no bairro Bom Jardim, no qual quatro pessoas morreram violentamente em uma suposta reunião de organizações criminosas para selar acordo de paz.

 

ARTE
25
Fev20

Fogo, tiros, ruas fechadas, 'dia de guerra' no Haiti: policiais contra o exército

Talis Andrade

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Já aconteceu na Bolívia, no golpe policial que derrubou Evo Morales. BBC publica:

Manifestantes antigoverno montaram dezenas de barricadas em ruas importantes de Porto Príncipe, capital do Haiti, na última segunda-feira (24/2).

Os bloqueios ocorreram um dia depois que um grupo de policiais do país, exigindo melhores condições de trabalho, atacou a sede do Exército na cidade.

O governo do presidente Jovenel Moïse chamou o ataque de "tentativa de golpe", e as Forças Armadas do país caribenho falaram em "um dia em situação de guerra".

Ao menos duas pessoas morreram durante os confrontos.

Na segunda-feira, os manifestantes espalharam tijolos, queimaram pneus e derrubaram carrinhos de sorvete nas ruas que levam à casa de Moïse. Os protestos pedem a renúncia do presidente.

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Grande parte da cidade ficou deserta um dia depois que policiais cercaram a sede do Exército e abriram fogo. Alguns dos participantes do tiroteio usavam uniformes da polícia.

O general Jodel Lesage, das Forças Armadas haitianas, disse à imprensa local que a sede do Exército enfrentou um ataque armado. "Estamos sob fogo de armas de todos os tipos, rifles automáticos, bombas de gasolina e gás lacrimogêneo". 

O governo afirmou que a ação foi "um ataque à liberdade e à democracia". Já os policiais disseram que foram atacados primeiro.Os policiais haitianos estão protestando há semanas. Uma de suas principais demandas é a possibilidade de formar um sindicato, o que, segundo eles, vai garantir mais transparência em negociações com superiores. Eles também reivindicam melhores salários.

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Na semana passada, o presidente Moïse anunciou a criação de um fundo financeiro para parentes de oficiais que foram mortos durante o trabalho, mas a medida não conseguiu apaziguar os oficiais descontentes.

Após os confrontos, o governo anunciou que cancelaria todas as celebrações do Carnaval "para evitar um banho de sangue".

Esses não são os primeiros protestos que Moïse enfrentou. No ano passado, os haitianos tomaram as ruas devido ao terrível estado da economia do país, que os manifestantes atribuíram ao governo.

Moïse está no poder desde 2017 e disse que não deixaria o país nas "mãos de gangues armadas e traficantes de drogas".

 

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