Lenio Streck explica epistemologia no combate à desinformação
Em aula do Curso de Formação de Agentes de Combate à Desinformação, organizado pela Rede Conecta, da Universidade Federal Fluminense (UFF) — ministrada no último sábado (12/3) e transmitida pelo YouTube —, o jurista Lenio Streck, colunista da ConJur, abordou a importância da epistemologia para o combate à desinformação.
Lenio definiu a epistemologia como o modo de se "explicar como se explica", ou explicar porque as coisas têm uma explicação (um sentido). Por outro lado, a desinformação é o senso comum alimentado pela alienação.
"A desinformação relacionada à Ciência e os desafios para enfrentá-la" foi tema da aula da professora Thaiane Moreira De Oliveira, doutora em Comunicação Social, professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense e Coordenadora do Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação (CiteLab). Ela é Membro Afiliado da Academia Brasileira de Ciências. Pesquisadora do INCT em Estudos Comparados em Administração de Conflitos e da Cátedra Unesco de Políticas para o Multilinguismo. Ela também é Superintendente de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense.
Informações estão disponíveis por todos os lados, especialmente na internet. Streck questionou: por que, então, o número de desinformados cresce? De acordo com ele, porque a informação não é convertida em conhecimento.
Assim, nós precisaríamos dos cientistas para efetuar tal procedimento: transformar a informação em conhecimento; o conhecimento em saber; e o saber em sabedoria — a antítese máxima da informação.
A desinformação, segundo Streck, é movida por informações que não passaram por esse processo, ou seja, que não são conhecimento. A informação pode, portanto, virar desinformação. Assim, a epistemologia é uma ferramenta essencial no direito fundamental à informação.
Para Streck, se a informação fosse suficiente, ninguém precisaria assistir uma aula, por exemplo. Afinal, a informação está disponível para todos em um simples clique.
Outro exemplo citado pelo jurista foi a "lava jato". A força-tarefa de Curitiba tentou vender uma narrativa de heroísmo. Mas depois, "cavando por trás, 'deslendo' o fenômeno, eu descubro que a 'lava jato' foi uma fraude, que na verdade causou um grande prejuízo", assinalou Streck.
"As desleituras vão fazer com que o fato compreendido com conhecimento, saber e sabedoria possa se nos apresentar como algo bem diferente do que nos é vendido pelos veículos, pela mass media, ou por um processo alienante no qual nós estamos inseridos", ressaltou.