Você já se deu conta de que Bolsonaro roubou, matou, sonegou, enganou, humilhou, depredou, injuriou, caluniou, difamou e o resultado de tudo isso foi ele receber uma avalanche de dinheiro em sua conta?
Se a Justiça não punir o ex-presidente Jair Bolsonaro, a democracia continuará em risco no Brasil. É o que afirmam os autores do recém-lançado "O Caminho da Autocracia – Estratégias Atuais de Erosão Democrática".
A obra é de autoria de Adriane Sanctis de Brito, Conrado Hübner Mendes, Fernando Romani Sales, Mariana Celano de Souza Amaral, Marina Slhessarenko Barreto e foi publicada pela Editora Tinta-da-China Brasil.
Os autores do livro apontam práticas de Bolsonaro que configuram crimes comuns, sanitários e eleitorais. Argumentam que, se o ex-presidente não for responsabilizado, mesmo que não possa voltar em 2026 por estar inelegível, vai fazer escola na política brasileira.
A obra faz comparação internacional entre Bolsonaro e casos de Índia, Hungria, Turquia e Polônia. "Ao jogar luz em padrões que têm ocorrido em outros países, este livro apresenta um panorama comparado para chamar a atenção para processos que afetaram a realidade política do Brasil", afirmam os autores.
Agora, essa situação de vulnerabilidade do país diante do populismo de extrema-direita ganha um contorno mais sombrio com a avalanche de dinheiro que inundou as contas de Bolsonaro com quase vinte milhões de reais, doados por um exército de quase 800 mil brasileiros.
Todos sabemos que a maioria esmagadora da classe política só quer saber de se eleger, custe o que custar. Ao menos no Brasil. Assim, se é mediocridade, burrice, má-fé, desonestidade, truculência, machismo, homofobia, racismo etc. que o povo quer, não faltará político para atender a esse setor tão amplo e doentio da sociedade.
Bolsonaro não só precisa ser punido, mas precisa ser punido rapidamente para que os selvagens da extrema-direita não engolfem o país com um tsunâmi fascista que, se vier, irá erodir rapidamente a nossa ainda frágil democracia.
Ora, ganhar todos esses milhões de reais após dilapidar o patrimônio público, abusar do cargo de todas as formas, incitar crimes, atentar contra a democracia são "feitos" que mostrarão à classe política que o crime compensa.
Então, reflitamos: quem vai querer governar pautado pelo interesse da população se contrariar tal interesse é tão compensador?
Pode ter certeza de que, se Bolsonaro não for punido, surgirão milhões e milhões de Bolsonaros nos quatro cantos desta pátria mãe tão distraída, que ainda não se percebe subtraída nessas tenebrosas transações
Jair Bolsonaro (PL) recebeu R$ 17,1 milhões em suas contas por meio de transferências bancárias realizadas por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano. A informação foi registrada em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que também apontou que esse valor foi movimentado através de 769 mil transações feitas para a conta do ex-presidente. No UOL News, o colunista Ricardo Kotscho comenta o assunto.
A maior prova de resistência física e mental a que se submete o ser humano não é a disputa por uma medalha olímpica: é disputar, no Brasil, uma eleição para qualquer mandato nos diferentes espaços de poder.
Tive experiências em duas majoritárias: como Vice-Governador na chapa do candidato Roberto Magalhães (1982/1986) com sucesso; em 1994, como candidato a Governador, eleição vencida por Miguel Arraes; duas para mandatos proporcionais de Vereador pelo Recife (01/01/1989-01/02/1991) e Deputado Federal por Pernambuco (01/02/1991-01/01/1995).
A maratona começa diante do enigma: a indecifrável cabeça do eleitor. Não faltam especialistas na “arte” de encontrar o Santo Graal. Há um jargão que serve como escudo para justificar o fracasso das análises e das previsões: “Foi um eleição atípica”. Ora, toda eleição é atípica. Única. As conjunturas são voláteis. Os motivos do voto permanecem misteriosos entre os impulsos da emoção e a serenidade da razão.
Aí se misturam os mais diversos saberes de comunicólogos e as magias de bruxo. Das cores da campanha a uma frase-síntese, ferve a cabeça do/a candidato/a. Um sorriso, não! Sisudo. Forçar a barra soa falso! O eleitor prefere a autenticidade. Mas beijar criancinhas é um mandamento sagrado.
Isso sem falar no “salve-se quem puder” das prévias. No troca-troca de partidos, a moeda é Real. A cauda eleitoral robusta ajuda.
Sistema político disfuncional é a forma elegante de reconhecer a persistência das oligarquias como promessa não cumprida pela democracia. A salvação é saquear o Orçamento Público.
Antes de assumir o mandato na Câmara Federal, recebi dois conselhos de experientes parlamentares: “cachorro novo não entra muito no mato” e “faça constar no seu currículo que não fez parte da Comissão do Orçamento”.
Bingo! Em 1993, o então Deputado Roberto Magalhães, relator da CPI dos Anões do Orçamento, pediu a cassação de 18 dos 37 deputados investigados. Os “anões” eram, de fato, homúnculos morais que fraudaram, algo em torno de R$ 100 milhões de verbas orçamentárias, pixuleco quando comparado às futuras “tenebrosas transações”.
Os tempos mudaram e trouxeram obscena novidade: os “gigantes do orçamento” que abocanham R$ 16,2 bilhões sob o manto opaco das Emendas do Relator, atropelando o princípio constitucional da transparência em troca de apoio ao governo. De quebra, R$ 5 bilhões no Fundo Eleitoral.
Recente decisão da Ministra Rosa Weber negou ampliação do prazo pedido pelo Congresso para adotar medidas que deem publicidade ao espúrio “orçamento secreto”.
Vistos pelo retrovisor, os “anões do orçamento” seriam meros “flanelinhas”.
Houve vários golpes paralelos, de empresas como Global Saúde e Precisa, diretamente ligadas a Ricardo Barros, com atuação desvendada pela CPI do Covid.
A partir da nomeação de Eduardo Pazuello, para Ministro da Saúde, dois grupos se juntaram nessas aventuras.
Governo Temer e esquema Ricardo Barros
Ao apoiar o impeachment, grupos de mídia, mercado e Supremo Tribunal Federal (STF) levaram ao poder – sem intermediários – o mais polêmico grupo político da história, o Centrão, com seus personagens escabrosos: Michel Temer, Geddel Vieira Lima, Eliseu Padilha, Eduardo Cunha, Lyra, Ricardo Barros, entre outros.
Coube a Barros montar o esquema de corrupção no Ministério da Saúde e sair ileso,
Governo Bolsonaro e seus coronéis.
No governo Bolsonaro, especialmente após a entrada do general Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, o órgão foi invadido por coronéis consultores, sem nenhum conhecimento de saúde, mas conhecendo bastante o tenebroso mundo dos negócios irregulares da saúde.
São esses personagens que tentam o golpe da compra das vacinas, são denunciados, depois expostos pela CPI do Covid. Mas o esquema permanece incólume e é fortalecido pela entrada do Ministro Marcelo Queiroga
Foto: Principais personagens da CPI do Covid – nem todos envolvidos com a operação das vacinas.
Dallagnol diz que os negócios da família são independentes, embora sua filha de três anos de idade seja sócia em um dos empreendimentos.
É obrigação da imprensa sem vínculos com a Lava Jato verificar todos essas "tenebrosas transações", em razão da atuação de Dallagnol como agente público. E candidato a deputado federal do partido Phodemos.
Sergio Moro também deixou a magistratura — e vencimentos que, em média, superavam o teto do funcionalismo público — quando decidiu se aliar a Bolsonaro.
Ele próprio declarou que fez uma única exigência a Bolsonaro: como estava abrindo mão da aposentadoria, queria algum tipo de compensação.
Nunca ficou claro que compensação seria esta, já que o Poder Público só garante proventos previdenciários a quem cumpre períodos específicos de serviço.
Apesar disso, seu padrão de vida melhorou. Sergio Moro deixou seu apartamento em Curitiba para morar, inicialmente, num condomínio de luxo.
Lá, oficialmente, trabalhava como consultor da Alvarez & Marsal, um dos maiores escritórios de advocacia do mundo, que prestou ou presta serviços para empresas em recuperação judicial abaladas pela Lava Jato, entre as quais OAS e Odebrecht.
Apesar de residir em um duplex milionário, Moro sempre tentou mostrar uma forma espartana de vida, embora seus amigos digam que consome vinhos e charutos caros, longe do público.
Sua esposa, no entanto, sempre ostentou em público jóias e acessórios caros, como bolsa de mais de R$ 20 mil.
Vamos mostrar o patrimônio de Sergio Moro, diretos e indiretos, e depois do BanEstado e, principalmente da Lava Jato, uma vivência requintada, faustosa, nababesca, de viagens internacionais e férias em balneários no exterior. Assim como vamos mostrar o patrimônio de Deltan Dallagnol, e como ele vive em um eterno ócio, praticando esportes principescos.
O documentário ficará a cargo do jornalista e documentarista Joaquim de Carvalho, autor de “Bolsonaro e Adélio — Uma Fakeada no Coração do Brasil”, “Fakeadas - Bolsonaro e a guerra da extrema direita contra o Brasil” e “Walter Delgatti - o Hacker que Mudou a História do Brasil”, entre outros.
Terei de fazer vários fios para revelar seus truques. Devo? O que acham? Um aperitivo: moro assume que foi sondado para assumir ministério no governo bolsonaro 5 DIAS ANTES do segundo turno das eleições. É ou não CRIME? Sigo com os fios?
Orçamento
Joaquim de Carvalho terá em sua equipe um cinegrafista e um produtor. Os recursos arrecadados, a partir da meta de R$ 80 mil, serão utilizados para custear viagens, deslocamentos para entrevistas, o trabalho de investigação e edição do documentário, que não terá fins lucrativos. Em nome da TV 247, agradecemos antecipadamente pelo apoio de todos os internautas, que terão seus nomes divulgados como patrocinadores do filme. (PS: aqueles que não queiram ter seus nomes divulgados, por favor enviem email para contato@brasil247.com.br)
O portal de notícias Brasil 247 publicou o áudio de animada conversa entre o banqueiro André Esteves e um grupo de clientes. É uma aula sobre os donos do poder no Brasil, entrecortada por risadas típicas de quem está ganhando muito dinheiro, ainda que o país esteja uma desgraça.
O banqueiro faz questão de exibir sua influência junto às mais altas instâncias do poder político, com uma mistura de cinismo e boçalidade envernizada, própria de quem se acha educado só porque sabe usar os talheres. Esteves jacta-se de seu prestígio junto ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Gaba-se do acesso ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ponto deste tê-lo consultado sobre o nível da taxa de juros, atitude que é um escândalo de relações carnais entre o público e o privado.
Vangloria-se de ter influenciado a decisão do STF favorável à independência do Banco Central, informando ter conversado com alguns ministros antes do julgamento. Só não revelou quais. E expõe o motivo de tanto empenho. Se Lula for eleito, “vamos ter dois anos de Roberto Campos”. Esteves considera que Bolsonaro, se “ficar calado” e trouxer “tranquilidade institucional para o establishment empresarial”, será o “favorito” em 2022.
Em tortuosa análise sobre o Brasil, Esteves compara o impeachment de Dilma Rousseff ao golpe de 1964: “Dia 31 de março de 64 não teve nenhum tiro, ninguém foi preso, as crianças foram pra escola, o mercado funcionou. Foi [como] o impeachment da Dilma, com simbolismos, linguagens, personagens da época, mas a melhor analogia é o impeachment da Dilma.”
A comparação é um insulto aos milhares de presos, perseguidos, torturados e assassinados na ditadura, mas o raciocínio de Esteves faz sentido ao aproximar (talvez sem querer) as duas datas infames: 1964 e 2016 foram golpes. A conversa desinibida do banqueiro desnuda, de maneira explícita, um país refém de meia dúzia de espertalhões do mercado financeiro.
Estádios de futebol com mais público, cidades cogitando o fim do uso obrigatório de máscaras, espaços de lazer liberados em condomínios. O Brasil, que chega aos 600 mil mortos por Covid 19 nesta sexta-feira (8), já pode mesmo se dar ao luxo de afrouxar as medidas sanitárias contra o coronavírus?
Com cerca de 450 óbitos diários pela doença, o país de fato tem o que comemorar porque já teve índices bem piores, chegando a 4 mil mortes por dia no auge da pandemia este ano e ao dramático platô de mil vidas perdidas diariamente durante vários meses.
Hoje, mais da metade dos municípios brasileiros celebra o fato de não ter registro de óbitos, graças ao avanço da vacinação. Mas especialistas dizem que o ‘liberou geral’ que muitos querem para ontem pode colocar a perder esse quadro que, finalmente, parece caminhar para a redenção pandêmica coletiva.
A especialista em saúde pública e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Ligia Bahia disse à RFI que o foco deve ser o retorno consistente das atividades essenciais como as aulas nas escolas e universidades, com as medidas sanitárias respeitadas. “A gente nunca teve um quadro tão favorável na pandemia. Entretanto, ainda não dá para dizer que acabou. Nós demoramos muito tempo para chegar a esse patamar de vacinação e, mais de oito meses depois, a gente ainda não tem 70% da população com duas doses”, explica. "Além disso, o número de novos casos e de mortos ainda é relativamente alto. Então não podemos bobear agora. Não estamos num patamar seguro ainda e a variante delta circula por aqui.”
O epidemiologista Julival Ribeiro, da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirmou à RFI que a falta de cuidado nesse momento pode trazer consequências imprevisíveis. “Essa falsa impressão de que a pandemia acabou é muito preocupante. A pandemia está aí presente e temos que observar o que pode acontecer nos meses vindouros, não só aqui no Brasil, mas também no mundo inteiro. Lembrar que Israel, mesmo com a vacinação da população adiantadíssima, está sugerindo a terceira dose para toda população por causa da variante delta”, ressalta o especialista.
CPI na reta final
No Congresso, a CPI da Covid deve finalizar os trabalhos, com a votação do relatório final até o dia 20. Nessa fase derradeira, parlamentares se concentram no tenebroso caso da operadora de saúde Prevent Senior, que virou símbolo do descaso com a vida e da insistência fatal em remédios sem eficácia contra a doença. O paciente Tadeu Andrade, de 65 anos, contou no Senado que quase morreu porque a empresa convencia parentes a aceitar tratamento paliativo, encerrando a internação na UTI, mesmo quando ainda havia chance de sobrevivência.
Minha família não concordou, nessa reunião, com o início dos cuidados paliativos, se insurgiu, ameaçou ir à justiça para buscar uma liminar e impedir que eu saísse da UTI, ameaçou procurar a mídia. Nesse momento, a Prevent recuou e cancelou o início do tratamento paliativo, ou seja, eu, em poucos dias, estaria vindo a óbito e hoje eu estou aqui”, disse, emocionado, à CPI.
O último a ser ouvido deve ser o ministro da saúde Marcelo Queiroga, que já está de volta ao Brasil depois da quarentena que fez nos Estados Unidos por contrair Covid 19. Ele foi convocado pela terceira vez após um órgão técnico subordinado à sua pasta ter adiado a análise de um parecer que contraindica o uso da cloroquina e outras drogas no tratamento da Covid. O adiamento se deu por pressão do Planalto.
O Diretório Regional do PSL - Partido Social Liberal - entrou hoje, 05, com representação para cassar o mandato do deputado estadual Jalser Renier, preso na última sexta-feira, acusado de ser o mandante do sequestro e tortura do jornalista Romano dos Anjos.
A representação foi protocolada na manhã de hoje, 05, pelo presidente regional do PSL deputado federal Nicolletti e pelo advogado do partido, Alex Ladislau.
Em sessão extraordinária ocorrida ontem, (4), a Assembleia Legislativa decidiu, por unanimidade de votos, manter a prisão de Jalser, após um relatório minucioso lido pelo relator do caso, deputado Cel. Chagas.
A representação com pedido de cassação de parlamentares através de partido político está legitimada no Código de Ética da Assembléia Legislativa, em seu Artigo 42.
Para o PSL de Roraima, Jalser quebrou o decoro parlamentar e causa grave prejuízo a imagem do Poder Legislativo de Roraima, não apenas pela acusação de ser mandante do sequestro do jornalista, mas também pela apuração de outros crimes imputados a ele, como de organização criminosa (art. 2o da Lei n. 12850); violação de sigilo funcional (art. 154 do CP); peculato (art. 312, CP); exercício ilegal da profissão (art. 47 do DL 3.688/41); obstrução de investigação (art. 2o, §1o da Lei no 12.850) e lavagem de dinheiro (art. 1o da Lei no 9.613/98).
Segundo a representação, Jalser Renier infringiu o Código de Ética da Assembleia Legislativa em seus Artigos 27 e 28, que descrevem qual deve ser a postura do parlamentar: agir de acordo com a boa fé, exercer a atividade com zelo e probidade, recusar o patrocínio de proposição ou pleito que considere imoral ou ilícito e ainda, evitar causar dano à imagem da Assembleia Legislativa de Roraima.
O Artigo 37 do mesmo Código diz ainda que, perde o mandato o deputado que infringir qualquer das proibições dispostas nos incisos III, V, VI, VII, IX e XIII do art. 27 citados acima, em conduta ofensiva à imagem da Assembleia Legislativa.
De acordo com o documento, o Art. 103 do Regimento Interno da Casa também foi desrespeitado por Jalser Renier quando diz que o deputado que descumprir os deveres decorrentes do mandato ou praticar ato que afete a dignidade da investidura estará sujeito a processo e a penalidades como a perda do mandato. Ainda segundo o parágrafo 3º do Art. 103, É incompatível com o decoro parlamentar, a prática de irregularidades graves no desempenho do mandato ou de encargos dele decorrentes.
A representação pede tutela antecipada para afastamento imediato de Jalser Renier, do mandato de deputado estadual até que se julgue o mérito do pedido de cassação.
Para o deputado federal Nicolleti, é dever da pessoa pública zelar pela moralidade das instituições. “A sociedade roraimense espera uma atitude enérgica com relação ao deputado Jalser, envolvido em vários escândalos de repercussão nacional e por responder a vários processos criminais na justiça”, afirmou Nicolletti.
STJ concede habeas corpus a Jalser Renier, mas com medidas cautelares; entenda
por Roraima em Tempo
O deputado Jalser Renier (SD) foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas terá que cumprir medidas cautelares impostas pela Justiça de Roraima.
Atualização: anteriormente, o Governo de Roraima informou que ele iria para prisão domiciliar, mas a decisão do ministro Jesuíno Rissato determina a soltura, com medidas cautelares.
Em seguida, a juíza Graciete Sotto Mayor mandou soltar e determinou as medidas a serem seguidas por ele:
uso de tornozeleira;
proibição de manter contato com os envolvidos no caso;
não pode se ausentar de Roraima;
deve ficar em casa à noite.
Ontem (5), o Roraima em Tempo mostrou com exclusividade que Jalser pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) um habeas corpus. Ontem à noite, houve uma decisão do ministro Jesuíno Rissato.
Prisão e pedido
O deputado está preso desde o dia 1º de outubro por ordem da juíza Graciete Sotto Mayor Ribeiro. Ela entendeu que há indícios suficientes de participação de Jalser no sequestro do jornalista Romano dos Anjos.
Em seguida, a juíza comunicou a Assembleia Legislativa que, na última segunda-feira, decidiu, por unanimidade, mantê-lo preso preventivamente.
Contudo, no dia seguinte à prisão, Jalser acionou o STJ,e disse que a prisão dele era ilegal, pois tem imunidade parlamentar, não se tratando de “cidadão comum”.
A defesa argumentou ainda que querem prejudicar politicamente o deputado, que aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) para voltar ou não à presidência da Assembleia.
No dia 16 de setembro, seis militares e um ex-servidor da Assembleia foram presos suspeitos de participação nos crimes. Já no dia 1º de outubro, dois coronéis, um sargento e o deputado foram alvo da Operação Pulitzer II.
Segundo a procuradora-geral, o objetivo do sequestro do jornalista foi a aplicação de castigo pessoal, punição e intimidação.
Além disso, a intenção do grupo criminoso era enviar um recado não só para Romano, mas para todos os jornalistas que criticassem o deputado.
Janaína também considera que os investigados tinham acesso ao alto escalão das instituições públicas. Além disso, cita que a ousadia de Jalser é tão grande que ele ameaçou o governador Antonio Denarium (PP) para barrar o inquérito.
Motivos
As investigações revelam que Jalser chefiou o grupo dentro da Assembleia Legislativa entre os anos de 2015 e 2021.
Coincidentemente, esse foi o período em que ele esteve à frente da presidência. Depois de afastado da função pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado viu todos os militares serem exonerados da Casa Militar.
O documento revela que a motivação do crime foi “vingança ou represália” devido às críticas feitas pelo apresentador contra o parlamentar, à época, presidente da Assembleia.
“Romano dos Anjos tornou-se uma ‘pedra no sapato’ do parlamentar estadual Jalser Renier e as críticas do jornalista se acentuaram no período de setembro e outubro de 2020, em programas de rádio e TV”, diz o inquérito.
Testemunha
Outra prova testemunhal produzida pelos investigadores é o depoimento de um militar. O Roraima em Tempoteve acesso exclusivo às declarações.
Ele disse que o subtenente Clóvis Romero o procurou na primeira quinzena de outubro de 2020, mês do sequestro, para propor que participasse do crime. Clóvis era membro da equipe de segurança pessoal de Jalser.
Ainda segundo o documento, Clóvis disse ao policial que tinha uma “missão tenebrosa” determinada por Jalser. Contudo, o PM relatou ter questionado qual era a “missão” e ouviu a seguinte resposta:
Sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. O carro do jornalista foi queimado pelos criminosos.
Em depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro, mas a Superintendência afirmou que não havia elemento que federalizasse o caso.
Detalhes
Romano relatou que havia saído para comprar sushi com a esposa, Nattacha Vasconcelos (servidora efetiva da Assembleia), na noite do crime. Ele não percebeu se estava sendo seguido ao ir ao estabelecimento no bairro Pricumã.
Ao chegar em casa, no bairro Aeroporto, fechou o portão, travou o carro, mas não fechou com a chave a porta da residência, pois os cachorros estavam soltos.
Quando jantava com a esposa, ouviu o latido, saiu para ver o que era, mas ao abrir a porta se deparou com três criminosos armados, sendo que um fazia segurança.
O casal foi colocado no quarto e os bandidos pediram dinheiro e perguntaram onde ficava o cofre. Romano foi algemado e teve boca e olhos vedados com fita.
Na sala da residência, pediram a chave do carro. O jornalista indicou onde estava e pediu que deixassem a carteira com documentos.
Os criminosos mandaram que ele calasse a boca, usaram novamente fita, desta vez do queixo até a parte de trás da cabeça, o colocaram na parte de trás do veículo e deixaram o imóvel.
Um dos sequestradores mantinha a cabeça do comunicador para baixo. Em determinado momento, o jornalista acredita que um deles “falou possivelmente em um rádio de comunicação para informar que estavam chegando no local combinado”.
Troca de carro
Pararam o carro e colocaram Romano em outro veículo, que acreditou ser uma caminhonete, “pela altura e barulho do motor a diesel”.
Depois, o tiraram do carro, retiradas as algemas, mas as mãos foram amarradas por uma corda. Colocaram um capuz na cabeça do apresentador.
Romano disse à Civil que um dos bandidos falou: “Você gosta de denunciar, né?”. Outro criminoso, que tentava falar em espanhol, perguntou: “Você gosta de denunciar o Denarium? Você gosta de denunciar o senador Mecias?”. Depois de questionado, o agrediram no peito, joelho e braços.
O jornalista contou que outra pessoa, que ele não tinha ouvido a voz até então, disse: “Ok! Acabou! Vamos!”.
Além disso, ele falou que com muito esforço conseguiu desatar o nó da corda, mas não conseguiu levantar os braços para tirar a fita dos olhos.
Logo depois, gritou por socorro durante as 12 horas que ficou desaparecido e esperou amanhecer. O apresentador conseguiu tirar a venda com ajuda da ponta de um galho.
Em seguida, viu, com muita dificuldade, uma motocicleta e pediu ajuda. O servidor da concessionária de energia o reconheceu e o ajudou. A Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) o socorreram.
De acordo com o inquérito revelado com exclusividade pelo Roraima em Tempo, ele era o chefe da organização criminosa que cometeu o crime.
As polícias Militar e Civil, além do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, cumpriram o mandado de prisão no escritório do parlamentar, no bairro Canarinho.
Além disso, o delegado responsável pela força-tarefa que investiga o caso, João Evangelista, e o promotor André Nova, participam da operação.
Desse modo, o Ministério Público informou que são cumpridos outros três mandados de prisão e seis de busca e apreensão. Disse ainda que cerca de 70 policiais e agentes do Gaeco atuam nas diligências.
Prisões
No dia 16 de setembro, sete pessoas foram presas na Operação Pulitzer. Seis delas são policiais militares que trabalhavam na segurança de Jalser Renier. À época do crime, Renier era presidente da Assembleia Legislativa.
A reportagem também mostrou que o salário de um deles chegava a R$ 11,3 mil. Quatro deles tentaram habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o ministro Jesuíno Rissato.
Tiveram os pedidos de liberdade negados: Nadson José Carvalho Nunes, Paulo Cezar de Lima Gomes, Gregory Thomaz Brashe Júnior, assim como Clóvis Romero Magalhães Souza.
Em um vídeo divulgado na internet, o deputado afirma que esta é uma “condução caluniosa”, mas que vai respeitar a decisão da Justiça.
Jalser citado no inquérito
Conforme a Polícia Civil, o crime foi cometido por uma organização criminosa especializada em espionagem, inteligência, logística e segurança privada.
A organização funcionava dentro da Assembleia Legislativa, e tinha como líder o deputado Jalser Renier, de acordo com as investigações.
Formado em grande parte por policiais militares da reserva e da ativa, o grupo, inclusive, tinha uma hierarquia militar, partindo de Jalser, passando pelos coronéis, bem como majores até chegar aos subalternos.
As investigações revelam que Jalser chefiou o grupo dentro da Assembleia Legislativa entre os anos de 2015 e 2021.
Coincidentemente, esse foi o período em que ele esteve à frente da presidência. Depois de afastado da função pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado viu todos os militares serem exonerados da Casa Militar.
Depoimento indica Jalser
Outra prova testemunhal produzida pelos investigadores é o depoimento de um militar. O Roraima em Tempoteve acesso exclusivo às declarações.
Ele disse que o subtenente Clóvis Romero o procurou na primeira quinzena de outubro de 2020, mês do sequestro, para propor que participasse do crime. Clóvis era membro da equipe de segurança pessoal de Jalser.
Ainda conforme o documento, Clóvis disse ao policial que tinha uma “missão tenebrosa” determinada por Jalser. Contudo, o PM relatou ter questionado qual era a “missão” e ouviu a seguinte resposta:
O inquérito também afirma que, uma semana após a criação da força-tarefa para investigar o caso, em novembro do ano passado, Jalser esteve no Palácio do Governo para se encontrar com o governador Antonio Denarium (PP).
Na ocasião, ele estava com os coronéis Natanael Felipe e Moisés Granjeiro e o tenente-coronel Paulo Cezar de Lima, que também são investigados. O inquérito revela que o parlamentar pediu o fim dos trabalhos do grupo a Denarium.
Sampaio revelou ainda que Jalser chegou a ameaçar o governador de morte, caso a investigação atingisse a ele ou a qualquer militar do gabinete. Na mesma sessão, o parlamentar negou envolvimento.
Jalser Renier criou uma segurança pessoal formada por coronéis da PM
“Naquele momento, orientei ao governador [que] tomasse as providências, reforçasse a segurança, mas deixamos de mão, até porque nós não sabíamos aonde ia chegar o inquérito”, disse Sampaio.
Além disso, a Polícia Civil fala que após a visita de Jalser ao Palácio, os delegados geral e adjunto da Polícia Civil, Herbert Amorim e Eduardo Wayner, se reuniram com o secretário de Segurança Pública, Edison Prola.
Em depoimento, Prola confirmou que os delegados pediram a modificação da equipe de investigação para atrapalhar o andamento do inquérito.
Na ocasião, conforme depoimento de Prola, o delegado Herbert levou um “recado” enviado por Jalser.
Sequestro
O sequestro do jornalista Romano dos Anjos ocorreu no dia 26 de outubro do ano passado. Bandidos o retiraram de casa, o torturam e em seguida o deixaram em uma área na região o Bom Intento, na zona Rural de Boa Vista.
Romano estava com pés e mãos amarrados com fita adesiva, mas conseguiu se soltar. Como resultado, ele passou toda a noite próximo a uma árvore no Bom Intento. Os criminosos também queimaram o carro do jornalista.
Em depoimento à Polícia Civil, o jornalista disse que os criminosos citaram o nome do governador e do senador Mecias de Jesus (Republicanos). Logo depois, os dois políticos negaram.
Denarium pediu à Polícia Federal que assumisse a investigação do sequestro, mas a Superintendência afirmou que não havia elemento que federalizasse o caso.
Detalhes
Romano relatou que havia saído para comprar sushi com a esposa, Nattacha Vasconcelos, na noite do crime. Ele não percebeu se estava sendo seguido ao ir ao estabelecimento no bairro Pricumã.
Ao chegar em casa, no bairro Aeroporto, fechou o portão, travou o carro, mas não fechou com a chave a porta da residência, pois os cachorros estavam soltos.
Quando jantava com a esposa, ouviu o latido, saiu para ver o que era, mas ao abrir a porta se deparou com três criminosos armados, sendo que um fazia segurança.
Os bandidos colocaram o casal no quarto, pediram dinheiro e perguntaram onde ficava o cofre. Eles algemaram Romano que também teve boca e olhos vedados com fita.
Em seguida, um dos sequestradores levantou o jornalista, por meio de “técnica típica” que os policiais usam para conduzir presos.
Na sala da residência, pediram a chave do carro. O jornalista indicou onde estava e pediu que deixassem a carteira com documentos.
Os criminosos mandaram que ele calasse a boca, usaram novamente fita, desta vez do queixo até a parte de trás da cabeça, o colocaram na parte de trás do veículo e deixaram o imóvel.
Pararam o carro e colocaram Romano em outro veículo, que acreditou ser uma caminhonete, “pela altura e barulho do motor a diesel”.
Depois, o jornalista foi tirado do carro, retiradas as algemas, mas as mãos foram amarradas por uma corda. Em seguida colocaram um capuz na cabeça do apresentador.
Romano disse à Civil que um dos bandidos falou: “Você gosta de denunciar, né?”. Outro criminoso, que tentava falar em espanhol, perguntou: “Você gosta de denunciar o Denarium? Você gosta de denunciar o senador Mecias?”. Depois de questionado, ele foi agredido no peito, joelho e braços.
O jornalista contou que outra pessoa, que ele não tinha ouvido a voz até então, disse: “Ok! Acabou! Vamos!”.
Depois, viu, com muita dificuldade, uma motocicleta e pediu ajuda. O servidor da concessionária de energia o reconheceu e o ajudou. A Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamados para socorrê-lo.
Paulo Cesar de Lima Gomes - coronel da PM (aposentado) - (preso)
Vilson Carlos Pereira Araújo - major da PM - (preso)
Nadson José Carvalho Nunes - subtenente da PM - (preso)
Clóvis Romero Magalhães Souza - subtenente da PM - (preso)
Gregory Thomaz Brashe Júnior - sargento da PM - (preso)
Thiago de Oliveira Cavalcante Teles - soldado da PM - (preso)
Luciano Benedito Valério - ex-servidor da Ale-RR - (preso)
Jornalista Romano dos Anjos em selfie com o delegado geral da Polícia Civil, Herbert Amorim, dentro da ambulância dos Bombeiros após sequestro
O ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, em audiência pública ocorrida na Câmara dos Deputados, negou que houve ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985. Para ele, “houve um regime forte, isso eu concordo. (...) cometeram excessos dos dois lados, mas isso tem que ser analisado na época da história de Guerra Fria e tudo o mais. Não pegar uma coisa do passado e trazer para os dias de hoje. Se houvesse ditadura, talvez muitas pessoas não estariam aqui”, vaticinou o ministro.
O general mostra desconhecer a historiografia brasileira, assim como todo o imenso conteúdo produzido sobre os eventos do período mencionado. A fim de confundir seus ouvintes, utiliza de enorme desonestidade intelectual ao afirmar que “se houvesse ditadura, talvez muitas pessoas não estariam aqui”. Acontece que muitas pessoas não estão, general. Pergunte às famílias de Vladmir Herzog, Alexandre Vannucchi, Rubens Paiva, Soledad Barret, Ana Rosa Kucinski, Carlos Marighella (pra citar seis entre milhares) o que pensam e como sentem suas ausências provocadas pelo “regime forte” que o senhor mencionou.
A ditadura militar (1964-1985) foi o maior atraso político, econômico, social e cultural que o Brasil sofreu durante todo o século XX. A miséria se alastrou na mesma proporção que a corrupção tomou conta do Estado, tendo os generais e Oficiais das armas como principais beneficiados das tenebrosas transações. O legado maldito deixado pela ditadura nos atormenta na figura de Jair Bolsonaro que todos os dias nos lembra os custos de ter conciliado a transição democrática com a escória da humanidade.
Escória, pois a anistia aprovada, em 1979, permitiu que os militares torturadores, sequestradores, assassinos, estupradores, violadores de crianças e ocultadores de cadáveres saíssem impunes de seus crimes, com suas memórias preservadas para o deleite de fanáticos como o general Braga Netto. Ele e outros Oficiais essencialmente mentirosos, canalhas que negaram e seguem negando o que todos sabem e é óbvio, e a historiografia já registrou em diversos idiomas para que a posteridade saiba a verdade que insistem em dissimular: foi ditadura, houve tortura, os militares das forças armadas são os responsáveis e jamais foram punidos. Também por conta dessa impunidade, a sociedade brasileira convive com um enorme passivo democrático que se materializa na violência contra os pretos, os pobres, as mulheres, e nas ameaças diuturnas de golpe militar.
O argumento da equivalência utilizado pelo general para afirmar que “os dois lados cometeram excessos” já foi desmascarado há muitos anos pela historiografia e o cinema. A formação das guerrilhas e suas ações diretas de combate (como assalto a bancos, por exemplo) apenas ganharam corpo após o golpe de 1964. Ou seja, o radicalismo da esquerda, naquele caso, foi produto do radicalismo da direita, especificamente dos militares. Alinhados com os interesses do imperialismo estadunidense, as forças armadas mataram brasileiros que lutavam por democracia, liberdade e dignidade para todos. Ou seja, em nome da pátria, os militares traidores da pátria mataram aqueles que genuinamente a estavam defendendo dos interesses estrangeiros.
Vale lembrar que o general Braga Netto era o comandante da intervenção militar no Rio de Janeiro quando Marielle e Anderson foram assassinados por milicianos, em 2018. Aliás, seu atual posto demonstra o sucesso de sua missão em solo carioca: favorecer as milícias e facilitar a chegada de um de seus representantes à presidência da República. À parte toda essa tragédia, é fundamental louvar a coragem dos deputados que exigiram explicações ao general. Passou da hora da sociedade civil se posicionar diante dos arroubos autoritários de Bolsonaro e seus lacaios generais. Ditadura nunca mais!
Indicações de leitura: Rodrigo Patto Sá Motta. “As Universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária”. Zahar, 2014.
Pedro Henrique Pedreira Campos. “As empreiteiras Brasileiras e a Ditadura Civil-Militar: 1964-1988”. EdUFF, 2015
O incêndio no depósito da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, é uma metáfora dramática do Brasil sob Bolsonaro, sufocado por uma nuvem tóxica de cinzas e escuridão. Cultura, arte, passado, presente e futuro devorados na fogueira da ignorância e da vulgaridade que tomou o país de assalto.
O bolsonarismo é mais destruidor que os cupins. Mas a comparação é até injusta com os insetos. Cupins têm papel fundamental nos ciclos ecológicos. Bolsonaro é praga de elevado potencial devastador, com seu cortejo tenebroso de generais, milicianos, pastores de araque, trambiqueiros de vacina, adoradores do nazifascismo, capitães do mato, jagunços no parlamento, capangas infiltrados nas instituições e aduladores do deus “mercado”.
Bolsonaro odeia o Brasil. Por isso essa guerra sem trégua. Censo para conhecer o país e suas necessidades, educação e esporte, estímulo à produção científica, arte e cultura, meio ambiente saudável? Tudo que reafirma nossa dignidade como povo e que nos dá possibilidades de futuro é objeto da violência de terra arrasada, tragicamente representada nos mais de 550 mil mortos na pandemia.
Já fora um prenúncio sua reação ao incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro, em setembro de 2018. “Já está feito, já pegou fogo, quer que faça o quê?”. Quantas vezes Bolsonaro reagiu com a mesma indiferença à escalada de mortes na pandemia? “E daí?”
O fogo na cinemateca tem a mesma força simbólica dos ossos que os desesperados de barriga vazia recolhem na fila do açougue, na capital do agronegócio, Cuiabá. Morte, fome, doença e tentativa de extermínio da memória nacional são resultados de uma guerra anunciada.
Assistindo ao incêndio na TV, uma amiga mandou-me mensagem, angustiada: “O que vai sobrar deste país?”. Lembrei do samba de Nelson Cavaquinho e Élcio Soares: “O sol há de brilhar mais uma vez…” Lembrei de Rayssa e Rebeca, em Tóquio. E disse a ela: “Nós. Nós estaremos aqui e vamos construir tudo de novo”.