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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

24
Abr23

Eu “ouvo” as vozes do “golpe” e de “crimes”: a apropriação da Inconfidência Mineira por Romeu Zema

Talis Andrade
 
 
 
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Zema ofende Minas Gerais

e a memória da Inconfidência

 

por Luiz Carlos Villalta

A “Revolução de Minas” ou “Conspiração de Minas”, mais conhecida como “Inconfidência Mineira”, desde sua ocorrência em de 1788-89, foi apropriada por diferentes grupos e pessoas, em conformidade com seus interesses políticos. O governador Romeu Zema o fez. Não há nada a estranhar nisso.

Mas é dever denunciar os erros históricos (sim, bolsonaristas, há uma verdade histórica, ainda que relativa, porque marcada por algumas certezas e pontos obscuros ou que suscitam diferentes interpretações) contidos na apropriação, bem como os significados políticos que ela possivelmente exprime. Este é o caso dos usos da Inconfidência Mineira por Romeu Zema e seu governo.

Romeu Zema não prima por dotes intelectuais nem muito menos por fazer um bom governo. Vitorioso em duas eleições em função da terra arrasada em que se encontrava o estado de Minas Gerais (não vou me estender nesta análise, mas PT e PSDB mineiros nos devem uma autocrítica séria, indispensável para que construamos um futuro diferente no estado), Zema não perde a oportunidade para exprimir sua precariedade em termos linguísticos e culturais. Destaca-se por revelar uma ignorância que nem em crianças se aceita, como conjugar com erro o verbo ouvir, na primeira pessoa do singular (ele disse “eu ouvo”), ou imaginar que a poetisa Adélia Prado trabalhasse com produtores e jornalistas de um podcast para o qual dava entrevista. Sua ética duvidosa também se exprime quando sugere, por exemplo, que a vítima é culpada do crime que a teve por objeto (no caso, o governo Lula, vítima do golpe bolsonarista de 8 de janeiro), ou quando se esgueira entre a oposição a Lula e o oportunismo de colar-se a ele, de modo silente, para tirar proveitos eleitorais.

No último 21 de abril, num misto de sincerícidio “falho” e de afronta à memória coletiva nacional, porém, Romeu Zema cruzou o Rubicão. Primeiramente, ele concedeu a medalha da Inconfidência para dois políticos de duvidosa reputação e, mais ainda, notórios traidores: Michel Temer e Sérgio Moro. Depois, criou uma interpretação nova para a Conspiração de Minas, tão “nova” como seu Partido Novo.

Michel Temer foi o protagonista e o grande articulador de um Golpe de Estado contra sua companheira de chapa, a Presidenta Dilma Roussef. É inesquecível sua expressão de regozijo sádico em foto tirada quando do triunfo da votação do impeachment da ex-presidenta. São duradouros e danosos os efeitos de sua “Ponte para o futuro”, ou melhor, pinguela para o abismo, sentidos até hoje. Temer é o típico burocrata partidário, de todas as épocas, que constrói uma carreira em meio a atividades nebulosas, quase sempre muito vantajosas em termos econômicos e políticos. Sua figura, carcomida por essa antiguidade arcaica e repugnante, por isso mesmo, parece ter saído de páginas de jornais de outrora, de tempos remotos. A foto de seu ministério, por exemplo, só de homens e políticos tradicionais, trai o mofo que ele representa. Traidor de Dilma Roussef, enfim, ele é também traidor da pátria.

Sérgio Moro é o anti-magistrado. Não deve ter aprendido nos bancos universitários as lições de Cesare Beccaria, em Do Delito e das penas (1764), sobre o processo penal, ou, tendo-as aprendido, tratou de subvertê-las em sua prática como magistrado, criando leis (quando devia meramente cumprir com rigor as existentes) e desrespeitando outras e, assim, afrontando a legalidade. Moro usou o processo penal para concretizar seus interesses políticos, consoantes e afinados com os do “Império” norte-americano, e, com isso, condenando réus sem provas, dentre eles o Presidente Luís Inácio Lula da Silva. Fez as vezes de promotor, quando deveria ter sido juiz. Atuou, ainda, como peça fundamental para a ascensão e a vitória eleitoral de um fascista, o inominável. Por fim, ganhou um ministério como prêmio por sua façanha. Depois de trair a justiça, traiu o Duce brasílico. Não se contentando com este zigue-zague, voltou a apoiá-lo tempos depois, em 2022. O que importa aqui é registrar: Romeu Zema concedeu a Medalha da Inconfidência a dois traidores notórios! Premiou, assim, dois Joaquim Silvério dos Reis do século XXI, num movimento autenticamente anti-Inconfidência: homenagear traidores com a Medalha da Inconfidência representa dar um tiro no peito do mártir Tiradentes, apunhalá-lo pelas costas, tal como fez seu amigo Joaquim Silvério.

Zema não se contentou, entretanto, em fazer essa traição à Inconfidência – aliás, já passou da hora de refutarmos o uso desta denominação, que consagra a memória da monarquia absoluta portuguesa, a memória do poder, em detrimento da daqueles que a combateram, os conspiradores de Minas, uma vez que Inconfidência significa traição. Num ato falho – atenção ao significado desta expressão, que remete a uma ação que segreda uma verdade que não se quer ou não se deve explicitar –, Zema soltou uma nota em que adjetiva a Conspiração de Minas como “golpe” e os seus participantes como praticantes de “crimes”, além de insinuar que todos eles, à exceção de Tiradentes, foram mentirosos. Zema, com isso, hiperbolizou a visão que a monarquia portuguesa construiu sobre o ocorrido em 1788-89: o governador de Minas, tal como seu Partido Novo, coisa mais velha que a Idade da Pedra, em 2023, apedrejando a Conspiração de Minas, mostrou sua adesão à visão da monarquia absoluta, aos vencedores de 1792! Nada mais repulsivo de quem se espera, como governador de Minas que é, ao contrário, defender os perdedores de 1792, o mártir Tiradentes e os outros conspiradores. Falar em “golpe”, “crimes” e em mentirosos significa referendar o que diziam dona Maria I e seus oficiais régios!

Essa escolha de termos, porém, tem um significado político ainda mais repulsivo, bem contemporâneo: de apoio ao “golpe” de 8 de janeiro de 2023, àqueles que o fizeram como ativistas e como mentores. Esta apropriação é indigna do estado de Minas Gerais e, de resto, do Brasil e dos brasileiros. Os golpistas de 8 de janeiro não atuaram em defesa da liberdade, mas da opressão, da ditadura, do obscurantismo de fascistas, fardados ou civis. Atuaram contra a democracia e as liberdades. Afrontaram a vontade popular sacramentada nas urnas em 2022, apesar de todas as tentativas de desfigurá-la, protagonizadas pelos mesmos mentores do golpe de 8 de janeiro. Os golpistas de 8 de janeiro são criminosos e como tais devem ser tratados, com o rigor e os direitos prescritos pelas leis, em julgamentos justos, que não imitem os realizados por Sérgio Moro. Suas mentiras devem ser desmascaradas com base em provas sólidas.

Zema embaralhou os significados de dois movimentos: um, de conspiração, de revolta não concretizada, em nome das liberdades; outro, de golpe contra uma ordem democrática, visando à ditadura. Zema ofende Minas Gerais e a memória da Inconfidência. Se a Conspiração de Minas Gerais de 1788-1879 foi uma tentativa frustrada de revolta visando à liberdade, o Golpe de 8 de janeiro foi claramente uma revolta cujo fim era sufocar a liberdade e a vontade popular e, mais ainda, cujos efeitos foram danos imensos ao patrimônio público e colocar-se em risco as instituições democráticas. 

Com tudo isso, Romeu Zema revelou-nos o que é: simpatizante do golpe de 8 de janeiro de 2023, candidato a herdeiro do fascismo bolsonarista. Tiradentes, que não está no túmulo, mas em alguns outros lugares – as partes do seu corpo foram colocadas no caminho entre Rio e Minas, ficando sua cabeça em Vila Rica, enquanto sua figura histórica reina no panteão de heróis pátrios consagrados pela memória coletiva –, deve estar inquieto com tudo isso. Ele era o porta-voz de ideias verdadeiramente revolucionárias: os mais eloquentes anti-colonialismo e anti-patrimonialismo. Ele deve estar esbravejando contra Romeu Zema. Deve tê-lo ouvido muito bem. Deve ter-se indignado com os crimes contra a memória que Romeu Zema perpetrou: escolhendo a visão da monarquia absoluta e buscando usar a memória da Conspiração de Minas em favor de seus projetos políticos pessoais, certamente afinados com o mais abjeto (e velho!) colonialismo. 

Viva Tiradentes!

 
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10
Abr23

Após 12 matanças na gestão Bolsonaro, Lula quer rever atuação da PRF

Talis Andrade
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ESTRADAS DA FÚRIA

Polícia Rodoviária de Bolsonaro participoou de diversas ações fora das estradas entre 2019 e 2022

 

por Consultor Jurídico

A Polícia Rodoviária Federal foi responsável por 12 matanças durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando a corporação atuou regularmente em áreas urbanas e favelas. A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) busca reverter o aparelhamento promovido por seu antecessor, com uma "revisão de protocolos operacionais".

As matanças consistem em três óbitos ou mais em um mesmo grupo. O Rio de Janeiro foi palco de mais de sete das matanças da PRF no último governo, com 28 mortos. O segundo estado com mais matanças foi Alagoas: dois massacres e oito mortes. Na sequência vem Minas Gerais, que registrou uma matança, com 15 mortes.

Ao todo, o órgão registrou 126 mortos em confronto por agentes rodoviários de 2019 a 2022, sendo 57 em massacres. As informações são do jornal O Globo, obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI).

Entre 2017 e 2018, no governo do ex-presidente Michel Temer (MDB), houve 36 mortes e quatro massacres vinculados à PRF. Os registros de mortes só passaram a ser sistematizados em 2017. Após Bolsonaro assumir o poder, a média anual de mortes subiu 75%, enquanto a média de massacres cresceu 50%.

De acordo com o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense, as ações policiais com presença de agentes rodoviários no estado do Rio de Janeiro aumentaram ano a ano e quadruplicaram de 2019 a 2022: foram de quatro para 16.

Em outubro de 2020, uma força-tarefa da Polícia Civil e da PRF interceptou um comboio de milicianos em Itaguaí, na Baixada Fluminense. 12 suspeitos foram mortos, mas não aparecem na lista recebida via LAI, pois os confrontos fatais não envolveram diretamente policiais rodoviários.

Já em 2021, a PRF, com o apoio da Polícia Militar, encabeçou uma emboscada que causou 26 mortes em Varginha (MG). Porém, a corporação só contabilizou 15 mortes em seus controles internos. Há um inquérito em curso na Polícia Federal que apura suspeitas de execução e outras ilegalidades nessa ocasião.

Conforme a Constituição, a PRF tem a função de patrulhamento ostensivo das rodovias federais. Em 2019, o então ministro da Justiça, Sergio Moro (ex-juiz e hoje senador pelo União Brasil do Paraná), assinou uma portaria que autorizou os agentes rodoviários a cumprir mandados de busca e apreensão. Já em 2021, seu sucessor no cargo, André Mendonça (hoje ministro do Supremo Tribunal Federal), editou uma norma que excluiu tal previsão, mas manteve a permissão para que a corporação batesse ponto em ações conjuntas fora das estradas.

Ao Globo, a PRF disse que atua fora do ambiente rodoviário, em áreas de interesse da União, quando em apoio a outros órgãos. Segundo a corporação, qualquer registro de morte em ação policial deve ser tratado como exceção e "analisado sob aspectos operacionais e correcionais".

Mudança institucional

O atual ministro da Justiça, Flávio Dino, prega a extinção da portaria que autoriza a atuação da PRF fora das estradas. Já o novo diretor-geral da corporação, Antônio Fernando Oliveira, defende a possibilidade de entrar em favelas em situações excepcionais.

Mesmo assim, as ordens superiores, especialmente em delegacias fluminenses de áreas mais críticas — como na Baixada e em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio —, têm buscado desestimular a atuação fora das rodovias. A PRF também tenta virar a chave com a criação de uma Coordenação de Direitos Humanos e de um grupo de trabalho para debater o uso de câmeras pelos agentes.

A atual gestão do governo federal já substituiu diversos superintendentes da PRF nos estados. Na última quarta-feira (5/4), o governo também conseguiu exonerar Wendel Benevides Matos, que foi corregedor do órgão durante a gestão Bolsonaro.

Casos emblemáticos

Em março do último ano, a PRF, a PF e o Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM fluminense fizeram uma ação conjunta no Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os agentes rodoviários responderam por três dois seis mortos.

Já em maio daquele mesmo ano, a corporação foi responsável por quatro das 23 mortes ocorridas em um confronto no Complexo da Penha, também no Rio. O agente Alexandre Carlos de Souza e Silva, então chefe da unidade que atuou no massacre, foi promovido a superintendente do órgão no estado menos de um mês depois.

Em agosto de 2022, a PRF se envolveu em uma perseguição que começou na BR-101, em Itaboraí (RJ), mas cujos três óbitos ocorreram já no interior de uma favela próxima à rodovia.

Em maio do último ano, um homem negro de 38 anos chamado Genivaldo de Jesus Santos foi morto por agentes da PRF em Sergipe após ser parado por andar de moto sem capacete. Ele foi colocado no porta-malas de uma viatura e os agentes despejaram gás lacrimogênio e spray de pimenta no compartimento fechado, o que o sufocou.

Além das mortes, a PRF causou polêmica por promover ações políticas. Às vésperas do segundo turno das eleições do último ano, em outubro, o então diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, pediu votos para Bolsonaro em uma rede social.

No dia da votação, a PRF direcionou bloqueios a ônibus com eleitores, especialmente no Nordeste, onde Lula teve larga vantagem sobre Bolsonaro. Já quando apoiadores do ex-presidente fecharam rodovias por todo o país, a instituição se omitiu.

PRF mata homem com bomba de gás em viatura em Sergipe: Um homem negro de 38 anos morreu após passar por uma abordagem realizada por policiais rodoviários federais no município de Umbaúba, litoral sul de Sergipe. Genivaldo de Jesus Santos morreu após ser submetido a uma ação truculenta da PRF (Polícia Rodoviária Federal). No UOL News, o colunista Carlos Madeiro fala sobre o tema e traz últimas informações

08
Abr23

Juiz não pode atuar como "paladino" no combate à corrupção

Talis Andrade
 
 
Não se combate a corrupção corrompendo a Constituição - Sindicato dos  Metalúrgicos do ABC
 
 
 

 

MAGISTRATURA X POLÍTICA

O Judiciário não tem o papel de "paladino" no combate à corrupção. O juiz tem a função de analisar as provas que lhe são trazidas, e não pode atuar como "um vingador"

Redação Consultor Jurídico

Foi o que disse o corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, em entrevista à revista Veja. O ministro do Superior Tribunal de Justiça acredita que os magistrados não podem ser responsabilizados pela sensação de impunidade no país.

"Ao contrário do que pensa o senso comum, o juiz não pode ter compromisso com um resultado predeterminado, com a punição de quem está sendo acusado. O compromisso de todo e qualquer juiz é julgar de forma célere, resguardar o direito de defesa e aplicar a lei no caso concreto", explicou.

Salomão também se posicionou contra a criação de varas especializadas na área criminal, pois entende que isso gera deformações. "Temas muito midiáticos levam a uma exposição que não combina com a atividade de juiz. Muitos magistrados acabam misturando a atividade com política, se extasiam com reconhecimento, acham que vão resolver todos os problemas do Brasil, extrapolam, abandonam a ideia de imparcialidade, e vai tudo por água abaixo".

Um "exemplo clássico de utilização da toga com finalidade política", segundo o ministro, foi a "lava jato". Na visão do corregedor, a operação "se perdeu quando os juízes confundiram a função deles com uma atividade política e começaram a se expor demais, se acharem paladinos".  

Salomão mencionou o caso do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro e responsável pelos processos do braço fluminense da "java jato". "O processo dele está sob sigilo, mas o Plenário do CNJ reconheceu que ele ultrapassou a linha não só pela mistura da atividade judicial com a política, mas por sua própria conduta, incompatível com o que se deve esperar de um juiz", declarou Salomão. 

Ele também citou o caso do ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil do Paraná. "O fato de o juiz deixar a magistratura para trabalhar no Executivo e depois disputar uma eleição parlamentar, por si só, comprova essa mistura", avaliou Salomão. Por isso, ele defende uma quarentena para magistrados que deixam o cargo para entrar na política.

Na entrevista, Salomão também argumentou que a aposentadoria compulsória, aplicada como punição disciplinar na magistratura, não é um prêmio para o juiz.

"O magistrado perde os vencimentos, mas, como contribuiu para a Previdência Social, tem direito a receber o que recolheu. Um criminoso não perde a aposentadoria do INSS porque cometeu um crime. O que qualquer um pagou até o dia da punição entra no cálculo da aposentadoria. Isso vale para todo cidadão, e não só para os magistrados".

Ele ainda sustentou a legitimidade de juízes participarem de palestras ou eventos feitos por entidades ligadas à magistratura. "O que é ruim — e ilegal — é a confusão entre o interesse privado e a atividade pública. A monetização de palestras, a meu ver, é um problema ético que cada juiz avalia do seu ponto de vista. É esperado desse magistrado que se declare suspeito se vier a deparar com um processo desse contratante".

Por fim, o corregedor teceu elogios à atuação do ministro Alexandre de Moraes à frente do Tribunal Superior Eleitoral: "Se ele não tivesse tido a firmeza que teve, as eleições talvez nem tivessem acontecido". Salomão não vê abusos do colega, pois suas decisões foram confirmadas pelo Plenário.

De acordo com o ministro do STJ, "fatos concretos" apontam que "a autonomia e a firmeza" do TSE e do STF impediram "o avanço do sistema autoritário". Ele cita como exemplo a depredação promovida por bolsonaristas na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro.

 
Carlos Latuff on Twitter: "Sob o disfarce de combate à corrupção, a  Operação Lava-Jato foi na verdade uma intervenção da Casa Branca na  política do #Brasil, para que voltássemos a ser o
 

Comentário de Igor de Oliveira Zwicker (Serventuário):

Segundo Sua Excelência,

"O magistrado perde os vencimentos, mas, como contribuiu para a Previdência Social, tem direito a receber o que recolheu. Um criminoso não perde a aposentadoria do INSS porque cometeu um crime. O que qualquer um pagou até o dia da punição entra no cálculo da aposentadoria. Isso vale para todo cidadão, e não só para os magistrados."

Negativo.

Eu até acho justa a aposentadoria levar em conta o que foi recolhido.

Mas e o servidor público civil da União, regido pela Lei n° 8.112/90?

É demitido ADMINISTRATIVAMENTE e perde tudo. Tudo que recolheu para o RGPS ou RPPS deixa de ser considerado.

Portanto, diferente do que disse o ministro, a regra NÃO vale para "todo cidadão".

27
Jan23

Lula chama o golpista Temer de golpista

Talis Andrade

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Por Altamiro Borges

Em entrevista à imprensa do Uruguai nesta quarta-feira (25), o presidente Lula voltou a chamar o traíra Michel Temer de “golpista”. Ao explicar que seu governo herdou um país “semidestruído”, ele foi bem didático: “O Brasil não tinha mais fome quando deixei a presidência e hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome. Isso significa que quase tudo que fizemos de benefício social no país, em 13 anos de governo, foi destruído em sete anos: três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro”. 

A declaração dada após o encontro com o presidente uruguaio Luis Alberto Lacalle Pou irritou Michel Temer. Em nota, ele resmungou: “Mesmo tendo vencido as eleições para cuidar do futuro do Brasil, o presidente Luis Inácio Lula da Silva parece insistir em manter os pés no palanque e os olhos no retrovisor, agora tentando reescrever a história por meio de narrativas ideológicas. Ao contrário do que ele disse hoje em evento internacional, o país não foi vítima de golpe algum. Foi, na verdade, aplicada a pena prevista para quem infringe a Constituição”. 

O queixume do traíra recebeu de imediato o respaldo de outros notórios golpistas. Lauro Jardim, no jornal O Globo, garante que “entre uma declaração e outra, apareceu um terceiro presidente, agora ex: Jair Bolsonaro entrou em contato com Temer. Solidarizou-se”. Alguns “calunistas” da mídia hegemônica – que apoiaram o golpe do impeachment contra Dilma Rousseff chefiado pelo bandido Eduardo Cunha, festejaram a prisão de Lula por 580 dias e ajudaram a chocar o ovo da serpente que permitiu a vitória do “capetão” fascista – também criticaram o “revanchismo” e o “rancor” do presidente Lula. 

Mas tudo isso é puro cinismo dos golpistas, que tentam impor suas “narrativas ideológicas” para justificar tantas desgraças causadas ao povo brasileiro. O impeachment sem crime de responsabilidade – baseado na falsa tese das pedaladas fiscais hoje negada até pelo próprio Tribunal de Contas da União – serviu para estuprar a democracia brasileira e para devastar a economia nacional. Serviu aos interesses do império, da cloaca burguesa nativa, da classe “mérdia” egoísta, dos militares ressentidos, entre outros setores reacionários. Foi um golpe de novo tipo – judicial, parlamentar e midiático. 

Entre as medidas implantadas pelo golpista Michel Temer, com sua “Ponte para o Futuro” – na verdade, uma pinguela para o passado –, encontram-se a “deforma” trabalhista que precarizou ainda mais o trabalho e asfixiou os sindicatos e a PEC da Morte, com seu destrutivo Teto de Gastos. O “decorativo” ex-vice-presidente serviu como capacho do golpe do capital contra o trabalho. Com a ruptura imposta, ele ajudou a pavimentar o terreno para ascensão do fascismo no Brasil. Michel Temer entrará para a história como um traidor golpista. Isto já está cravado na sua biografia!

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18
Abr22

Um país muito doido

Talis Andrade

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Com uma introdução ao que viria no governo Temer até a consolidação da loucura sob Bolsonaro, vivemos o desmonte total do estado, da política e das instituições

 

 

por Miguel Paiva

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É muito doido o que virou o Brasil. Com uma introdução ao que viria no governo golpista do Temer até a consolidação da loucura no governo Bolsonaro, vivemos hoje o desmonte total do estado, da política e das instituições. Claro que não se concretizou totalmente e graças a isso continuamos resistindo com o que sobra. Mas o plano é esse. Se deixar eles acabam o serviço e estabelecem um estado fascista disfarçado de populista com o povo “decidindo” através de plebiscitos, arma típica dos governos autoritários que desprezam a democracia, as minorias e as diferenças. 

Eles armariam e muita gente nem perceberia. Parte do mercado financeiro continuaria, os ricos ficariam mais ricos, os pobres mais pobres e aqueles que acreditam que deus está acima de tudo viveriam o destino como se estivesse escrito. Democracia não é nada disso e ainda temos muita energia nessa resistência à barbárie. Por isso se diz que essas eleições são as mais importantes desta era.

Não gostaria de viver essa experiência do estado totalitário pela segunda vez. Fantasiadas de capitalismo neoliberal as imposições e limitações estabeleceriam as regras. O país sem fiscalização, sem apoio do estado, o vale tudo disfarçado também de liberdade deixaria todo o poder e as possibilidades nas mãos dos mais ricos e mais fortes. Um pouco já é assim e você sente isso no dia a dia das cidades, dos bairros e das ruas. É um verdadeiro milagre as cidades ainda funcionarem, o trânsito mal ou bem fluir e as pessoas ainda darem bom dia quando se cruzam. O brasileiro é antes de tudo um forte e certamente há de resistir.

Nas ruas você pode ser atacado se discute no trânsito, esfaqueado se volta pra casa a pé, assassinado se for assaltado, eliminado da vida se entrar por acaso numa comunidade sem avisar e daqui a pouco se der uma opinião contrária. É a lei da selva no seu mais alto grau. A polícia sumiu das ruas, os guardas de trânsito só existem para multar de vez em quando quem estaciona em local proibido, as pessoas circulam de moto ou bicicleta na contramão, as regras de convivência vão sendo esquecidas e o brasileiro em geral e o carioca em particular vai criando maneiras alternativas de sobreviver. 

Tudo isso é resultado de falta de escola, de apoio e presença do estado, de assistência social e tudo o mais que dá ao cidadão a sensação de fazer parte de alguma coisa. O individualismo é estimulado, a meritocracia enaltecida e com isso o povo se sente abandonado, totalmente. Como não vai sucumbir paralisado acaba descobrindo sua maneira pessoal de sobreviver e isso pode incluir inclusive a violência e a intolerância.

Cabe a nós interromper esse ciclo terrível que nos países pobres e despolitizados como o nosso acabam criando condições para o estado fascista. Ainda restam as eleições, o Supremo, o Congresso, apesar de tudo. Vamos mudar o rumo dessa prosa e retomar nossa responsabilidade no futuro do Brasil. Chega de palhaçada, de compras patéticas, de motociatas fora da lei, de atitudes violentas e antidemocráticas. O Brasil é muito mais do que isso e dessa vez, até agora, as eleições vão correr de modo mais justo. Espero. Esperamos todos e só restará a lei para punir quem riu e zombou das nossas vidas esse tempo todo. A hora é essa.

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05
Abr22

Xadrez do Brasil na grande batalha da globalização

Talis Andrade

 

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O que estará em jogo em 2022 não será um provável 3º governo Lula, mas o desafio de manter o Brasil como Nação

08
Fev22

Júlio Marcelo, o procurador que usou o TCU de escada

Talis Andrade

 

 

Que caia a ficha dos seus colegas, sobre os males que o deslumbramento de Júlio Marcelo trouxe ao TCU, assim como já caiu a ficha dos procuradores da República sobre o prejuízo para a categoria do deslumbramento de Dallagnol

 

por Luis Nassif

Principal agente do impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF), o Ministro Luís Roberto Barroso admitiu, recentemente, que o impeachment foi um processo político, sem crime de responsabilidade. E admitiu que os atos de Dilma Rousseff – batizados de “pedaladas” – eram prática habitual em outros governos.

Ao mesmo tempo, há notícias dando conta do desaparecimento do contrato de Sérgio Moro com a Alvarez & Marsal e insinuando a responsabilidade do setor do Tribunal de Contas da União (TCU) sob a coordenação do procurador Júlio Marcelo de Oliveira.

E, aí, tem-se dois personagens centrais do golpe do impeachment.

Júlio Marcelo foi o principal responsável pela desmoralização do TCU, ao partidarizar as investigações. No jogo de cena do impeachment, coube a ele a suposta sentença técnica de que houve crime de responsabilidade – negado, agora, por Barroso. Nas sessões do impeachment, admitiu ser um militante, tendo participado do movimento “Vem pra rampa”, visando pressionar os ministros do TCU a rejeitarem as contas de Dilma.

Na época, Júlio foi flagrado almoçando com Marcos Lisboa, principal ideólogo da “Ponte para o Futuro”, o estudo que serviu de base para a montagem da frente contra Dilma.

Em determinado momento, a apoteose mental da Lava Jato de Curitiba contaminou os militantes abrigados no TCU. O ridículo foi tão grande que o Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais de Contas lançou o nome de Júlio Marcelo como substituto do Ministro Teori Zavascki.

No dossiê Vaza Jato, aparece conversa de Júlio Marcelo com Deltan Dallagnol, na qual o procurador afirma que o TCU estaria infiltrado por “bandidos”, e precisaria ser limpado. Na conversa, ele ataca diretamente o Ministro Bruno Dantas – o que está avalizando, agora, as medidas contra o contrato de Sérgio Moro com a Alvarez & Marsal. E passa inúmeras dicas para Deltan. A jugar pela demora de Deltan em responder, e pela resposta rápida, não havia muita paciência com as abordagens de Julio Marcelo.

E, aí, se entra na questão central do impeachment, a conspiração em favor das chamadas reformas liberais, mostrando o alinhamento completo do Ministro Barroso e do procurador Júlio Marcelo com as teses sustentadas pelos golpistas.Image

Em mais de uma ocasião, Barroso endossou integralmente as teses da “Ponte para o Futuro”, o ultraliberalismo, a saída do estado de qualquer atividade econômica, o excesso de proteção aos trabalhadores. O próprio Michel Temer, que assumiu a presidência, em palestra nos Estados Unidos sustentou que, caso tivesse endossado a “Ponte”, Dilma não teria caído.

Portanto, não resta dúvida que, se o impeachment foi um processo político – como admite o próprio Barroso – e que se Barroso e Júlio Marcelo foram agentes ativos do impeachment, a conclusão óbvia é que agiram politicamente. Uma coisa é o Congresso atuar politicamente no impeachment. Outra, é a atuação política de representantes do Estado brasileiro.

Coube a Barroso todos os votos decisivos em favor do impeachment: o voto para a abertura do impeachment, para a prisão de Lula, para impedir a candidatura de Lula. E a Júlio Marcelo o álibi técnico utilizado pela mídia e pelo Senado, para avalizar o que, hoje em dia, Barroso admite ter sido apenas um processo político.

Que caia a ficha dos seus colegas, sobre os males que o deslumbramento de Júlio Marcelo trouxe ao TCU, assim como já caiu a ficha dos procuradores da República sobre o prejuízo para a categoria do deslumbramento de Dallagnol. Ambos utilizaram as respectivas corporações de escada para projetos pessoais.

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20
Jan22

Peça 2 – a proa da lanterna, a pior geração liberal

Talis Andrade

 

 

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Xadrez sobre Bolsonaro, eleições e crime

 

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