Na ação, Chico cobra a retirada de sua música da postagem de Eduardo, além de uma indenização de R$ 48 milhões e publicação da sentença condenatória no Instagram. Em 1968, a letra virou inspiração para uma peça de teatro quando o elenco foi espancado pelo regime militar. Para Dilma, a canção “nos despertou” à época e “ainda inspira”.
A ex-presidenta indaga qual seria o intuito da magistrada: “Ignorar o uso indevido que Eduardo Bolsonaro fez da canção? Pois, como justificar que uma música feita para combater a ditadura militar fosse, sem autorização do seu autor, Chico Buarque, utilizada indevidamente em apoio ao fascismo que ele, Eduardo Bolsonaro, representa?”
Leia abaixo a íntegra e ouça a música, que também foi postada por Dilma:
Roda Viva" é de Chico Buarque e o testemunho é de muitas gerações
Qual o fundamento da sentença da juíza que concluiu não haver provas de que a música 'Roda Viva' foi escrita pelo nosso grande compositor, músico e poeta Chico Buarque de Holanda? Ignorar o uso indevido que Eduardo Bolsonaro fez da canção? Pois, como justificar que uma música feita para combater a ditadura militar fosse, sem autorização do seu autor, Chico Buarque, utilizada indevidamente em apoio ao fascismo que ele, Eduardo Bolsonaro, representa?
Só negando a autoria a Chico Buarque.
Ou se trata de simples desconhecimento do fato de que uma das músicas mais lindas da história da MPB foi escrita por Chico Buarque em 1967, cantada por ele num festival, premiada com o primeiro lugar e emocionado uma geração inteira de brasileiras e brasileiros? E que todos nós, desta geração e das próximas, podemos nos arrolar como testemunhas da autoria do Chico e da profunda emoção que Roda Viva nos despertou e ainda inspira?
Talvez a juíza substituta do TJRJ, Monica Ribeiro Teixeira, possa alegar como desculpa para ignorar a autoria de Roda Viva o fato de não ter nascido quando a música foi lançada. Mas, neste caso, a dificuldade poderia ter sido rapidamente sanada com uma consulta ao Google e ao Ecad, para descobrir o que o país inteiro já sabe.
Assista a seguir a prova de que a música que encantou o Brasil e continua fundamental até hoje tem como autor um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos: Chico Buarque cantando a SUA Roda Viva no festival da canção, ao ser anunciada a sua vitória:
Crime de racismo. Abuso de poder. Atentado ao pudor. Falta de decoro parlamentar. Gíria miliciana. Ameaça de morte. Violência contra morador de rua negro, pobre e desarmado
247- A deputada federal reeleita por São Paulo Carla Zambelli, apoiadora de Jair Bolsonaro, sacou uma arma e apontou para um homem na rua na tarde deste sábado (29), véspera do segundo turno da eleição.
O episódio aconteceu na travessa da Joaquim Eugênio Lima com a Lorena, no bairro nobre Jardins, segundo Antonio Neto, do PDT, que divulgou um vídeo da cena no Twitter (veja abaixo).
No vídeo, ela segue o homem por uma distância, que foge e entra num bar. Ela entra atrás e ordena aos gritos: “Deita no chão! Deita no chão!”. “Quer me matar para quê, mano?”, pergunta o homem.
Segundo o jornal O Globo, Zambelli afirmou que "militantes de Lula" a "cercaram e agrediram quando saía do restaurante". As imagens, no entanto, não mostram agressão, e sim Zambelli correndo - e caindo enquanto corria - atrás de um homem negro. Outro vídeo mostra um homem que acompanha Zambelli também correr e atirar - não é possível identificar em qual direção.
Leandro Grass, candidato ao governo do Distrito Federal pelo PV, já anunciou que vai pedir a cassação do mandato da deputada. "Estou preparando o pedido de cassação da Zambelli. Assim que protocolar, enviarei aqui", postou no Twitter.
ДRiКА✜⁷
a fanfiqueira da carla zambelli caindo sozinha e depois botando os cães de guarda dela pra cima da pessoa
@drickaos
"um homem negro"
Quote Tweet
CHOQUEI
@choquei
AGORA: Bolsonarista Carla Zambelli se pronuncia após sacar a arma para petista: “Um homem negro veio pra cima de mim. Me machucaram. Me chamaram de vagabunda e de prostituta. #Eleições2022
A encenação da peça de “A Paixão de Cristo de Nova Jerusalém” no maior teatro ao ar livre do mundo
por Gustavo Krause
Os cinquenta quilômetros do percurso que separa Caruaru do Teatro de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, distrito do município do Brejo da Madre de Deus, são ladeados de terra seca, esturricada, paisagem típica do semiárido. Nela, o heroico mandacaru, com longos e verdes braços, clamando pelo milagre da chuva, convive com o testemunho mudo do rebanho de pedras, rochas, desafiando a força transformadora da capacidade humana.
Pois bem, do sono das pedras nasceu o sonho de construir o que se tornou o maior teatro ao ar livre do mundo: uma obra monumental com nove palcos, setenta torres, cercada por uma muralha de 3.500 metros.
Por mais de quatro décadas, convivi com a obstinação do idealizador: Plínio Pacheco, autêntico visionário, senhor do sonho e operário da gigantesca obra. Pele alva, tostada pelo sol das longas jornadas de trabalho, o franzino Plínio Pacheco mais parecia o nordestino teimoso do que um gaúcho dos pampas, berço de nascença.
Ao lado de Diva, uma verdadeira “Diva” no ambiente cultural, artistas talentosíssimos e incansáveis trabalhadores, atravessou um deserto com coragem e abnegação. Ao final, legaram a Pernambuco e ao mundo, o magnífico Teatro que, por 54 anos, abrigou a encenação da “Paixão de Cristo de Nova Jerusalém”.
A monumentalidade da obra está à vista para o espanto de todos que a visitam. Palavras são insuficientes para descrevê-la. Arrisco, pois, a falar não do que se vê, mas do que se sente.
Cada polegada de areia, pedra e sol exalam o sagrado, o profano, o místico, o belo, o trágico, o poético, o épico e o transcendental. Impossível escapar da emoção que contamina e envolve a multidão de espectadores/atores.
A figura austera de Plinio, uma fruta fina de casca grossa, assumiu lições da poética cabralina “Educação Pela Pedra” na “sua carnadura concreta”, quando percebeu que “(de dentro para fora), a pedra, uma pedra de nascença entranha a alma”.
Se em Drummond “no meio do caminho tinha uma pedra”, para Plinio, as pedras foram o próprio o caminho de uma sólida criação com profundo significado.
O ator que interpreta Jesus afirmou: “Amigos, chegou a hora de purgar os males dos vilões que andei fazendo”. Gabriel Nunes pressentiu a faísca redentora do Personagem e, como ator consagrado, dividiu com a plateia.
Em tempos de violência, o espetáculo reitera a vitória do amor sobre o ódio e celebra a ressurreição frente ao horror da pandemia. A vida do Teatro segue sob a liderança de Robson Pacheco.
Com os dois pés fincados nos terreiros da dança e do teatro, Flaira Ferro resolveu mostrar também sua faceta de cantora e compositora. “Cordões umbilicais”, seu disco de estreia, é um álbum autoral e autobiográfico, em que a artista dá roupagem pop a diversos elementos de sua formação cultural: frevo, cavalo marinho, caboclinho e maracatu, pernambucanidades temperadas com pitadas de erudito.
Flaira veio ao mundo no meio do carnaval do Recife, tendo se iniciado na dança ainda criança, aos seis anos de idade. Filha de pais foliões, foi aluna do lendárioNascimento do Passo, formou-se em Comunicação Social pela Unicap (Recife) e hoje é professora, pesquisadora, dançarina, atriz e cantora, ufa!, do Instituto Brincante, deAntonio Nóbrega, sediado em São Paulo, onde está radicada desde 2012.
No refrão de atriz, cantora ou dançarina? (letra e música dela), a pergunta que muitos lhe fazem e farão, este repórter inclusive: “ô menina/ o que é que você vai ser?/ atriz, cantora ou dançarina?”. “Mundo, continente, país, estado,/ cidade, bairro, casa, eu./ Somos tantos mundos/ dentro de outros mundos mais/ e estamos ligados por/ cordões umbilicais”, comunga a letra da faixa-título, parceria de Flaira eIgor Bruno.
Ela assina letra ou música em 10 das 11 faixas, incluindo “Contra-regra” (pré-novo acordo ortográfico), calcada em versículos bíblicos. A única música que não assina é (mais ou menos) sobre ela. Na verdade é sobre “Filhos” – o título – em geral. A letra é do ex-deputado federalFernando Ferro, seu pai: “Filhos são frutos,/ filhos são parte do nosso caminho,/ filhos são flores e são espinho,/ filhos são nós, e nós que atam e desatam./ Filhos são nossa parte, fazendo arte,/ filhos são doces pimentas do ser,/ filhos são nosso prêmio e pranto,/ filhos são surpresas,/ em cada canto./ Filhos não pedem pra nascer…”, reza a letra.
Em “Me curar de mim” (letra e música dela), literalmente desnuda-se: “E dói, dói, dói me expor assim/ dói, dói, dói, despir-se assim/ Mas se eu não tiver coragem/ pra enfrentar os meus defeitos/ de que forma, de que jeito/ eu vou me curar de mim?”, indaga-se/nos.
Disponível para download gratuito nosite da artista, “Cordões umbilicais” foi gravado entre agosto de 2013 e abril de 2014 e lançado no Recife em janeiro passado, dentro da programação do Festival Janeiro de Grandes Espetáculos, em cuja 17ª edição Flaira já havia sido premiada como melhor bailarina, por “O frevo é teu?”, seu primeiro espetáculo solo, dirigido porBella Maia.
O disco tem produção musical e arranjos deLeonardo GorositoeAlencar Martins(seu parceiro em “Lafalafa” e “Contra-regra”) e participações especiais do maestroSpok(saxofone) eLéo Rodrigues(percussão). Por e-mail, ela conversou com o blogue sobre o álbum, seu trânsito livre entre a música, o teatro e a dança, a porção autobiográfica de sua obra e projetos futuros.
Zema Ribeiro entrevista Flaira Ferro
A artista no clique de Patrícia Black
Zema Ribeiro– O que melhor define você: atriz, cantora ou bailarina? Flaira Ferro– Essa resposta está na letra da música que te inspirou a pergunta. Meu caminho é o da busca. Nela procuro os lugares onde moram meus desafios. Quem se dispõe a olhar para dentro de si, na tentativa de entender seu papel no mundo, há de se deparar com muitas questões da existência. A dança está na minha vida há mais tempo, mas ela foi um pontapé inevitável para o teatro e para o canto. O que me interessa mesmo é a ponte que existe entre as três linguagens. Todas elas têm o corpo como instrumento e o movimento como impulso para ações e intenções. A possibilidade de me expressar misturando tudo isso é o que me define hoje.
ZR– Com uma consolidada carreira como bailarina e atriz foi preciso cortar algum cordão umbilical com aquelas artes para dedicar-se à música enquanto cantora? Ou tudo se soma e uma expressão ajuda a outra? FF– Elas são complementares e sem dúvida uma ajuda a outra, principalmente na compreensão de execução. Pra cantar é preciso respirar corretamente, coisa que a dança trabalha bastante. Pra interpretar uma dança ou música a atuação é um recurso importante na escolha das intenções, enfim.
ZR– “Cordões umbilicais” traduz uma reelaboração pop de ritmos tipicamente pernambucanos, como frevo, cavalo marinho, caboclinho e maracatu, e traz além de pitadas eletrônicas, referências eruditas. Como foi o processo de composição e gravação do álbum? FF– Tudo começou no final de 2012. Em um processo lento e atento às minhas verdades, juntei todas as composições que eu tinha feito ao longo da minha vida e convidei, por afinidade e entrosamento, os músicos Alencar Martins e Leonardo Gorosito para pensarmos na elaboração das músicas. Durante um ano nos encontramos semanalmente na casa de Alencar. Eu mostrava as letras e melodias e os dois criavam os arranjos. Dessa brincadeira saíram duas parcerias, “Lafalafa” e “Contra-regra”, com letras de minha autoria e música de Alencar. Depois de tudo arranjado, eles escolheram a dedo os músicos que formariam a banda para gravar no estúdio e foi quando conheciJota Jota de Oliveira(baixo),Gabriel Zit(bateria) eCiro de Oliveira(teclado). Fizemos alguns ensaios e gravamos o disco em dois estúdios: Cia do Gato e Ilha da Lua, ambos em São Paulo.Gustavo do Valefoi o técnico responsável pela gravação, mixagem e masterização. Além da banda, o disco contou com a participação especial dos músicos maestro Spok, Léo Rodrigues,Taís Cavalvanti, Danilo Nascimento, Sandra Oakh, Ramiro Marquese meus pais. Também tive parceiros fundamentais na autoria de algumas letras, são eles:Camila Moraes, Igor Bruno, Ulisses Moraese minha irmãFlávia Ferro. Apesar de eu ter idealizado o projeto, “Cordões Umbilicais” foi feito por muitas mãos e jamais teria a cara que tem se não fossem todas as pessoas que mencionei acima. Tive a sorte de contar com músicos, familiares e profissionais que foram verdadeiros portais para esse sonho ser compartilhado.
ZR– Em “Templo do tempo” se indaga: “será que saberei um dia/ o que vou ser quando crescer?”. Nenhum risco de “Cordões umbilicais” ser teu único disco, não é? Ainda é cedo, mas já se pegou pensando no sucessor da estreia? FF– Sem dúvida. A composição é um exercício e uma necessidade constante. Tem muita música nascendo e em algum momento irei desaguá-las em um novo disco. Mas ainda vai levar tempo. Quero curtir esse primeiro filho com calma, rodar com shows, digerir e processar essa descoberta com carinho.
ZR– A letra de “Contra-regra” tem versículos bíblicos, sem nem de longe pagar de gospel. Você é religiosa? É católica? Que papel tem a Igreja em sua vida? FF– Até o mais ateu dos ateus não nega: deus é um tema irresistível. Não sou católica, muito menos religiosa. Levo uma vida sem misticismos ou superstições. A meu ver, dignidade vem com trabalho, bom humor e uma boa dose de teimosia. Acredito na espiritualidade como um tipo de inteligência que qualquer um pode ou não desenvolver e, para mim, a conexão com o divino é um estado de discernimento e expansão de consciência sobre o todo. Nasci num país onde os preceitos da cultura judaico-cristã predominam e de alguma forma me sinto influenciada por isso. Sou fascinada pela mensagem intrigante de amor incondicional pregada por Jesus Cristo. Quem consegue amar ao próximo como a si mesmo? Quem é capaz de dar a outra face se alguém o bater? Eu não consigo. A meu ver, o verdadeiro artista é um devoto às questões da alma. Neste sentido Jesus é pra mim um artista revolucionário e transgressor da maior ordem e, por isso mesmo, acredito que sua mensagem está longe de ser compreendida pela ganância e hipocrisia que regem o sistema político e cultural do Ocidente. Fico imaginando o que Jesus faria se presenciasse as atrocidades irreparáveis que os homens fazem em seu nome. É tanta intolerância, homofobia, racismo e violência dentro das igrejas que tenho dificuldade de me sentir representada plenamente por alguma instituição. Mas acho importante compartilhar experiências coletivas de fé para fortalecer a crença individual, seja ela qual for. Procuro me cercar de pessoas generosas que estejam dispostas a olhar a vida sem dogmas e moralismos e são nestas relações que minha igreja reside em essência. Identifico-me profundamente com a lógica de agradecimento presente nas manifestações populares como o Cavalo-marinho e o Reisado [maiúsculas dela]. Fui batizada em igreja batista, sempre que dá frequento a IBAB, o templo budista da Monja Coen e as sambadas do Instituto Brincante.
ZR– Diversas faixas têm um quê autobiográfico. O quanto dói se expor assim, como você afirma em Me curar de mim? FF– Não sei se existe uma dimensão para medir nossas dores. Acredito que todo processo de transformação demanda algum tipo de sofrimento, o que é saudável e natural. No meu caso, a exposição de minhas fraquezas dói o necessário para me fazer perceber o que preciso trabalhar.
ZR– Por falar em exposição, sua participação no projeto Apartamento 302, do fotógrafoJorge Bispo, ganhou repercussão na seara política, ao que parece com veículos de comunicação querendo atingir seu pai. O que achou de participar do projeto e qual a sua opinião sobre essa repercussão enviesada? FF– Participar do projeto foi uma experiência interessante para lidar com a auto-imagem, o lugar do feminino e o julgamento externo. Sinto que a repercussão distorcida e maldosa só fortaleceu a importância de agir a partir da fidelidade às minhas próprias questões. O artista nem sempre vai ser compreendido, então, avante. Quando a gente se entrega de coração a alguma coisa, a paz que vem da escolha feita com verdade é absurda. O autoconhecimento é um tema que me seduz muito, desde pequena. Procuro viver atenta às minhas necessidades e todos os dias me faço a pergunta: estou investindo meu tempo tentando ser o melhor de mim mesma? A partir dela vou encontrando respostas para tomar decisões que independem do que os outros vão dizer ou achar.
ZR– Em “Atriz, cantora ou dançarina” você afirma: “Por ora agora gosto de cantar/ mas se amanhã isso bastar/ serei fiel ao que me der vontade”. O que Flaira ainda não fez e tem vontade? FF– Muita coisa, né? Mas das que estão no topo da lista, tenho muita vontade de organizar uma viagem intensa pelo Brasil para fazer uma pesquisa de campo sobre os ritmos e as danças populares de cada região do país.
Centro Cultural poderá ser transferido, mas em formato menor, para outra sede
Pelos votos de uma minoria racista, nazi-fascista, pelos votos de uma maioria branca, direitista, lavajatista e bolsonarista, Curitiba merece, o Paraná merece:
O Teatro da Caixa e demais espaços da Caixa Cultural na sede do banco da rua Conselheiro Laurindo deverão ser fechados. O banco estatal está estudando a venda de sua sede no local e transferência de toda administração da empresa para a sede da praça Carlos Gomes.
Com isso, a cidade irá perder um de seus espaços culturais mais tradicionais. Além do espaço, a Caixa Cultural era um grande financiador da arte na capital.
A informação foi apurada pelo Plural junto a pessoas familiarizadas com o projeto.
Atualmente fechado por conta das medidas de restrição impostas pela prefeitura de Curitiba devido a Bandeira Laranja de alerta para Covid-19, o espaço cultural tem, além do teatro (que tem 125 lugares), duas galerias e um espaço para oficinas.
Oficialmente, a assessoria da Caixa não confirma a informação. E informa que o espaço será reaberto assim que a prefeitura da cidade liberar eventos e atividades culturais.
Mas o Plural ouviu três pessoas com acesso a informações internas do banco que confirmaram que na administração da Caixa em Curitiba a venda do prédio e o fechamento do teatro são dados como certos. Um estudo interno avalia a reabertura do espaço em outro local, em formato menor. Talvez só com uma galeria.
Apesar de menor que seus vizinhos do Centro Cultural Teatro Guaíra, o Teatro da Caixa é um espaço tradicional de shows e da cena teatral local e nacional. Seu palco recebeu parte das principais peças exibidas nas edições passadas do Festival de Teatro da cidade.
Além disso, o espaço é sede de um painel de Poty Lazzarotto chamado “O Construtor”. A obra foi inaugurada em 1978.
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Nota deste correspondente: O painel está avaliado por quantos trocados? Será que ele vai como brinde? Deviam doar o painel para a autodenominada Liga da Justiça da autodenominada República de Curitiba da autodenominada Lava Jato
Do Paraná, o grito de José Millán-Astray: «Morra a intelectualidade traidora! Viva a morte!». Um grito profético. Para estes tempos de morte. Da necropolítica de Bolsonaro.
O presidente da França, Emmanuel Macron, anunciou uma série de medidas a favor da comunidade artística, cujas atividades estão interrompidas desde meados de março.Martin BUREAU / AFP
por Márcia Bechara
RFI
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O presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou nesta quarta-feira (6) um plano de recuperação para o setor cultural na França, gravemente afetado pela pandemia e pela quarentena, em vigor desde 17 de março no país. Entre as principais diretrizes para a cultura na França, Macron anunciou que manterá o sistema de remunerações dos artistas, produtores e técnicos das artes até agosto de 2021 e a criação de um “fundo de indenização” para todos os profissionais do audiovisual francês cujas produções foram canceladas devido à crise do coronavírus.
Artistas e técnicos das artes puderam finalmente respirar um pouco aliviados nesta quarta-feira (6), após o anúncio do presidente francês com as primeiras medidas destinadas à recuperação do setor cultural na França pós-pandemia. O país começa a sair da quarentena na próxima segunda-feira, 11 de maio, mas o processo deve ser longo e será realizado através de etapas, inclusive para o setor cultural.
Muito criticado pelo setor, e pressionado por grandes nomes da cultura francesa, que recentemente se manifestaram publicamente sobre o “esquecimento da cultura” na França, Macron realizou os anúncios por meio de uma videoconferência com uma dúzia de artistas para tranquilizar a comunidade cultural. Entre eles, a cantora Catherine Ringer, os diretores de cinema Eric Tolédano e Olivier Nakache, o diretor de teatro Stanislas Nordey, o escritor Aurélien Bellanger, o rapper, escritor e diretor de cinema Abd Al Malik, e a atriz Sandrine Kiberlain, entre outros.
Macron defendeu que os direitos [de indenização salarial por parte do governo francês] dos chamados “intermitentes do espetáculo”, como são conhecidos os artistas, produtores e técnicos das artes na França, “sejam prolongados de um ano", num período em que sua atividade será "impossível ou muito degradada, ou seja, até final de agosto de 2021". "Muitos não poderão trabalhar. Quero que nos comprometamos que artistas e técnicos intermitentes tenham seus direitos estendidos até o final de agosto de 2021", disse ele durante a videoconferência com representantes do setor cultural.
O sistema da intermitência, uma especificidade francesa, garante a sobrevivência de artistas e técnicos do espetáculo durante o período em que não estão em atividade na França. Para ter direito a esta indenização especial e dedicada à classe artística, cada profissional deve cumprir e comprovar 507 horas de trabalho por ano, sem as quais não se consegue o subsídio. Ao estender a indenização até metade de 2021, Macron garante a remuneração à classe artística, que não poderá cumprir suas horas de trabalho até lá, devido à crise sanitária.
Pela "reinvenção" da Cultura
Resta saber agora se as medidas anunciadas pelo presidente francês estarão realmente à altura do desafio. Segundo Franck Riester, ministro da Cultura da França, "o que está em jogo é a capacidade de nosso país permanecer um país cultural. Em 30 de abril, um manifesto assinado por cem dos maiores artistas franceses exigiu não ser esquecido nesta crise sem precedentes provocada pelo Covid-19. Hoje, no diário Le Monde, mais de 200 artistas e cientistas de todo o mundo, incluindo Madonna, Robert de Niro, Juliette Binoche e Guillaume Canet, publicaram uma coluna dizendo não ao retorno 'ao normal' após a crise de coronavírus. Entre outras coisas, eles querem uma 'transformação radical' do sistema contra o consumismo", alertou Riester.
A indústria cultural da França emprega 1,3 milhão de pessoas. Ela pesa tanto quanto a indústria de alimentos e muito mais que a indústria automotiva na economia francesa. Só o cancelamento do Festival de Avignon representou uma perda de € 100 milhões para a cidade e a região. A Ópera de Paris já anunciou um prejuízo de € 50 milhões este ano. Na indústria do entretenimento, a perda de bilheteria apenas até o final de maio é estimada em € 590 milhões.
“Um novo relacionamento com o público”
O destino dos trabalhadores intermitentes da cultura era uma das demandas mais importantes do setor na França, que se mobilizou nas redes sociais para deixar de ser a grande "esquecida" das autoridades na crise da saúde. "É necessário que os locais de criação revivam, adaptando-se às restrições da epidemia, e, sem dúvida, inventando um novo relacionamento com o público", sublinhou Macron, que disse contar com o "bom senso" e "criatividade" do setor.
"Precisamos reabrir livrarias, museus, lojas de discos, galerias de arte e os teatros devem poder começar se abrir para ensaios”, disse o presidente francês. Como o setor audiovisual é bastante fragilizado pelo risco da volta da pandemia e uma possível nova quarentena, o presidente francês se declarou a favor de um fundo de compensação temporário para filmes e séries que foram canceladas devido à crise sanitária. "Colocaremos seguradoras e bancos frente às suas responsabilidades", disse o chefe de Estado, com o objetivo de retomar as filmagens, analisando "caso a caso" após o final de maio.
Ajudas e mudanças no setor audiovisual na França
É exatamente nesse período que Macron decidiu reabrir espaços culturais. Enquanto as livrarias e galerias de arte se preparam para reabrir, a cortina permanece fechada até novo aviso em cinemas, festivais e outras salas de concerto, por causa das necessidades de isolamento social, que devem continuar na França.
No setor audiovisual, o primeiro ramo do setor cultural na França em investimentos, o presidente francês defendeu a transposição "antes do final de 2020" da diretiva europeia AVMS (serviços de mídia audiovisual). Este regulamento planeja reequilibrar as regras entre canais de televisão, sujeitos a inúmeras obrigações, e plataformas on-line, contribuindo para a criação audiovisual francesa.
Macron finalmente anunciou o lançamento de um "grande programa de contratações públicas", visando especialmente "jovens criadores com menos de 30 anos", com a ambição de "inventar uma temporada extraordinária" e procurar públicos às vezes esquecidos no mundo da cultura. "Vamos com tudo", sublinhou ele, "seja para o artesanato, performances ao vivo, literatura, ou as artes plásticas", detalhou. "Estou pensando em criadores com menos de 30 anos", destacou o chefe de Estado.
“Verão diferente”
Emmanuel Macron pediu ao mundo da cultura que ajude a "reinventar" um "verão diferente" para os "milhões de jovens" que não sairão de férias, devido à crise do coronavírus. "A nação não poderá viver suas férias como de costume. Precisamos criar um verão cultural e de aprendizado", declarou o chefe de Estado ao fim da conversa por videoconferência com os artistas e representantes do setor cultural.
Macron insistiu em particular na necessidade de mobilização cultural para os "milhões de crianças, jovens e adolescentes" que "não poderão sair de férias" neste verão, especialmente aqueles "de origem migrante" cujas famílias têm o hábito de viajar várias semanas nas férias para seus países e que não poderão fazê-lo neste verão do Hermisfério Norte em 2020, devido à crise sanitária.
As fronteiras devem permanecer fechadas nos próximos meses entre a França e os países do Magrebe, no norte da África, impedindo o retorno de muitos franceses que têm raízes familiares na região. As ligações aéreas foram suspensas com a Argélia e Marrocos desde meados de março.
"Nos nossos subúrbios, em outros distritos da República, já pedimos um grande esforço aos habitantes em quarentena", sublinhou Emmanuel Macron, convocando a população a "reinventar os acampamentos de verão". O presidente francês disse ainda que os artistas podem ser mobilizados através de uma "plataforma" para coordenar iniciativas. Ele esperava que o Estado "dê aos artistas e suas equipes a possibilidade de inventarem de maneira diferente neste verão".
Jean-Marc Dumontet, proprietário de seis teatros parisienses, elogiou no canal BFMTV "o apoio ao mundo da intermitência cultural" e o tom "voluntarista" do chefe de Estado. "É uma mensagem de esperança e precisamos dela", afirmou. Na manhã desta quarta-feira, o deputado de oposição do partido França Insubmissa, Alexis Corbière, chegou a exigir do presidente francês a declaração de um "estado de emergência cultural" e uma ajuda de "quantia comparável" aos € 7 bilhões prometidos à Air France para "salvar a cultura".
“Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não vale a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia”, diz Albert Camus nas célebres primeiras linhas de seu Mito de Sísifo, o livro onde resolve encarar o tabu de dar cabo à própria vida como um fenômeno individual, não social. Decidir seguir ou parar é um dilema, antes de tudo, pessoal, Camus defende. “Um gesto como este se prepara no silêncio do coração, da mesma forma que uma grande obra.”
Quem sou eu para sondar os mistérios que levaram Flávio Migliaccio a se matar aos 85 anos de idade? O que sei é que, há pelo menos três anos, o ator dava sinais de, homem inteligente, estar questionando sua existência, sua razão de estar neste mundo. Sua última peça, Confissões de Um Senhor de Idade, que ele mesmo escreveu, dirigiu e protagonizou em 2017, mostra exatamente isso: um ser humano no final da jornada olhando para dentro de si e tentando entender, digerir a trajetória que o levou até ali.
Um sentimento normal, trivial em qualquer um que tem a sorte de chegar à “terceira idade”, nas mãos do artista se transformou em obra-prima. A peça, autobiográfica, percorre da infância à velhice do ator, em pleno domínio de suas faculdades mentais e, arrisco dizer, no auge de sua capacidade intelectual. Flávio, o personagem e alterego, em diálogo com Deus na escuridão do quarto, demonstra perplexidade diante do planeta e do país. Reflete sobre a carreira. Manifesta saudades profundas dos pais e da irmã, Dirce Migliaccio, um ano mais velha e também atriz brilhante, que se foi em 2009. Flávio carrega “o sentimento do mundo”, no dizer de Drummond. Sobre o tablado, emociona e ao mesmo tempo faz rir com suas dores e dilemas, virtudes do gênio.
Muita gente se sentiu indignada com a divulgação da carta-manifesto deixada pelo ator após seu suicídio. Invocam “protocolos” da OMS e de conselhos de psicologia que desaconselham divulgar cartas suicidas para não influenciar mais gente a fazer o mesmo, ainda mais num momento como este de pandemia, em que nos encontramos todos em isolamento social. Divulgar a carta acionaria “gatilhos” em pessoas com histórico de depressão. Eu entendo, mas não compartilho dessa opinião. Ocultar uma carta que o ator escreveu com o claro propósito de que viesse à luz seria um insulto à memória e à inteligência de Flávio Migliaccio.
Manuscrito com letra firme e deixado à vista sobre uma mesinha exatamente para que fosse encontrado, o relato breve de despedida diz o seguinte: “Me desculpem, mas não deu mais. A velhice neste país é o caos como tudo agora. A humanidade não deu certo. Eu tive a impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este. E com este tipo de gente que acabei encontrando. Cuidem das crianças de hoje!” Não se trata de uma “carta suicida”, mas de um protesto, um apelo, uma súplica. Um documento histórico dos tempos atuais.
Vivemos numa época tão rasa em termos de pensamento que optou-se pela crítica à divulgação da carta em vez de se destacar o valor das palavras contidas nela. Quando Flávio fala, por exemplo, de a velhice ser “um caos” no Brasil, impossível dissociar da maldita reforma da Previdência ou do profundo desprezo de nossos atuais governantes pelos idosos, a ponto de reduzirem o Covid-19 a uma doença que “só mata velho”. Ou ainda do fato de termos um ministro da Saúde que já defendeu como médico que, entre um paciente jovem e um idoso, não há dúvidas sobre qual priorizar.
O coronavírus evidenciou nossa “velhofobia”, como definiu, com perfeição, a antropóloga e escritora Mirian Goldenberg, da UFRJ, em entrevista à BBC Brasil. “Estamos assistindo horrorizados a discursos sórdidos, recheados de estigmas, preconceitos e violências contra os mais velhos. Esse tipo de discurso já existia antes da pandemia: os velhos são considerados inúteis, desnecessários e invisíveis. Mas agora está mais evidente. Políticos, empresários e até o presidente da República já vieram a público dar declarações ‘velhofóbicas'”, disse. Bolsonaro chegou a defender que apenas os idosos fossem isolados.
Às vezes me pego pensando que sinto alívio de que Elis Regina não esteja viva para assistir o Brasil entregue de volta aos “gorilas”, como ela chamava os militares contra quem lutou. Elis teria hoje 75 anos… Ou para assistir às “bestas-feras” governando o mundo, como disse Flávio Migliaccio em sua peça, diante de uma foto de Donald Trump. “A gente está sendo castigado, é muita besta-fera que está aparecendo.” O desgosto dele era visível.
Me corta o coração ver todos estes artistas, hoje septuagenários ou octogenários como Flávio, que batalharam e arriscaram a pele durante anos para que a democracia fosse reinstaurada no país, assistindo ao que o Brasil se tornou… Beth Carvalho, Aldir Blanc, Moraes Moreira já se foram, sem direito a sequer uma nota de pesar de um governo que despreza abertamente a classe artística. Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Fernanda Montenegro estão aí, vivenciando o retorno, pelas urnas, do que tanto combateram.
Não é para qualquer um questionar a razão de sua existência?Não é só a depressão que leva ao suicídio. O desespero, o desencanto, também levam. Na Alemanha hitlerista, houve ondas de suicídios, primeiro entre os judeus alemães perseguidos pelo nazismo e, depois da derrota, entre os próprios alemães “arianos”. Suicídios também podem ser uma forma de rebelião, como aconteceu no Vietnã do Sul em 1963, quando o monge Thích Quảng Đức ateou fogo às próprias vestes para chamar a atenção para a repressão dos budistas pelo regime de Ngô Đình Diệm. Acaso sua atitude não é digna de respeito?
A CARTA DEIXADA PELO ATOR
Quando, em sua carta, Flávio Migliaccio lamenta o “tipo de gente” que acabou encontrando nesta vida, como não pensar nos bárbaros de verde e amarelo domingo em Brasília, sem máscara e sem respeito algum pelos mortos pelo coronavírus, a endeusar seu “mito” irresponsável enquanto agrediam jornalistas? Não tem como não perder a fé diante da vida, do futuro, presenciando espetáculos macabros como estes. Quem está criticando a divulgação da carta quer o quê? Que escondamos a absoluta miséria moral, material e espiritual em que nos encontramos em 2020 para que isso não provoque “gatilho”? Se não querem gatilhos, que comecem tirando Bolsonaro de lá.
Nós que temos mais de meio século sofremos com o país, mas olhamos para trás e vemos uma vida inteira. Já vimos o Brasil em tempos melhores e mais felizes. Mas e os nossos filhos? Nossos netos? O que será deles num mundo tão desesperançado como este? “Cuidem das crianças de hoje!”, Flávio suplicou ao final de sua carta amorosa. Divulgá-la não é só defensável, é importante, necessário, fundamental. É uma questão de justiça à vida dele e à sua história, assim como de muitos de sua geração.
Flávio Migliaccio saiu de cena para entrar na História. Viva Flávio!
Na eleição de Bolsonaro, sabidamente decisivo foi o alijamento de Lula –sem ignorar sua intuitiva responsabilidade na brutal corrupção desvelada!–, cuja estética da imparcialidade da Lava Jato restou brutalmente comprometida.
Lula foi alvo de condução coercitiva abusiva, sob acintosa fundamentação de ser protegido, provocação de previsto stress nacional, onde captada conversa com Dilma, interceptação clandestina, sem ordem judicial vigente, cuja divulgação foi o estopim do impeachment. Diálogo inclusive editado, suprimidos trechos que mudariam a sua interpretação (Folha, 8.set.2019). Aposentado, PGR Janot, “Nada menos que tudo”, assevera que Dilma é mulher honesta.
Todos lembram da teatral apresentação em PowerPoint da denúncia do triplex do Guarujá por Deltan Dallagnol.
Peça de imputação em que constava, entre outras aberrações técnicas, tratado sobre presidencialismo de coalizão, finalizando por pedir prioridade na tramitação em face do estatuto do idoso, em suma, na hermenêutica dos procuradores, exótico direito de Lula ser condenado mais rápido.
Em 14 de julho de 2017, desembargador Gebran Neto, já definido como relator que conduziria julgamento de Lula no TRF-4 –causa de sua prisão e inelegibilidade –, é homenageado em Curitiba pela Fecomércio (PR), quando declara que a Lava Jato promovia “viragem paradigmática”.
Após, o desembargador Thompson Flores Lenz –-então presidente do TRF-4, depois migrado à turma da Lava Jato, embora na sua longeva trajetória na corte não optasse pela área criminal, recentemente condenado Lula no processo do sítio de Atibaia– quando da solenidade de láurea da Associação Comercial do Paraná ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, sentenciou: “Lula será julgado antes da eleição” (Uol, 10.nov.2017).
De forma geral, desde integrantes da Polícia Federal até a mãe do juiz Sergio Moro, todos foram homenageados pelas entidades patronais do Paraná, por razões óbvias, avessas ao governo Dilma, Lula.
Imagine-se que o presidente Bolsonaro, tal qual Lula, uma vez saído do poder, seja alvo de processos criminais.
Então, entidades dos laboristas, a exemplo de CUT/MST, façam pomposa homenagem, louvação aos seus julgadores?! Todos –e com razão!– entenderiam escandaloso.
Tão logo finalizada a eleição: “Moro me ajudou politicamente”, afirma Bolsonaro (revista Exame, 2.nov.2018). E continua ajudando, transformado que foi Sergio Moro no primeiro ministro da República.
Procurador Carlos Fernando Lima, destaque da Lava Jato, então já aposentado e advogando, entrevista à Globo News, admitiu que seus membros sufragaram Bolsonaro. (Continua)
Na última foto tirada na Santa Casa de Juiz de Fora, antes da transferência para o hospital Albert Einstein, em São Paulo, Jair Bolsonaro parece sorrir. Há um outro registro fotográfico em que ele aparece fazendo sinal de positivo.
Três horas depois de chegar ao hospital, o Twitter do candidato informou: “Estou bem e me recuperando!”
Quem não soubesse o que ocorreu - Bolsonaro foi esfaqueado e correu risco de morrer - poderia até imaginar que o candidato do PSL estivesse feliz.
São manifestações que alimentam a teoria delirante de que o atentado a Bolsonaro não passou de armação.
Os adeptos dessa teoria, que faz lembrar lendas criadas, por exemplo, com a doença de Tancredo Neves, em 1985, são capazes de apontar evidências de que não estão errados.
Desde ontem, compartilham a foto tirada no centro cirúrgico da Santa Casa de Juiz de Fora que mostra Bolsonaro na maca e médicos cuidando dele, sem luvas e um dos profissionais com calçado impróprio para esse tipo de procedimento, um croc.
A foto em si não é armação. Tanto que o hospital informou que a Polícia Federal tentou apurar quem fez o registro e vazou a imagem, já que se trata de uma violação do direito de privacidade do paciente.
No centro cirúrgico, imagina-se que os profissionais usem proteção esterilizada para calçados e luvas, cuidados para evitar contaminação.
O leigo que já teve oportunidade de entrar num centro cirúrgico sabe que tem de vestir roupas próprias e encapar os sapatos com uma espécie de meia de tecido esterilizado.
Sem proteção, o risco de infecção em quem está passando por uma cirurgia existe.
Ainda mais no caso de Bolsonaro, que teve o seu abdômen aberto por um grande corte vertical, feito para que os médicos pudessem estancar a hemorragia e suturar o intestino, atingido pelo golpe de faca.
A favor da tese da armação, invocam ainda as imagens do atentado e das cenas que se seguiram: nelas, não há sangue.
A faca aparece sendo tirada do estômago de Bolsonaro sem nenhum pingo de sangue.
A anatomia certamente explica por que isso ocorreu, mas em casos de grande repercussão todos se tornam especialistas em medicina.
Quando Tancredo adoeceu, na véspera de tomar posse como presidente, havia gente que assegurava que a doença do então presidente eleito era, na verdade, fruto de uma infecção causada pelo tiro de bala dundum, calibre 22.
Tiro que teria sido disparado por um anão na saída de uma missa em Brasília.
A jornalista Glória Maria esteve ausente da TV Globo durante esse tempo e contaria mais tarde que foi um período de férias normal, mas muitas pessoas associaram sua ausência do vídeo a um suposto testemunho do suposto atentado.
Foi uma lenda urbana.
No caso de Bolsonaro, o que dá aparência de verdade a essas teorias delirantes é que, afastado o risco de morte, constata-se que o maior beneficiário do atentado foi o próprio candidato do PSL.
Isto é fato.
O chamado mercado, que se manifesta pelos índices da bolsa e a cotação do dólar, reagiu com otimismo à facada: o dólar caiu e as ações das empresas subiram.
Desde que Geraldo Alckmin deu mostras de que está politicamente em estado de coma, a tendência do tal mercado foi o de apoiar o candidato do PSL.
Certamente, não foi por acaso o encontro de Bolsonaro com um dos donos da Globo, João Roberto Marinho, na véspera do atentado.
Marinho o recebeu na sede da emissora, para um encontro reservado, sem registro jornalístico.
A conversa foi intermediada pelo economista Paulo Guedes, uma estrela do mercado, que foi recentemente capa da revista Veja como se fosse, ele próprio, o candidato a presidente.
Antes do atentado, a chance de Bolsonaro se eleger presidente era praticamente nula, dado seu elevado índice de rejeição: acima de 60%.
A expectativa é que, Bolsonaro internado, a rejeição diminua.
Os adversários, numa situação assim, devem poupá-lo de ataques.
O ex-governador paulista Geraldo Alckmin, que hoje disputa com Bolsonaro uma vaga no segundo turno, já retirou do ar as propagandas que mostravam Bolsonaro ofendendo mulheres.
Magno gravou um vídeo na própria UTI, com duas cenas editadas. Em uma, ele aparece orando com os filhos de Bolsonaro. Na outra, Bolsonaro dá declarações, como se a oração já tivesse produzido resultado.
Quem apostar que Bolsonaro armou o atentado vai errar. Conspirações não resistem ao envolvimento de tantas pessoas.
É lenda.
Mas negar que o potencial positivo da facada no desempenho de Bolsonaro é ingenuidade.
Para Silas Malafaia, cabo eleitoral dele, foi um “sinal” (seria divino?) de que “Bolsonaro deve ser o próximo presidente do Brasil”.
Para os players do mercado, que buscam lucros altos e rápidos, a facada parece ter sido vista como uma bênção.
Sinistro esse mercado.
Flavio Bolsonaro publicou esta foto de Jair Bolsonaro imitando armas de fogo com as mãos: "Meu pai segue evoluindo e começou agora a fisioterapia. Muito obrigado a todos pela força e pelas orações! Pessoal do Rio de Janeiro, amanhã (domingo), às 11:00, no posto 6, tem ato pela vida de Bolsonaro, em Copacabana. Em breve mais detalhes, tá ok?!". Flavio Bolsonaro é candidato a senador pelo Rio de Janeiro. Fica explicada a convocação T.A.
De seus tempos de juiz, Flávio Dino se recorda de várias acusações contra magistrados, indicando que assessores negociavam sentenças em salas ao lado da sala do titular. Todos foram absolvidos sob o argumento de que não podiam adivinhar o que ocorria na sala ao lado com auxiliares corruptos.
No entanto considerou-se que um presidente da República, de um país das dimensões do Brasil, tinha que saber o que ocorria com os contratos de uma das estatais.
P.S.: Não perca a continuação de dessa chanchada. A seguir Peça 5, por Luis Nassif