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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Mar23

Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia, diz que taxa de juros no Brasil é "chocante" e equivale a "pena de morte"

Talis Andrade
www.brasil247.com - Joseph Stiglitz e dinheiro
Joseph Stiglitz e dinheiro (Foto: Lucas Jackson/Reuters | Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

 

"A taxa de juros de vocês (Brasil) é de fato chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia", disse o economista. Roberto Campos imita o avô: É um inimigo do Brasil

 

247 - O  professor da Universidade de Columbia (EUA) e vencedor do prêmio Nobel de economia em 2001, Joseph Stiglitz qualificou a taxa de juros básica do Brasil, atualmente em 13,75% ao ano,  como “chocante” e uma “pena de morte” para a economia.  

“A taxa de juros de vocês (Brasil) é de fato chocante. Uma taxa de 13,7%, ou 8% real, é o tipo de taxa de juros que vai matar qualquer economia. É impressionante que o Brasil tenha sobrevivido a isso, que seria uma pena de morte. E parte da razão disso é que vocês têm bancos estatais, como o BNDES, que tem feito muito com essas taxas de juros, oferecendo fundos a empresas produtivas para investimentos de longo prazo com juros menores”, disse Stiglitz, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo.

 

Stiglitz, que participou  do seminário “Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, promovido pelo BNDES em parceria com o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), também criticou o Banco Central por manter a taxa de juros elevada para conter a inflação sem levar em consideração as necessidades de investimentos do país. “Um Banco Central independente e com mandato só para inflação não é o melhor arranjo para o bem estar do país como um todo”, disse. 

O economista também disse que o cenário econômico brasileiro piorou nos últimos quatro anos porque o Brasil teve um “presidente não indutor de crescimento econonômico”, em referência ao governo Jair Bolsonaro (PL).

O vencedor do Nobel de Economia Joseph Stiglitz fez críticas ao atual patamar da taxa de juros no Brasil, em entrevista à CNN. Segundo ele, os números "não fazem sentido" e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está certo em criticar a política monetária. #CNNBrasil

22
Fev23

Juros acima de tudo, mercado acima de todos: Nassif explica o que impede o Brasil de virar uma potencial mundial

Talis Andrade

dinheiro vaccari agiotagem.jpeg

 

Grande mídia brasileira levanta "argumentos de botequim" para atacar Lula e defender os juros abusivos praticados no Brasil

16
Fev23

76% apoiam Lula na briga contra juros altos

Talis Andrade
Charge: Geuvar

 

Por Altamiro Borges

Diferentemente do que prega a mídia rentista, que tenta blindar o bolsonarista que comanda o Banco Central, a maioria da população discorda da política de juros pornográficos imposta por Roberto Campos Neto. A pesquisa Quaest/Genial divulgada nesta quarta-feira (15) mostra que 76% dos brasileiros apoiam Lula na sua batalha pela queda da taxa de juros. Quem está isolado é o Bob Fields Neto e não o presidente democraticamente eleito! 

O isolamento do “ministro de Bolsonaro” talvez explique porque ele pregou tanto a paz com o novo governo no palanque montado pelo programa Roda Vida, da TV Cultura. Com apenas 45 dias de governo, Lula já conseguiu tirar a máscara de “técnico” do rentista do BC e mostrar os danos causados pela política monetária ortodoxa. Apesar do terrorismo do “deus-mercado” e da mídia rentista, só 14% dos ouvidos discordam do presidente. 

Pesquisa reforça protestos contra o BC

A sondagem também apontou que quase metade da população, 46%, avalia que Roberto Campos Neto “age por interesse político à frente do Banco Central”. Mesmo entre os eleitores de Jair Bolsonaro, 61% concordam com a posição de Lula de que é preciso baixar a taxa de juros. Entre os eleitores do petista, esse índice é de 87%. 

Como afirmou em entrevista à CNN o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara Federal, “todos são críticos desses juros tão elevados... 76% da população pensa igual ao que a gente pensa. Acho que é correto o país fazer um movimento para ir reduzindo a taxa de juros”. O PT inclusive deve lançar uma campanha publicitária contra a política recessiva do Banco Central. Já os movimentos sociais planejam atos de protesto nos próximos dias. 

Outros indicadores positivos da pesquisa

A pesquisa Quaest/Genial – a primeira com consistência feita após o início do novo governo – traz outros dados alvissareiros. Mostra que 65% da população aprova o comportamento de Lula na presidência da República (29% rejeitam) e que 60% da sociedade considera que sua gestão será melhor do que o do seu antecessor (27% ainda preferem o genocida fascista). No cômputo geral, o governo Lula é aprovado por 40% e rejeitado por 20%. 

Em outros itens, a sondagem também é positiva: 92% defendem maior fiscalização na Amazônia; 75% querem menos armas nas ruas; 51% dos entrevistados acham que o fascista “fujão” incentivou os atos terroristas de 8 de janeiro em Brasília; 94% desaprovam o vandalismo bolsonarista; e 72% avaliam que Lula ficou “mais forte” com a reação ao golpismo. Como aponta o jornal O Globo, “os resultados indicam enfraquecimento das pautas bolsonaristas e maior apoio a ideias defendidas por Lula”.

Pornografia monetária expõe Campos Neto

 
 
08
Nov21

“Moro e Dallagnol deveriam estar na cadeia e André Esteves deveria responder por sua fala indecorosa”

Talis Andrade

 

O sociólogo e escritor Jessé Souza cobrou a punição de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, ex-juiz e procurador do Ministério Público que comandaram a Operação Lava Jato e que acabam de anunciar suas candidaturas nas eleições de 2022.

Ele relata que vê como “deprimente” a “naturalização” das atitudes de Moro. “E essas coisas não acontecem de uma hora para outra, é a cada dia, a conta gotas, a gente vai se acostumando com esse ataque ao princípio democrático, ao princípio de que a lei não vale para todos, ela não vale para Moro, ele deveria estar na cadeia, o André Esteves deveria estar respondendo sobre esse furo de reportagem”, declarou.

“A gente está tendo mais um ataque de uma elite que procura distorcer a realidade, que está agora assumindo o papel de uma distorção sistemática. Então isso é extremamente preocupante. Moro e Dallagnol deveriam estar na cadeia há muito tempo. Não estão. E o cara ainda está se candidatando à Presidência da República”, afirmou.

Congresso comprado

Para o professor, o Congresso Nacional é comprado pelo mercado financeiro, como indicou o áudio de André Esteves - o banqueiro revelou, num evento fechado com investidores, ter recebido um telefonema do presidente da Câmara, Arthur Lira (MDB-AL), e do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre suas posições a respeito de decisões desses poderes, como a definição da taxa básica de juros.

Jessé Souza concorda com a ideia de que a agenda legislativa brasileira foi capturada pelo sistema financeiro. “A gente tem um Congresso comprado. A gente já tinha uma parte grande comprada durante os governos Lula e Dilma. Eduardo Cunha era o nome dos banqueiros e a queda de Dilma foi uma tentativa de quebrar todas as amarras que tinham com o capital financeiro e com o capital rural também, os dois mais importantes depois que se acabou com a indústria, e que mandam no Brasil hoje”.

Na entrevista ao 247 Brasil, ele também avaliou que o mesmo vale para o Banco Central, que “hoje é completamente independente do povo, da sociedade, e totalmente dependente dos banqueiros”.

 

02
Nov21

Mercado Bolsocaro

Talis Andrade

duke carne preços crise economia.jpg

 

 

O Plural comparou o preço médio dos produtos em Curitiba entre março de 2018 e outubro de 2021. Confira nossas "ofertas", adicione produtos ao carrinho para ver sua nota e saber quanto está gastando a mais desde as últimas eleições. Não esqueça de compartilhar nas redes sociais.

A idéia devia ser imitada pelos jornais doutras capitais, para orientar o povo nestes tempos de inflação. Veja os preços de Curitiba aqui e compare com a carestia na sua cidade. 

bolsocaro-carestia.png

água preço.jpeg

 

 

 

31
Out21

"André Esteves usa Veja para apoiar Bolsonaro"

Talis Andrade

 

 

Em participação no Bom Dia 247, na TV 247, neste sábado (30), o jornalista Joaquim de Carvalho comentou a reportagem da Veja que ataca o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP).Capa da revista Veja 29/10/2021

A Veja, que pertence à Editora Abril e que tem o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, como proprietário, está sendo utilizada para beneficiar o governo Jair Bolsonaro, de acordo com Carvalho.

Alcolumbre foi atacado porque é ele quem tem o poder - como presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado - de definir a data da sabatina de André Mendonça, indicado por Bolsonaro a uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). Este é o motivo pelo qual a publicação veio à tona, para pressionar o parlamentar a pautar a sabatina.

Para o jornalista, André Esteves, por meio da Veja, "está apoiando o Bolsonaro pelo conjunto da obra, porque o Bolsonaro serve aos interesses dele e ao interesse do grande capital. E isso já vem de antes. Em 2018 a Veja fez uma capa desonesta na qual colocou a foto do Paulo Guedes - e é exatamente como o mercado vê - e o título era: 'ele vai governar o Brasil'. E depois tinha só no subtítulo dizendo que era o Bolsonaro, que se ele se elegesse o Guedes seria o cara que ia tomar conta da economia e ia corrigir os problemas da economia. Não aconteceu nada disso".

"Então na verdade eles estão interessados é na privatização da Petrobrás, no que ocorreu já, da retirada dos direitos [dos trabalhadores], estão interessados na entrega do pré-sal para grandes corporações fora do Brasil. O interesse deles é esse, e em dividendos espetaculares, obviamente, que a Petrobrás paga. O Bolsonaro representa os interesses do grande capital. Foi sempre assim", completou.

André Esteves e Joaquim de Carvalho

O banqueiro, com pinta de playboy, comprou uma revista com todo o gado peba - uma redação de jornalistas com cabrestos da direita volver

30
Out21

Um banqueiro e dois golpes

Talis Andrade

esteves.jpg

 

 

 

por Cristina Serra

O portal de notícias Brasil 247 publicou o áudio de animada conversa entre o banqueiro André Esteves e um grupo de clientes. É uma aula sobre os donos do poder no Brasil, entrecortada por risadas típicas de quem está ganhando muito dinheiro, ainda que o país esteja uma desgraça. 

O banqueiro faz questão de exibir sua influência junto às mais altas instâncias do poder político, com uma mistura de cinismo e boçalidade envernizada, própria de quem se acha educado só porque sabe usar os talheres. Esteves jacta-se de seu prestígio junto ao presidente da Câmara, Arthur Lira. Gaba-se do acesso ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a ponto deste tê-lo consultado sobre o nível da taxa de juros, atitude que é um escândalo de relações carnais entre o público e o privado. 

Vangloria-se de ter influenciado a decisão do STF favorável à independência do Banco Central, informando ter conversado com alguns ministros antes do julgamento. Só não revelou quais. E expõe o motivo de tanto empenho. Se Lula for eleito, “vamos ter dois anos de Roberto Campos”. Esteves considera que Bolsonaro, se “ficar calado” e trouxer “tranquilidade institucional para o establishment empresarial”, será o “favorito” em 2022. 

Em tortuosa análise sobre o Brasil, Esteves compara o impeachment de Dilma Rousseff ao golpe de 1964: “Dia 31 de março de 64 não teve nenhum tiro, ninguém foi preso, as crianças foram pra escola, o mercado funcionou. Foi [como] o impeachment da Dilma, com simbolismos, linguagens, personagens da época, mas a melhor analogia é o impeachment da Dilma.” 

A comparação é um insulto aos milhares de presos, perseguidos, torturados e assassinados na ditadura, mas o raciocínio de Esteves faz sentido ao aproximar (talvez sem querer) as duas datas infames: 1964 e 2016 foram golpes. A conversa desinibida do banqueiro desnuda, de maneira explícita, um país refém de meia dúzia de espertalhões do mercado financeiro. 

ditadura 1964.jpg

 

27
Out21

Áudio de banqueiro mostra verdade sobre ‘independência’ do BC

Talis Andrade

 

paulo guedes sugando o brasil.png

 

 

por Fernando Brito

Arrogância e cinismo são a marca da conversa, vazada em áudio, de André Esteves, do no do Banco BTG Pactual, com executivos de finança na semana passada e publicada pelo Poder360.

Põe-se na posição – nada irreal – de oráculo das autoridades públicas, que o consultam para saber o que fazer.

Diz que o presidente do Banco Central (‘independente’), Roberto Campos Neto, vai perguntar-lhe sobre a menor taxa de juros possível (lowerbound), que o presidente da Câmara, Arthur Lira (na prática o condutor da política fiscal) quer saber dele “o que se faz” agora e que Paulo Guedes, apesar de tudo, está fazendo bem os cortes das despesas públicas.

E mais ainda: que não será um problema se Lula for eleito e, por conta da “independência” do BC, Campos Neto permanecer lá por mais dois anos ,“o que será ótimo para o Brasil”.

Ao longo de uma hora, nenhum sinal de pânico com a desgraça econômica do país, com a fome grassando, com queda do poder de compra da população.

Claro, para executar uma política diversa e até oposta àquela que tiver sido legitimada nas urnas, esta bobagem diante da “democracia do capital”.

É óbvio que governantes devem conversar com agentes econômicos como são os dirigentes de bancos, mas não só com eles e muito menos aos cochichos e pedindo “orientação”.

Mas, neste governo, não há diálogo com ninguém mais e até mesmo grupos “queridinhos” do presidente da República, como os caminhoneiros, dizem que só recebem “conversa fiada”.

27
Out21

O mensageiro

Talis Andrade

mensageiro.jpeg

 

 

 

por Carol Proner

Por estes dias tem circulado nas redes um áudio – veiculado pelo Brasil 247– revelando uma conversa franca e sincera entre o banqueiro André Esteves e jovens estrategistas do mercado financeiro.

O bilionário, famoso pela capacidade de se regenerar economicamente e voltar ao jogo (Back to The Game – possível referência para o acrônimo do BTG Pactual) dedica 60 minutos a uma espécie de áudio-aula (áudio-lecture) buscando tranquilizar o mercado diante do que foi entendido como “ataques ao teto de gastos” com a aprovação dos 400 reais para o novo Bolsa Família visando a reeleição de Jair Bolsonaro.

Pelo conteúdo das lições transmitidas de forma “aberta e transparente entre pessoas inteligentes, gente boa”, nas palavras banqueiro, não seria de espantar que o vazamento fosse intencional, uma jogada bastante vulgar de autopromoção e para mandar recados econômicos e políticos a quem possa interessar.

Sentado sobre almofadas em nível mais baixo do que o da plateia, o humilde professor pediu um copo d’água para em seguida gabar-se dos contatos com a alta cúpula do poder político, de consultar e ser consultado por ministros, deputados e por autoridades da alta administração federal e arrancou gostosas risadas com frases de efeito como “os políticos não são nem bons nem maus”(...) “nossa obrigação é conversar, explicar, ensinar as causas e consequências dos seus atos”, referindo-se com naturalidade ao que considera erros políticos.

Ressalvando a importância da âncora fiscal prevista na Constituição, Esteves minimizou a fissura no teto e referendou o Auxílio Brasil comparando-o ao Bolsa Família de Lula, que na verdade teria sido invenção do tucano Paulo Renato quando Ministro da Educação de FHC. E repetindo um mantra do liberal-igualitarismo estadunidense dos anos 80-90, as chamadas políticas de ação afirmativa, teorizou: “nós que temos privilégios, se a gente puder fazer uma pequena transferência de renda para aqueles que não tiveram educação, não tiveram acesso, (isso) traz uma enorme paz social para a sociedade.

O áudio vazou e circulou amplamente transmitindo muitos recados: De que os 400 reais mudam pouco o problema de déficit do Brasil, de que a âncora segue firme assim como a credibilidade do teto, e de que se o mercado se estressa é por não saber o que o governo fará a partir de agora.

Enaltecendo a autonomia do Banco Central, também minimizou o problema dos juros e confidenciou ter recebido telefonema do próprio Roberto Campos Neto sinalizando qual seria o piso ideal da taxa de juros no país.

Neste ponto, embora tenha sido uma ostentação um tanto genérica, Esteves pode ter se arriscado no terreno da ortodoxia do mercado financeiro, pois confessa abertamente o tráfico de informações privilegiadas que podem muito bem ser interpretadas como graves distorções.

E então chega ao ponto mais interessante de uma estratégia política que pode ser aproveitada no espalhamento do áudio, as wishful thinkings, o raciocínio baseado no desejo transformado em “advertências”: o vento da sociedade é de centrodireita, nossas pesquisas internas indicam forte apoio da população a Jair Bolsonaro, a população apoia amplamente a reforma administrativa, Lula tem uma falsa baixa rejeição, o problema não é Lula mas o PT e a esquerda só terá vez dentro de uns 10 anos com Tábata Amaral.

E por que é importante destacar esse aspecto “mensageiro” do áudio vazado? Percebe-se claramente que o mercado do qual André Esteves é orgulhoso porta-voz está disposto a tudo, respaldando um Guedes heterodoxo, minimizando offshores, monetizando informações  privilegiadas, e garantindo apoio a Bolsonaro – se necessário - sem qualquer pudor. Não há crise ética nem limites de bom senso diante de 600 mil mortos, nada que possa limitar um sociopata de fazer cálculos e ventilar cenários políticos ideais para o rentismo financeiro.

Ao final da entrevista, e já respondendo às perguntas dos pupilos entusiasmados, André Esteves admite simetrias entre o golpe militar de 1964 e o impeachment de Dilma Rousseff como sendo, comparativamente freios e contrapesos necessários do “centrão” na preservação do centenário republicanismo do Brasil, signo da sofisticação social de um país de imigrantes europeus convivendo com japoneses, sírio-libaneses, afrodescendentes e indígenas em movimento incontornavelmente centrípeto. 

O áudio termina com aplausos de uma claque disposta a tudo para destruir o que resta de Brasil.

mensageiro 2.jpg

 

26
Out21

O áudio de Esteves e o impressionante relato do banqueiro que compra amizades nos poderes da república

Talis Andrade

banqueiro tubarão .jpeg

 

 

por Joaquim de Carvalho

O que André Esteves disse no áudio vazado que o 247 publicou com exclusividade não é um ponto fora da curva quando se trata da relação de banqueiros com os poderes da república.

Esteves afirmou que recebeu telefonema do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para dizer qual seria o piso ideal da taxa de juros no país.

Também comentou que recebeu telefonema do presidente da Câmara, Arthur Lira, que queria saber o que ele pensava do pedido de demissão de quatro secretários do Ministério da Economia, na semana passada.

"Arthur, vou dar uma palestra agora à tarde. Se quiser, dá um pulo aí”, teria respondido ele, segundo contou no áudio.

O mais grave é a influência que disse ter tido no julgamento da ação que declarava inconstitucional a lei que deu independência ao Banco Central.

"Teve essa discussão de Banco Central independente, foi importantíssimo conversar com ministros do Supremo, explicar. Pô, o cara não é obrigado a nascer sabendo”, disse.

Só Ricardo Lewandowski e Rosa Weber votaram contra o texto aprovado pelo Congresso Nacional. Oito ministros julgaram de acordo com o que Esteves considerava correto.

A influência decisiva dos banqueiros em temas de interesse público vem de longe, o que torna preciso o termo “plutocracia" para definir o regime político do Brasil.

O ex-deputado Pedro Corrêa, que presidiu o PP por muitos anos, contou em delação que viu o então controlador do Itaú comprar deputados para aprovação da emenda da reeleição de Fernando Henrique Cardoso, em 1997.

"Olavo Setubal dava bilhetes a parlamentares que acabavam de votar, para que se encaminhassem a um doleiro em Brasília e recebessem propinas em dólares americanos”, disse ele aos procuradores da Lava Jato, em 2016.

A denúncia nunca foi devidamente investigada.

Na época, FHC rebateu o relato, assim como o sucessor de Olavo Setúbal, Roberto. Mas o próprio Fernando Henrique contou, em seu livro de memórias que, no dia da votação da emenda da reeleição, Olavo Setúbal estava mobilizadíssimo.

“Olavo Setúbal e outros mais estavam bastante agradados pela maneira como fui ao Itamaraty, sem maiores preocupações, disseram que era espantoso eu não estar tenso nem estar só por conta da reeleição naquele dia.”

Ao que parece, FHC não precisava passar aquele dia “só por conta da reeleição”. A julgar pelo que disse Pedro Corrêa, outros trabalhavam por ele, entre eles o banqueiro.

Ou será que, no fundo, FHC é que trabalhava para ele? Parece que esta frase faz mais sentido.

E faz mesmo quando se lê a entrevista que o CEO de um banco deu ao sociólogo Jessé Souza, para o livro “A Classe Média no Espelho”. 

"Todo mundo tem um preço. Até hoje não conheci quem não tivesse. E para todo negócio é necessário uma informação privilegiada aqui, um amigo no Banco Central ali, uma sentença comprada ali ou a influência de um ministro em Brasília acolá”, afirmou ele.

Jessé preservou o nome do banqueiro — era a condição para que a entrevista fosse realizada, parte de um estudo científico.

Graças a essa entrevista, ficamos sabendo como o banqueiro opera. As conversas com autoridades e os chamados formadores de opinião não são inocentes ou desinteressadas.

"Além da compra direta, em dinheiro vivo ou depósito no exterior, a gente tem que paparicar constantemente os caras. Uma forma eficaz são os presentes constantes, sem a expectativa imediata de contrafavores. Isso gera simpatia. Às vezes você ganha até um ‘amigo’", revelou.

O resultado é a construção de um arcabouço legal para práticas que, em outros tempos, poderiam resultar até em cadeia.

Sonegação, por exemplo, não dá cadeia no Brasil, embora o Código Tributário Nacional, de 1966, admita apenas uma hipótese para a não aplicação da pena, a de que o débito seja quitado até a abertura do processo.

Julgamentos nos tribunais superiores mudaram esse entendimento. A pena é extinta a qualquer tempo antes da prolação da sentença. Com isso, sonegar virou um bom negócio no Brasil para grandes contribuintes.Image

Leia o que disse o banqueiro ao sociólogo que é autor do clássico “A Elite do Atraso”:

"Nosso lucro é legal, ou seja, legalizado, já que somos intocáveis e ninguém se mete conosco. Boa parte dos juízes e ministros de tribunais superiores, como todo mundo no meio sabe, advogam por interposta pessoa, e nós somos os principais clientes de alguns e de quem paga melhor. São os bancos que pagam as eleições do Congresso quase inteiro. Aí você pode legalizar qualquer coisa, qualquer papel sujo que a gente mande ao Congresso os caras assinam. Nesse contexto, onde se pode tudo, as operações abertamente ilegais são uma parte menor dos lucros, mas obviamente existem.”

Mais do que o bolsonarismo, o Brasil precisa enfrentar e vencer a plutocracia, porque aquele é, de certa forma, filho desta.

 

 

 

 

 

 

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