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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

22
Abr22

"Para fechar o STF basta 1 cabo e 1 soldado". O soldado Bolsonaro arranjou

Talis Andrade

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por Poder 360

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o mais bem votado da história da Câmara e filho do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL), disse que “para fechar o STF basta 1 cabo e 1 soldado”.

A declaração ocorreu durante uma palestra do congressista antes do 1º turno das eleições, em 9 de julho de 2018, durante uma aula de preparação para concursos públicos, em Cascavel (PR), promovida pela empresa AlfaCon. 

O soldado Jair Bolsonaro já arranjou. O soldado PM Daniel Lúcio da Silveira, com ficha ideal para o serviço sujo

 

A ficha suja do cobrador de ônibus

por Caique Lima /Jornal DCM

Quando foi chamado para prestar depoimento na delegacia de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, sobre o uso de atestados médicos falsos no trabalho, em abril de 2007, o então cobrador de ônibus Daniel Lúcio da Silveira deu uma explicação pouco convincente: alegou que, diante da negativa de uma médica do pronto-socorro da cidade de assinar o documento, pediu um atestado a um “homem que estava sempre de branco no corredor da unidade”. O homem prontamente “preencheu o atestado na sua frente”. Por outras duas vezes, Silveira voltaria ao hospital para pedir atestados à mesma pessoa — que a polícia descobriria se tratar de um faxineiro do hospital.

Deputado federal, Silveira disse que não sabia que o homem de branco não era médico. Em depoimento, o faxineiro disse que conhecia Silveira “antes mesmo de ele trabalhar na empresa de ônibus”. Ao todo, Silveira conseguiu atestados falsos para faltar ao serviço de 23 de dezembro de 2006 a 17 de janeiro de 2007.

O crime de falsidade material de atestado pelo qual ele foi acusado prescreveu em 2016, e o caso acabou arquivado. No entanto, por conta da passagem pela polícia, Silveira foi reprovado, em 2011, pela pesquisa social necessária para ingressar na PM do Rio. Ele só seria plenamente integrado à corporação em 2014, após recorrer à Justiça.

Eleito para a Câmara dos Deputados apenas quatro anos depois, ostentando um perfil de PM combatente, Daniel Silveira teve uma passagem pela corporação que mimetiza seus tempos de cobrador de ônibus: repleta de faltas injustificadas. Levantamento feito pelo GLOBO em boletins da corporação revela que, num período de oito meses, entre junho de 2015 a janeiro de 2016, quando trabalhava na UPP da Rocinha, ele faltou oito vezes ao serviço. Nos carnavais de 2015 e 2016, mesmo escalado para trabalhar, não apareceu. Em seus cinco anos, nove meses e 17 dias na PM, contabilizaria 26 dias de prisão, 54 de detenção, 14 repreensões e duas advertências — a maioria das punições por faltas e atrasos (Publicado in 18 de fevereiro 2001)

 

A ficha suja de militar

 

Por Gabriel Barreira e Marco Antônio Martins, G1 Rio

Quando era policial militar, o deputado federal Daniel Silveira (PSL) – preso por fazer um vídeo em que defende o AI-5 e destituição de ministros do Supremo Tribunal Federal – recebeu 60 sanções disciplinares. A informação consta de um processo administrativo da PM.

Na ficha policial, consta que o PM licenciado tinha "mau comportamento". Por isso, Silveira ficou 26 dias presos e 54 detido — a prisão ocorre por transgressões mais graves, enquanto a detenção por casos menores.

Daniel Silveira recebeu, ainda na corporação, 14 repreensões e duas advertências, "ficando cristalina sua inadequação ao serviço policial militar", conforme o boletim.

 

'Incompatibilidade' com a PM

O processo administrativo contra Silveira na PM apurava a suspeita de:

 

  • conduta irregular
  • ato que afeta a honra pessoal, o sentimento do dever, a honra policial militar e o decoro da classe

 

Ainda segundo o documento, "em breve tempo de efetivo serviço policial militar" ele demonstrou "ausência de compromisso e incompatibilidade ao serviço policial militar".

 

O processo administrativo foi arquivado quando Daniel Silveira se licenciou ao ser eleito deputado federal, em 2019.

Um dos desvios de conduta apontados no boletim interno da PM datado de julho de 2019 está uma postagem do então policial militar em uma rede social.

 

Na medida em que postou vídeos em sua página pessoal da rede social Facebook, pag 14, com comentários ofensivos e depreciativos em desfavor de integrantes da imprensa nacional de uma forma geral, em alguns deles durante a execução do serviço, fardado e no interior da viatura, erodindo preceitos éticos em vigor da Polícia Militar e repercutindo negativamente a imagem da corporação".

Decisão judicial para entrar na PM

A Polícia Militar do Rio de Janeiro reprovou, em 2010, a entrada de Daniel Silveira na corporação durante a pesquisa social feita pelo então candidato a soldado. De acordo com o documento, Daniel descumpriu requisitos como ter boa conduta social e não haver praticados atos considerados incompatíveis com a honra do policial militar.

Daniel Silveira era investigado pela Polícia Civil pela suspeita de furto do carimbo de uma médica para fraudar atestados quando era cobrador de uma empresa de ônibus em Petrópolis, na Região Serrana do Rio.

Para entrar na corporação, Daniel obteve uma decisão judicial, em 2013, que garantiu seu ingresso na PM do RJ. Em 2014, o caso foi arquivado pela Justiça. (Publicado em 

 

Falta o cabo para fechar o STF

por Camila Germano /Correio Braziliense

Em vídeo publicado nas redes sociais, o deputado federal bolsonarista Junio Amaral (PL-MG) respondeu, nesta terça-feira (5/4), uma fala do ex-presidente Lula sobre mapear as casas de deputados e "incomodar a tranquilidade" deles.

No vídeo, o parlamentar e policial militar reformado começa falando que mora em Contagem e ressalta que a cidade é governada pelo Partido dos Trabalhadores (PT), partido do qual Lula é filiado.

Na sequência, enquanto carrega uma arma, Julio segue."Eu vou esperar vocês lá, tanto a sua turma, quanto você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha, tá bom? Vocês serão muito bem-vindos", termina ele ainda segurando o revolver.

15
Jan22

André Mendonça e o imperativo da ingratidão

Talis Andrade

andré 4.jpg

 

por Wilson Gomes

Ainda repercute a aprovação do nome de André Mendonça para o Supremo Tribunal Federal, e houve muitas razões para tanto.

Antes de tudo, é justo duvidar das intenções de quem o indicou. O presidente deste país pode ser acusado de tudo, menos de ter qualquer convicção republicana. Sim, presidentes podem ter agendas ocultas na indicação de juízes da Suprema Corte, mas quer o bom comportamento democrático que intenções e apetites que não se harmonizem com o interesse geral da Nação sejam ao menos camuflados em princípios universais. “Servir à Constituição e à Justiça”, “proteger os valores liberal-democráticos que construíram este país” são em geral fórmulas que tranquilizam os cidadãos de que essa indicação levou em consideração o interesse de todos.

Da hipocrisia, diz-se que é a última homenagem que o vício presta à virtude. Afinal, só se obriga a alguma hipocrisia quem reconhece valor do bem, mesmo quando a intenção de praticar o mal. Com Bolsonaro, contudo, essa distinção se perdeu e os apetites e más intenções lhe escapam, sem dissimulação, pelos cantos da boca. Na sua compreensão, os ministros do STF por ele indicados antes de serem ministros do STF são seus ministros, seus subordinados, alinhados com seus interesses e projetos.

Não por acaso, gabava-se há pouco tempo o presidente de possuir 10% do STF, uma vez que lá tem assento Kássio Nunes Marques, por ele indicado. Isto posto, imagino que considere agora ser o feliz proprietário de ao menos 18% do Supremo, com a ascensão de André Mendonça.

Afinal, na mentalidade de Jair Bolsonaro, juízes da Suprema Corte não servem a princípios constitucionais, a valores da democracia liberal ou ao povo brasileiro, mas são servos ideológicos ou venais de projetos de poder. E se podem servir a outras potestades, também podem servir ao presidente, aos seus interesses e à sua visão de mundo. É simples assim o mundo bolsonarista.

Além disso, a candidatura de Mendonça à Suprema Corte foi diversas vezes vendida pelo presidente e pelos seus como uma representação dos evangélicos conservadores do país. E o lobby pró e contra a aprovação de Mendonça levou completamente a sério o fato de que não se tratava de uma mera indicação de um juiz para substituir o aposentado Marco Aurélio Mello, mas da elevação à cúpula do Poder Judiciário de um ministro “terrivelmente evangélico”.

Juiz evangélico no Supremo não é propriamente uma novidade. Já tivemos um diácono batista, Antonio Martins Vilas Boas, indicado por Juscelino Kubitschek, tão profundamente evangélico que criou uma Igreja em Brasília que até hoje lá está. Por outro lado, “juiz terrivelmente evangélico” é um conceito novo de conteúdo desconhecido e ameaçador. Não basta ser evangélico, por que precisa além disso ser terrível? Essa nota talvez explique por que razão Mendonça chega à Suprema Corte com a menor proporção de votos favoráveis da nossa história republicana.

Por fim, além de terrivelmente evangélico, André Mendonça, nos anos em que esteve a serviço de Bolsonaro, demonstrou que pode ser terrivelmente leal aos interesses da pessoa a quem serve, mesmo que estes colidam com a Constituição, a Democracia ou a ética. Enquanto tinha funções de ministro de Estado da Justiça, Mendonça não se furtou ao papel de cão de guarda de Jair Bolsonaro, desses que mordem ou ameaçam o incauto que se atrever a divergir, criticar o insultar o presidente. Abriu investigações contra ou ameaçou com inquéritos policiais jornalistas, colunistas e até cartunistas. Até os autores do outdoor que promoveram nacionalmente a expressão “pequi roído”, atribuída a Bolsonaro, foram ameaçados pelo feroz Mendonça.

Como se isso fosse pouco, Mendonça ainda assinou ADI contra os decretos estaduais de lockdown durante a pandemia, solicitou autorização ao STF para operações policiais nas universidades por presumida “carga ideológica” dos professores e, para coroar, o seu Ministério compôs um dossiê sigiloso com 579 perfis suspeitos de antifascismo e antibolsonarismo, um crime ainda não previsto no Código Penal. Assim, não se sabe até onde pode chegar o ministro André Mendonça do STF, mas o ministro André Mendonça de Bolsonaro certamente chegou longe demais na defesa do seu patrono.

É fato, portanto, que Bolsonaro não teve boas intenções republicanas ao indicar Mendonça e nem pretendeu disfarçar este fato. É também fato que Mendonça aceitou fazer tudo o que fosse necessário para garantir seja a sua indicação por Bolsonaro seja o apoio da parte efetivamente mais terrível e mais antidemocrática do lobby evangélico. De modo que chegar à cúpula do Poder Judiciário nos ombros de Jair Bolsonaro e de Silas Malafaia, isto é, do bolsonarismo e do setor pentecostal ultraconservador, não é certamente uma boa recomendação de que ali está uma alma republicana, um devoto da nossa Constituição liberal-democrática, um servo do Estado de Direito.

Por outro lado, sejamos realistas, não havia outro caminho para o STF enquanto Bolsonaro fosse presidente da República que não passasse por uma promessa de servidão voluntária ao seu projeto de poder e à sua visão de mundo. Sem mencionar a já comprovada Lei Bolsonaro de Indicação de Ministros que reza que “se sair esse, o próximo será pior”. Como Mendonça queria muito ser juiz do Supremo, precisava fazer promessas e juras de fidelidade ao bolsonarismo e ao malafaismo. Se foi sincero ou pragmático, veremos.

Isso quer dizer que lealdades aos padrinhos e patrocinadores e aos que têm o poder de indicação e de aprovação de juízes do STF não são (nem devem ser) matéria garantida. Juízes da Suprema Corte, ao contrário, deveriam cultivar o hábito da ingratidão, não para trocar os seus patronos por outros senhores, mas para não ter senhor algum além da Constituição. Para isso deveria servir o fato de que, uma vez eleito, os ministros da Suprema Corte não estão mais sob qualquer arbítrio dos presidentes que o indicaram. De modo que só nos resta, a este ponto, torcer para que, empossado ministro do STF, André Mendonça se revele republicanamente ingrato às forças sombrias e antidemocráticas que o conduziram até ali.

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