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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

04
Abr23

QUEREMOS OS GENERAIS NO BANCO DOS RÉUS

Talis Andrade

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A definição do STF para julgar militares golpistas tem potencial para elevar a régua da democracia, mas somente se as leis forem aplicadas para as altas patentes envolvidas nos recentes atentados

 

 

por Carla Jimenez /The Intercept

- - -

OS MILITARES CRUZARAM o caminho do Supremo Tribunal Federal para definir a qualidade da democracia brasileira. A decisão do ministro Alexandre de Moraes de que a corte vai julgar integrantes das Forças Armadas que tiveram participação nos atos golpistas do dia 8 de janeiro tem, por ora, um poder simbólico no país onde os fardados, sejam eles policiais ou generais, seguem balizas distintas do restante da sociedade para definir as punições de crimes. Contam com uma corte para chamar de sua, o Superior Tribunal Militar, que julga crimes militares, quase sempre num corporativismo que se perpetua.

Não que as leis penais militares sejam mais brandas, esclarece a professora Simone Araújo Lopes, doutora em direito. “Não acho que o ‘problema militar’ se dá porque eles não estão sendo julgados pela justiça comum, mas porque está havendo uma falha generalizada na aplicação de normas militares pelos órgãos competentes e já existentes e que, de omissão em omissão, culminam nos atos extremos”, disse Lopes.

Na investigação sobre os golpistas, há nomes do Exército que precisam ser investigados por terem atravessado a fronteira da instituição ao fechar os olhos ou mesmo fomentando a participação em atos que depredaram a praça dos Três Poderes, e que por pouco não explodiram um caminhão no aeroporto de Brasília, no Natal do ano passado.

A dúvida se a Justiça comum prevaleceria rondou Brasília nas últimas semanas, mas o consenso veio na última segunda, 27. A decisão de Moraes ganhou apoio dentro das Forças Armadas, ainda que tenha contrariado as expectativas dos mais radicais. Para o jurista Lênio Streck, é o certo a ser feito. “É óbvio que os militares envolvidos não estavam em missão [oficial] no dia 8. São pessoas que, como qualquer cidadão, cometeram um ato golpista. Logo, precisam ser julgados pelo STF”, diz.

Tenho um suspiro de esperança de que este juízo em gestação seja uma brecha para tirar de cena os militares que se embrenharam na política e apoiaram ataques à democracia. Mas tenho também uma memória pessimista sobre eles no Brasil, onde nem mesmo os anos de ditadura militar de 1964 a 1985 foram assumidos em uma real dimensão. Passamos décadas usando a expressão “porões da ditadura”, como se as atrocidades cometidas naquele período tivessem partido do baixo clero do Exército.

Somente em maio de 2018 reescrevemos a história oficial, ao tomar conhecimento do memorando de abril de 1974 de um diretor da CIA para o então secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger, informando que o presidente do Brasil Ernesto Geisel autorizava as “execuções sumárias” e orientava o general João Figueiredo, do Centro de Inteligência do Exército, a manter essa política de extermínio. Não eram os porões, era a própria cúpula que amarrava essa gestão violenta e assassina.

A pergunta que volta agora é: teremos generais no banco dos réus desta vez? O juízo dos atos de 8 de janeiro ganha relevância e precisa dos olhos da sociedade para elevar a régua da nossa democracia. As investigações e seus desdobramentos têm potencial de escrever a primeira linha dos próximos capítulos desta peleja entre militares e a democracia. Se ele será justo e levará para a cadeia fardados que comprovadamente ajudaram a construir a bomba relógio contra a democracia é uma incógnita. O que não se pode é mantê-los num território insondável, que alimenta a desigualdade perniciosa e mantém o Brasil refém de golpes cometidos ao longo da sua história.

As doutrinas que norteiam as Forças Armadas não podem estar além ou aquém do anseio social. Foi o ideário dos anos 50 que construiu o caminho para explorar a Amazônia, revivido nos anos Bolsonaro com um novo genocídio indígena, tal qual na ditadura.

Essa liberdade para se recolocar no centro do poder ainda é um desdobramento do país que não teve direito ao julgamento de seus algozes torturadores do regime militar, como aconteceu na Argentina, no Chile ou no Uruguai e segue tratando generais como entidades diferenciadas. Mas e agora? Ficaremos presos a esse erro histórico para sempre, ou usamos a democracia para corrigi-lo?

 
 
Arquivos charges - Parágrafo 2
 
 
 
02
Mar23

Vereador nazista de Caxias do Sul será preso?

Talis Andrade

 

Charge: Duke
 
 
Por Altamiro Borges

Cresce a pressão – no Rio Grande do Sul e no Brasil – para que o asqueroso vereador Sandro Fantinel, de Caxias do Sul, seja cassado por seus ataques racistas contra os nordestinos e sua defesa do trabalho escravo nas vinícolas gaúchas. A Polícia Civil abriu nesta quarta-feira (1) um inquérito para apurar sua conduta criminosa. Parlamentares de vários partidos e entidades democráticas também exigem punição imediata, inclusive com a sua prisão. E até o Patriota, partido que acoberta expoentes da extrema direita, anunciou a sua expulsão sumária. 


Desumano, vergonhoso e inadmissível

 
Em discurso no plenário da Câmara Municipal na terça-feira, o nazistinha metido a valentão criticou a ação de resgate de 207 trabalhadores da Bahia encontrados em condições análogas à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves. O escravocrata afirmou que os “baianos vivem na praia, tocando tambor” e não gostam de trabalhar, e elogiou os imigrantes argentinos, que são superexplorados e “ainda agradecem o patrão”. 

Ele ainda ironizou as péssimas condições de trabalho e de alojamento e as torturas sofridas pelos resgatados: “Agora o patrão vai ter que pagar empregada para fazer a limpeza todo dia para os bonitos também? Temos que botar eles em hotel cinco estrelas para não ter problema com o Ministério do Trabalho?”, obrou da tribuna. E concluiu aconselhando seus pares da cloaca burguesa gaúcha: “Não contratem mais aquela gente lá de cima”. 

A reação ao nazista foi imediata. O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, tuitou: “É desumano, vergonhoso e inadmissível ver que há brasileiros capazes de defender a crueldade humana. Determinei, portanto, a adoção de medidas cabíveis para que o vereador seja responsabilizado pela sua fala”. A Procuradoria Geral do Estado da Bahia (PGE-BA) já anunciou que ingressará com uma representação junto aos Ministérios Públicos Federal e Estadual contra Sandro Fantinel, além de entrar com uma ação indenizatória de reparação por dano moral. 


Bolsonarista raiz e troglodita


Essa não é a primeira ação repulsiva desse troglodita de Caxias do Sul. Como registra o site Diário do Centro do Mundo, Sandro Fantinel “tem um longo histórico de declarações preconceituosas e criminosas. Empresário do agronegócio e apoiador de Jair Bolsonaro, ele exerce seu primeiro mandato parlamentar e marca presença com falas racistas e homofóbicas. Mostra-se armamentista e agressivo contra opositores e programas sociais. Seus discursos com orientação de extrema-direita mobilizam com frequência a Comissão de Ética da Câmara”. 

O nazistinha se define como o único “vereador bolsonarista raiz” de Caxias do Sul. Em 2018, ele renunciou à candidatura de deputado federal para se dedicar exclusivamente à campanha de Jair Bolsonaro. Já em 2022, ele concorreu ao cargo de deputado estadual, mas não foi eleito. “Nos últimos dois anos, o patrimônio do vereador cresceu 25 vezes, segundo suas declarações ao Tribunal Superior Eleitoral”, relata o site DCM, que acrescenta: 

“Pelo menos duas vezes, em 2021, ele usou suas falas em plenário para depreciar a sexualidade do governador gaúcho, Eduardo Leite. Na primeira vez ele ironizou o fato de Leite não ter sido convidado para qualquer evento da agenda de Bolsonaro em sua visita à Serra Gaúcha naquele ano. ‘Só falta convidar o gay’, disse. Pouco tempo depois, atacou o governador novamente – ‘o senhor disse que tinha que tirar a bunda da cadeira que as coisas se resolviam. O senhor tirou a bunda da cadeira. Deve ter botado em outro lugar, mas não em função de serviço’, afirmou”. 

Sandro Fantinel é um fascistoide convicto, que destila ódio e preconceito. Ele não pode ser naturalizado, como foi no passado outro crápula, que depois virou presidente da República. Suas declarações são racistas, xenófobas e criminosas e ele deve ser tratado como um criminoso. Além da cassação do seu mandato, ele devia ir para a cadeia!

Nazistinha de Caxias do Sul tem de ser preso

 
 
 

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