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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

19
Jul23

Pastores usam profecias e revelações para convocar 'guerra santa' por Bolsonaro ! BBC 3

Talis Andrade
 
Imagem
"Foi um dia especial", diz Sandro Mauricio Rocha de encontro com o general Heleno
 

Torres derrubadas

Um dos pastores com maior projeção no movimento que tenta uma virada de mesa é Sandro Rocha. Ele mora em Guaratuba, município com 37 mil habitantes no litoral do Paraná, e pertence à Igreja do Porto de Cristo, que funciona na casa de um bairro pobre, em uma rua sem asfalto.

Mas não há nada de humilde na atuação do pastor nas redes sociais.

No Twitter, onde ele usa seu segundo nome, Mauricio, o pastor soma mais de 120 mil seguidores. No YouTube, são quase 500 mil, e seus vídeos já tiveram quase 75 milhões de visualizações.

Em 11 de janeiro, Sandro Rocha publicou no YouTube um vídeo com o título "Pequeno sinal" e a imagem de uma explosão numa torre de energia.

Dias antes, torres de energia haviam sido derrubadas em diferentes partes do país. A polícia investiga se os atos têm alguma relação com o movimento que tenta derrubar o governo Lula.

torre-da-linha-de-transmissao-samuel---ariquemes-d

Torre da linha de transmissão Samuel - Ariquemes, derrubada em Cujubim (RO) em 8/1 I

 

Sandro Rocha associa as derrubadas das torres à vontade divina. "Quem é que tá agindo? É Deus", ele diz.

Na mesma gravação, o pastor afirma que o "Exército não é representado por alguns generais que estão lá em cima". "Eles estão perdendo o comando da tropa. A coisa - pra eles, né? - tá bem complicada", diz o pastor.

No Twitter, em 1º de novembro, o pastor postou uma foto em que aparece em um protesto que bloqueou uma rodovia. O tuíte continha a seguinte mensagem: "Pare de falar e tome uma atitude!!!! #Caminhoneiros #Intervençãomilitar".

Também no Twitter, Sandro Rocha foi um dos primeiros a espalhar uma das informações falsas que mais circularam em grupos bolsonaristas em novembro: a de que Lula tinha morrido e estava sendo substituído por um sósia.

Questionados pela BBC, o Twitter e o YouTube não responderam se as falas do pastor violavam as regras das empresas.

Em 18 de julho de 2022, Sandro Rocha foi recebido no Palácio do Planalto pelo general Augusto Heleno, ministro de Segurança Institucional do governo Bolsonaro. O encontro foi registrado na agenda oficial de Heleno.

A BBC questionou o ex-ministro sobre o teor do encontro. Ele respondeu: "Se encontrasse esse pastor, não o reconheceria. Não me recordo de tê-lo recebido."

 

Explosão no STF

 

Em 2020, Sandro Rocha gravou um vídeo ao lado do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio descrevendo uma série de revelações que disse ter recebido de Deus.

A primeira delas trata de uma explosão no STF. "Ficou tudo preto, queimado, não ficou nada", diz o pastor.

Depois da explosão, ele diz ter visto "quatro forcas e quatro pessoas enforcadas". "Não sei quem eram, foi uma visão. E o Espírito Santo frisava: 'todos acham que são três, mas vão ser quatro'", prosseguiu o pastor.

Em seguida, ele fala de outra revelação - essa sobre a entrada de um anjo com uma espada no Congresso.

"Eu vi sangue no chão. Então, no Congresso, eu vi esse anjo, anjo de Deus, em posição de ataque, pra entrar no Congresso", afirmou.

Por fim, Sandro Rocha cita uma visão sobre o Exército. "Eu vi eles marchando e faziam barulho na rua. Vai começar no Sul", afirmou.

"Muita gente vai morrer, vai haver uma guerra no Brasil", completou. A BBC pediu uma entrevista a Sandro Rocha e lhe perguntou se suas mensagens não poderiam estimular a violência, mas o pastor não respondeu. (continua)

07
Jun23

Quem defende a infância indígena?

Talis Andrade
 

MÁRCIA VAICOMEM VEI-TCHÁ TEIÊ COM A FILHA SOFHYA KOZIKLA PRIPRA, EM FRENTE À RÉPLICA DA CASA SUBTERRÂNEA USADA ANTIGAMENTE PELOS XOKLENG PARA SUPORTAR O FRIO NA ALDEIA BUGIO, EM JOSÉ BOITEUX. FOTO: DANIEL CONZI/SUMAÚMA

 

Diário de Guerra

O marco temporal: das crianças espetadas em facas ao racismo do governo de Santa Catarina -II

 

POR ÂNGELA BASTOS /SUMAÚMA

- - -

(Continuação) A tensão que antecede o julgamento do marco temporal no Supremo atinge até a comunidade escolar. A preocupação cresceu depois que circulou um vídeo protagonizado por lideranças políticas e agricultores da região que falam em “banho de sangue” e “guerra civil” caso os “capas pretas” (os ministros do Supremo) só olhem para os interesses dos indígenas. Narrado pelo deputado federal Rafael Pezenti (MDB-SC), o vídeo ressalta a importância da “propriedade privada” e das escrituras emitidas a quem comprou a terra, dizendo ser “muito ruim quando a história da gente é jogada na lata de lixo”. O deputado em nenhum momento menciona o que foi feito com o passado ancestral dos Xokleng e a relação deles com a terra, alguns milênios antes da vinda dos imigrantes europeus. Ele encerra afirmando que, se o STF cometer essa “injustiça” (contra o marco temporal), isso será corrigido com “sangue derramado”.

 Terrorismo golpista e racista, Pezenti ameaça derramar sangue indígena

 

Para não espalhar o pânico, as lideranças pediram aos indígenas que não compartilhassem o conteúdo. Mesmo assim, muitos tiveram acesso a ele. Os professores temem represálias e cogitam a antecipação para 5 de julho das férias marcadas para o dia 15 de julho.

Preocupa especialmente a situação dos alunos da educação infantil, que precisam sair dos limites da terra indígena. Todos os dias, a partir das 6 horas, o ônibus com os alunos percorre a estrada que passa por área de agricultores em conflito. Com a invasão de uma creche em Blumenau, em 5 de abril, e o assassinato de quatro crianças, a segurança foi reforçada nas escolas da rede pública estadual. Esse é o caso da Escola Indígena de Educação Básica Laklãnõ, na aldeia Plipatõl, onde vigias se revezam e cones foram colocados no acesso principal. Ninguém entra sem ser identificado.

Mesmo assim, os educadores indígenas estão com medo. “A nossa briga não é contra os agricultores, que também são vítimas do Estado, que vendeu terras que não eram dele, mas a gente sabe que em situações assim as crianças ficam sempre mais vulneráveis”, diz a vice-cacica Jussara Reis dos Santos, 37 anos, filha de mãe Xokleng e de pai descendente de imigrante europeu.

Entre as mulheres, especialmente, a preocupação é maior. Assustadas, algumas pedem para não ser identificadas. “No campo, todo mundo tem arma em casa. A gente sempre enfrentou preconceito pela nossa condição de vida, mas a relação com os vizinhos era normal”, conta uma Xokleng. “Com o marco temporal ficou pior, e nós, as mães, temos medo porque tem muito registro [de armas] de caçadores [Colecionadores, Atiradores desportivos e Caçadores, os CACs].” A fala reflete o temor das mulheres às consequências da política do governo Bolsonaro de incentivo ao porte de armas em todo o Brasil.

AULAS DE ARTESANATO NA ESCOLA INDÍGENA ALDEIA BUGIO, EM DR. PEDRINHO. FOTO: DANIEL CONZI/SUMAÚMA

 

Pelos menos 150 Xokleng devem acompanhar a votação nesta quarta-feira em Brasília. Um quarto ônibus parte de Florianópolis com estudantes indígenas da Universidade Federal de Santa Catarina. Nas aldeias, a vontade de participar desse momento histórico é grande. Tanto que cada um dos nove caciques teve que indicar quem faria parte da comitiva. De acordo com Tucum Gakran, cacique-presidente, a incerteza sobre o que vai acontecer em 7 de junho foi considerada. “Não se pode deixar a comunidade desguarnecida, e isso pode acontecer caso a votação se prolongue por alguns dias. Nós encaminhamos ofício ao Ministério Público Federal e ao Ministério dos Povos Indígenas pedindo o envio de policiais federais”, explica ele, que é morador da aldeia Coqueiro. Com relação à antecipação das férias escolares, o cacique disse que a ideia não deve avançar, pois seria necessário encaminhar um pedido formal à Secretaria de Estado da Educação. “O governo de Santa Catarina não está do nosso lado. Além da ação que deu origem ao marco temporal, o atual governador, Jorginho Mello [PL], tem feito forte pressão em Brasília contra a causa Xokleng. Temos professores concursados e tememos que também sofram alguma perseguição”, prevê Tucum.

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