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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

17
Jul23

Sorveteiro brasileiro que usa frutas de assentamentos do MST é destaque em Paris

Talis Andrade

 

O copinho no qual os sorvetes da Gelado do Campo, de Francisco Sant'Ana, são servidos é comestível, feito de mandioca, e biodegradável. Uma tecnologia 100% brasileira
O copinho no qual os sorvetes da Gelado do Campo, de Francisco Sant'Ana, são servidos é comestível, feito de mandioca, e biodegradável. Uma tecnologia 100% brasileira © Paloma Varón / RFI

 

A terceira edição do Salão da Pâtisserie francesa, que acontece de 17 a 19 de junho em Paris, acolhe em 6.000 m² os melhores confeiteiros da França e apenas um estrangeiro: o chef glacier - também conhecido como sorveteiro - brasileiro Francisco Sant'Ana. Em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Sant'Ana traz à terra da gastronomia o que há de melhor no Brasil, com frutas e matérias-primas orgânicas produzidas nos assentamentos do MST. 

O chef glacier brasileiro Francisco Sant’Ana (esq.) e o diretor do Salão da Pâtisserie francesa Zakari Benkhadra na entrada do salão, em Paris
O chef glacier brasileiro Francisco Sant’Ana (esq.) e o diretor do Salão da Pâtisserie francesa Zakari Benkhadra na entrada do salão, em Paris © Paloma Varón / RFI

 

Paloma Varón, da RFI, em Paris

Para Zakari Benkhadra, fundador e diretor do Salão, convidar Francisco para um evento essencialmente francês foi natural, devido à excelência do brasileiro: "Eu conheço o Francisco há dez anos. Nos encontramos quando eu era diretor-geral da Escola Nacional Superior de Pâtisserie e ele veio estudar nesta escola, onde ficou três anos. Ele adorou, virou parte da nossa família, encontrou os melhores chefs da França na nossa escola e estabeleceu uma ótima relação com eles. Então ele rodou todo o país para aprender as técnicas e o savoir faire de cada região, de cada chef".

"Depois, ele voltou ao Brasil para fundar a sua própria escola de chef glacier, a Escola do Sorvete. Eu tive a honra e o privilégio de visitar sua escola duas vezes e a achei formidável. Eu fiquei muito orgulhoso de Francisco ter realizado isso em São Paulo. Ele sempre teve uma preocupação com o natural, o orgânico, o sustentável, o local, então esta parceria com o MST vem ao encontro de seu ideal", continua o diretor do evento, sobre seu ex-pupilo.

 

Amor pelo sorvete e pelos produtos naturais 

Para Francisco, "é uma honra ser convidado ao salão em Paris e poder contar um pouco de sua história com produtos nacionais". A Escola de Sorvete, que forma de 500 a 600 alunos por ano, "demonstra o meu amor pelo sorvete e pelos produtos naturais". 

Ele conta que a parceria com o MST surgiu quando já tinha fundado a Escola do Sorvete e era cliente do movimento. "Eu já comprava os produtos deles há um bom tempo e o [João Pedro] Stédile ficou encantado com a Escola do Sorvete. Então pensamos juntos: por que não fazer uma sorveteria popular, uma sorveteria que venha da agricultura familiar, que tenha produtos orgânicos, que seja única no mundo? Porque não existe uma sorveteria com ideologia, a nossa vai ser a única no mundo, tratando sempre o homem do campo com o respeito que ele merece". 

Para Benkhadra , "Francisco é alguém que vai à fonte para buscar o melhor. E eu acho que o fato de ele destacar os bons produtos do Brasil para um público apaixonado pela confeitaria é extraordinário", completa, sem esconder o orgulho. 

 

Do campo para o freezer

Francisco, que antes de ser sorveteiro estudou Geografia na USP, já trabalhou com sua arte de fazer sorvetes em países como Espanha, França, Rússia, Itália, El Salvador e Azerbaijão, conta a sua rotina atualmente no Brasil. 

"Eu dou aulas presenciais por seis meses por ano e nos outros seis meses dou aulas on-line e passo os dias nos diferentes assentamentos do MST, nos laticínios, nas zonas de produção de fruta, tudo para criar um produto único no mundo. A Gelado do Campo vai ser a primeira loja de sorvete de um movimento popular no mundo: do campo ao freezer", diz, confiante. 

Francisco, que voltou da França para o Brasil há oito anos, diz que tem planos de expandir este projeto em parceria com o MST para a capital francesa. 

"Eu vim para o salão cheio de polpa de cupuaçu, cajá, manga, etc. e já pensando na possibilidade de a médio, longo prazo abrir uma loja em Paris também. Eu acho que seria incrível Paris receber uma loja com produtos da agricultura familiar brasileira, com os nossos chocolates, as polpas exóticas, juntando com o leite daqui", completa o chef, que estudou a arte do sorvete na França e também na Itália. 

 

Diferentes biomas brasileiros representados

Francisco aposta nos seus produtos com valor agregado para deixar os parisienses, habituados ao melhor no universo dos doces refinados, com água na boca. "Os franceses gostam muito da manga e do maracujá do Brasil, mas eu trouxe nesta bagagem uvaia, cupuaçu, jabuticaba... Por exemplo, jabuticaba não existe aqui. Para explicar, eu mostro uma foto, e as pessoas se surpreendem... jabuticaba é uma coisa tão nossa! E temos produtos dos diferentes biomas brasileiros, nos quais o MST atua". 

Além disso, Sant'Ana utiliza um copinho biodegradável feito de mandioca. "Já fui mandioca" é o nome  do copinho, que é comestível e, segundo ele, se decompõe em três dias se exposto ao ambiente. "É uma tecnologia 100% brasileira", celebra. 

03
Abr23

Militares gastaram R$ 703,4 mil da Covid em salgados e carnes nobres, aponta TCU

Talis Andrade
 

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por Jéssica Sant'Ana /Globo


Uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) constatou que os militares gastaram R$ 703,4 mil que deveriam ser usados para o reforço alimentar da tropa empregada em ações de enfrentamento ao Covid-19 em coquetel e carnes nobres.

Segundo a auditoria, foram gastos:

 

  • R$ 255.931,77 com salgados típicos de coquetel, sorvetes e refrigerantes, que, muito provavelmente, não teriam sido utilizadas para o reforço alimentar da tropa empregada na Operação Covid-19; e
  • R$ 447.478,96 com carnes bovinas de cortes nobres, filé mignon e picanha.

 

Questionados, o Ministério da Defesa e o Exército não tinham se manifestado até a última atualização desta reportagem.

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Com relação às carnes nobres, os auditores relataram que as normas internas do Exército autorizam a compra de cortes bovinos nobres, porém, considerando o contexto pandêmico, as aquisições infringiram os princípios da razoabilidade e do interesse público.

"Constatou-se que tais aquisições, por terem sido realizadas no contexto de crise social e econômica vivenciada pelo Brasil, com recursos oriundos de endividamento da União, de crédito extraordinário e ignorando opções mais vantajosas, infringiram os princípios da razoabilidade e do interesse público, previstos no art. 2º da Lei 9.784/1999", diz trecho da auditoria.

O relatório do tribunal também constatou uso de recursos destinados às ações de enfrentamento à Covid para manutenção de bens imóveis das Forças Armadas, sem que fossem preenchidos os requisitos de imprevisibilidade e urgência exigidos para a aplicação de recursos de crédito extraordinário.

"(...) não foi apenas isso que se observou, tendo sido realizadas obras de reforma de grande vulto em várias unidades, como adaptação de instalações para construção de alojamentos e de salas de instrução e a realização de troca de pisos e de telhado em alojamentos que se encontravam em uso", diz outro trecho da auditoria.

Os auditores também identificaram que a aprovação de parte das despesas informadas pelo Ministério da Defesa teve documentação comprobatória insuficiente.

A auditoria do TCU fiscalizou, ao todo, R$ 15.688.800,53 aplicados pelas Forças Armadas em ações de combate à Covid-19.

Ao analisar as conclusões da auditoria na última quarta-feira (29) , os ministros do TCU decidiram fazer recomendações e ciências ao governo.

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