Os detalhes da emboscada constam em denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro contra quatro membros da organização criminosa, documento de 106 páginas ao qual o Intercept teve acesso com exclusividade.

A peça sustenta que o chefe da milícia de matadores, capitão Adriano, preferiu conter a sanha assassina a desencadear uma guerra contra Ecko, o líder do maior grupo paramilitar em atividade no Rio de Janeiro, o Bonde do Ecko (originalmente conhecido como Liga da Justiça). O Disque-Denúncia oferecia uma recompensa de R$ 10 mil por informações que levassem à sua prisão. Mas, apesar disso, Ecko zanzava livremente entre os convivas à beira da piscina na luxuosa residência do casal Marcelo da Matta e MC Samantha Miranda, no condomínio Greenwood Park, na Barra da Tijuca.

Ecko acabou morto três anos depois, em 12 de junho de 2021, numa operação da polícia realizada para prendê-lo, na comunidade das Três Pontes, em Paciência, na Zona Oeste do Rio. Fotos obtidas pelo Intercept sugerem que Ecko foi morto por disparo à queima-roupa, que deixou no entorno da perfuração uma queimadura. A Polícia Civil informou que o miliciano reagiu ao cerco, quando tomou o primeiro tiro. O segundo, ainda de acordo com a polícia, foi disparado por um policial dentro da van que levaria Ecko para o hospital, após o miliciano supostamente tentar pegar a arma de um agente. Assim como o ex-caveira, Ecko leva para o túmulo uma complexa rede de relações.