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"Sinto que morri também", diz manifestante agredida por bolsonaristas em Vitória
A jovem Maria Clara Gama, de 27 anos, mestranda em Direito na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), foi verbalmente agredida na sexta-feira (11) por bolsonaristas no aeroporto de Vitória, no Espírito Santo. Ela protestava contra a chegada de Jair Bolsonaro à cidade e permaneceu em pé e em silêncio com um cartaz lembrando dos quase 500 mil mortos pela Covid-19 no país.![Ao menos 44 outdoors foram espalhados em pontos estratégicos por onde possivelmente Bolsonaro passará no EspÃrito Santo - Reprodução / Movimento Impeachment Já]()
Marcus Rocha informa que em sua primeira visita ao Espírito Santo desde a sua posse, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro foi recepcionado por 44 outdoors na capital Vitória e no interior do estado com mensagens como "fora, Bolsonaro".
As manifestações de protesto foram colocadas em pontos estratégicos. Por onde passou o cortejo presidencial.![Visita de Bolsonaro ao EspÃrito Santo terá protesto em outdoors]()
Ao jornal O Globo, a mestranda Maria Clara declarou: "Não escrevi ‘genocida’, nem falei as palavras de ordem comuns, nem ‘Fora Bolsonaro’. Só queria registrar que ele estava vindo criar aglomeração, para fazer campanha política antecipada aqui no Espírito Santo, não para trabalhar. E queria lembrar a situação que a gente está vivendo. Mas não fiz nenhuma crítica explícita".![O Presidente Jair Bolsonaro cumprimenta apoiadores no aeroporto de Vitória]()
Maria Clara, no entanto, não conseguiu fazer contato visual com Bolsonaro. Ela ficou cara a cara com os raivosos apoiadores do governo. Um deles chegou a rasgar o cartaz que a manifestante segurava. A jovem contou não ter sido agredida fisicamente. "Não sofri nenhum ferimento, não fui agredida fisicamente. Mas já fui sabendo que isso poderia acontecer. Já sabia que eles iam chegar perto, ficar gritando perto de mim. Não falei nada, fiquei só com o meu cartaz".
O protesto silencioso, contou Maria Clara, foi uma maneira de reagir à sua sensação de impotência. "Estou respeitando o distanciamento social desde o início da pandemia, fazendo tudo o que posso. Vejo essas coisas acontecendo e parece que não é realidade. E eu não posso fazer nada. Sinto que morri também, não estou mais viva. Meu corpo está vivo, mas minha alma morreu junto com as pessoas. Todo mundo fala que um dia isso vai acabar, que vamos voltar à vida normal. Mas a gente nunca vai deixar de ser alguém que viu essa barbárie, essa indiferença com a vida. Nunca vamos voltar ao estado de antes. Vamos viver o resto das nossas vidas marcados por isso".