"O papa Francisco, em preces à Nossa Senhora Aparecida, rainha e padroeira do Brasil, pede à Maria Santíssima que nos livre do ódio, da intolerância e da violência. Vamos dar um basta aos sentimentos que estão contaminando o processo eleitoral, dividindo famílias e rompendo amizades. Até templos foram profanados com sacerdotes a serviço do altar desrespeitados", afirmou Dom Walmor.
"Situações graves que refletem a ausência de senso crítico, inviabilizando o adequado exercício da cidadania. O convite é para o exame de nossas atitudes, verificar se de fato há coerência com o evangelho de Jesus que nos pede compromisso e amor fraterno, a não violência, o incansável serviço aos pobres e excluídos", acrescentou a mensagem da CNBB.
"Em profunda unidade com a mensagem do Papa Francisco, suplico à mãe Aparecida que interceda pelo povo brasileiro, livrando-nos do ódio, da intolerância e da violência, que haja paz, celeridade e esperança", concluiu o vídeo.
Bolsonaristas discutindo com jornalista da TV Aparecida, durante festividades no santuário
O homem manda que o cinegrafista o filme, enquanto outros apoiadores do presidente gritam "é Bolsonaro" ao fundo; apoiadores do presidente fizeram confusão no Santuário Nacional de Aparecida
Nesta quarta-feira (12), durante as celebrações no dia deNossa Senhora Aparecida, no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, apoiadores do presidenteJair Bolsonaro (PL)discutiram com jornalistas e fizeram confusõesdurante a celebração.
Em um momento, um homem quediscutia com jornalistas da TV Aparecida, canal de conteúdo religioso, mostrou umacaneca com a foto de Bolsonaroe gritou"Deus está aqui, olha!", apontando para a imagem do presidente.
O homem manda que o cinegrafista o filme, enquanto outros apoiadores do presidente gritam "é Bolsonaro" ao fundo.
Bolsonaristas hostilizam imprensa no Santuário Nacional de Aparecida -Reprodução / Twitter
CONFIRA VÍDEO DO MOMENTO EM QUE HOMEM DIZ QUE BOLSONARO É DEUS confira aqui
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Padres estão sendo hostilizados por apoiadores do presidente Bolsonaro após pregarem contra o ódio nas eleições Cardeal Dom Odilo teve que vir às redes sociais explicar que sua roupa vermelha não significava "comunismo" e sim uma roupa tradicionalmente usada por cardiais.
Histerismo fanatismo
Dom Odilo Scherer sofre ataques após reflexão sobre brigas políticas
Dom Odilo Scherer, cardeal e arcebispo metropolitano de São Paulo, usou o Twitter para publicar uma reflexão sobre conflitos políticos entre amigos e familiares nesse domingo (16), e foi alvo de críticas. Ele chegou a ser chamado de “comunista” por usar roupas vermelhas, e precisou explicar que trata-se da liturgia da Igreja Católica.
“A fé em Deus permanece depois das eleições; assim, os valores morais, a justiça, a fraternidade, a amizade, a família… vale a pena colocar tudo isso em risco no caldo da briga política?”, tuitou dom Odilo.
Após a declaração, o religioso foi alvo de ataques. Em menções à ditadura na Nicarágua, usuários da rede social o taxaram como “comunista”, ao ser associado ao candidato à Presidência Lula (PT). Ele também foi acusado de apoiar o aborto, prática repudiada pela Igreja Católica.
Em uma série de tuítes, Dom Odilo pediu “calma” e disse que apenas fez uma pergunta, sem motivo para tantos xingamentos. “Depois das eleições, todos precisam continuar a viver juntos!”, frisou.
Diante de comentários que mencionaram uma suposta “ditadura da esquerda”, o arcebispo fez um alerta: “Tempos estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!”
“Para ser mais claro: parece-me reviver os tempos da ascensão do fascismo ao poder. E sabemos as consequências…”, acrescentou.
Sobre as vestimentas, o religioso explicou que a cor dos cardeais é o vermelho (sangue), “simbolizando o amor à Igreja e prontidão ao martírio, se preciso for. Deus abençoe a todos. Mas… ninguém machuque ninguém!”.
Dom Odilo Scherer
@DomOdiloScherer
Tempos estranhos esses nossos! Conheço bastante a história. Às vezes, parece-me reviver os tempos da ascensão ao poder dos regimes totalitários, especialmente o fascismo. É preciso ter muita calma e discernimento nesta hora!
Padre Camilo Júnior, que disse que 12 de Outubro é “dia para se pedir benção e não votos” virou alvo de apoiadores de Bolsonaro. "Agora a gente não dá dinheiro para padre nenhum", diz mulher que acusa de ligação com o "islã".
Um vídeo divulgado no Facebook pelo jornal O Vale, de São José dos Campos, mostra um grupo de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) invadindo a sacristia da antiga basílica de Aparecida (SP) para promover achaques ao padre Camilo Júnior, que disse em homilia que o Dia de Nossa Senhora Aparecida é “um dia para se pedir benção e não votos”.
No vídeo, os bolsonaristas se mostram revoltados e chamam por "Juninho" - em relação ao padre, que vai até eles. As apoiadoras do presidente reclamam que os sinos que tocaram após a celebração da missa, por cerca de 20 minutos após a cerimônia — que terminou às 16h - e teria atrapalhado a chegada de Bolsonaro para um terço organizado pelo Centro Dom Bosco, um grupo católico ultraconservador radical não ligado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
"Você viu o tumulto que está lá fora?”, indaga o padre, que foi alvo dos bolsonaristas (os fanáticos também foram convocados pelo gabinete do ódio) por causa da homilia. Uma das mulheres diz que a polícia foi chamada.
Bolsonaro resolveu, por conta própria, não participar do terço, o que gerou uma onda de revolta contra a Igreja Católica por parte dos apoiadores.
Em outro vídeo divulgado pelo jornal, apoiadoras acusam o Santuário de Aparecida de "censurar" a participação de Bolsonaro e atacam os padres.
"A gente de agora em diante não ajuda mais campanha de devoto e não doa mais dinheiro para padre nenhum. Porque têm padres que valem a pena, mas têm uns outros que estão pregando o islã", diz a mulher, se confundindo e emendando em seguida: "a droga, a fome, o aborto, tudo mentira, porque Bolsonaro não deu as vacinas no momento certo, ele não ia ficar picando todo mundo". [A mulher recebe pensão vitalícia do governo. Pensão de filha solteira]
Um jovem que vestia camiseta vermelha foi alvo de uma multidão enfurecida que gritava “mito” enquanto a comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PL) estava em uma tenda de peregrinos, em frente à basílica de Nossa Senhora Aparecida, na tarde desta quarta (12), quando é celebrado o dia da padroeira do país.
Primeiro ele ficou encurralado em um círculo e, depois, quando tentou fugir foi perseguido pela multidão aos gritos de “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão” e “a nossa bandeira jamais será vermelha”.
A perseguição só acabou quando o homem de vermelho sumiu entre os corredores da igreja, sem ser agredido fisicamente.
A comitiva do Bolsonaro não viu a cena. O homem com a camisa vermelha passou entre os carros de polícia antes e entrar na igreja, mas nenhum PM abordou o rapaz ou a multidão.
“E pensar que aqui é a casa de Deus”, falou uma mulher assustada, com uma camisa de romaria de São José dos Campos.
Antes, o presidente foi recebido no Santuário Nacional sob vaias e aplausos e participou de missa.
Uma parte aplaudiu e chamou o presidente de Mito. “Silêncio na basílica. Prepare o seu coração, viemos aqui para rezar”, afirmou o padre.
Transcreve 247: A ministra Damares Alves quebrou o silêncio e produziu mais uma coletânea de frases risíveis. O perfil "Partido Jairmearrependi" tuitou: "Saindo de sua pausa na carreira, Damares volta a falar besteira ao afirmar que nenhum jovem de direita lhe ofereceu cigarro de maconha e nenhuma meninA enfiou crucifixo na vagina. A ênfase no menina nos fez concluir que os meninOs tiveram a ousadia."
[Nas estórias de sexo de Damares, as personas sempre são meninas, inclusive bebês]
Damares Alves fala de relações sexuais com crianças diante de público infantil
Damares Alves (Republicanos) disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo resgatou crianças vitimas de trafico humano
por Jamildo Melo/Jornal do Commercio
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A ex-ministra do governo Bolsonaro e senadora eleita pelo Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos), disse em uma Assembleia de Deus em Goiânia, que o atual governo supostamente resgatou crianças vitimas de trafico humano.
Damares detalhou o caso, afirmando ter imagens que comprovam o estado em que as crianças chegavam do resgate. "Nós temos imagens de crianças de 4 anos, 3 anos que, quando cruzam as fronteiras, tem seus dentes arrancados para não morderem na hora do sexo oral. (...) Nós descobrimos que essas crianças comem comida pastosa para o intestino ficar livre para a hora do sexo anal", disse.
A plateia para qual a ex-ministra falou estava repleta de crianças.
A deputada estadual, Elika Takimoto (PT-RJ), criticou através de suas redes sociais a ação de Damares Alves, afirmando que a atitude da senadora eleita se configura como crime.
Damares que é CONTRA educação sexual em escolas falou em um (aparente) culto que são arrancados dentes de crianças para elas fazerem sexo oral sem morder e que criança é obrigada a comer comida pastosa para fazer sexo anal. Tinha CRIANÇAS na plateia. Isso é crime, senadora!
[Por falar em tráfico humano, Damares foi acusada de sequestrar uma criança indígena, de 6 anos, coincidentemente para tratar dos dentes. Esta criança, hoje adulta, jamais foi adotada por Damares.
As relações de Damares com essa indígena deveriam ser investigadas sim. É uma "filha de criação" escrava doméstica? ]
Deputada defende Damares, ataca Xuxa e relembra filme polêmico
Após oferecer aos seguidores versão completa de filme da década de 1980 gravado por Xuxa, deputada distrital Júlia Lucy apagou comentário
A deputada distrital Júlia Lucy (União Brasil) usou o perfil pessoal do Instagram, nessa quarta-feira (12/10), para criticar a apresentadora Xuxa Meneghel. Por meio de um abaixo-assinado, a apresentadora pede a cassação de Damares Alves (Republicanos), ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) e recém-eleita senadora pelo Distrito Federal.
Na publicação, a deputada recorda um filme gravado por Xuxa na década de 1980. No longa-metragem, em que interpreta uma prostituta de 16 anos, a apresentadora aparece em uma cena de nudez com um ator de 12 anos. À época, Xuxa tinha 18.
“Agora, a ‘rainha dos baixinhos’ tenta criar uma onda contra a nossa senadora Damares Alves porque se pronunciou quanto ao abuso sexual das crianças da Ilha de Marajó. Faz sentido pra vc?”, questiona a deputada distrital, que incluiu a hashtag “xuxahipocrita” no post.
Em seguida, Júlia Lucy escreveu que poderia compartilhar a íntegra do vídeo com quem enviasse mensagens a ela no privado. No entanto, usuários do Instagram criticaram a postura da deputada. “@julialucydf armazenar e compartilhar conteúdo pornográfico é crime”, escreveu uma seguidora. “Estou sem acreditar”, comentou outra pessoa.
Após a repercussão, a parlamentar excluiu o comentário da publicação. Questionada peloMetrópolessobre o caso, Júlia Lucy afirmou que “pensando em evitar a propagação desse tipo de conteúdo”, decidiu apagar a mensagem “para não incentivar essa prática nefasta”.
Veja a publicação:
[Julia Lucy exagera ao classificar o filme de pornô. Eu assisti o filme no lançamento e não fiquei com tesão. Parece que o filme deixa Lucy excitada para ela guardar. O filme é de 1982.
A masturbação com crucifíxo é cena de outro filme que deve ter tocado a libido de Damares]
Mulheres denunciam “loucura” de Damares como método: crucifixo na vagina a serviço do fascismo
Damares é uma atormentada pelo q sofreu, tem alucinações, persegue, oprime, estigmatiza, delira; nos exemplos q dá, as fantasias eróticas, sádicas e cruéis pontificam, c/o uma orgia de suplícios sexo-religiosos só concebidos por uma mente insana. Marcia Denser, escritora, no twitter.
Eu na minha vida JAMAIS soube de uma menina enfiando um crucifixo na vagina. As fantasias sexuais da ministra Damares são porcas demais. Eu não deixaria uma filha minha perto dessa gente. Cynara Menezes, jornalista.
O discurso de Damares Alves é um astucioso exemplo de tecnologia política que usa “sexo” como fator de mistificação. Na perversa Sexologia Política do choque, sexo é arma. Sexo passou a ser tecnologia do poder obscurantista contra o Gênero como fator de esclarecimento. Marcia Tiburi, filósofa.
Damares não é louca muito pelo contrario. É uma mulher extremamente fria, perigosa , capaz de qualquer coisa para alcançar seus objetivos. Usa a fé das pessoas para convencê-las de suas ideias conservadores e sem ética. Uma sociopata. Biazita Gomes, professora de Filosofia.
Damares Alves: “Estou há quase 24 horas com este público, a maioria jovem, e ninguém me ofereceu um cigarro de maconha e nenhuma menina enfiou um crucifixo na vagina”, ela só esqueceu que essa galera não curte maconha por preferir cocaína, a parte do crucifixo é loucura mesmo. Patrícia Lélis.
A tensão sexual é um dos pilares de uma técnica para obter e manter poder chamada fascismo. Ao dizer que a esquerda introduz crucifixos em vaginas, Damares ensina seu público a temer e a odiar o “outro lado”. Meteoro BR.
Cena de masturbação com crucifixo causou escândalo no Festival de Veneza
A comunidade católica está indignada com uma cena do filme do irreverente cineasta Ulrich Seidl, “Paradise: Faith”, apresentado no 69 edição do Festival Internacional de Cinema de Veneza.
O escândalo no Festival de Veneza veio três dias após a exibição do filme “Paradise: Faith” (‘ Paraíso: Fé ‘) de Ulrich Seidl, um filme que concorre pelo Leão de Ouro, juntamente com 17 outros filmes.
A cena em que Anna Maria, uma devota católica, chega a se masturbar com um crucifixo, que ela pega na parede de seu quarto, o carícias, beija com grande intensidade , até que finalmente ela se masturba com o objeto sagrado, já foi qualificado como um dos mais provocantes do cinema contemporâneo.
“A protagonista não entende que a adoração cega por Cristo torna-se um ser desumano, incapaz de sentir amor e comunicar a virtude mais importante cristã: amar o próximo”, disse o diretor.
O filme conta a história de uma mulher totalmente dedicada ao catolicismo, que decide ir de porta em porta em toda Veneza para tentar convencer as pessoas a aderir cristianismo.
A Película de Seidl, segundo os especialistas em cinema, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso, no entanto para alguns católicos, é uma ofensa gratuita contra a comunidade religiosa na Itália, que é um dos países mais católicos do mundo.
O advogado Pietro Guerini, que dirige uma associação de radical católica na Itália, entrou com uma ação contra o diretor do filme, Seidl, a atriz Maria Hofstätter e contra os seus produtores e organizadores da edição 69 do Festival de Cinema de Veneza.
Todos eles “por meio de uma manifestação de uma das cenas blasfemas e ultrajante”, que violou os artigos 403 e 404 do Código Penal da Republica Italiana (“crimes a uma confissão religiosa por degrinir as pessoas e através do desprezo”), diz a ação judicial.
Enquanto isso, Seidl afirmou que não vai pedir desculpas aos católicos. “Eu não tenho nenhuma razão para pedir perdão. Ao invés disso, eu estou feliz. Se por alguma cena mostrada no meu filme é um tabu, isso não significa que não tenho o direito de incluir esta cena no filme”, disse o diretor do polêmico filme, em entrevista, publicada na terça-feira ao jornal ‘The Hollywood Reporter’.
Filme com cena de masturbação com crucifixo causa polêmica em Veneza
O irreverente filme do austríaco Ulrich Seidl, "Paradise faith", que compete pelo Leão de Ouro na Mostra de Veneza, junto com outros 17 filmes, escandalizou nesta sexta-feira (31) com uma cena de sexo com um crucifixo.
"Faith provoca escândalo", afirma o jornal italiano "Coriere della Sera" ao resenhar o filme decididamente anticlerical, protagonizado por uma fervorosa católica que se flagela, usa o cilício, caminha pela casa de joelhos, impreca os pecadores e chega a se masturbar com um crucifixo.
A cena, na qual a católica Anna Maria, uma auxiliar de raio-x, lentamente tira o crucifixo da parede de seu quarto, o acaricia, o beija, torna a beijá-lo cada vez mais intensamente, até que finalmente se masturba com ele sob as cobertas, é certamente uma das mais impressionantes do cinema contemporâneo.
O filme, uma história de excessos místicos na qual inclusive a fotografia do papa Bento XVI é difamada, arrancou risos e foi aplaudido durante a primeira projeção à imprensa especializada e provavelmente gerará reações na Itália, um dos países mais católicos do planeta, e no Vaticano.
Para Anna Maria, o caminho que a levará ao paraíso reside em Jesus, e por isso decide percorrer toda a cidade de Viena com uma imagem da Virgem Maria de cerca de quarenta centímetros nas mãos batendo de porta em porta para convencer as pessoas a se unirem ao cristianismo.
O retorno inesperado após anos de ausência de seu marido, um muçulmano egípcio prostrado em uma cadeira de rodas, termina por reforçar sua fé. "A protagonista não entende que a adoração cega pro Cristo a converte em um ser inumano, incapaz de sentir amor e de comunicar a mais importante virtude cristã: amar ao próximo", comentou o diretor.
O filme, que faz parte da trilogia Paradise (os outros dois são "Paradise: love" e "Paradise: hope"), do diretor Seidl, produzido por França, Áustria e Alemanha, denuncia com uma linguagem irônica o fanatismo religioso.
"Somos as tropas de assalto da Igreja" é o lema da comunidade religiosa a qual a protagonista pertence, que encarna a paixão tanto espiritual quanto carnal por Cristo.
O diretor, renomado documentarista, premiado em 2001 em Veneza por seu primeiro longa-metragem "Hundstage", disse ter se inspirado nas peregrinações religiosas para convencer adeptos. "Ela é uma mulher decepcionada com o amor, com os homens e frustrada sexualmente. Sente um vazio interior", explicou.
Bolsonaro não consegue ter um titular no ministério da Saúde na fase mais grave da pandemia. Bolsonaro sequer consegue usar os recursos que o Congresso lhe autorizou a empregar para salvar vidas durante esta interminável crise de saúde pública, ao ponto de ter sido solicitado a dar explicações ao TCU por tão espantosa atitude. O presidente não conseguiu nem mesmo manter-se em isolamento social, para dar exemplo ao país, nas semanas em esteve infectado com o Sars-Cov-2. Tantas fez o moço que assim o descreveu a jornalista Vera Magalhães: “O presidente passeou de moto e sem máscara, cumprimentou garis e mostrou caixa de hidroxicloroquina para as emas do Alvorada. Pode parecer uma piada, mas não: esse foi o dia do presidente em isolamento”. Rá!
Na verdade não só parece como é uma piada. É tudo uma piada de mau gosto. Por pavor do PT e desprezo à política, os brasileiros resolveram eleger e empossar uma piada como presidente da República. Devem ter achado que estariam punindo alguém, os políticos em geral e o PT em particular, mas finalmente se revela que estavam gostosamente pregando uma peça em si mesmos e infligindo-se uma autopunição.
Antes disso, correu o mundo uma foto do mandatário maior da República, segurando com as duas mãos uma caixa de cloroquina sobre a cabeça, diante de seguidores devotos e compungidos no que parecia uma missa campal no gramado do Palácio do Planalto. Quem está acostumado à missa católica, sabe que o gesto copiou o momento do ritual litúrgico, depois da consagração do corpo de Cristo, em que a hóstia é mostrada aos fiéis enquanto o sacerdote profere solenemente “eis o cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”. Pois “eis a cloroquina divina, que tira a Covid do mundo”, repetiu o grão sacerdote do bolsonarismo, para a adoração da sua igreja.
Claro, se você é um sujeito razoável e sensato, não estará entendendo por que a qualquer pergunta sobre o que fazer durante a pandemia se obtém de Bolsonaro uma única resposta: tomem cloroquina. E, o que é pior, vai considerar incrível como tem gente que acredita em cloroquina, ivermectina e hodroxicloriquina como soluções mágica para a Covid-19, contra a OMS e toda a ciência médica disponível. Mas, meus caros, as pessoas acreditam em alma imortal, reencarnação e em inferno, por que não acreditariam em pseudofármacos só porque a ciência os nega?
Mas, professor, o que tem a ver religião com cloroquina? A fé, meus amigos, a crença. O bolsonarista radical é hoje um sujeito com tamanha fé no seu líder que é capaz de acreditar no que ele diz mesmo que o conteúdo da sua crença seja absurdo e até por isso mesmo. Credo quia absurdum, já dizia a máxima de Tertuliano. Se Bolsonaro trocasse cloroquina por creolina ou jujubas, a crença dos seus seguidores mais radicais mudaria automaticamente de conteúdo, mas o suicídio intelectual e o fervor dos crentes seriam o mesmo.
E como em toda seita, há o pastor do rebanho, há os que compartilham com ele o sacerdócio e há os seus profetas. Alexandre Garcia, um ex-jornalista convertido de primeira hora ao bolsonarismo, estreou na CNN Brasil esta semana, declarando ser Bolsonaro a comprovação científica de que a cloroquina funciona e que “seus colegas repórteres” só falam mal da droga santificada porque alguém lhes manda dizer isso.
Alexandre Garcia gosta de dar-se ares de um homem logicamente refinado e culto, quando a sua principal habilidade consiste em torcer ou esculpir os dados até que eles pareçam se encaixar com plausibilidades nas suas opiniões preconcebidas. O “raciocínio lógico” usado por Garcia para “provar cientificamente” que a cloroquina é a cura da Covid-19 que os pagãos do mundo não querem que seja do conhecimento de todos, é o fato de Bolsonaro ter tomado o remédio e sobrevivido. Só que isso que ele chama de lógica é geralmente refutado no primeiro dia de aula de Falácias Argumentativas. É uma falácia descarada, para dizer o mínimo. É como dizer que uma vez que quando o galo canta, o sol nasce, é o canto do galo que faz o sol nascer. É ridículo.
A estatística, que não costuma fazer escolhas políticas, diz que a taxa de letalidade do Sars-Cov-2 no mundo é de cerca de 2% em média. Quer dizer que se todos os infectados tomarem água de coco gelada com abará é provável que 98% se recuperarão, mas se trocarem o delicioso medicamento por caldo de cana e pastel de feira o milagre será exatamente o mesmo. No caso do Brasil, a taxa de letalidade, uma das mais altas do mundo, está em torno de 7%. A notícia deveria ser, então, que pelo menos 5% dessas mortes poderiam ter sido evitadas, se quem governa o país tivesse adotado as políticas públicas testadas e comprovadas como eficazes em toda parte. Mas não, no estilo Garcia de jornalismo tribal teríamos o seguinte comentário: “A prova científica da competência do Ministério da Saúde de Bolsonaro é que estamos curando 93% dos infectados pela Covid-19”.
O mundo está tão louco que a posição ideológica das pessoas passou a orientar decisões com relação a que remédio tomar, se usamos ou não máscara em público, se vacino ou não os meus filhos. A modernidade consistiu exatamente em vetar que a religião pudesse exorbitar, quer dizer, sair do ambiente onde os crentes precisamos dela, a saber, na nossa relação com o sobrenatural, com a morte e com o sentido da existência. Para as demais necessidades da vida temos outros recursos, como a ciência, a política e a economia. A extrema-direita, entretanto, transformou-se em uma nova religião civil: o seu sumo sacerdote é considerado infalível em matéria de política, economia e, vejam só, medicina e saúde pública. Deus se apiede de nós.