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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

19
Mar23

Onde está o comunismo?

Talis Andrade
 
 (crédito: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)
(crédito: Carlos Vieira/CB/D.A. Press)

 

É de se perguntar onde está o tal comunismo de Lula.

Onde? Eis outra mentira exposta

 

por Sacha Calmon

Como a direita é ambígua e egoísta, é fácil desmascará-la. Sempre foi assim. Começam pela exaltação do "patriotismo" (último refúgio dos canalhas, segundo Unamuno, da "família" e da "propriedade". É de se perguntar onde está o tal comunismo de Lula. Onde? Eis outra mentira exposta.  Foi assim, com o nazismo botando a culpa de tudo nos judeus e  nos "comunistas", no fascismo italiano e no integralismo brasileiro, sob a liderança de Plínio Salgado e Gustavo Barroso, os quais tentaram tomar o poder pela força — tinham se infiltrado nos meios militares — mas foram desarticulados por Getúlio Vargas.

Reforçam os direitistas a tese enganosa de preferências por nomes de políticos carismáticos em lugar de partidos programáticos. Do lado do PT, o caminho a seguir se apresenta claro, ou seja, manter a economia com a estrutura atual e praticar na saúde, na educação e assistência social, em prol dos desvalidos, vigorosas políticas públicas de combate à fome e à miséria, fazendo girar a economia do país. De resto, foi esse discurso e a memória coletiva de seu mandato (2013 a 2020) que o fizeram ganhar a eleições de 2022, a mais apertada da nossa segunda república, está iniciada em 1985 após a queda da carcomida ditadura militar (1964 a 1985) com a eleição indireta de Tancredo Neves.

Entretanto, há no Brasil, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa Ocidental, uma parcela significativa da classe média descasada das ideias democráticas, a namorar políticos e pessoas autoritárias. Insondáveis são os caminhos do Senhor. Nessa hora decisiva, é necessário "ir com fé". O Senhor pede o seu apoio àquele que do povo se ergueu para enfrentar o príncipe do mal. Não se trata de peça literária ou de versos de cordel, mas da etapa, a mais decisiva da luta do bem contra o mal, do ódio e da destruição contra a ordem e a paz.

Como se pode falar de casamento e fidelidade, de um Bolsonaro que mudou quatro vezes de mulher? Como se pode crer no príncipe das trevas que se diz crente, mas não frequenta o culto nos dias marcados? Como se pode crer no valor da vida de um sujeito que tem como vizinho de parede e jardim o suposto assassino (preso) de Marielle Franco?

É tempo de rezar e crer nos caminhos do Senhor. É tempo de semear e acreditar no irmão que vem do sertão para presidir o Brasil em favor dos pobres e trabalhadores. As pessoas autocráticas, cevadas no discurso de ódio ao adversário, reiteradamente pronunciado pelo mais recente ex-presidente do Brasil, estão fadadas ao fracasso financeiro e moral. Mentiras e fake news são obras malignas a difundir ódio e violência, por caminhos destoantes dos evangelhos a pregar paz no conviver.

O Brasil começa agora, espera-se, uma revolução na educação e na saúde que nos leve, como povo, a um novo patamar, ou seremos para sempre um país desigual e de renda média na divisão do produto interno bruto (PIB) entre seus habitantes. É nossa última oportunidade em face de pirâmide etária. Como dizia João Ubaldo Ribeiro, não basta vencer o inimigo, mas utilizar a sua derrota para construir a paz. Vivemos verdadeiramente um envenenamento político jamais visto no país, por força da mesquinhez política, baseada nas "fake news".

Assim como Collor de Mello, esse período, espera-se, deve se desfazer no ar, ventilado pela democracia. É cedo para dizer que bolsonarismo é tal e qual Collor de Mello, um meteoro político, a cruzar os céus da República. Mas é fora de dúvida a incompetência política do "coisa" para entender os mecanismos democráticos. Voltemos, entretanto, à pergunta original. Onde o novo governo está atentando contra a democracia, onde?

Em contrapartida, o 8 de janeiro de 2023 é a prova acabada e planejada de um ataque furioso contra a democracia, por parte de declarados bolsonaristas contra a democracia, a ordem e o respeito ao resultado democrático das urnas (o único país no mundo que apura 156 milhões de votos em apenas 6 horas). É motivo de orgulho nacional termos construído um tão eficiente sistema.

Para quem passou o mandato inteiro dizendo que urnas eletrônicas eram falhas, é de se perguntar por que não renunciou, vez que eleito por um sistema impuro...! É preciso apoiar os esforços do governo atual para desenvolver o país, apesar dos juros básicos do BC estarem muito altos.

Estamos em um momento decisivo de nossa história e queremos nos desenvolver à base da iniciativa privada sem socialismo algum. Lula não postula nenhuma forma de socialismo nem mesmo o vigente na Suécia, Alemanha e Noruega, mas sim o aproveitamento do aparato estatal vigente no Brasil. É preciso darmos o crédito necessário ao novo governo, pois não podemos permanecer para sempre com um país de renda média com profundas desigualdades sociais.

Apesar da má vontade de alguns — e não são poucos empresários —, os que trabalham na indústria, no comércio e na terra  estão dispostos a cooperar. O BC e o setor financeiro querem ter lucros estratosféricos, lidando com especulação em dissonância com os setores produtivos.

19
Fev23

O lugar das Forças Armadas

Talis Andrade
 
 

 

 (crédito: Caio Gomez)
Caio Gomez

por Sacha Calmon /Correio Braziliense

Fernando Exman, Renan Truffi e Andrea Jubé publicaram interessante assunto. "Foi feito o necessário. E foi feito ligeiro." Assim justificou uma alta fonte do governo a decisão de que fosse substituído o comandante do Exército apenas três semanas depois de iniciado o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A saída foi anunciada num sábado pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, depois de um dia de tensão no governo e na caserna. Em um rápido pronunciamento, Múcio reconheceu uma "fratura no nível de confiança" nas relações com o então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, e formalizou a demissão do oficial e a nomeação do general Tomás Miguel Ribeiro Paiva para o posto.

Ao falar à imprensa, Múcio citou alguns dos fatores que levaram à demissão de Arruda. "Depois dos episódios, a questão dos acampamentos, do dia 8 de janeiro, as relações com o comando Exército sofreram uma fratura."

A decisão também decorre da resistência de Arruda em suspender a nomeação do tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid para comandar o 1º Batalhão de Ações e Comandos (BAC), que faz parte do prestigiado Comando de Operações Especiais, com sede em Goiânia (GO), considerado uma "tropa de elite" da força terrestre. Conhecido como coronel Cid, o oficial foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e está sendo investigado por um suposto "caixa dois" com o cartão corporativo da Presidência, segundo a imprensa.

Segundo a apuração da Polícia Federal, o militar teria feito saques com o cartão corporativo da Presidência, e feito pagamentos de contas pessoais da família de Bolsonaro com esses recursos. Uma investigação mira o pagamento de fatura de um cartão de crédito emitida em nome de uma amiga da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro... Para integrantes do primeiro escalão do governo, o que definiu o destino de Arruda foi o que consideram falta de compromisso em tomar as providências esperadas pelo comandante supremo das Forças Armadas, o presidente Lula.

Na sexta-feira, circulou nas redes sociais um vídeo em que o general Tomás Paiva orientou os soldados a respeitarem o resultado das urnas. A mensagem se deu durante uma cerimônia militar com as tropas. "Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna", disse o general, em recado que agradou o governo. Ele ingressou na carreira militar em 1975 e seu mais recente posto foi o de comandante militar do Sudeste, cargo que assumiu em 2021. Corpo militar estratégico no lugar principal do país.

O oficial atuou na missão do Exército no Haiti como subcomandante do Batalhão de Infantaria de Força de Paz e como comandante da Força de Pacificação da Operação Arcanjo VI, no Complexo da Penha e do Alemão, no Rio de janeiro (RJ), em 2012. Já comandou o Batalhão da Guarda Presidencial e foi ajudante de ordens do presidente Fernando Henrique Cardoso. Também chefiou o Gabinete do Comandante do Exército em Brasília, quando o general Villas Bôas comandou a Força.

A iniciativa de criar uma "guarda presidencial" sob o comando imediato do chefe da nação é de inspiração dos Estados Unidos e, mais remotamente, vem da guarda pretoriana dos Césares romanos. O Ministro Flávio Dino está com o projeto de lei pronto, tendo em vista os recentes acontecimentos em Brasília e noutras capitais, o que não ocorria desde 1985 com o fim da ditadura militar por obra de Tancredo Neves, após o ciclo de generais-ditadores indicados pela cúpula do Exército, e que foram Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Médici, Ernesto Geisel e João Figueredo (21 anos de ditadura, em que o povo não votou para presidente do Brasil).

A ditadura caiu de podre com o povo nas ruas do país exigindo eleições diretas em passeatas gigantes. Alguns oficiais do Exército, ao que parece, querem reviver, contra a Constituição e o povo, esse período obscuro de nossa história. Não é, contudo, o desejo das Forças Armadas. Trata-se de uma minoria é bom que se diga. Sugere reflexão o dilema em que se meteria se por acaso o Exército tomasse o poder pela força.

A primeira consequência seria suscitar uma luta interna no interior da mais importante força armada da República (ambição de pessoas e grupos). A segunda seria o isolamento de um governo ilegítimo nos círculos internacionais a começar pelos Estados Unidos. A terceira seria atrair para a força terrestre todas as tarefas governamentais e para as quais não foram preparadas. Durante o governo dos militares (1964 a 1985), o desgaste foi tão grande que levou à sua natural extinção. O Congresso em vez de eleger Maluf, indicado pela cúpula militar, elegeu Tancredo Neves, que, infelizmente, morreu, sendo substituído por José Sarney, seu vice-presidente, que iniciou a atual República democrática, e as eleições periódicas de civis.

Micheque Bolsonaro é investigada por assédio

 
 
05
Fev23

A tentativa de golpe

Talis Andrade
 
 
 (crédito: Caio Gomez)
(crédito: Caio Gomez)

 

por Sacha Calmon /Correio Braziliense

- - -

Cláudio Gonçalves Couto, cientista político e professor da FGV-SP é o inspirador desse artigo. A "Revolução" de 1930, que sepultou a República Velha, se faz sem maiores sobressaltos e sem brutalidade. Em 1937, houve o golpe de Vargas, que instituiu o Estado Novo (ocorreu sem necessidade de recorrer à violência). Bastou à ordem autoritária vigente alterar a ordem constitucional, abolindo a separação de Poderes e o pluripartidarismo. O Estado Novo caiu sem necessidade de recorrer à força, quando, em 1945, Vargas ruma para São Borja e tem sua ditadura substituída pela nossa primeira democracia já que antes de 1930 a Primeira República era dos senhores de terra como no Império! Getúlio, contudo, seguiria integrado ao novo regime, do qual foi ator central até seu suicídio, nove anos depois.

Nesse espaço de tempo tivemos evento histórico mais assemelhado à intentona bolsonaresca do 8 de janeiro (o levante armado dos integralistas contra o Palácio do Catete) numa tentativa de derrubar a ditadura getulista, substituindo-a por outra fascista. As semelhanças estão na violência utilizada, contra a sede do Poder Estado (o Executivo) e na inspiração fascista claramente evidente na época. As diferenças estão no fato de que se atentava contra uma ditadura, agora o ataque ocorreu contra uma democracia, e também na condição iletrada dos fascistas de hoje se comparada ao requinte intelectual dos líderes daquele movimento (Plínio Salgado, Miguel Reale e Gustavo Barroso).

Depois disso, a maior violência contra as instituições foi o golpe de 1964 e a própria ditadura militar que originou. Novamente, nos dois casos, a incolumidade física dos Três Poderes foi preservada, embora sua integridade institucional tenha sido vilipendiada por atos institucionais e outras medidas de arbítrio - como a cassação de mandatos de representantes eleitos do povo na época era da Diretoria Central dos Estudantes e foi preso em Neves. A destrutividade é inerente ao bolsonarismo. Deu a tônica de seu governo e confere sentido ao movimento sociopolítico que lhe dá base.

A pronta reação de atores-chave do sistema — Judiciário, Executivo, Legislativo e governos estaduais — foi fundamental para sua própria preservação. Durante o quadriênio da presidência Bolsonaro, a essa reação de agora correspondeu à resistência dos atores institucionais. Governos subnacionais lutaram pela preservação de suas competências, a cúpula do Poder Judiciário pôs freios às invectivas autoritárias do Executivo e o Legislativo (sobretudo durante o biênio de Rodrigo Maia na presidência da Câmara) brecou iniciativas abusivas do presidente Bolsonaro, mormente nos Sete de Setembro!

Isso não ocorreu, no caso do procurador-geral da República, cúmplice dos abusos bolsonarescos e corresponsável pela barbárie em Brasília. Alguns governos subnacionais foram aliados do projeto autoritário do presidente, entre eles o de Minas Gerais.

Contudo, no conjunto, o sistema institucional, submetido a estresse, foi capaz de resistir — e, se não o fizesse, comprometeria sua própria sobrevivência política.

Tal resistência não ocorreu sem custos. Pesquisa feita logo após o 8 de janeiro mostra que 40% dos brasileiros acreditam na hipótese tresloucada de fraude nas últimas eleições. Uma mentira repetida milhões de vezes soa como verdade.

Contingente não desprezível deles acredita haver motivos legítimos para a intentona bolsonaresca. São brasileiros desinformados, entupidos de ódio e frustrados na vida! Em Brasília havia bandidos e muitos neuróticos violentos. Vazaram ódio e destruição jamais vistos entre nós. Essa é a própria natureza de Bolsonaro, o estúpido líder inspirador dessa violência.

O bolsonarismo foi bem-sucedido na tarefa de erodir significativamente a legitimidade das instituições do Estado, não há como duvidar.

É sobre essa legitimidade que se assenta a própria capacidade das instituições de continuarem operando. Não há motivos, para garantir que assim continue sendo, sem uma resposta dura, exemplar da legalidade contra a barbárie. É preciso aproveitar a força do momento, para sepultar o bolsonarismo.

E fazer uma varredura nas Forças Armadas. É preciso ser como nos Estados Unidos de quem copiamos a República, o Federalismo e a democracia. Lá as FFAA não dão pitacos e nunca interferiram na vida da República. É preciso reformulá-las com urgência. Existem para a democracia e o país no plano internacional. A vida civil lhes é interditada, menos o voto. Os acampamentos em frente aos quartéis deveriam ser dissolvidos de pronto pelo exército. Se fizeram de rogados. Devem voltar a fazer cursos nos EUA e na França. Aqui não é Venezuela nem Hungria.

A nação cobra a ida para a reserva de generais, coronéis e majores omissos. Brasil e brasileiros acima de todos. Militar é servidor público. Portam armas para defender a democracia e não para nos ameaçar. E deviam estar trabalhando duro na Amazônia, tão precisada de nossas formas armadas, garantidoras de sua integridade.

 

 

 

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