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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

02
Jul23

O que significa PEPs

Talis Andrade

finados marcha família.jpg

 

Na noite de 14 de junho, o país inteiro (exceto os especialistas) passou a conhecer o significado de mais uma sigla, PEPs (Pessoas Expostas Politicamente)

 
por Gustavo Krause
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Ruy Castro, com a argúcia e o refinado senso de humor habituais, em artigo publicado na Folha (Ed. 01/6/23), constatou que uma “sopa de siglas inunda a imprensa. Começou nos anos 50, quando o nome do então presidente Juscelino Kubitschek tomava metade da manchete. Comprimiram-no para JK e todo mundo aderiu”.

Por economia de espaço editorial e no mundo da novilíngua digital mais que siglas foi criado o idioma das redes e, dinossauros como eu, tenho que cursar o novo MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização).

Pois bem, na noite de 14 de junho, o país inteiro (exceto os especialistas) passou a conhecer o significado de mais uma sigla, PEPs (Pessoas Expostas Politicamente). A primeira impresão sobre as mencionadas “pessoas” seria moradores de rua, famintos, desempregados, enfim, os excluídos e discriminados socialmente.

Grande engano e nenhuma invenção para economizar espaço jornalístico: a mencionada sigla se insere na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCLA) que estabeleceu a classificação de uma Pessoa Politicamente Exposta (PEP) e o monitoramento especial das suas movimentações financeiras e fiscais, com objetivo de prevenir a corrupção e crimes como lavagem de dinheiro.

Outra sigla, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), define PEPs como pessoas que desempenham ou tenham desempenhado nos últimos cinco anos, cargos, empregos, ou funções públicas relevantes assim como seus parentes de segundo grau.

Cabe registrar que, em 2020, uma circular do BACEN (Banco Central) ampliou a lista das PEPs, incluindo autoridades locais, respectivos familiares até segundo grau e “estreitos colaboradores”.

E o que tem isto a ver com a noite de 14 de junho do corrente mês?

Uma sessão da Câmara aprovou, em regime de urgência, o substitutivo do Deputado Claudio Cajado (PP-BA) ao PL 2720 de iniciativa da Deputada Dani Cunha (União Brasil-RJ), por 252 votos a favor e 163 contrários, que prevê pena de prisão de dois a quatro anos e multa para quem praticar as seguinte ações contra a alguém por causa da condição de “pessoa politicamente exposta” ou de ré em processos sem trânsito em julgado: obstar promoção funcional; negar ou obstar emprego em empresa privada; impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional; negar a abertura ou manutenção de conta corrente, concessão de crédito ou outro serviço de instituições financeiras. 

Independente do mérito, a sessão noturna aprovou um projeto de lei que contempla diretamente o interesse dos parlamentares, em regime de urgência, o que significa ausência de debate, discussão e completo desconhecimento da opinião pública. De outra parte, contraria as normas e o combate internacional aos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Qual a percepção da sociedade sobre o comportamento opaco, furtivo, exatamente oposto ao que se espera de quem exerce um mandato de representação popular?

Objetivamente, o comportamento majoritário dos parlamentares ofende os eleitores, fere a instituição congressual e, o que é mais grave, afeta seriamente a credibilidade da nobre missão política. A receita para evitar constrangimentos públicos é simples: basta que os parlamentares exerçam o mandato, respeitando e cumprindo os deveres funcionais.

Todos os tiranos detestam a Política do fundo do coração porque “A Política representa, quando menos, alguma tolerância para verdades diferentes, algum reconhecimento de que é possível governar, aliás melhor, através do debate entre interesses opostos. A Política são as ações públicas dos homens livres” (Em defesa da política. Bernard Crick. Ed. Universidade de Brasília, 1981.)

A arquitetura democrática da Política dos pesos e contrapesos mantem acesa a esperança no voto do Senado e no veto do Poder Executivo que dará ao projeto o destino merecido: o lixo da História.

14
Abr23

O puxa-saquismo – Parte I

Talis Andrade
 
 
 
SóAcho: Voltam os famosos puxa-sacos de plantão e a dança das cadeiras no  alto escalão – Agora Laguna
 
 
 
 

O puxa-saco é um insuperável especialista na psicologia dos poderosos que, acessíveis à lisonja, se deixam enganar

 

por Gustavo Krause

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A leitura obrigatória e prazerosa de Ruy Castro (Folha 28/01/23) destaca um “gênero” literário, em voga nos idos de 1964, de “tratados ‘eruditos’” sobre temas irrelevantes e vice-versa, com citações em latim, prefácios de gente séria e crítica feroz de tudo.

Entre eles, “O Puxa-Saquismo ao alcance de todos” de autoria do brilhante conterrâneo de Vitória de Santo Antão, Nestor de Hollanda Cavalcanti (1921-1970). Versátil e criativo intelectual, jornalista, escritor, produtor de rádio, TV, compositor cujo filho homônimo, Nestor, é autor de vasta produção musical, internacionalmente consagrada.

Recorri à Estante Virtual. Adquiri um raro sobrevivente a quem dedico merecidos cuidados em recompensa à leitura divertida, atual e que deixa lição incontornável: “Quem nunca deu uma ‘puxadinha’ que atire a primeira pedra”.

Mais que irreverente, o humor é cáustico, demolidor. Nestor teoriza: a adulação é instintual, imemorial e universal. A abrangência alcança três tipos principiais de puxa-sacos: bissextos, fanáticos, Ex-ofícios e descreve subtipos de enorme variedade. Existem puxa-sacos bíblicos, santos, animais, mitos (Papai-Noel) e, apesar da tentativa de abrandar a expressão chula com sinônimos, a exemplo de subserviente, lisonjeador, louvaminheiro, áulico, “chaleira”, xeleléu, bajulador, prevaleceu a origem etimológica latina saccus que “chegou ao luso-brasileiro com a clássica denominação – diz Nestor – de ‘estojo de órgãos glandulares’”.

Mas é no ambiente político em que aflora a multidão dos “babões”. Nestor de Holanda dá nome e sobrenome às personalidades marcantes da vida pública entre 1930 e 1960. Comunista de carteirinha, detona todos, em especial Carlos Lacerda, mas fiel a princípio afirma: “Claro que em qualquer regime, aquém ou além da ‘Cortina de ferro´, funcionam os puxa-sacos”.

A qualidade e a profundidade do texto podem fundar uma nova ciência social: a puxassacologia. Aplicado e respondido, o “questionário da puxação” (100 perguntas no final do livro), o leitor, dependendo do desempenho, passa a ser acionista da lucrativa estatal a PUXABRAS

Com a vênia do festejado autor (puxa-saquismo explícito!), tomo a liberdade de refletir sobre a fenomenologia da atração irresistível do Poder a partir do testemunho real e das experiências vividas.

De fato, o Poder fascina, enlouquece e ensina.

O fascínio perdura como a mais antiga luta da espécie humana.

A loucura é a enfermidade contraída pelo vírus do “quero, mando e posso” sempre em marcha insensata e cruel.

Na versão mais benigna, é um privilegiado posto de observação sobre os mistérios da natureza humana.

A experiência que vivi, não aniquilou, mas arrefeceu o fascínio; não chegou a enlouquecer, mas perturbou muito meu juízo; aprendi sobre a grandeza e a miséria humana, com a privilegiada convivência com o puxa-saco.

Comprovei o relato de Nestor. Eles são indestrutíveis e inevitáveis. De repente, a gente corre o risco de gostar da adulação. Um perigo. O puxa é o maior especialista do mundo nas fraquezas da psicologia dos poderosos e são insuperáveis na arte de agradar.

Tem mil faces e mais de mil disfarces. A presença nefasta do puxa-saco nas cortes e nos palácios ocupou a mente brilhante de Maquiavel ao aconselhar o Principe no capítulo XXIII “Como evitar os aduladores”. Diz o sábio florentino: “Refiro-me ao erro de darem ouvidos aos aduladores que povoam todas as cortes. É que os homens são de tal modo acessíveis à lisonja e tão facilmente se deixam por ela enganar que só com dificuldade se defendem dessa praga”.

Rogo ao leitor generosa paciência, mas a segunda parte é o complemento do artigo, espaço em que exploro mais dois tipos e narro três casos de puxa-saquismo explícito dos quais sou personagem e testemunha ocular: O assessor do Ministro que cortou o cabelo duas vezes no mesmo dia; As botas do governador; A gripe do governador.

05
Ago22

Bolsonaro prepara a guerra civil, a sangreira

Talis Andrade

bolsonaro nazista.jpg

 

Sete Antigos Heptá: Jair Bolsonaro Nazista - NAZISMO ESCANCARA SUA AMEAÇA -  Slogan de Bolsonaro é tradução literal do lema de Adolf Hitler

 

 

Ruy Castro e o o “Capitólio” de Bolsonaro

 

por Fernando Brito

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Foram três anos e meio de “notas de repúdio”.

Ouvimos repetir-se que “as instituições estão funcionando”, “jogar dentro das 4 linhas da Constituição”, e coisas do gênero, e ainda há gente dizendo que Bolsonaro não tentará golpear o processo eleitoral.

No Datafolha, diz que a maioria não crê que ele o fará, mas se tirarmos da conta o eleitorado bolsonarista – que não vai confessar golpismo – a coisa se inverte e ficariam apenas perto de 40% descrentes de uma aventura.

Não estou entre eles e por isso não tergiverso diante da necessidade de trabalhar para que se possa liquidar o processo eleitoral já no primeiro turno. O que me faz ter o mais severo julgamento sobre os que insistem em desviar o olhar da população para a decisão que temos à frente.

O jornalista e escritor Ruy Castro, na Folha de hoje, merece ser lido pelos incrédulos e ingênuos e ele próprio lembra a estes que, há um ano, ninguém estaria imaginando um ataque das Forças Armadas ao processo eleitoral.

 

Bolsonaro prepara a guerra civilSete Antigos Heptá: Jair Bolsonaro Nazista - NAZISMO ESCANCARA SUA AMEAÇA -  Slogan de Bolsonaro é tradução literal do lema de Adolf Hitler

por Ruy Castro

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Abra o olho, porque as coisas vão esquentar. Bolsonaro está a ponto de perpetrar um grande absurdo, maior do que tudo que cometeu até hoje –algo que porá contra ele até setores que ainda o apoiam no Congresso e nas Forças Armadas. Fará isto de caso pensado. A intenção é provocar uma medida, vinda não se sabe de onde, que o impeça de concorrer às eleições. Isso insuflará o seu discurso de que só assim conseguem derrotá-lo e convocará para a briga seus seguidores, que detêm hoje um poder de fogo maior que o dos quartéis.

Ao contrário do presidente dos EUA Donald Trump, que se achava em condições de enfrentar Joe Biden nas eleições americanas de 2020, Bolsonaro sabe que já perdeu. Se de há muito os números não lhe estão a favor, a campanha os tornará piores ainda quando, descabelado, aos gritos e palavrões, seu descontrole ficar claro até para os papalvos que ainda acreditam nele. Temendo uma derrota no primeiro turno, Bolsonaro não pode esperar por um 6 de Janeiro, como ficou conhecida a invasão do Capitólio pelas hordas de Trump. Precisa de um 6 de Janeiro antes de 2 de outubro. Talvez a 7 de setembro. Talvez antes.

É difícil imaginar algo ainda mais absurdo do que os crimes que ele já cometeu, contra a vida humana, as instituições, a floresta, o decoro, o dinheiro público. Mas Bolsonaro, ou algum gênio da estratégia por trás dele, é inesgotável. A ideia de botar os canhões, urutus e esteiras de lagartas para rodar pela orla de Copacabana já parecia descalabro suficiente, mas não é —pode melar com uma simples canetada do prefeito do Rio. Bolsonaro terá de vir com algo muito mais bombástico. E virá.

Alguns verão nisso um exagero. Mas, há um ano, também se achava exagero dizer que Bolsonaro estava se preparando para um golpe.

Desta vez, será mais do que um golpe ou tentativa de. Será a senha para uma guerra civil. Bolsonaro não tem mais nada a perder.

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Os 'famosos' que se arrependeram do apoio a Bolsonaro - Correio do Brasil

PossePresidencial | Humor Político – Rir pra não chorar

04
Ago22

Ruy Castro alerta: Bolsonaro não tem nada a perder e prepara guerra civil no Brasil

Talis Andrade

www.brasil247.com - Jornalista Ruy Castro e um ato pelo Fora Bolsonaro

Jornalista Ruy Castro e um ato pelo Fora Bolsonaro (Foto: Reprodução | Mídia NINJA)




247 – O escritor Ruy Castro afirma que Jair Bolsonaro não tem mais nada a perder e lançará mão de sua última cartada: a aposta numa guerra civil. "Abra o olho, porque as coisas vão esquentar. Bolsonaro está a ponto de perpetrar um grande absurdo, maior do que tudo que cometeu até hoje – algo que porá contra ele até setores que ainda o apoiam no Congresso e nas Forças Armadas. Fará isto de caso pensado. A intenção é provocar uma medida, vinda não se sabe de onde, que o impeça de concorrer às eleições. Isso insuflará o seu discurso de que só assim conseguem derrotá-lo e convocará para a briga seus seguidores, que detêm hoje um poder de fogo maior que o dos quartéis", escreve Castro, em sua coluna na Folha de S. Paulo.

"Bolsonaro sabe que já perdeu. Se de há muito os números não lhe estão a favor, a campanha os tornará piores ainda quando, descabelado, aos gritos e palavrões, seu descontrole ficar claro até para os papalvos que ainda acreditam nele. Temendo uma derrota no primeiro turno, Bolsonaro não pode esperar por um 6 de Janeiro, como ficou conhecida a invasão do Capitólio pelas hordas de Trump. Precisa de um 6 de Janeiro antes de 2 de outubro. Talvez a 7 de setembro. Talvez antes", prossegue. "A ideia de botar os canhões, urutus e esteiras de lagartas para rodar pela orla de Copacabana já parecia descalabro suficiente, mas não é – pode melar com uma simples canetada do prefeito do Rio. Bolsonaro terá de vir com algo muito mais bombástico. E virá", acrescenta.

Segundo Castro, será a senha para uma guerra civil, uma vez que Bolsonaro não tem mais nada a perder.

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Enfraquecido, Bolsonaro depende de militares, diz 'Washington Post' |  Partido dos TrabalhadoresCarlos Latuff on Twitter: "https://t.co/Lg2zPoV68o" / Twitter

Latuff | Artes

 

17
Jul22

O país de Bolsonaro

Talis Andrade

 

 

 

 
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xico sá
@xicosa
O fascismo brabo miliciano tá mais aceso do que nunca. Todo cuidado é pouco com essa gente. Bolsonarismo mata. Todo apoio e solidariedade à campanha de . #FreixoImage
Michel Gherman
@michel_gherman
Cenas de terrorismo agora na Tijuca. teve passeata atacada por fascistas. Clima de terror político. Negar isso é parte do terror.
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Marcia Tiburi
@marciatiburi
Várias pessoas relatando sobre o ataque do Rodrigo Amorim (um dos que quebraram a placa de Marielle) e sua malta contra Freixo na praça Sans Pena. Eles estavam armados. Ouvi alguém dizer que foi difícil proteger o Freixo. Tomem cuidado. Não se brinca com grupos de extermínio.ImageISTOÉ
 
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Reinaldo Azevedo
@reinaldoazevedo
Fascistoides em ação. Querem se impor com ameaça e truculência. Reitero o q já disse na rádio e escrevi na Folha e no UOL: hora de ocupar as ruas. Opor a paz ao terror. E aí ⁦⁩É violência à revelia ou parceria?
 

Veja
Diario de PernambucoImage
@mariadorosario
Mais de 1 milhão de pessoas passam fome no RS, segundo o Consea-RS. De cada 10 famílias, 7 enfrentam insegurança alimentar. A fome segue no plano desse desgoverno para empurrar o povo brasileiro para a extrema miséria. Com Lula existe esperança. VAMOS JUNTES NESSA LUTA!Image
 
16
Jul22

Juristas e jornalistas criticam relatório sobre morte de Marcelo Arruda

Talis Andrade

Marcelo Arruda, guarda municipal e líder do PT em Foz do Iguaçu

 

Kakay, Lenio Streck e grupo Prerrogativas discorrem sobre conclusão de homicídio por motivo torpe cometido por bolsonarista em Foz do Iguaçu

 

05
Jul22

Bolsonaro derrete com generais golpistas da extrema direita miliciana

Talis Andrade

golpe brasil devastado ditadura da toga .jpg

 

Ameaça golpista militar no Brasil contra a população civil morta de fome
 
 
Para continuar a mamata dos militares, a ameaça golpista dos generais bolsonaristas subordinados à família miliciana bolsonarista.
 
Joaquim de Carvalho escreve: 
 
Braga Netto ameaça dar golpe. "Sem auditoria dos votos, não tem eleição", disse, segundo Malu Gaspar. A ameaça é grave, e devemos enfrentá-la. Brasil é maior q essa gente q tem esqueletos no armário. É Braga Netto q tem explicações a dar.
 
30 charges sobre o impeachment/golpe contra Dilma – blog da kikacastro
 
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Charge: Golpe mesmo é o da inflação subindo preços e derrubando o cidadão -  Jota A! - Portal O Dia
03
Jun22

A biografia do covarde

Talis Andrade

ALIENARO bolsonaro hacker.jpg

  • por Ruy Castro

 

Há dias, neste espaço (12/5), comparei Jair Bolsonaro àquele menino covarde que chuta um coleguinha pelas costas e, quando este reage, corre e vai pedir socorro ao irmão mais velho, chorando e dizendo-se agredido. Um garoto desses, se renitente na prática, será uma ameaça em adulto. No futuro, deem-lhe poder e um irmão mais velho —as Forças Armadas— e você terá Jair Bolsonaro.

Tenho alguma experiência na produção de biografias e me pergunto se e quando farão uma biografia à altura (ou à baixeza) de Bolsonaro. Primeiro será preciso encontrar um autor capaz de superar a revolta e repugnância que o personagem inspira, a fim de conferir ao trabalho a objetividade que a biografia exige. Depois, vencer a resistência das fontes de informações —muita gente sabe de horrores sobre ele, mas quantos se atreverão a contar? Bolsonaro é vingativo, sua índole é a do cão hidrófobo e, mesmo enjaulado e de focinheira, ainda terá força nos próximos anos para ir à forra contra quem o desagradar. Ou alguém duvida de que, mesmo sem ele, agentes avulsos de sua hidrofobia continuarão ativos?

Sempre acreditei que apenas a pessoa morta deveria ser biografada, e por um motivo óbvio: o de que só então sua história estará completa. Mas, no caso de Bolsonaro, é urgente a exceção. É preciso expô-lo o mais depressa possível, antes que a escalada de seu banditismo torne irrelevantes vilanias precoces. Tudo deve ser apurado, desde sua infância de menino covarde no interior de São Paulo até seu arrebatamento em desfilar de moto com 500 homens às suas costas, um deles atracado-lhe à garupa.

Informo desde já que não farei essa biografia. Ela exige um profissional mais jovem, com disponibilidade total e heroica determinação para chafurdar na merda.

Mas coloco-me à disposição para orientar, dar palpites e aconselhar a que se trabalhe de máscara, com o nariz tapado.

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TRIBUNA DA INTERNETImage

TRIBUNA DA INTERNET

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Covarde, Bolsonaro troca vidas por votos no Congresso | Partido dos  TrabalhadoresA mídia internacional e o risco Bolsonaro - Sinpro GoiásDesta vez exageraram com Bolsonaro! - OrlandoPassos.comNáufrago da Utopia: CARLA JIMÉNEZ: "BOLSONARO NÃO TEM HONRA NEM RESPEITO,  TEM ATITUDES DE UM COVARDE, DE UM SABOTADOR NACIONAL"

30
Jan22

A arma da ofensa e a arte da retórica

Talis Andrade

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As eleições começaram. Aliás, não terminaram. Empossado em janeiro de 2019, o Presidente iniciou a campanha pela reeleição

por Gustavo Krause

Caso inédito: Bolsonaro é líder da oposição ao próprio governo. Gerou recorrentes crises políticas e desafiou a contradição insuperável de ser e não ser ao mesmo tempo. Inicia o último ano do mandato com a gestão desaprovada pela maioria dos brasileiros. Faz do confronto estratégia política. Disseminou socialmente o ódio e abriu caminho para completar sua obra-prima que é eliminar as possibilidades eleitorais do centro político.

O clima de animosidade, o inverso do debate civilizado e fecundo, descamba para ofensas pessoais, insinuações e rótulos injuriosos: corrupto, ladrão, quadrilha, canalha, racista, homofóbico, assassino em série, comunista, fascistas e por aí vai.

Não é à toa que a obra de Schopenhauer “Como vencer um debate sem precisar ter razão”, no trigésimo oitavo e último estratagema, recomenda “o uso de ofensas pessoais”. É a chamada dialética erística. A introdução, notas e comentários são de autoria de Olavo de Carvalho.

Impaciente e constrangido com o uso impróprio da linguagem e a profanação do discurso político, busquei um refúgio. Por sorte, tive momentos de alívio e prazer, com a leitura da preciosa obra de Ruy Castro, A vozes da metrópole – uma antologia do Rio dos anos 20 (Companhia das Letras).

A pergunta é: o que tem isso a ver com a proposta inicial do artigo? Contrapor a elaboração aristotélica da arte da retórica à estupidez. O autor, declarado crítico do modernismo, com base em pesquisa gigantesca, demonstra que o Rio sempre foi moderno e resgata 41 autores, muitos, fora de circulação e moda.

Deles, reproduz crônicas, ficção, poesia, frases e provocações, nem sempre sutis, porém bem construídas. E o mais importante: versavam sobre temas ainda hoje em pauta.

“A burrice é contagiosa. O talento, não”. “Persisto em andar pelas ruas do Rio. A rua é a melhor das bibliotecas”. “Lendo Dostoiévski descobrimos a jaula horrível que cada um trás dentro de si” (Agrippino Grieco), crítico temível pela estocada das provocações a exemplo da frase cruel sobre os livros do integralista Gustavo Barroso: “Dignos de serem encadernados na pele do próprio autor”).

“Não acredito em dragões. Hoje, São Jorge mataria, por exemplo, um automóvel” (Jayme Ovalle).

“Quem derruba uma árvore mata a nossa irmãzinha de tranças” (Gilberto Amado).

“Esqueci o berço. Não esqueci o colo”. “Que mau gosto, odiar. Que beleza, querer bem!” (Álvaro Moreyra).

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