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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

28
Ago23

A questão militar

Talis Andrade
PRI-2808-OPINI -  (crédito: Maurenilson Freire)
PRI-2808-OPINI - (crédito: Maurenilson Freire)
 
 

O Imperador, D. Pedro II, tinha uma ideia de Exército baseado na experiência dos países europeus. A força terrestre deveria ser organizada para a necessidade de fazer a guerra. Depois dela, a instituição seria extinta

por André Gustavo Stumpf

Correio Braziliense

A relação dos militares com o poder civil no Brasil é tumultuada desde a Proclamação da República. Os dois primeiros presidentes foram marechais, Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. A queda da monarquia foi um golpe de estado gerado nas escolas militares que haviam descoberto as ideias de Augusto Comte, defensor de um regime forte chamado por ele de ditadura republicana. Além disso, o Imperador, D. Pedro II, tinha uma ideia de Exército baseado na experiência dos países europeus. A força terrestre deveria ser organizada para a necessidade de fazer a guerra. Depois dela, a instituição seria extinta.

Em 5 julho de 1922, houve o episódio dos 18 do forte. Foram os revoltosos reunidos no Forte de Copacabana que desafiaram o governo Epitácio Pessoa e o vencedor da eleição presidencial, Artur Bernardes. Vários deles saíram a pé para enfrentar as tropas do governo na altura da rua do Matoso, hoje Siqueira Campos. Dos revoltosos, 16 morreram, inclusive o civil Otávio Correia. Eduardo Gomes e Siqueira Campos foram gravemente feridos, mas sobreviveram. Dois anos depois os tenentes fizeram outro 5 de julho, dessa vez em São Paulo.

Chegaram a dominar a cidade, mas decidiram recuar até Foz do Iguaçu. Chamada de coluna Miguel Costa ou coluna Prestes, esse movimento militar, com apoio de civis, percorreu cerca de 25 mil quilômetros no sentido diagonal no território brasileiro desde as barrancas do rio Paraná até Natal no Rio Grande do Norte. Andaram pelas grandes capitais nordeste. Conheceram a realidade do Brasil. Mas foram duramente reprimidos. Tiveram que fugir. Parte pediu asilo no Paraguai, outros seguiram para Bolívia. O movimento cessou em 1927.

Em 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder, depois de derrubar o presidente Júlio Prestes, amparado pelos mesmos tenentes que fizeram a coluna. Eles, afinal, chegaram ao poder. E ficaram ao longo de todo o período da ditadura de Vargas, inclusive quando ele além de reprimir as liberdades individuais, criou o departamento de censura. E ficaram com ele na dúvida entre optar pelos fascistas que nos anos quarenta estavam ganhando a guerra e os comunistas que enalteciam um regime ditatorial em nome de promover a igualdade entre seus cidadãos.

Getúlio balançou entre um lado e outro, mas optou por um terceiro depois que Força Expedicionária Brasileira, a FEB, lutou na Itália contra os fascistas ao lado das forças do Exército norte-americano. Esse grupo, com suas ramificações no país, faria o golpe de 1964. O presidente brasileiro se reuniu com Franklin Roosevelt em Natal e permitiu que os norte-americanos construíssem em 1942 a base aérea em Parnamirim. Foi a maior base militar dos Estados Unidos fora do país antes da invasão da Europa.

Está claro, para todos os analistas e observadores da política nacional, que o ex-presidente Bolsonaro tentou realizar um golpe por intermédio dos militares. Ele é um inconsequente, não é um político. Nada garante que ele seria guindado ao poder se o golpe tivesse sido vitorioso. A disputa entre os generais é feroz. Em 1964, quem assumiu o poder, não foi aquele que colocou as tropas na rua. O duelo entre os liberais e a linha dura dentro da instituição não economiza adjetivos, nem poupa reputações. É luta pesada.

Diante de tudo o que aconteceu na política brasileira com relação a atuação dos militares este é o momento ideal de rever tudo isso. Na Espanha, depois da democratização, os governos civis trataram de modificar o currículo das escolas do meio militar. Acabou o conceito de inimigo interno, uma vez que as forças armadas visam defender o país de eventual ameaça externa. Suas capacidades não devem ser utilizadas como poder de polícia. Jamais seus chefes devem se envolver em assuntos políticos. No caso brasileiro, é importante modificar a redação do famoso artigo 142 da Constituição Federal. E reformular tanto o Exército, quanto a Marinha e a Aeronáutica. São forças que têm grandes gastos com pessoal e possuem reduzida mobilidade.

Este é um aspecto muito pouco discutido no Brasil. Não há plano nacional de defesa. A Marinha de Guerra atende o Rio de Janeiro. Há muitos anos se especula sobre a criação da Segunda Armada, cuja sede ficaria em Belém ou em São Luís do Maranhão. A costa norte do país é completamente desprotegida, paraíso de piratas e contrabandistas de vários matizes. A Aeronáutica está em todo território nacional. Mas só agora descobriu o poder de ação de drones na guerra moderna. E o Exército precisou de um hacker para tentar descobrir segredos da Justiça Eleitoral. Mostrou não ter competência para executar o serviço, nem respeitar as leis do Brasil.

08
Out22

Presidenta da Casa Rui Barbosa defende Bolsonaro e normaliza canibalismo

Talis Andrade

 

Leticia Dornelles comparou declaração do presidente, de que comeria indígena, com acidente aéreo na Cordilheira dos Andes, em 1972

 

O vídeo, que viralizou esta semana com as declarações de Jair Bolsonaro (PL), durante entrevista ao jornal estadunidense The New York Times, em 2016, de que só não comeu carne humana de um indígena em Surucucu porque ninguém quis ir com ele, chocou o país.

Porém, ainda há pessoas que tentam defender o que disse o presidente da República. Leticia Dornelles, presidente da Casa Rui Barbosa, foi às redes sociais para normalizar as afirmações de Bolsonaro, comparando suas declarações com uma das maiores tragédias ocorridas na América do Sul.

“O voo uruguaio 571 transportava 45 pessoas. Caiu na Cordilheira dos Andes em outubro de 1972. Os 33 sobreviventes ficaram 72 dias perdidos no gelo. Faltou alimento. Aconteceu o horror. São monstros? Não. Pode imaginar o trauma? Tirado de contexto, eles seriam canibais? Raciocine”, postou Leticia.

A comparação, no mínimo infeliz, foi com o que ocorreu no dia 13 de outubro de 1972, quando o time de rugby do Uruguai viajava para Santiago do Chile. O avião caiu na Cordilheira dos Andes, a mais de 4 mil metros de altitude.

Os passageiros que não morreram no acidente, após mais de 70 dias sem serem resgatados, tiveram de se alimentar de carne humana para sobreviver. Ou seja, havia uma situação limite, nada semelhante ao que relatou Bolsonaro.

“Morreu o índio e eles estão cozinhando, eles cozinham o índio, é a cultura deles. Cozinha por dois três dias, e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou, ‘se for ver, tem que comer’, daí eu disse, eu como! E ninguém quis ir, porque tinha que comer o índio, então eles não me queriam levar sozinho, e não fui”, disse Bolsonaro na entrevista.

Vale ressaltar que a Casa Rui Barbosa é um dos principais centros de intelectuais, pensadores e pesquisadores do Brasil.

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15
Mai22

Dia sim, dia sim militares ameaçam golpe

Talis Andrade

 

 

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Lenio Luiz Streck no Twitter
 
 
Surpresa: por trás de Daniel Silveira tem uma coisa de nome “rachadinha”. Diz o MPF. Mas, sem problema: será indultado! “Bora” insultar o STF! Chama-se “liberdade de agressão”! E pedir AI-5. Em nome da democracia, é claro.
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Chinelagem: Zambelli quer anistia geral a condenados por atos antidemocráticos. Silveira na CCJ. O país virou um escracho. E 1-Maio teve novas manifestações golpistas. Até qdo? E pensar que a grande mídia colocou Bolsonaro lá! Mas ninguém é mãe da desgraça. Diz aí Cantanhede!
 
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Fui o autor do parecer da OAB (Com. Estud.Constitucionais) sobre o “indulto” de Bolsonaro. Na pesquisa, escapou-me a opinião de Pontes de Miranda (um desconhecido - sarcasmo!). Entre ele e os juristas bolsonarianos, fico com o velho. Gracias, Rui Espíndola. Não é ato de império.Image
 
Por que cobrar da grande mídia? Óbvio. Lembram do propinoduto? Diário? Não existiria toda essa desgraça sem Moro e a mídia (JN, Merval e cia). Corremos risco de golpe. Sim. E a mídia entrevista Moro. Sem nem tocar na decisão da ONU. Não aprendem. Gostam de alimentar crocodilos.
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Vou copiar o Thiago Brasil. Abaixo. Antes, digo: A ONU faz uma decisão história e Cantanhede e Merval entrevistam o pipoqueiro! O Brasil é uma fraude mesmo!
 
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O réu não se ajuda. 13 de maio: Moro cita Luís Gama. Tsk. Tsk. E tasca: “mais do que um presente do império…”. Ah, para com isso. Falso como terra plana. Moro citar Luis Gama é como Bolsonaro citar Rui Barbosa. Qdo não há do que falar, o melhor é calar, já disse Wittgenstein!
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Wal do Açaí “trabalhou” 15 anos como asses. parl. sem NUNCA ter estado em BSB. Vendia açaí. Processada junto com seu chefe (Bolsonaro), será defendida pela AGU. É como se o gerente assaltasse o próprio banco e o banco pagasse (e bem) seu causídico. Chama-se Açaismo jurídico!Image
 
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Espanha e Portugal passaram por longas ditaduras, que acabaram nos anos 70. Por lá ninguém pensa em questionar a democracia. Zero. E no Brasil os militares arrastam as correntes. Ameaçando com golpe. Dia sim, dia sim. Por lá, estariam presos esses insurretos institucionais.
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23
Nov21

O país de negros em que os negros não têm vez

Talis Andrade

 

Quantos professores negros você teve? Quantos médicos negros atenderam você?

21
Out19

Feche a boca, general Villas Bôas!

Talis Andrade

 

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Por João Vicente Goulart
 
Chega de ameaças à democracia, o Brasil é maior de idade e não precisa de bravatas autoritárias advindas do General Villas Bôas ou de quem quer que seja, que defende governos ditatoriais, que submeteram nosso país a 21 anos de ditadura totalitária.

A citação de Rui Barbosa, feita pelo general, diz contextualmente:

“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos do mal, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto”.
 
Fora de contexto, fora do respeito à memória dos que tombaram na luta pela liberdade e da democracia em nosso país.

Nulidade, general, é a aventura que vocês militares embarcaram na canoa Bolsonaro, um homem que vocês mesmos descartaram do Exército. Injustiça, general, é o que a ditadura de oito estrelas sem votos fez com o Brasil, mergulhando o país no submundo da tortura, da violação dos diretos humanos, dos assassinatos de pessoas sem julgamento, que estavam sob a proteção do Estado brasileiro; isso, sim, general, é desonra para um país e um povo.

Suas palavras explicitam um poder que não emana da democracia. A mesma democracia que vocês derrubaram em 1964 e berra hoje, sem dar-se conta do ocaso que vossa voz representa, bravateando contra o nosso Supremo Tribunal Federal, uma autoridade que vossa excelência já não possui, diante da vontade soberana de todo um povo, que clama por honestidade, paz e dever de respeito democrático.

Temos que combater a corrupção, sim, general. Inclusive, lembrando os casos, que, apesar do AI-5, nada democrático e censurador, ocorreram durante a ditadura brasileira.

Vamos lembrar, então, do “Escândalo Lutfalla” ou corrupção no governo Geisel, que envolveu setores militares e até hoje semiescondidos da opinião pública. A ponte Rio-Niterói, três vezes reavaliada sob a direção de Andreazza. O “Caso Delfin” ou corrupção no governo Figueiredo, que envolveram mais de 200 milhões de dólares à época, ou da construção da represa de Itaipu, antigo projeto Sete Quedas, que custou dez vezes mais do que fora orçada.

Vocês estão a defender um governo que acaba por ter suas políticas confundidas com as políticas pessoais do autocrata, das milícias que acabarão de corromper também nossas Forças Armadas, se não houver nenhum militar nacionalista, que seja sensível a esta triste personalização do poder que estamos vivendo.

Sua palavra vem ao encontro de um governo autocrático, que traz no seu bojo os velhos cacoetes da prepotência, do pau de arara e da censura.

Está na hora, general, de colocarmos o Brasil em primeiro lugar, devolver nossas riquezas ao povo brasileiro, olhar mais profundamente aos irmãos famintos, aos desempregados, aos sem esperança na Pátria, e deixarmos de vilipendiar ou ameaçar a nossa democracia.

A ameaça é a arma da prepotência, e está à debilidade dos que não percebem a inteligência coletiva.

thiagolucas bolsonaro ditadura.jpg

 

18
Out19

Instituições sitiadas pelos militares

Talis Andrade

 

delação tortura Los fierros judiciales por Ignac

 

por Francisco Celso Calmon

 

“Militares precisam ter garantia para agir sem o risco de surgir uma nova Comissão da Verdade”, declarou, na reunião do Conselho da República, em 19/02/2018, o na época comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas.

 

Quis alertar aos seus pares de farda que tomassem cuidado, pois virá uma comissão da verdade após o atual regime de exceção ser removido. E ao fazê-lo admitiu que na ditadura militar houve as graves violações aos direitos humanos, apuradas pela CNV, disto decorreu a sua aflição.

Sempre haverá a necessidade de uma Comissão da Verdade quando uma democracia emergir após um Estado autoritário, como o vigente Estado policial.

Numa ditadura há os mais e os menos radicais, mas todos partícipes dela. Os radicais querem o endurecimento permanente e estão à espreita de um motivo, que julguem razoável, para radicalizar a tirania.

Em 1968, usaram um discurso de menos de cinco minutos, de um jovem deputado do MDB, 32 anos, e a negativa da Câmara para que fosse processado, como a “razão” para a decretação do AI5.

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O coronel Paulo Malhães, que com sua equipe foi responsável pela minha prisão, admitiu ter participado de sessões de tortura e de várias ocultações de cadáveres e mutilação dos corpos.  Cerca de um mês depois de prestar o depoimento à Comissão da Verdade, foi assassinado, por asfixia, em sua casa, localizada na zona rural de Nova Iguaçu.

major curio torturador.jpeg

 

Major Sebastião Curió e outros militares também já admitiram, em juízo, que as Forças Armadas jogaram napalm durante o confronto com a guerrilha no Araguaia, atingindo plantações e camponeses da área, assim como cortaram cabeças dos guerrilheiros abatidos.

No dia 16 deste mês de outubro, o mesmo general, agora na reserva e atual assessor do Bolsonaro, numa declaração típica de quem se acha tutor da República, tuitou:

Há de observar e sublinhar que ele, Villas Boas, assertiva que durante todo o século XX assolou o país a descrição de Rui Barbosa, de forma que, mesmo durante os 21 anos de ditadura militar, reconhece que as nulidades, as desonras e as injustiças devastaram o país.

O perigo persiste nas fileiras do Forças Armadas, General, lembre daqueles como o capitão Guimarães, tenente Ailton Joaquim, sargento Rangel, cabo Povoleri, sargento Torres e outros mais, que, além de torturadores e matadores do esquadrão da morte, tornaram membros importantes do crime organizado. E atualmente o tráfico de droga usando caminhões do Exército e até o avião de apoio do atual presidente Bolsonaro, mostra que faltou ao general, quando comandou o Exército, fazer um trabalho eficiente de saneamento das nulidades e desonras. 

Falta ao Eduardo Villas Boas, assessor de Bolsonaro, moral e credibilidade para dar alertas ao país, a não ser como jogador de pôquer, blefando.  

Quando percorri alguns estados do país, como membro da coordenação da Rede Brasil Memória, Verdade e Justiça, participei em Teresina de um debate, na qual se encontrava um coronel, que enfatizou que a ditadura militar foi operada por não mais de 400 militares, que desmandou sobre milhares de outros.   Outras pesquisas dão sustentação a afirmação desse coronel.

Militares são blefadores, aprendem a técnica de informação e contrainformação e quando na política usam da mesma; vale também lembrar do falso Plano Cohen, utilizado pelo governo da época para fechar o Congresso.

Não sei quais os remédios que o general da reserva, devido a sua doença, toma, mas declarar que a autoestima do povo está voltando, exatamente quando o país está sendo traído e o povo desempregado está passando fome, é alucinação ou muito cinismo.

 E conclui o seu delírio esquizofrênico dizendo que “é preciso manter a energia que nos move em direção à paz social”. Que paz é essa com a pregação de ódio pelo bolsonarismo e a fome batendo na porta dos filhos desta mãe gentil, chamada Brasil?   

As instituições estão sob sítio de militares de epiderme golpista, mas a Constituição não poder estar sitiada, pois está acima de todos e é dever dos brasileiros, sem distinção,  defendê-la e cumpri-la.

Risco de convulsão social, por ora não há, convulsão mental, com certeza há.

 

General, tome tenência!

Com todo respeito

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18
Out19

O general Villas Bôas não sabe diferir heroico e patético

Talis Andrade

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Do Conjur (por Rafa Santos)

Do Tijolaço (por Fernando Brito)

O ex-comandante do Exército Brasileiro e atual assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional Eduardo Villas Bôas escreveu mensagem que pode ser facilmente interpretada como intimidação ao Supremo Tribunal Federal.
Na véspera em que a Corte julga os ADCs 43, 44 e 54 que questionam a execução de pena após condenação em segunda instância, o militar da reserva afirmou que “é preciso manter a energia que nos move em direção à paz social, sob pena de que o povo brasileiro venha a cair outra vez no desalento e na eventual convulsão social”.
Não é a primeira vez que o militar se manifesta às vésperas de um julgamento do Supremo. Em 2018, quando os ministros julgaram pedido de Habeas Corpus do ex-presidente Lula, ele também se manifestou em tom ameaçador.

Triste e constrangedor.

Eduardo Villas Boas, aqui, foi diversas vezes defendido justamente por ter, até certo momento, mantido o Exército respeitoso ao Rubição e o impedir de ingressar no terreno da política.

Mas foi entrando, viu-se depois que dissimuladamente, transformando a candidatura de um mau militar como Cavalo de Tróia do que achava poderia ser a retomada do controle do país pelas Forças Armadas.

Deu, como se sabe, num desastre, exceto para o banco de empregos para militares da reserva que virou a administração pública federal.

Nunca se desrespeitou infortúnio do velho militar, acometido de uma doença degenerativa. Ninguém o fez, exceto, claro, o desclassificado guru do presidente, que dele fez pouco falando de um ““doente preso a cadeira de rodas”.

Mas é doloroso ver que lhe falta, a esta altura, a noção da hierarquia e da disciplina tão cara e essencial a um militar.

Se estivesse retirado, talvez suas palavras pesassem mais.

Mas encostou-se, sabe-se lá por qual razão, numa assessoria e, se o escolheu, é assim que se deve portar.

Quem fala pelo Exército é seu comandante, regra que valia quando Villas Bôas o era e vale agora, quando já não o é. Pelo Gabinete de Segurança Institucional, se este devesse falar, seria seu chefe, o general Heleno.

O general perdeu, vê-se, a noção do que separa o heroico do patético. Paz, general, é uma ideia que repudia que as decisões do país e de suas instituições se deem sob a sombra de tropas armadas ou sob a sombra de um general que não sabe respeitar nem mesmo o tempo de seu comando e o tempo de seu recolhimento.

O que Villas Boas, a esta altura, transmite, não é a imagem de um militar que se agarra a valores, mas a de um militar reformado, que em lugar do retiro digno, que se agarra ao poder ilegítimo que já não tem.

E que se presta ao papel de, em sua fragilidade física, evitar que se dê aos seus atos a reação que merecem.

 

General Villas Boas@Gen_VillasBoas
 

 

Ver imagem no Twitter

campanha-eleitoral civilista-de-1909-a-1910-realiz

 

 
P.S. deste Correspondente: Interessante! o doentio Villas Boas citar Rui Barbosa que promoveu uma campanha presidencial civilista. 
 
Informa Wikipédia: Campanha civilista foi uma campanha eleitoral à presidência brasileira, que ocorreu em 1910, durante a República Velha. O nome de civilista deu-se por defender a candidatura de um civil, em oposição à candidatura de um militar, o Marechal Hermes e Leonardo, candidato apoiado pelo então presidente da república, Nilo Peçanha.
 
Rui Barbosa combateu as "nulidades militares", a "corrupção e a impunidade" na República Velha.

Rui apresentou sua candidatura pelo Partido Republicano Paulista.Com o propósito de fugir ao máximo da imagem autoritária e problemática da República da Espada e também ressaltar que Rui Barbosa era um civil - e não um militar - a campanha foi nomeada de Campanha Civilista. Ela tinha como principal objetivo romper a supremacia militar, que exercia forte influência no Estado, e dar maior poder a população brasileira, que eram “reféns” dos Barões da República, seus patrões.

“Quero o exército grande, forte, exemplar, não o queria pesando sobre o governo do país. A nação governa. O exército, como os demais órgãos do país, obedece” crítica de Rui Barboa ao militarismo de Hermes da Fonseca.

campanha civilista.jpg

 

 

 

 
 
 

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