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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

27
Set23

General Augusto Heleno se descontrola na CPMI dos atos golpistas

Talis Andrade
 
 
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Sessão marcada por fala transfóbica, palavrões e afirmações desmentidas do ex-ministro bolsonarista e expulsão do Brunini deputado pomba louca do Mato Grosso

 

Por Gustavo Becker N. Simões

O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo Jair Bolsonaro, o general Augusto Heleno, compareceu nesta terça-feira (26) perante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro. Durante a sessão, o general fez uma defesa enfática do ex-presidente e contradisse depoimentos anteriores de outros militares. O que prometia ser uma sessão de esclarecimentos, acabou envolta em polêmica, com Augusto Heleno protagonizando momentos de exaltação e um deputado bolsonarista sendo expulso da sessão.

Durante seu depoimento, Heleno negou ter conhecimento de uma reunião ocorrida em 24 de novembro, na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro teria supostamente buscado o apoio das Forças Armadas para um golpe de Estado. Naquela ocasião, o general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército, teria ameaçado dar voz de prisão ao ex-presidente.

“Jamais me vali de reuniões, palestras ou conversas para tratar de assuntos eleitorais ou políticos partidários com meus subordinados no GSI. Não havia clima para isso e o único ser político do GSI era eu mesmo”, afirmou Heleno. Ele também alegou não ter relação com nenhum dos alvos da CPMI.

Durante o depoimento, o general protagonizou momentos de descontrole. Quando questionado pela senadora Eliziane Gama sobre a possibilidade de fraude nas eleições de 2022, Heleno negou qualquer fraude e declarou que “já tem um novo presidente da República”. A senadora rebateu, alegando que ele havia mudado de opinião, o que levou o ex-ministro a proferir um palavrão e expressar irritação.

Vídeo Heleno tremeu para Eliziane Gama

 

Outro ponto polêmico do depoimento foi a negação de Augusto Heleno em relação à participação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, em reuniões com os comandantes das Forças Armadas. De acordo com vazamentos de depoimento de Cid, Bolsonaro teria consultado os chefes militares sobre um possível apoio a uma minuta golpista durante uma dessas reuniões. O general Heleno afirmou categoricamente que Mauro Cid não participava de tais encontros e classificou as alegações como “fantasia”.

No entanto, o deputado Rogério Correia (PT-MG) contrapôs essa afirmação com fotos postadas pela comunicação oficial do Planalto, que mostravam Mauro Cid e Heleno presentes em reuniões com os comandantes das Forças Armadas.

Vídeo Rogério Correia prova mentiras do general com imagens

 

O depoimento de Heleno, que já estava conturbado, foi suspenso por cerca de uma hora e meia no início da tarde devido a um tumulto causado pelo deputado federal Abílio Brunini, um conhecido bolsonarista que tem o hábito de interromper adversários políticos durante sessões no Congresso. Brunini se envolveu em uma confusão com a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) durante uma discussão entre a parlamentar e o general Heleno.

Duda questionou o ex-ministro, entre outras coisas, sobre a Operação Punho de Ferro, no Haiti, e disse que, “se houver justiça” no Brasil, ele deve sair preso da CPMI.

“Essa é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser, eu vou para a Justiça, processo o senhor e boto o senhor na cadeia”, retrucou Augusto Heleno em uma declaração transfóbica.

“É senhora. E não vai me ameaçar, não. O senhor coordenou a Operação Punho de Ferro, no Haiti, que resultou em massacre em um bairro pobre com morte de crianças e mulheres”, respondeu Salabert.

27
Ago23

CPMI: Com Bolsonaro, Ajudância de Ordens se tornou Ajudância de Crimes

Talis Andrade
Geraldo Magela/Agência Senado

Sargento Luis Marcos dos Reis: envolvido numa série de escândalos ligados a Bolsonaro, a quem serviu como ajudante de ordens

Segundo o deputado Rubens Pereira Júnior, militares que assessoravam Bolsonaro ajudaram o ex-presidente a cometer crimes. "Todos são iguais perante a lei". Parlamentares do PT pedem punição aos golpistas das Forças Armadas

Como disse o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), o sargento Luis Marcos dos Reis, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, “contribuiu pouco e mentiu muito” ao depor nesta quinta-feira (24) na CPMI do Golpe. A estratégia, no entanto, não impediu que a verdade aparecesse mais uma vez.

E a verdade é que a Ajudância de Ordens, cuja função é assessorar diretamente o presidente da República, se transformou, no governo de Jair Bolsonaro, em um verdadeiro escritório de ilegalidades.

“Infelizmente, a Ajudância de Ordens se transformou em Ajudância de Crimes”, resumiu o deputado Rubens Pereira Júnior (PT-MA). “Em todos os crimes que estamos investigando nesta CPMI, a Ajudância de Ordens está no meio. Todos: minuta golpista, fraude de vacinas, dinheiro vivo, invasão dos Três Poderes”, completou.

E Reis é uma prova disso. O nome do militar aparece tanto na fraude dos cartões de vacinação quanto nos ataques do 8 de Janeiro e nas transações suspeitas que beneficiaram Bolsonaro e sua esposa, Michelle (leia mais sobre as suspeitas que recaem sobre o sargento).

 

Desmascarado, optou pelo silêncio

Ao iniciar seu depoimento, Reis tentou negar a prática de qualquer crime. Disse que os 3,3 milhões movimentados em sua conta eram fruto de um consórcio informal que fazia com colegas militares, história taxada de “difícil de acreditar” por Rubens Pereira Júnior.

O sargento chegou também a insinuar não saber quem é Vanderlei Cardoso de Barros, pai de uma das donas da Cedro do Líbano, empresa com contratos públicos que, segundo a Polícia Federal, fez depósitos na conta do sargento para que ele pagasse um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro.

Acabou desmascarado por Rogério Correia, que mostrou evidências da amizade entre os dois, a ponto de Reis chamar Vanderlei carinhosamente de Derlei e trocar com ele diversas mensagens de WhatsApp.

Depois disso, o sargento Reis preferiu ficar em silêncio sempre que questionado sobre pagamentos feitos para Michelle ou Bolsonaro. “O seu silêncio fala demais”, ressaltou Pereira Júnior, que listou uma série de perguntas que precisam ser respondidas: 

1) Como se davam os pagamentos de contas pessoais de Bolsonaro e Michelle?

2) Qual era o volume em espécie que circulava dentro da Ajudância de Ordens?

3) De onde vinha o dinheiro em espécie, ou seja, quem repassava esses montantes?

Para o senador Rogério Carvalho (PT-SE), fica claro que, além de apoiar um golpe de Estado, militares da Ajudância de Ordens e outros contribuíram para o que se parece muito com um esquema de rachadinha no interior do Palácio do Planalto.

“Pelo que estamos vendo, é o coronel, é o general, é o cabo, é o soldado, uma trupe inteira envolvida na lavagem de dinheiro, que é o que estamos neste momento identificando”, ressaltou, lembrando ainda o esquema de venda ilegal de joias da União.

 

“Um dos militares golpistas” 

Outra versão que o sargento Reis tentou contar foi a de que esteve na Esplanada dos Ministérios, em 8 de janeiro, apenas como um cidadão curioso. Também acabou desmentido, pois as mensagens descobertas pela PF em seu celular evidenciaram seu entusiasmo e apoio aos atentados terroristas daquele dia.

“O senhor estava ali engajado no golpe. O senhor é um dos militares golpistas”, acusou Rogério Correia, defendendo a punição de todos os membros das Forças Armadas que atentaram contra a democracia, seja qual for suas patentes.

“Se as Forças Armadas estão incomodadas de serem chamadas de golpistas, que eles assumam aqueles elementos que estavam no golpe, como é o caso do senhor, do Lawand, do Mauro Cid, do general Dutra. E nós vamos ter que escutar também o ministro da Defesa de Bolsonaro, que permitiu, a mando de Bolsonaro, que um hacker entrasse no ministério para falar de urnas eletrônicas”, defendeu o deputado.

O senador Rogério Carvalho fez uma fala semelhante: “A democracia venceu aqueles que acreditavam na ditadura, no autoritarismo, no Exército como instrumento de morte contra o povo brasileiro, contra a democracia e contra a sociedade brasileira. Eu quero aqui dizer, àqueles que resistiram no Exército contra o golpe, meu respeito. E àqueles que se colocaram junto dessa aventura golpista, meu desprezo. E que a punição seja exemplar. Sem anistia para aqueles que traíram a democracia e o Brasil.”

Rogério Correia: "O senhor não estava passeando e sim engajado no golpe" 

Também presente na audiência, o líder do PT no Senado, Fabiano Contarato (ES), ressaltou que figuras como a do sargento Reis mostram bem do que se trata o bolsonarismo: “O encontro do negacionismo com o golpismo”.

“Bolsonarismo é isso: nega a ciência, ovaciona torturador, fala que é a favor da liberdade de expressão, mas apoia ditadura, a censura na ditadura. Isso é o bolsonarismo, que nega que a Terra é plana, que nega vacina para a população, que matou 700 mil pessoas, que enfia ivermectina na população. Isso não é comportamento de um integrante das Forças Armadas”, afirmou o senador.

Rubens Pereira: "A oposição está, arrependida de ter convocado essa CPI"

20
Ago23

'É a sua vida que está em risco': Damares é acusada de ameaçar Walter Delgatti durante depoimento na CPI

Talis Andrade

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Quem não tem medo do Escritório do Crime (formado pelos militares bandidos acoitados pelo clã Bolsonaro), dos milicianos do Rio das Pedras, dos assassinos e torturadores da ditadura militar de 1964, dos traficantes do avião presidencial e da igreja do tio de Damares, dos madeireiros e grileiros de terra que passaram a 'boiada' na Amazônia e assassinaram mãe Bernadete Pacífico?

 

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A senadora Damares Alves, durante a oitiva de Walter Delgatti na CPI do 8 de Janeiro, chamou a atenção das redes sociais e de parlamentares aliados ao governo. Em um trecho de sua fala na sessão, a ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) — acusado pelo depoente de tê-lo contratado para atacar as urnas eletrônicas — afirmou que a vida do hacker "está em risco", o que foi visto como uma ameaça por internautas, que colocaram o nome da parlamentar entre os termos mais mencionados no Twitter. 

— A vida dá voltas, e é a sua vida que está em risco. Pense em mudar a sua vida, mas você não tem credibilidade nenhuma aqui hoje — disse a senadora.

Na reta final do depoimento, o deputado Rogério Correia (PT-MG) recuperou essa passagem, sem citar nominalmente Damares. O mineiro disse se tratar de uma ameaça feita por uma "senadora da República" e citou uma possível entrada de Delgatti no Programa de Proteção à Testemunha. O petista acrescentou que Delgatti teria "feito bem" ao se manter em silêncio diante dos questionamentos da oposição.

— O senhor Walter Delgatti foi aqui ameaçado, não vou colocar o vídeo para não constranger quem fez ameaça, que é membro da CPI e senadora da república, mas que chegou a dizer a seguinte frase... — disse o deputado, antes de citar o trecho da declaração de Damares.

29
Mar23

A juíza que obedecia a Dallagnol pau mandado de Sérgio Moro

Talis Andrade

 

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 Época /DCM

A decisão (junho 2020) da juíza Gabriela Hardt, da 13a Vara Federal em Curitiba, de levantar o sigilo de uma investigação contra Rodrigo Tacla Duran, a pedido da força-tarefa da Lava Jato no MPF, irritou o gabinete do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Viram como uma tentativa de intimidar Tacla Duran a recuar na negociação de uma delação premiada.

Para a juíza, o advogado Rodrigo Tacla Duran teria movimentado cerca de R$ 1,8 bilhão para lavagem de dinheiro. Ele é apontado pela força-tarefa como operador financeiro da Odebrecht.

 

Dallagnol procura cavalo de Troia

 

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Quantia maior [ 2,6 bilhões] foi, de mão beijada, surrupiada pela Lava Jato da Petrobras. Gabriela Hardt também autorizou Deltan Dalagnol e corriola, os garotos dourados e as meninas empresas, abrir uma conta gráfica na Caixa Econômica Federal de Curitiba, sede da Liga da Justiça. O ministro Alexandre de Moraes ordenou que um bilhão fosse entregue ao governo federal, para gastar no combate ao coronavírus que, com a política de imunidade de rebanho de Bolsonaro, matou 700 brasileiros. Vide tag estratégia de propagação. Resta 1,6 bilhão ao deus-dará. 

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Falta uma auditoria nas multas das delações premiadas e acordos de leniência da louca por dinheiro quadrilha da Lava Jato.

25
Fev23

Nassif: por que Dallagnol ataca desesperadamente o sucessor de Moro na Lava Jato

Talis Andrade

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O receio são os 4 terabytes mantidos em segredo pelo STF. Aparentemente, tem muito mais informações comprometedoras do que as que foram divulgadas até agora, diz Nassif

 

247 - O jornalista Luís Nassif avaliou neste sábado (25) que os ataques do deputado Deltan Dallagnol contra o juiz Eduardo Appio, que assumiu a vara da Lava Jato, têm uma razão objetiva.

"O receio maior são os 4 terabytes da Vaza Jato, mantidos em segredo pelo Supremo Tribunal Federal. Aparentemente, tem muito mais informações comprometedoras do que as que foram divulgadas pelo pool de veículos até agora", afirmou o editor do GGN. 

Segundo o jornalista, o papel de Dallagnol tem sido o de alimentar o chamado jornalismo de fofocas, de notas curtas, com ataques a Appio, recorrendo a Cláudio Humberto e Malu Gaspar. 

Tem muita sujeira da Lava Jato escondida, que enriqueceu e elegeu Dallagnol e Rosangela Moro deputados, e Sergio Moro senador.

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17
Jan23

Reginaldo Lopes aciona Romeu Zema no STJ por declaração sobre terrorismo

Talis Andrade
 
 
 
Governo fez vista grossa para que pior acontecesse, diz Zema
 
 
Cássia Kis renova contrato com a Globo - 15/01/2023 - Televisão - F5

 

Deputado pede esclarecimentos ao governador no prazo de 48 horas após declaração contra as ações do governo Lula para evitar o terrorismo bolsonarista. Flavio Dino responde a Zena

 Líder do PT na Câmara, o deputado federal Reginaldo Lopes (MG) pediu nesta terça-feira (17) ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que determine ao governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), esclarecimento após o chefe do Executivo mineiro acusar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de falta de iniciativa para punir os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) envolvidos nos atos terroristas em Brasília (DF), no último dia 8, quando eles invadiram o Congresso, o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF). 

A peça, também assinada pelo novo líder eleito do partido, deputado Zeca Dirceu, pede esclarecimentos ao governador, no prazo de 48 horas, de acordo com informações publicadas nesta terça pelo jornal O Tempo.

O governador cada vez mais essência e aparência da Cássia Kis, a rezadeira dos acampamentos militares, sempre gritando "Selva" com a esposa do golpista Villas Boas, segundo a nota dos parlamentares, fez "uma afirmação torpe, reprovável, caluniosa, incompatível com a dignidade e estatura de quem governa um dos maiores e mais importantes Estado da Federação, na medida em que, entre outras aleivosias, tenta responsabilizar as próprias vítimas do ataque, que teriam, por suas autoridades e comportamentos, feito 'vista grossa' para permitir e viabilizar o resultado criminoso ocorrido, na dimensão por todas conhecida". 

Um golpe, previsto para ser sangrento, com a explosão de uma bomba em um caminhão tanque, repleto de querosene, na noite véspera de Natal.  

Outro membro do PT, o deputado federal Rogério Correia (MG) criticou a postura do governador

Cássia Kis ajoelha e reza em frente a Comando Militar em ato antidemocrático

 

Dino denuncia o terrorismo de explodir caminhão tanque de querosene em Brasília, na noite do Natal

 

O ministro da Justiça do governo Lula, Flávio Dino, chamou de "terrorismo" a  tentativa de explodir um caminhão-tanque na última semana do governo de Jair Bolsonaro, investigada pela polícia de Brasília.

O caso aconteceu no sábado (24). O caminhão estava próximo ao aeroporto de Brasília, quando o motorista denunciou à polícia a presença de um artefato explosivo, que depois foi detonado.

Na noite de Natal, o criminoso que montou o artefato foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal.

A Justiça do Distrito Federal aceitou a denúncia contra três pessoas acusadas de envolvimento.

À época, a Polícia Militar foi acionada após o motorista do caminhão perceber o objeto estranho no veículo e alertou policiais na área. A decisão do juiz Osvaldo Tovani, da 8ª Vara Criminal de Brasília, é da primeira instância e atende denúncia do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), a partir das investigações da Polícia Civil.

Segundo a denúncia, George Washington Oliveira de Sousa, Alan Diego dos Santos Rodrigues  e Welligton Macedo de Souza montaram o artefato e entregaram o material para que fosse colocado no caminhão de combustível por Wellington Macedo de Souza.

Os réus vão responder na Justiça pelo crime de explosão, quando se expõe “a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos”. A pena é de 3 a 6 anos de prisão e multa.

No entanto, o Ministério Público considera que é preciso aumentar a pena em 1/3, já que o crime foi cometido tendo como alvo depósito de

Já as acusações de atos de terrorismo vão ser enviadas para a Justiça Federal, instância competente para analisar se estão configurados crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Os investigadores dizem que o plano foi feito no acampamento montando em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, por onde passaram bolsonaristas radicais com ideias golpistas.

Segundo a investigação, a ideia inicial dos criminosos era que o explosivo fosse colocado próximo a um poste, para prejudicar a distribuição de energia elétrica na capital. De última hora, a decisão mudou e o objeto foi colocado no caminhão de combustível, carregado de querosene de aviação.

“O objetivo dos denunciados era cometer infrações penais que pudessem causar comoção social a fim de que houvesse intervenção militar e decretação de Estado de Sítio”, afirma a denúncia.

“Já em Brasília-DF, em frente ao Quartel General, em 23/12/2022, George, Alan e Wellington e outros manifestantes não identificados, elaboraram o plano de utilização de artefato explosivo para detonação em lugares públicos”, completa o documento.

Ainda segundo a denúncia, a Polícia Civil afirma que horas após a identificação do explosivo, Alan e George se falaram por uma ligação de aplicativo de mensagens e trocaram imagens do explosivo. A partir da análise de geolocalização, foi possível identificar que um carro que seria da esposa de Wellington também circulou pelos arredores do aeroporto no dia.

A Justiça também atendeu ao pedido de MP de enviar a parte da investigação sobre organização criminosa para a Procuradoria-Geral da República, para que o caso seja analisado no âmbito da Operação Nero, que investiga os atos de vandalismo do dia 12 de dezembro em Brasília.

 
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George Washington de Oliveira Sousa falando em sala, aparentemente em reunião online

George Washington de Oliveira Sousa, durante audiência de custódia realizada no dia 26/12

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Wellington Macedo, acusado de tentar explodir um caminhão tanque no Aeroporto de Brasília, andava no Governo Bolsonaro com Damares no Ministério dos Direitos Humanos, Bolsonaro no Palácio.
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Flávio Dino responde a Zema: 'Fica feio se colocar como sub-Bolsonaro'

por Ana Mendonça

O ministro da Justiça, Flávio Dino, respondeu o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que acusou o governo federal de fazer “vista grossa” aos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes. Para Dino, “fica feio se colocar como um sub-Bolsonaro”

O ministro ainda chamou o governador mineiro de “candidato” e classificou como “deplorável” sua fala afagando terroristas. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao programa Fórum Onze e Meia, da TV Fórum.

“Me espanta que o governador Zema tente vestir a roupa do Bolsonaro. Não cabe nele... É preciso que ele tenha algum amigo sincero que diga a ele... Primeiro porque Minas Gerais é a terra de Tiradentes, de Tancredo Neves, é a terra da democracia... Então não é possível que um governador de modo vil se alinhe à extrema direita para proteger terrorista”, disse.

Para Dino, “fica feio” porque Zema foi um dos governadores presentes na reunião com Lula depois dos ataques terroristas. “E por que que não falou? Por que ele não perguntou a mim, que estava lá? Por que não perguntou ao presidente da República, que estava lá? Seria mais decente do que falar posteriormente”, seguiu.

“Um apelo que eu faço ao governador: num momento grave é preciso ter ponderação. Imagine se alguém tivesse dito no dia seguinte à tragédia de Brumadinho que ele sabia e deixou acontecer para poder ganhar dinheiro? Como ele se sentiria? Isso parece aquela história do estupro, que uma mulher é estuprada e ao mesmo tempo é acusada de ser a culpada porque estava de vestido curto... Nós não somos agentes do que aconteceu. Nós somos vítimas... Não é vitimização, nós somos vítimas”, continuou o ministro de Lula.

Em seguida, o ministro insinuou que as declarações de Zema foram feitas por uma possível candidatura em 2026. “Eleição tem em 2026. Agora não acho que seja adequado o candidato querer se colocar na agenda sendo uma espécie de sub-Bolsonaro, fica feio... Acho que é deplorável esse tipo de coisa acontecer”, disparou o ministro.

24
Set22

(Vídeo) Caso Queiroz joga luz sobre o passado oculto de Jair Bolsonaro

Talis Andrade

 

 

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(Continuação) No relatório que mostrou a movimentação financeira do Queiroz, apareciam 6 cheques de 4 mil.

Junto com essa informação, também apareciam vários repasses de oito assessores do Flávio para a conta do Queiroz.

Então, pra ficar bem claro: oito assessores do Flávio Bolsonaro davam dinheiro pro Queiroz. E qual o motivo disso?

Todos esses depósitos e transferências sugeriam que as pessoas davam para ele, sistematicamente, quase todo o salário deles.

Aquela situação levantou um alerta. Porque ao mesmo tempo o Queiroz também fazia vários saques em dinheiro vivo.

Ele tirava tudo da conta dele para levar para outro lugar.

Estava surgindo aí um indício muito forte da famosa "rachadinha".

É uma prática das mais velhas no serviço público. E como que ela funciona? É quando o assessor entrega parte ou todo o salário para o deputado, vereador, senador?

Só que essa prática é um crime. É ilegal. O mau uso do dinheiro público chama crime de peculato.

Se alguém ajudar a ocultar a origem de onde veio esse dinheiro sujo, o crime é de lavagem de dinheiro.

Mais ainda, se é organizado e tem uma liderança, então o criminoso pode fazer parte de uma quadrilha, que também é outro crime.

O nome "rachadinha" é só um apelido para um esquema criminoso.

Mas depois de ouvir tudo isso, na nossa história, você entendeu o que estava faltando?

Faltava alguém explicar os tais repasses ou admitir a rachadinha.

Naquela época, eu ainda trabalhava no jornal O Globo e comecei a gastar sola de sapato atrás do Queiroz e dos outros assessores.

Num calor de 50 graus do RJ, eu fiz várias tentativas. Dias diferentes, horários distintos.

Nunca achei ninguém e também fui despistada.

Em um domingo daquele dezembro de 2018, eu fui em Oswaldo Cruz, um bairro na zona norte do Rio, atrás de uma moça chamada Luiza Paes.

Ela é uma das pessoas citadas no relatório que mostrou a movimentação milionária do Queiroz.

Antes deixa só eu chamar a Gabi para contar para você um pouco sobre quem é a Luiza

GABRIELA SÁ PESSOA: Luiza Paes começou a trabalhar na Assembleia em 2011, no gabinete do Flávio Bolsonaro. Trabalhando diretamente com o Flávio, ela ficou até 2012. Depois disso, ela teve outros cargos na Assembleia Legislativa do Rio. A investigação do Ministério Público do Rio apontou ela como uma das funcionárias fantasmas que participavam do esquema de rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio. De acordo com a investigação, ela entregou para o Queiroz um total de 160 mil reais. Ela é filha de um amigo do Queiroz, e aí que ela se aproxima da família.

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JULIANA DAL PIVA: Eu cheguei de mansinho, bati no portão em frente da casa, numa rua chamada Felizardo Gomes, mas não achei ninguém.

JULIANA DAL PIVA: Não, a Luiza.

HOMEM: A filha dela, né?

JULIANA DAL PIVA: Isso.

HOMEM: ...

JULIANA DAL PIVA: Tá ok, o senhor viu elas hoje, estão em casa?

HOMEM: ...

JULIANA DAL PIVA: No bar? Tá bom, obrigada.

JULIANA DAL PIVA: E eu fui no bar e chamei a dona Leonora, que é mãe da Luiza, e tentei conversar com ela.

LEONORA PAES: Absoluta, ela é minha filha sim. Tá dando a maior confusão na vida dela por causa disso.

JULIANA DAL PIVA: ...

LEONORA PAES: Eu não sei, inclusive veio uma outra pessoa aqui em casa também, e não tem nada a ver.

JULIANA DAL PIVA: A gente começou a conversar e ela falou que a filha não tinha nada a ver com a história.

Chegou a dizer que estavam confundindo a filha dela com algum nome homônimo.

Eu sabia que ela estava mentindo para mim, mas dei corda e ela acabou contando que conhecia o Queiroz.

JULIANA DAL PIVA: Na verdade, justamente na tentativa de esclarecer, não ter nenhum erro, é importante a gente conversar com as pessoas, entendeu?

JULIANA DAL PIVA: Eu entendo. Não tô aqui pra acusar sua filha de nada. Na verdade?

LEONORA PAES: Essa minha filha não tem de ter acusação nenhuma.

JULIANA DAL PIVA: Mas eu quero deixar claro isso. Não é nenhuma acusação à sua filha. Quem trabalhava lá no gabinete, quem fez alguma coisa errada, foi aquele rapaz que estão falando, o tal de Queiroz.

LEONORA PAES: Que era morador da rua.

JULIANA DAL PIVA: Era morador da rua, é?

LEONORA PAES: É, há muitos anos atrás, a gente se conhece e uma coisa não tem nada a ver com a outra, entendeu?

JULIANA DAL PIVA: E conforme eu ia tentando conversar com ela, a Leonora foi ficando mais e mais irritada.

LEONORA PAES: Vocês ficam insistindo, ficam ligando na minha casa, toda hora essa perturbação, já virou uma perturbação, e eu até falei pro meu ex-marido, que eu vou começar a xingar todo mundo. Isso já tá dando no saco, entendeu?

JULIANA DAL PIVA: Tá bom então. Dona Leonora, a senhora quer ficar com meu telefone? Se em algum momento?

LEONORA PAES: Não.

JULIANA DAL PIVA: Tem certeza?

LEONORA PAES: Absoluta.

JULIANA DAL PIVA: Eu não tô aqui acusando a senhora de nada.

LEONORA PAES: Não, você não tá acusando, você tá me perturbando, eu tô em um dia de lazer e você tá me perturbando.

JULIANA DAL PIVA: Para não piorar a situação, eu resolvi ir embora.

Sem matéria nenhuma, porque tudo que ela fez foi dizer que a filha dela não era a pessoa que eu estava procurando.

Só que sabia que ela não estava falando a verdade. E guardei na memória quando ela disse que conhecia o Queiroz.

Quem sabe outro dia, né?

Dois anos depois, a filha da Leonora, a Luiza, vai se tornar uma pessoa superimportante nesse caso.

Muito tempo depois desse dia, a Luiza vai admitir o esquema todo. Só que essa parte eu vou contar pra você depois.

E, claro, eu também fui atrás do próprio, do Queiroz. Várias vezes. Fui em três endereços que apareciam no nome dele. Todos na zona oeste do Rio.

Mas onde ele morava mesmo era numa casa simples, que fica num beco, de uma vila, no bairro da Taquara, também na zona oeste do Rio.

O que deixava ainda mais curioso saber que ele movimentou mais de um milhão em um ano. Não parecia que o dinheiro tinha ficado com ele.

Como o Queiroz estava muito visado, eu cheguei no beco onde ficava a antiga casa dele e perguntei pros vizinhos sobre a Márcia Aguiar, a mulher dele.

Antes de continuar, deixa eu explicar para vocês quem é Márcia. Gabi, vem cá.

GABRIELA SÁ PESSOA: Ju, a Marcia Aguiar é companheira do Queiroz desde 2000. E é mãe do filho caçula dele. A Márcia também foi assessora do Flávio Bolsonaro no mesmo período que o Queiroz, entre 2007 e 2017. Só que, nessa mesma época, ela não se apresentava pras pessoas como assessora na Assembleia do Rio, ou como alguém ligada ao Flávio. Ela dizia que era cabeleireira, alguém que trabalhava com estética. Anota aí quanto que ela devolveu pro Queiroz: no total, de acordo com as investigações, foram oitocentos e sessenta e oito mil e quatrocentos reais.

JULIANA DAL PIVA: Os vizinhos do Queiroz e da Márcia também não falavam muita coisa.

JULIANA DAL PIVA: Você conhece alguma moça chamada Márcia?

MULHER: Márcia?

JULIANA DAL PIVA: É

MULHER: Você conhece alguma moça chamada Márcia?

JULIANA: Vizinha aqui da esquina.

MULHER: Conheço não.

JULIANA DAL PIVA: Eu cheguei a deixar uns bilhetes pedindo entrevista. Escrevi uma mensagem dizendo que queria falar com ele. Coloquei meu número de telefone.

Mas o Queiroz nunca retornou. Muita gente também tentou. E ninguém encontrou o Queiroz naqueles dias.

E se ninguém achou o Queiroz, é porque ele estava bem escondido, o que aumentava o suspense no ar.

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Anos depois, também na cadeia, ele contou em um depoimento como foi que ele viveu aqueles dias, lá em dezembro de 2018.

FABRÍCIO QUEIROZ, em depoimento ao Ministério Público: "Aí houve esse problema, a mídia começou a bater? começou a fazer? aconteceu o problema num dia, tinha 10 repórter na porta da minha casa. Eu tinha separado da minha mulher, tava na casa da minha filha. Eu liguei pro MP, falei que meu endereço era outro. Eu fiquei isolado né, eu não lembro ao certo se foi esse dia. Eu fiquei de cama. Eu não conseguia comer. Eu não entendia nada. Eu não sabia que ia acontecer esse problema todo. Eu não me recordo. Eu fiquei mais dentro de casa por causa disso."

JULIANA DAL PIVA: O que soava muito estranho é esse mistério todo. Se não tinha nada ilegal, por que ninguém explicava tudo de uma vez?

Era no mínimo esquisito.

Desde lá, eu já entrevistei umas 50 pessoas sobre esse caso. Algumas mais de uma vez. E só um grupo pequeno aceita se identificar.

De um modo geral, todo mundo diz que tem medo de falar o que sabe.

E não era só o Flávio, o Queiroz e os assessores que fugiam da imprensa.

O próprio Ministério Público não explicava muita coisa.

Aliás, esse é um detalhe que muita gente desconhece.

Esse relatório sobre Queiroz foi feito por um órgão chamado COAF, que é o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

Eles monitoram negociações suspeitas de lavagem de dinheiro.

E o relatório sobre o Queiroz existia desde janeiro de 2018, mas a gente só soube desse documento no fim daquele ano.

E por que foi assim?

Os procuradores da Força-Tarefa da Lava Jato estavam investigando deputados da Alerj para preparar uma Operação que ia chamar Furna da Onça. E essa operação só ia acontecer em novembro daquele ano.

No meio da papelada, tinha um relatório de movimentação financeira suspeita de vários assessores da Alerj.

E foi lá na página 325, quase no final, que surgiu o nome do Queiroz.

Só que quando bateu na Lava-Jato, ainda no início de janeiro de 2018, os procuradores viram que não podiam atuar naquele tipo de investigação.

Não era um caso federal.

Aquele calhamaço foi enviado então para a avenida Marechal Câmara, número 370. A sede do Ministério Público do estado do Rio de Janeiro.

Quando chegou por lá, o documento foi parar no 8º andar.

Ali, em alguma mesa, daquele imenso prédio, o documento ficou durante grande parte do ano de 2018.

É lá que fica o escritório do procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro.

Naquela época, o cargo era do procurador José Eduardo Gussem, e ele era o responsável pelo caso.

E o Gussem não falava publicamente sobre o assunto.

Eu lembro até de uma ocasião que eu tava com alguns colegas na calçada, em frente ao Ministério Público, esperando para ver se o Queiroz ia aparecer para depor.

Ele foi chamado 4 vezes naquele dezembro e nunca foi.

Enquanto a gente estava esperando, o deputado Marcelo Freixo apareceu no Ministério Público. Ele queria cobrar investigações da morte da vereadora Marielle Franco e começou a falar com a imprensa.

Bem nessa hora, o procurador chegou de carro e começou a caminhar em direção à portaria do prédio, a poucos metros de onde a gente estava.

Eu e uma boa parte dos repórteres fomos até o Gussem para tentar falar com ele, mas não deu certo. O procurador correu para a porta da entrada privativa do MP.

JULIANA DAL PIVA: Ele não falou absolutamente nada, né?

MULHER: Não, não falou nada.

JULIANA DAL PIVA: Em janeiro de 2019, um mês depois desse dia, o procurador José Eduardo Gussem tomou posse para um segundo mandato na Procuradoria Geral.

Nesse dia, ele finalmente falou do assunto.

Mas deixou mais dúvidas do que respostas.

JOSÉ EDUARDO GUSSEM, em entrevista a jornalistas: "Chegaram ao Ministério Público, inicialmente, no mês de janeiro de 2018. Foram para o laboratório de combate à lavagem de dinheiro. Nele ficaram até julho de 2018, quando nós abrimos as primeiras portarias que os senhores estão recebendo aí, sem identificar esses deputados estaduais. Por quê? Repito: nem sempre o fato do servidor público, o servidor da Alerj, estar vinculado ao gabinete de determinado deputado significa que aquele deputado esteja envolvido naquela operação financeira suspeita.

JULIANA DAL PIVA: Uma pergunta que ficou mal explicada é o que foi feito de julho até dezembro de 2018? Quase nada.

Quando eu estava preparando esse podcast, eu tentei uma nova entrevista e ele não quis. O procurador se aposentou no início deste ano.

Depois eu vou contar para você quando o Ministério Público finalmente vai avançar na investigação do caso.

Agora, eu vou voltar para dezembro de 2018. Eu já te contei sobre o relatório do Queiroz e que o Flávio tentou se explicar e o Bolsonaro fez o mesmo.

Mas ninguém contou a origem do dinheiro do Queiroz ou o motivo dos assessores depositarem para ele.

Como já contei, o Ministério Público tinha chamado o Queiroz e a família para depor e ninguém apareceu.

Ao mesmo tempo, o que estava acontecendo nos bastidores?

O Flávio já estava montando uma defesa jurídica.

A gente não sabia, mas o Flávio Bolsonaro foi pedir ajuda para o empresário Paulo Marinho.

Antes de eu falar disso, deixa eu chamar a Gabi para explicar quem é o Paulo Marinho.

GABRIELA SÁ PESSOA: Hoje, o Paulo Marinho é um adversário político do Jair e do Flávio Bolsonaro. Mas em 2018 essa história era bem diferente. Ele era um empresário do Rio de Janeiro, e muito próximo do Gustavo Bebianno, que coordenava a campanha presidencial. E a casa do Paulo Marinho, no Rio, funcionou como uma espécie de QG, onde o Bolsonaro gravava os programas de TV, recebia interlocutores, e onde parte da campanha presidencial acontecia. Bom, depois da eleição, o Paulo Marinho rompeu com a família Bolsonaro e hoje eles estão aí em polos opostos.

JULIANA DAL PIVA: Agora, eu vou te contar sobre o pedido de ajuda do Flávio para o empresário. O senador queria contratar um advogado e esse movimento envolveu algumas pessoas.

Eu pedi entrevistas a todos os envolvidos, mas ninguém quis falar. Aliás, isso é uma coisa muito comum nessa história. Ninguém quer dar explicação alguma.

Então vou reconstituir o que aconteceu a partir de uma série de depoimentos tomados pelo Ministério Público Federal.

Tem uma investigação em andamento sobre o vazamento desse relatório com a movimentação milionária do Queiroz.

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Não estranhem se as vozes aparecem abafadas, todos eles falaram usando máscaras por causa da pandemia de covid-19.

PAULO MARINHO, em depoimento ao Ministério Público: "No dia 12 de dezembro, eu recebo na parte da tarde, não sei precisar o horário, um telefonema do senador Flávio Bolsonaro, que me dizia o seguinte: meu pai pediu para que eu lhe procurasse, para que você me ajudasse numa questão jurídica, eu tô precisando de um advogado. E eu gostaria de te encontrar amanhã, você pode? Eu disse: posso. Que horas você gostaria? Você pode me receber amanhã às 8h30? Eu digo: está marcado amanhã às 8h30."

JULIANA DAL PIVA: Esse que vocês estão ouvindo é o Paulo Marinho.

Parte dessa história do empresário, o próprio Flávio admitiu.

FLÁVIO BOLSONARO, em depoimento ao Ministério Público: "Dia 6 de dezembro, eu estava em Brasília. Foi tudo acontecendo, como todo mundo acompanhou. Eu precisava de um advogado. Como eu não tinha recurso para pagar advogado, que é uma causa que advogado cobraria muito dinheiro, eu conversei com meu pai, que você acha de pedir para o Paulo Marinho, que é uma pessoa bem relacionada no mundo jurídico. Meu pai falou, ó, procura o Paulo Marinho e veja se ele pode te ajudar com advogado. Foi isso que eu fiz, eu liguei para ele, e pedi que me recebesse para ele tratar de advogado pra mim."

JULIANA DAL PIVA: É curioso ouvir o Flávio dizer que precisava de um advogado, mas que não tinha dinheiro para pagar.

Naquela época, ele vivia num apartamento de quase R$ 3 milhões. E, nesse ano, como você deve ter ouvido, ele comprou uma mansão de outros 6 milhões. É muito dinheiro.

Mas vamos lá. Continuando a história, o Paulo Marinho disse que, no mesmo dia, ele foi atrás de um advogado para atender o Flávio.

Na manhã seguinte, o advogado Christiano Fragoso chegou cedinho, às 8 horas da manhã, na antiga mansão do Paulo Marinho, no Jardim Botânico.

Essa mesma mansão serviu de comitê de campanha para o Bolsonaro no segundo turno de 2018.

PAULO MARINHO, em depoimento ao Ministério Público: "8h30 chega na minha casa Flávio Bolsonaro acompanhado do senhor Victor Granado Alves, assessor dele. Eu não sabia que o Victor viria. Victor chegou, a gente se cumprimentou, sentamos numa mesa de reunião no meu escritório, na minha casa, uma mesa como essa. E aí ficou naquela cadeira ali o Victor, nessa cadeira aqui o Flávio, eu fiquei nessa cadeira aqui e o Cristiano ficou nessa cadeira aqui. O Cristiano estava em frente ao Victor e eu em frente ao Flávio."

JULIANA DAL PIVA: O Victor é aquele mesmo que estava com o Flávio no início desse episódio na frente da casa do Bolsonaro.

Agora, vamos ouvir sobre o que eles estavam falando e a importância dessa reunião.

PAULO MARINHO, em depoimento ao Ministério Público: "Chegamos, sentamos aqui nessa posição. O Flávio começa. Eu fiz a apresentação, tá aqui o Cristiano, Flávio, Victor, o Cristiano foi indicado. Eu pedi ao Cristiano para vir aqui, que é um grande advogado criminalista, para você relatar pra ele tudo o que você quer contar. Ele vira pra gente e diz: olha, eu tô muito preocupado, porque o Victor procurou o Queiroz. E estamos muito preocupados com a loucura que o Queiroz fez, essa traição que o Queiroz fez, e eu estou muito preocupado com as consequências desse fato do Queiroz em relação ao governo do meu pai, que ainda nem começou. E eu percebo que nesse momento, quando ele começa a falar do pai, do governo do pai, eu estava de frente pra ele, ele começa a lacrimejar, ele ficou emocionado. Eu disse: Flávio, calma, você está aqui com um grande advogado, você não tem culpa, conforme você está me dizendo, isso aí foi o Queiroz que traiu a tua confiança, você tá me dizendo aqui que você não tem nenhum envolvimento com isso, com os fatos. Então fica tranquilo, não fica desse jeito, não é bom, isso não ajuda. Ele parou e o Victor começou a falar. Ele disse: ontem estive com o Queiroz e obriguei o Queiroz a me repassar todas as senhas das contas bancárias dele, e eu passei essa madrugada toda entrando nas contas do Queiroz, e os montantes que eu descobri, e que eu informei agora para o Flávio, são muito superiores a esses que a imprensa está noticiando, inclusive porque ele se refere a anos anteriores a esses que a imprensa está noticiando."

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JULIANA DAL PIVA: Pelo que o Paulo Marinho contou, diferente daquela tranquilidade que o Flávio tentava transparecer na frente da casa do Bolsonaro, ele estava era muito nervoso.

A partir disso é que foi possível saber que há muito tempo a família Bolsonaro sabia de algo que podia explodir com os planos políticos deles.

Depois, o Paulo Marinho contou que perguntou como isso aconteceu.

PAULO MARINHO, em depoimento ao Ministério Público: "Ô Victor, como esse troço aconteceu? Ele disse, porra, um dia o Braga recebe um telefonema de uma pessoa, lá na assembleia, de uma pessoa supostamente se intitulando um delegado da Polícia Federal, querendo falar com o Flávio. O Braga disse a essa pessoa que o Flávio estava ocupado e não costumava falar com quem não conhecesse. Aí ele disse: é o seguinte, é um assunto de interesse do senador. Provavelmente deve ter deixado o telefone dele, fala com o senador, depois voltamos a falar. Os detalhes eu não sei, eu tô repetindo o que eu ouvi. O Braga fala com o Flávio, o Flávio designa que o Braga, o Victor e a Val fossem ao encontro dessa pessoa para saber do que se tratava. E aí fizeram contato e marcaram um encontro na porta da Polícia Federal. Este suposto delegado disse aos três, ou disse ao Braga, vocês quando chegarem me telefonem que eu vou sair de dentro da superintendência, até pra você ver que eu sou um policial que tô lá dentro, e lá fora a gente conversa."

JULIANA DAL PIVA: Antes de a gente continuar. Gabi, vem cá, me ajuda.

Conta para gente quem é o Braga e quem é a Val Me Liga.

GABRIELA SÁ PESSOA: O Braga é o chefe de gabinete do Flávio Bolsonaro. A Val Me Liga é uma assessora do Flávio também, e ela tinha cargos no diretório estadual do PSL do Rio de Janeiro, Partido pelo qual o Flávio Bolsonaro e o Jair Bolsonaro se elegeram em 2018.

JULIANA DAL PIVA: Tá certo. Vamos ouvir agora o resto da história do Paulo Marinho.

O empresário contou que ouviu a seguinte história: esse suposto delegado da PF teria alertado para os assessores do Flávio sobre a existência de informações que poderiam atrapalhar o futuro da família Bolsonaro.

PAULO MARINHO, em depoimento ao Ministério Público: "Aí esse delegado disse a eles: esta operação vai alcançar o Queiroz e a filha dele, estão no seu gabinete e no gabinete do seu pai. Tem movimentação bancária e financeira suspeita. Eu sou simpatizante do seu pai, do Bolsonaro, e vamos tentar não fazer essa operação agora, entre o primeiro e o segundo turno, pra não criar nenhum embaraço durante a campanha."

 

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JULIANA DAL PIVA: A reunião com o Flávio na casa do Paulo Marinho terminou naquela manhã de 13 de dezembro de 2018 com algumas definições.

A avaliação final daquela conversa é que o primeiro que precisava de um advogado não era o Flávio, mas o Queiroz.

Ficou acertado o seguinte. O Victor ficou responsável de levar o Queiroz em um advogado que eles ainda iam escolher.

Ao mesmo tempo, um grupo de advogados que se preparava para entrar na causa do Flávio combinou um novo encontro em SP para discutir mais estratégias.

Essa segunda reunião dos advogados ficou para o dia 14 de dezembro. E o que soube depois é que um ponto central já estava definido por eles.

O Queiroz precisava depor logo. Na avaliação de assessores do presidente Jair Bolsonaro, isso podia evitar que a história do relatório contaminasse toda a família Bolsonaro.

O tempo passou, e no ano passado, os advogados envolvidos nessas reuniões foram chamados pra depor, mas alegaram sigilo profissional para não falar.

O primeiro que alegou direito ao silêncio foi justamente o Victor Granado.

VICTOR GRANADO, em depoimento ao Ministério Público: "Eu fui na casa do seu Paulo Marinho? Eu fui à casa dele. Porque lá era o comitê de campanha do então candidato Jair Bolsonaro. O Flávio já tinha sido eleito, mas não tinha sido diplomado, que a diplomação foi no final do ano, salvo engano. Então lá era o comitê de campanha. Todo mundo que participou da campanha foi na casa do senhor Paulo Marinho. Eu não posso negar um fato que é público, de conhecimento de todo mundo. Só que da casa dele para o que foi discutido naquele dia, eu não posso falar, porque eu tenho uma proibição, e minha reputação enquanto advogado pode ser colocada no lixo, se eu descumpro uma proibição que eu tenho. A querer que eu fale uma coisa que eu sou proibido de falar, automaticamente estão querendo que eu cometa um suposto crime que um agente federal, que tinha obrigação de não falar, falou."

JULIANA DAL PIVA: O Victor ficou muito irritado por ser questionado sobre a reunião.

Quando ele foi prestar depoimento, o Victor disse que ele estava representando o Flávio, e que por isso ele não podia falar nada sobre aquelas reuniões.

Mas vamos voltar lá em 2018, depois dessas reuniões aconteceu algo inesperado.

O Flávio simplesmente desistiu de tudo a pedido do presidente Jair Bolsonaro.

FLÁVIO BOLSONARO, em depoimento ao Ministério Público: "Fui conhecer, fiquei de dar resposta depois pro Paulo Marinho. Passaram-se alguns dias, não lembro quantos. Eu fui agradecendo, dizendo que eu não queria, não precisava de advogado, que eu ia escolher outra pessoa e morreu ali."

JULIANA DAL PIVA: Essa história da reunião o Paulo Marinho contou em uma entrevista para a jornalista Mônica Bergamo.

Mas ele só revelou isso em maio de 2020, ou seja, um ano e meio depois.

E agora existe uma investigação para tentar descobrir quem é o delegado que teria vazado a informação para os assessores do Flávio.

Tudo ainda parece longe de uma conclusão.

Mas um dado é preciso e suspeito.

O Queiroz e a filha, a personal trainer Nathália, foram exonerados em 15 de outubro de 2018, do gabinete do Flávio e do gabinete do Jair Bolsonaro. Bem no meio do segundo turno.

Ninguém admite o vazamento e as justificativas convencem pouco.

Na versão do Queiroz, ele disse que estava doente, mas também fazia planos de viajar para a Disney.

FABRÍCIO QUEIROZ, em depoimento ao Ministério Público: "Eu viajei para Aparecida e fui cuidar da minha vida. Eu tinha um contato bom com eles. Eu fui em Aparecida, dia 12, aquela coisa toda. Resolvi, quando eu voltei, não sei se foi antes ou depois, peguei um ofício meu na Alerj, dei entrada na minha reforma (...) Me apresentou, poxa, nós estamos bem, aquela carreata imensa, pô, ganhamos. Eu pretendia ir para os Estados Unidos, tirei meu visto, no meu passaporte, tava combinando com minha filha de ir, a minha outra filha, a pequenininha."

JULIANA DAL PIVA: Não sei você. Eu não consigo deixar de pensar como seria aquela eleição de 2018 se o Brasil soubesse dessa história toda.

Mas depois das idas e vindas com o Paulo Marinho, o Flávio e o Queiroz optaram por um novo "esquema jurídico".

E ele tinha um nome central: o advogado paulista Frederick Wassef.

No mesmo fim de semana que o grupo do Paulo Marinho se organizava para entrar no caso do Flávio, o Wassef desembarcou no Rio de Janeiro.

Não é fácil descrever o Wassef.

Mas tem um áudio divulgado pelo site Intercept no ano passado em que ele próprio se resume bem.

FREDERICK WASSEF, em entrevista ao site The Intercept: "Sou advogado criminalista desde 92 e ajudo o Bolsonaro há alguns anos aí, sou parceiro dele e advogado em off."

JULIANA DAL PIVA: Vocês já devem ter ouvido essa expressão, "off the record". Jornalista quando assume compromisso de guardar sigilo da fonte faz entrevista em off.

Agora, advogado em off, eu nunca tinha ouvido falar. Aliás, nessa época, pouquíssima gente sequer admitia conhecer o próprio Wassef.

O advogado ficou uns seis meses atuando no caso do Flávio sem que ninguém soubesse direito disso. Mas uma hora não deu para esconder mais.

Eu fiz uma entrevista com ele pra minha coluna há pouco tempo e perguntei porque ele não se apresentava desde o início como o advogado do Flávio. E o Wassef respondeu, bem do jeito dele.

JULIANA DAL PIVA: Naquela época, quem representou formalmente foi um advogado que chama Hugo Plutarco. O senhor não aparecia. Por que o senhor naquele momento não se identificava como advogado do senador,

FREDERICK WASSEF: Eu sou advogado do Flávio e da família desde 2014. Eu nunca gostei e nem nunca quis aparecer em nenhum processo. Atuei em vários processos, inclusive de toda a família, só que eu nunca quis aparecer por vários motivos, dentre eles porque eu, diferente de certas pessoas, eu nunca gostei de holofotes, gostei de ser discreto, e meu trabalho é assim. Mas, infelizmente, me transformei em uma pessoa pública, não foi interesse meu, nem desejo meu.

JULIANA DAL PIVA: Eu ainda vou falar muito de Wassef nesse podcast, porque ele se tornou não só o advogado do Flávio e do Bolsonaro, mas parte intrínseca da própria história.

A versão oficial do Queiroz é que ele pediu demissão do gabinete para cuidar da saúde e da aposentadoria.

Mas o que alguns amigos dele me contaram é outra coisa.

O Queiroz tinha sido chamado para depor no Ministério Público e estava tentando arrumar um jeito de adiar.

Então, ele foi num hospital aqui no Rio de Janeiro fazer uns exames, para pegar um atestado médico que justificasse a falta.

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Só que o exame de sangue do Queiroz veio com uma alteração. E isso levou a uma série de outros testes.

Foi a partir desse momento que o Wassef entrou de vez na história do Queiroz.

O que me contaram é que o advogado falou pro Queiroz ir a São Paulo fazer uma consulta com um médico da confiança do Wassef, no hospital Albert Einstein.

O Queiroz se consultou com o mesmo urologista que atendia o próprio Wassef. E essa consulta foi no dia 19 de dezembro.

A unidade também é a mesma que cuidou do presidente Jair Bolsonaro depois da facada durante a eleição.

Foi lá no Einstein que descobriram o câncer do Queiroz.

Por isso, tem amigos dele que ainda dizem que o escândalo ainda salvou a vida dele.

E, a partir disso, o policial e a família não compareceram mais aos depoimentos no Ministério Público. A estratégia jurídica mudou.

Só que, isso que eu estou contando para você, ninguém sabia naquela época. Porque o Wassef era um "advogado em off", como ele mesmo disse.

Os dias passaram e a imprensa seguia atrás do Queiroz.

Só que depois que a doença foi diagnosticada, os advogados tinham um jeito de explicar o sumiço e marcaram uma entrevista com o SBT.

FABRÍCIO QUEIROZ, em entrevista ao SBT: "Em momento algum eu estou fugindo. Quero muito esclarecer. E depor na frente do promotor. Agradecê-lo por acatar, por não pedir minha prisão. Pensei, vou ser preso. No terceiro depoimento, eu estava sendo atendido, eu tenho aí em mãos, eu faço questão de entregar para depois você ler, tirar foto, mostrar para a imprensa, para o Brasil, eu sendo atendido aí por um dos melhores? doutor Vladimir. Foi constatado um câncer. Eu perguntei: é maligno ou benigno. Ele disse: maligno. O deputado tinha sido eleito senador, eu já tinha combinado com ele que eu ia pedir minha exoneração, uma vez que eu sendo funcionário público eu não poderia acompanhá-lo. E para tratamento da minha saúde. Eu levei a campanha toda com muitas dores nesse ombro. Eu tenho uma cirurgia marcada para fazer nesse ombro aqui. Tô esperando marcar. Um problema na urina. Uma forte tosse. Eu ficava tossindo o tempo todo no carro, ficava até constrangedor."

JULIANA DAL PIVA: Essa entrevista foi gravada em São Paulo.

O que eu fiquei sabendo há pouco tempo é que a casa onde tudo aconteceu ficava em Atibaia, uma cidade que fica a pouco mais de uma hora de SP.

O local foi arrumado por um outro advogado, amigo do Wassef.

Como você sabe, o Queiroz foi preso justamente em uma casa do Wassef, também em Atibaia, em junho do ano passado. E foi preso depois de ficar um ano e meio sumido.

Mas nesse tempo, antes da prisão, para o Queiroz e para a família dele, o Wassef se tornou um "Anjo".

É uma referência à ideia de que ele protegia a família. E também um jeito de criar uma espécie de codinome.Mas essa proteção do Wassef era assim mais ou menos. A Márcia Aguiar, mulher do Queiroz, desabafava muito com uma amiga sobre o que significava ficar sob as asas do Anjo.

MÁRCIA QUEIROZ, em áudio: "Só que eu também não tô aguentando. Tá entendendo? Eu tô muito preocupada com ele. A minha saúde também está abalada, tá entendendo? A gente não pode mais viver sendo marionete do 'Anjo'. Ah, você tem que ficar aqui, traz a família. Esquece cara, deixa a gente viver a nossa vida! Qual o poblema (sic)? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém, se tivesse que matar já tinha pego um filho meu aqui, você tá entendendo? Então deixa a gente viver a nossa vida aqui com a nossa família."

JULIANA DAL PIVA: O Wassef nega que fosse chamado assim, mas adiante vou te mostrar que ele era mesmo.

E esse dilema da família do Queiroz, também vai ter que ficar para depois, porque eu preciso te falar sobre outra ponta solta nessa história.

Enquanto o Frederick Wassef tentava tomar conta do Queiroz, um fio que envolve a própria família do presidente Jair Bolsonaro e as "rachadinhas" começava a aparecer.

E o problema nem ficava muito longe de São Paulo. Estava em Resende, uma cidade do Sul do estado do Rio, onde tem a Aman, que é Academia Militar das Agulhas Negras.

Lá, o Bolsonaro estudou e casou pela primeira vez com a Rogéria. Ela é mãe dos três filhos mais velhos do presidente: o Flávio, o Carlos e o Eduardo.

Mas é em Resende que também mora a família da advogada Ana Cristina Siqueira Valle, a segunda mulher do presidente. Juntos, eles tiveram o Jair Renan, que o Bolsonaro chama de 04.

Em 2018, nesse núcleo de pessoas da própria família do Bolsonaro, muita gente falava abertamente sobre o que acontecia nos gabinetes.

Em outubro daquele ano, um casamento de um dos membros da família Siqueira Valle ia expor todo esse problema.

Uma das ex-cunhadas do presidente, a Andrea Siqueira Valle, começou a falar para quem quisesse ouvir naquela festa, que ela estava muito preocupada com o que ia acontecer depois da eleição do Bolsonaro.

Ao menos duas pessoas ouviram esse relato dela. E uma delas me enviou gravações da Andrea admitindo o esquema.

A Andrea foi funcionária fantasma do Bolsonaro e dos filhos por 20 anos.

ANDREA SIQUEIRA VALLE, em gravação: Na hora que eu estava aí fornecendo também, e ele estava me ajudando, lógico, porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com sete mil reais. Então assim, não vem caso, eu ajudei, ele ajudou, beleza, certo ou errado, isso já foi, não tem jeito de voltar atrás."

JULIANA DAL PIVA: A Andrea tem razão. Agora não tem como voltar atrás. Quando eu ouvi essa gravação, eu lembrei do Bolsonaro reclamando do governo cubano anos atrás. Os médicos daquele país também ficavam só com mil reais do próprio salário.

JAIR BOLSONARO, em sessão na Câmara dos Deputados, em 2013:

"O repórter perguntou pro médico cubano quanto ele ganhava. Sr. Presidente, ele respondeu: 'Mil reais'. Ou seja, a dupla dos irmãos Castro pega 90% do salário dos cubanos. Nem um rufião faz isso."

JULIANA DAL PIVA: A história completa dessa gravação da Andrea eu vou contar para você no próximo episódio. E olha, não perde, de onde veio esse áudio, tem muito mais.

[CRÉDITOS]

Esse episódio usou áudios do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes; do jornal RJTV 2a Edição, da TV Globo; do programa SBT Brasil, do canal SBT; do Jornal Folha de São Paulo; do site Intercept; dos depoimentos obtidos pelo Ministério Público Federal na investigação sobre vazamento sobre relatório do COAF; do arquivo da Câmara dos Deputados; do arquivo do Ministério Público do Rio de Janeiro dos autos sobre investigação sobre rachadinha na Alerj.

O podcast UOL Investiga - A Vida Secreta de Jair é apresentado por Juliana Dal Piva e pela jornalista Gabriela Sá Pessoa. A reportagem, pesquisa e roteiro foram feitos por Juliana Dal Piva e também tiveram o trabalho da Amanda Rossi e da Gabriela Sá Pessoa. A edição de áudio é do João Pedro Pinheiro. A coordenação foi da Juliana Carpanez, do Flávio Costa e de Marcos Sérgio Silva. O design é do Eric Fiori. O vídeo de apresentação tem motion design do Santhiago Lopes, roteiro da Juliana Dal Piva e da Natália Mota. A direção de arte é da Gisele Pungan e do René Cardillo. O projeto também contou com Alexandre Gimenez e Antoine Morel, gerentes de conteúdo, e Murilo Garavello, diretor de conteúdo do UOL. Agradecimentos a Cláudia Cotes.

 

29
Ago22

Neutralização do terror

Talis Andrade

PF faz operação contra empresários bolsonaristas por mensagens golpistas no  WhatsAppQuem são os empresários bolsonaristas que defenderam golpe

 

Diante da previsível derrota eleitoral de Jair Bolsonaro, suas hostes podem entrar em modo doidice cruel

 

Manuel Domingos Neto /A Terra É Redonda

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As apreensões com a baderna anunciada para o dia 7 de setembro foram atenuadas. O repúdio à quebra da institucionalidade tem sido vigoroso. Além da manifestação da Faculdade de Direito da USP, houve o espetáculo da posse de Alexandre Morais na presidência do STE. Muitos assistiram o vexame do presidente da República no auditório. Foi um lance de recuperação da moralidade institucional.

A repercussão das reportagens de Guilherme Amado sobre empresários golpistas também desestimulou a baderna. Os milionários com devem estar com as barbas de molho. Com o bom desempenho eleitoral de Lula, sentem que em breve pode lhes faltar proteção. É fundamental que respondam por seus atos. A impunidade anima malfeitores.

Um dos fatores de desestímulo às manobras golpistas baseadas na contestação às urnas eletrônicas foi o posicionamento das autoridades de Washington. Quais as razões para os Estados Unidos, com seu histórico de patrocínio de golpes em muitos países, não endossar os sonhos do baderneiro alojado do Planalto?

Washington talvez queira reduzir a imprevisibilidade do quadro político latino-americano. Os Estados Unidos estão em guerra para evitar ou retardar a perda da hegemonia na ordem mundial. Não lhes interessa uma América Latina convulsionada, agravando as incertezas.

Além disso, os Estados Unidos vivem dramáticas tensões internas decorrentes da atuação da extrema direita. O FBI alertou na última sexta-feira, dia 12, sobre o perigo de atentados por parte de apoiadores de Donald Trump.

Depois de a polícia realizar busca na casa do ex-presidente, agentes federais e outros funcionários da segurança pública foram ameaçados. Na rede social de Donald Trump, ativistas são convocados para matar. Um homem foi preso na Pensilvânia depois de postar que abateria muitos agentes do FBI antes de morrer.

Nos Estados Unidos, não há coesão entre os republicanos. Muitos temem o ambiente de terror, mas os que apoiam Donald Trump são ativos e perigosos. Pedem a extinção do FBI e o desmonte do Departamento de Justiça. Já mostraram audácia no Capitólio. Lobos solitários podem deixar o país em pane. Práticas violentas são costumeiras na política estadunidense, mas as instituições deste país se empenharam mais em exportar o terrorismo do que em estimular seu uso interno.

Tendências políticas dos Estados Unidos sempre rebatem no Brasil, penetrando na sociedade e nas instituições. As técnicas da Lava-jato foram importadas, assim como o neoconservadorismo das fileiras. No Exército, o introdutor do neoconservadorismo radical foi o general Avelar Coutinho, copiador de autores estadunidenses. Seu discurso foi endossado por oficiais destacados, como o ex-comandante Villas-Boas.

Diferentemente das instituições estadunidenses, que praticam o terrorismo além-fronteiras, as brasileiras têm longo histórico de uso interno do terror. Esta semana, inclusive, as labaredas do inferno receberam um dos mais sanguinários terroristas da história brasileira, Sebastião Curió, que fez carreira no Exército.

O hábito de práticas violentas contra opositores explica o apoio castrense à candidatura de um conhecido terrorista à presidência da República. Esse homem, desde novinho, defende o choque e o pavor. Diante de sua previsível derrota eleitoral, suas hostes podem entrar em modo doidice cruel.

Se registramos nos últimos dias um desanuviamento de tesões, não cabem descuidos. A defesa da democracia deve ser permanente. Não há outra forma de neutralizar a índole terrorista da extrema direita.

Empresários apoiadores de Jair Bolsonaro passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula seja eleito em outubro, derrotando o atual presidente. A possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo que dá o tom do grupo de WhatsApp Empresários & Política, criado no ano passado e cujas trocas de mensagens vêm sendo acompanhadas há meses pela coluna de Guilherme Amado.

 Participam o jornalista Guilherme Amado, do Metrópoles, o deputado Rogério Correia (PT-MG), a vereadora Carol Dartora (PT, Curitiba), a ativista Luna Zarattini, a coordenadora do Sinasefe, Elenira Vilela, e o vereador cassado Renato Freitas (PT, Curitiba)

Os golpistas ainda estão soltos. Conforme Beatriz Castro os oito inimigos da claridade, "os oito investigados podem escolher se querem ir ao desfile militar em Brasília ou ao evento em Copacabana, onde, segundo o presidente, haverá um ato cívico e uma motociata.

São investigados os empresários Luciano Hang (Havan); Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu); Ivan Wrobel (W3 Engenharia); José Isaac Peres (Multiplan); José Koury (Barra World); Luiz André Tissot (Sierra); Marco Aurélio Raymundo (Mormaii); e Meyer Joseph Nigri (Tecnisa)".

23
Ago22

Dias Toffoli diz que os empresários cometeram crime ao apoiar um golpe de Estado

Talis Andrade

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O amor de Augusto Aras por Bolsonaro faz ele menor do que André Mendonça, o terrível, e Kássio com K

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por Edoardo Ghirotto /Metrópoles

O ministro do STF Dias Toffoli disse nesta sexta-feira (19/8) que empresários defenderem golpe de Estado configura um crime de atentado à democracia. Sem se referir ao caso específico revelado pela coluna, em que empresários bolsonaristas sugeriram em um grupo de WhatsApp um golpe em caso de vitória de Lula, Toffoli afirmou que esse tipo de postura é um “suicídio econômico”.

“Em relação à ação desses empresários, atentar contra a democracia é tipo penal, é crime no nosso país, assim como é nos Estados Unidos e na Europa. Nos países democráticos, atentar contra o Estado Democrático de Direito é crime. Estou falando em tese, e não no caso concreto”, declarou Toffoli.

ISOLAMENTO – O ministro disse que uma ruptura democrática levaria ao isolamento econômico do Brasil em relação às potências mundiais.

“Se empresários divulgam esse tipo de posicionamento, eles são suicidas, porque não há dúvida nenhuma de que os Estados Unidos, a Europa e os países democráticos retaliarão o Brasil economicamente. Investidores irão embora, vai gerar desemprego no nosso país, vai gerar saída de capitais, vai fazer com que os nossos capitalistas mandem dinheiro para fora, porque vai ter uma desvalorização brutal da nossa moeda. Isso é loucura”, afirmou.

Diversos pedidos de investigação contra os empresários bolsonaristas foram encaminhados ao STF após a divulgação das mensagens.

REAÇÃO MUNDIAL – “É evidente que, se empresários defendem uma possibilidade de ruptura institucional, eles estão cometendo um suicídio econômico a si mesmos, porque haverá uma reação mundial. Haverá uma reação no mundo de retaliação ao Brasil. O Brasil vai se aliar a quem? À Venezuela? Aos países totalitários que não são democráticos? Com quem o Brasil se relacionará? É óbvio que a Europa vai retaliar economicamente”, acrescentou Toffoli.

“É óbvio que isso vai ter um reflexo nos investidores e que os investidores não confiam em sistemas que são autoritários, em que um pequeno grupo pode decidir o destino de todos e onde não há um Judiciário independente para garantir os contratos. Empresários que defendem algum tipo de ruptura democrática na verdade são suicidas. Eles estão queimando seu patrimônio ao defender esse tipo de proposta”, concluiu o ministro do STF.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGSão empresários riquíssimos, mas de visão retrógrada e obscurantista. Subiram na vida praticando o capitalismo selvagem à brasileira, que possibilita pagar salários aviltantes. Por isso, consideram que uma ditadura pode ser até melhor, para enriquecerem ainda mais. Se julgassem que o endurecimento do regime lhes traria prejuízos, é claro que iriam se manifestar contra o golpe. (C.N.)

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Reinaldo: Empresários golpistas e organização criminosa

Aras estava em grupo de empresários golpistas

O CERCO AOS EMPRESÁRIOS GOLPISTAS

19
Fev22

Avança a ofensiva militar contra as eleições

Talis Andrade

 

Não se tenha dúvida de que, por mais que o TSE tenha sido claro, na resposta às dúvidas da Defesa, o conteúdo do relatório será utilizado na ofensiva contra as eleições.

 

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