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28
Mai20

Bolsonaro é Moloque, o deus que exigia o sacrifício de vidas

Talis Andrade

The statue on display at the Roman Colosseum is similar to this depiction of the pagan deity Moloch from the National Cinema Museum in Turin, Italy. | Wikimedia Commons/Jean-Pierre Dalbéra

Estátua do deus Moloque no Coliseu, Roma
 
 
por Alexandre Gonçalves 
The Intercept
___

RECENTEMENTE, em mais um ato de notório apelo ao apoio dos cristãos no Brasil, Bolsonaro nomeou como ministro da Justiça e Segurança Pública o “terrivelmente evangélico” pastor presbiteriano André Mendonça. Ele não foi nomeado pelos seus conhecimentos na área de segurança pública. Aliás, segurança pública, principal área do ministério a ele entregue, nunca foi sua área de especialização. Servidor público de carreira na Advocacia-Geral da União, coube a ele, como chefe da AGU, defender os atos de Bolsonaro durante esse período de pandemia.

Fez a AGU divulgar nota alertando que iria à justiça caso governadores adotassem medidas coercitivas extremas, como a prisão dos que desrespeitavam a quarentena, desautorizando ações como a do governador de São Paulo, João Doria.

Faz parte das competências da AGU defender a administração pública, mas isso deve se dar dentro do princípio constitucional da moralidade e do interesse público. Defender ações do governo que vão de encontro a todas as ações mundiais no combate ao coronavírus não estão dentro daquilo que podemos chamar de uma defesa pautada nos mais caros princípios da moralidade e do interesse público.

Qual é a relevância dessa nomeação neste momento? O pastor André Mendonça não foi escolhido pelo seu currículo no serviço público. Foi selecionado por pertencer a uma ala da igreja evangélica, ainda majoritária, que defende Bolsonaro com um messianismo jamais visto na igreja evangélica, pelo menos nestes meus mais de 25 anos como pastor. O primeiro sinal claro dos motivos dessa escolha foi seu primeiro pronunciamento quando assumiu o cargo. Mendonça usou um termo bastante conhecido pelos evangélicos ao se referir a Bolsonaro: profeta.

Além do agradecimento beirando à adulação, prática comum daqueles que veem a carreira pessoal como um fim em si mesmo, o novo ministro da Justiça fez uma menção teológica das mais vergonhosas, em um tom para alcançar a massa evangélica que ainda apoia cegamente o presidente. A fala absolutamente vergonhosa destoa completamente do linguajar e estilo de um pastor e teólogo oriundo de uma igreja tradicional reformada. Poderia ser dita por pastores como Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, ou pelo excêntrico “apóstolo” Agenor Duque, da Plenitude do Trono de Deus, ambos neopentecostais, mas não combina com um presbiteriano, o que torna a situação ainda mais escandalosa.

O pastor André Mendonça sabe exatamente o que é um profeta. Também sabe o peso de suas palavras para os evangélicos quando ele, pastor de uma denominação histórica e respeitável como a Igreja Presbiteriana do Brasil aponta para um homem como Bolsonaro e o chama de profeta. Esse peso toma ares de autoridade também pelo fato de ele ser agora o titular de um dos mais importantes ministérios da República. Ele sabe que profeta, em seu sentido bíblico, era alguém levantado por Deus para denunciar os desvios dos poderosos durante o período de Israel no velho testamento. Profetas bíblicos como Amós (4:1) que combateu os poderosos que oprimiam os pobres com palavras fortes:

Ouçam esta palavra, vacas de Basã, vocês que estão no monte de Samaria, que oprimem os pobres, esmagam os necessitados e dizem aos maridos: ‘Tragam vinho e vamos beber!’ O Senhor Deus jurou pela sua santidade que virão dias em que vocês serão arrastadas com ganchos; até as últimas de vocês serão levadas com anzóis de pesca. [Continua]

 

 

 

 
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