Comitês populares, sindicatos, movimentos sociais e partidos de esquerda estão unindo forças para combater as persistentes altas taxas de juros no país. Desta sexta-feira (25) a domingo (27), uma série de atividades está programada em todo o território nacional, visando não apenas discutir as taxas de juros, mas também pedir o afastamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pau-mandado de Jair Bolsonaro para sabotar o governo de Lula
O Movimento Conjunto dos Comitês Populares, um dos principais motores dessa mobilização, tem como objetivo engajar a população em debates sobre as altas taxas de juros herdadas da gestão anterior. Mesmo após uma modesta redução de 0,5% na última reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Brasil ainda ostenta a mais alta taxa de juros globalmente.
De acordo com Mariana Janeiro, secretária nacional de mobilização do Partido dos Trabalhadores (PT), a diminuição recente na taxa de juros não foi suficiente para estimular a economia. Ela enfatiza que essa herança de altas taxas de juros é resultado da administração anterior e precisa ser revertida pelo Banco Central. Mariana argumenta que, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições, é crucial unificar esforços para dar suporte ao presidente em questões centrais para a reconstrução do país.
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também está desempenhando um papel importante nesse movimento. Durante os congressos estaduais realizados em nove estados, trabalhadores têm denunciado o impacto negativo das taxas de juros em suas vidas. Janeslei Albuquerque, secretária Nacional de Mobilização e Relações com os Movimentos Sociais da CUT, destaca que esses congressos estão servindo como um fórum vital para ampliar a discussão e ações contra a abordagem do presidente do Banco Central.
Até o momento, 14 estados já anunciaram sua participação nas ações conjuntas, que estão abertas a todos os interessados. Informações detalhadas podem ser encontradas nas redes sociais dos comitês populares, como o@comitepopularoficialno Instagram e o@comitelulano Twitter. A mobilização em massa evidencia a determinação desses grupos em lutar por mudanças significativas na política monetária e na economia do país.
Por que a política de juros altos de Campos Neto é ruim? A economista Juliane Furno explica:
Marco Antonio Villa: Juros altos atrapalham o crescimento do Brasil
Eduardo Moreira: Política de juros altos é detonada por um dos pais do Plano Real
Comentário – O CIDADÃO presidente do Banco Central se aconselha com banqueiros, mas nunca, pelo que consta, consultou o movimento sindical dos trabalhadores!
Suposições: Por sua ignorância elitista e seu TERRAPLANISMO ECONÔMICO não deve saber que são os sindicatos que negociam salários, buscam todos os dias melhores condições de trabalho e empregos, atuam na defesa dos direitos dos trabalhadores e em suas lutas históricas conquistaram benefícios como jornada de trabalho de 8 horas/dia, férias, 13º salário, licenças, seguros e muitos outros. Por isso o sindicato é a correia de transmissão direta das necessidades e da realidade financeira e econômica dos trabalhadores diante do mercado de consumo.
Não conhecendo a função dos sindicatos, consulta somente banqueiros que são remunerados pelas taxas de juros abusivas definidas pelo Banco Central que por sua vez destroem o poder de compra e consumo do salário dos trabalhadores.
2 – O TERRAPLANISMO ECONÔMICO E O TESTE DO PUDIM.
Economia é uma disciplina da área das Humanidades. TERRAPLANISMO ECONÔMICO é quando o economista lida com a economia como se fosse da área de EXATAS deixando de fora de seus estudos, análises e previsões o SER HUMANO.
Na década de 90 o Jornalista Luis Nassif escreveu um livro chamado ” CABEÇAS DE PLANILHA” para explicar esse comportamento de uma parte dos economistas brasileiros. Os CABEÇAS DE PLANILHA usam o embuste cientificista para defender teses que não se sustentam diante da realidade quando se considera o Ser Humano em todas as suas complexidades. Esses economistas que trabalham no conforto dos seus escritórios climatizados, se fazem cegos ou simplesmente não tem interesse em analisar a realidade concreta dos trabalhadores assalariados, nunca desceram ao chão das fábricas, nunca visitaram o dia a dia das donas de casa no controle dos orçamentos domésticos, não conhecem a realidade dos aposentados que são arrimos de família, contabilizam a saúde pelo adoecimento, pela quantidade de procedimentos realizados e medicamentos vendidos mais nunca pela prevenção das doenças que reduzem os gastos dos sistemas de saúde, para citar apenas alguns simples exemplos.
Falta a esses economistas, seja por falta de interesse, má fé ou outro motivo não declarado, fazer o TESTE DO PUDIM, que o mesmo Jornalista Luis Nassif explica como o teste, na prática, da aprovação ou não do sabor do quitute, no caso a política econômica do momento propagada pela mídia como um mantra a ser seguido sem nenhuma crítica ou a possibilidade de contraposições.
“Nós vamos varrer Campos Neto do Banco Central”, protestou a presidente da UNE, Bruna Brelaz
Milhares de estudantes que participam do 59º Congresso da UNE protestaram nesta sexta-feira (14), em frente ao prédio do Banco Central (BC), contra os juros escorchantes de 13,75% e pediram o afastamento de Roberto Campos Neto da presidência da instituição.
“Nós vamos varrer Campos Neto do Banco Central. Os estudantes que derrotaram Bolsonaro irão botar pra correr o presidente do BC que mesmo com todos os indicativos de melhora na economia, insiste em manter nosso país com a maior taxa de juros do mundo!”, afirmou a presidente da UNE, Bruna Brelaz.
“Nosso povo não pode ser refém de taxas que impendem o desenvolvimento do Brasil e endividam a população! Os estudantes deram o recado: Fora Campos Neto!”, prosseguiu a líder estudantil.
No dia 21 de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano, sob a justificativa de que “é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante”.
A taxa está nesse nível desde agosto de 2022, e é a maior desde janeiro de 2017. A UNE tem sido uma das entidades com atuação nacional mais crítica à política de juros do BC e tem participado de forma recorrente de atos pela queda na taxa.
Os juros causam impacto no valor das mensalidades e em programas como Prouni e o Fies, que concedem bolsa e financiamento para acesso ao ensino superior.
Setores da indústria, do agro e da construção consideram que redução da Selic irá promover um aumento da produtividade e do consumo das famílias
Banco Central de Bolsonaro: o sabotador da economia brasileira | Endividamento das famílias
O chamado “efeito Lula” bateu à porta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Com aprogressiva melhora dos indicadores macroeconômicos, confirmada pela inflação de apenas 3,16%no acumulado de 12 meses em junho, representantes do setor produtivo esperam um corte da taxa básica de juros na próxima reunião do Comitê de Politica Monetária (Copom), marcada para os dias 1º e 2 de agosto.
Setores da indústria, do agro e da construção civil ouvidos pelo jornalFolha de S. Pauloconsideram que o início de um ciclo de cortes na Selic, hoje no patamar surreal de 13,75%, irá promover um aumento da produtividade e do consumo das famílias, acelerando o crescimento da economia. A pressão, portanto, só aumenta sobre Neto, o dândi do mercado financeiro.
A constatação é que a indústria avançou em 10 de 15 regiões avaliadas pela Pesquisa Industrial Mensal Regional (PIM Regional). Em comparação com maio de 2022, a produção cresceu em 12 dos 15 locais analisados e chegou a 1,9%.
Na média nacional, em maio, a indústria cresceu 0,3% em relação a abril, resultado ainda muito abaixo do potencial do setor. As maiores altas foram registradas no Amazonas (12,8%), Pernambuco (5,6%) e Paraná (5,3%). Sozinho, o parque regional de São Paulo, o mais rico e diversificado do país, avançou 2,9%.
“A redução da taxa de juros deverá melhorar o cenário prospectivo para a indústria de transformação”, aponta Igor Rocha, economista-chefe da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em entrevista àFolha.“Com melhores condições financeiras, é possível colocar em prática novos planos de investimentos e estimular o consumo de bens mais sensíveis ao crédito”, defende.
Para o economista, não há dúvidas de que a taxa Selic a 13,75% é mais nociva para a indústria de transformação do que para a economia em geral. A Fiesp calcula que, para cada cada ponto percentual de aumento da taxa real de juros, o impacto sobre o PIB do setor é 50% maior do que o do PIB total do país.
Além disso, os juros impedem o acesso ao crédito, como atesta a diretora-executiva de competitividade, economia e estatística da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Cristina Zanella, também em depoimento ao jornal.
“Hoje a taxa de juros para investimentos, a depender do perfil da empresa, pode ultrapassar 20% ao ano, valor muito superior ao retorno do investimento. Neste cenário o investimento produtivo se torna inviável”, lamenta Zanella. Para a economista, o crescimento sustentável do país tem de se apoiar no aumento do consumo das famílias, hoje estrangulado pelo endividamento gerado a partir dos juros exorbitantes do bolsonarista Neto.
Agro impactado por juros extorsivos
Até o agronegócio, um dos setores mais fortes do país, vem sofrendo perdas por causa da Selic. À Folha, o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Ingo Ploger, confirmou que as pequenas e médias empresas do agro se endividaram por causa dos juros. O resultado foi uma queda em novos investimentos.
“Isso fez com que a evolução da produtividade fosse afetada. Investimentos em armazenagem que são urgentes no Brasil quase pararam, deixando o setor mais vulnerável a intempéries de mercado e do clima”, ressalta.
Ploger calcula que uma redução da taxa de juros permitirá ao setor obter melhores condições de financiamentos e voltar a investir. “Haverá um alívio para o capital de giro, liberando recursos para investimentos, que se tornam mais viáveis, com os financiamentos para equipamentos e insumos mais adequados”.
Aumenta a pressão da classe política e do mercado sobre Roberto Campos Neto
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) criticou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta sexta-feira (23) após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), ligado ao BC, decidir na última quarta-feira (21) manter a Selic, taxa básica de juros,em 13,75%. "A autonomia do BC surgiu para que a independência fosse ampla, geral e irrestrita: da política, da mídia e do mercado. Obviamente a direção atual, ao manter os juros com inflação em queda, sabota o País. Tá na hora de mudar", disse o parlamentar.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu a decisão do Banco Central como umaguerra declarada. A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann (PR),cobrou de senadoresa análise de uma proposta com o objetivo de dar a parlamentares a autonomia para tirar executivos da autoridade monetária.
Xico Sá, Roberta Garcia e Cesar Calejon conduzem o programa ao lado dos comentaristas Guga Noblat, Heloísa Villela e André Roncaglia. Reinaldo Azevedo denuncia golpistas “fofos”, militares e juros criminosos
O sabotador bolsonarista do Banco Central manteve os juros na estratosfera, de 13,75%, diante de uma inflação acumulada de 3,94% nos últimos 12 meses.
Isso significa ganhos financeiros reais, acima da inflação, de quase 10% ao ano. De longe a maior taxa do mundo, que faz do Brasil o reino do parasitismo financeiro no planeta Terra.
Além do enorme consenso existente a respeito da política obscena do Banco Central, há também um grande clamor pela baixa imediata dos juros no país. Tudo isso, no entanto, não comove o sabotador bolsonarista do Banco Central.Nem mesmo na cartilha da ortodoxia neoliberal se encontra alguma explicação para a manutenção dos juros nesses patamares.
Esta política absurda só encontra justificativa na estratégia de terrorismo financeiro de Campos Neto para travar a economia e sabotar o governo Lula.
E esta escolha também gera, é claro, ganhos formidáveis para o rentismo por meio da rapinagem.
Considerando o estoque da dívida pública, a cada 1% de juros, cerca de 70 bilhões de reais que poderiam ser alocados nos orçamentos do SUS, educação, ciência & tecnologia, obras e investimentos prioritários são desviados do Tesouro Nacional para os bolsos de rentistas, financistas e parasitas do gênero na forma de pagamento de juros e serviços da dívida.
Campos Neto mostra a verdadeira natureza da sua gestão no Banco Central, que é independente e indiferente em relação ao governo, à população brasileira e aos interesses nacionais, e totalmente servil à pilhagem do capital financeiro e ao terrorismo da extrema-direita ultraliberal que sabota o governo Lula.
Efeito da agiotagem de Roberto Campos Neto: Quase 64% dos inadimplentes devem aos bancos
por Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil - Brasília
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A mercadoria que garante o ganha-pão de Guilherme Nogueira fica todos os dias, de segunda a sexta-feira, espalhada pelo chão de uma calçada na rua Uruguaiana, no centro da cidade do Rio de Janeiro. O jovem, de 28 anos, tinha um emprego formal, com carteira assinada até 2020.
Com a chegada da pandemia de covid-19, ele foi demitido e, desde então, tem que se virar como pode, para garantir o seu sustento e o de seu filho. Atualmente, vende mochilas que ficam expostas em uma lona para pessoas que transitam pela movimentada rua carioca.
“Tem dia que vende, tem dia que não vende. Tem dia que vende cinco, oito mochilas. Em outros, vende duas. É difícil, os guardas [municipais] querem pegar [apreender] as mochilas”, lamenta Guilherme.
A perda do emprego também o envolveu em uma situação que atinge hoje 66 milhões de brasileiros, segundo dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL): o jovem não consegue pagar suas contas.
Sem uma fonte de renda estável, Guilherme não consegue saldar suas dívidas com o cartão de crédito. “Eu não tinha condições de pagar o banco. Fiz um cartão de crédito e não tinha dinheiro na hora pra pagar. Tenho dívidas com cartão de dois bancos”, conta. “Não tenho nenhum plano para conseguir pagar isso. Está difícil”.
A inadimplência, ou seja, as contas ou dívidas em atraso, atinge, segundo o CNDL, quatro entre dez brasileiros adultos.
O número de dívidas em atraso no Brasil, em abril deste ano, cresceu 18,42% em relação ao mesmo período do ano passado. A dívida com os bancos é, segundo o CNDL, o principal motivo da inadimplência: 63,8% do total.
E, assim como Guilherme, em média os brasileiros inadimplentes devem a duas empresas. Quase metade dos brasileiros na faixa etária a qual pertence o vendedor ambulante (25 a 29 anos) estão na inadimplência.
Mas não são apenas os jovens que enfrentam o problema, nem os bancos são a única fonte das dívidas difíceis de pagar. Seu José Raimundo, de 67 anos, também é autônomo. Trabalha há anos como engraxate, a poucos metros de onde Guilherme vende suas mochilas.
E assim como o colega vendedor, foi muito impactado pela pandemia. Ainda sem conseguir contar com uma aposentadoria – ele deu entrada no Benefício Assistencial ao Idoso, mas ainda não recebeu o aval da Previdência Social para receber o dinheiro – ele perdeu grande parte da clientela que usava seus serviços antes da covid-19.
“Só por causa da pandemia, fiquei quase dois anos em casa. Depois fiquei doente, sem poder fazer nada. Fiquei três anos e pouco sem trabalhar. E aí foi atrasando tudo. Minha mulher sozinha pagando tudo: água, luz, telefone. O que eu mais atrasei foi a conta de água. Na hora que sair o benefício [da Previdência], eu vou conversar com a concessionária e parcelar. Não quero ficar devendo nada a ninguém. Não tenho essa índole de mau pagador”, conta o engraxate que retomou recentemente seu ofício.
Três em quatro idosos com 65 a 84 anos estão com dívidas em atraso no país. Água e luz respondem por 11,1% das inadimplências, percentual parecido com o do comércio, que representa 11,6% das dívidas não pagas.
E a inadimplência não poupa nem quem tem emprego formal. Alessandro Gonçalves tem 30 anos e trabalha como porteiro em um prédio comercial no centro da cidade do Rio.
Todo mês, ele precisa fazer malabarismos para garantir que seu dinheiro supra suas necessidades diárias. E isso envolve atrasar o pagamento de algumas contas. “É aquela dificuldade rotineira. Você tem uma conta pra pagar e não consegue. Chega no final do mês, pega o dinheiro pra pagar a conta e não consegue. O salário nosso, a gente faz uma conta e, quando chega no final do mês, não dá pra pagar. E aí a gente tem que atrasar as contas”.
Renda
Segundo Merula Borges, especialista em finanças da CNDL, a perda de renda é um dos motivos que levam as pessoas à inadimplência.
“Na pesquisa, quando as pessoas foram perguntadas sobre o motivo de elas terem entrado na inadimplência, elas disseram que tiveram perda de renda ou de si próprios, ou de alguém da família”, afirma Merula. “Isso é natural já que, quando a renda é menor, o espaço que os itens básicos ocupam no orçamento familiar é maior e as pessoas têm menos possibilidade de lidar com algum imprevisto que aconteça”.
Segundo a especialista, quem tem renda menor também precisa de mais disciplina financeira para evitar a inadimplência.
“Existe, sim, uma possibilidade de as pessoas se manterem adimplentes, apesar da renda mais baixa, mas é muito mais difícil. Então, o foco daquele que tem uma renda menor precisa ser em melhorar a qualificação, procurar cursos gratuitos, possibilidades de melhorar a própria renda para entrar em uma situação um pouco mais confortável”.
Merula diz que são necessárias políticas públicas que ajudem os brasileiros a saírem dessa situação de inadimplência. O governo federal prepara um programa, chamado Desenrola, que pretende renegociar até R$ 50 bilhões em dívidas de 37 milhões de pessoas físicas.
A política está sendo preparada pelo Ministério da Fazenda, que, em resposta à Agência Brasil, afirmou que “não se manifesta sobre medidas em elaboração”.
Brasileiros tentam quitar dívidas, mas juros e inflação atrapalham sair da inadimplência
A 'bola de neve' da dívida sob juros altos impede muitos de se verem livres dos pagamentos e arrastam mais pessoas para o grupo de inadimplentes. É no que dá a agiotagem do bolsonarista Roberto Campos Neto presidente do Banco Central
por Beatriz Pacheco /Valor Investe
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O número de brasileiros inadimplentes bateu recorde no início deste ano. Segundo a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) com o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), eram 66 milhões de devedores em março, ou seja, 40,6% da população adulta no país estava com o pagamento de pelo menos uma conta em atraso. É o maior número da série histórica. E embora o volume de dívidas tenha crescido junto com o grupo de devedores, uma parte dessas pessoas tem se esforçado para pagar parcelas mais altas e até quitar dívidas neste começo de ano.
Um levantamento inédito realizado pela Paschoalotto, plataforma de recuperação de crédito, compartilhado em primeira mão com o Valor Investe, mostra que o valor médio das parcelas de dívidas pagas subiu 22,3% em março comparado aos dois primeiros meses do ano.
Em janeiro, o tíquete médio recebido dos credores foi de R$ 472,46, em fevereiro, de R$ 455,34, e em março, R$ 570,37, que apontou alta de 21% sobre a parcela de janeiro e de 25% sobre fevereiro. A média das parcelas pagas de contas atrasadas no trimestre foi de R$ 496,15.
Diego Hernandez, economista e CEO da Ativo Investimentos, lembra que há uma sazonalidade relevante impactando esses dados. Em março, o orçamento do brasileiro teve um respiro após dois meses com reajustes de contratos de serviços e gastos com educação.
"O indicador de inflação desse começo de ano, nos primeiros dois meses, esteve bem inchado, justamente por conta desses fatores. Houve muitas repactuações de contratos de serviços de telecomunicações em janeiro, além dos pagamentos de tributos (IPTU, IPVA). Por isso, costuma ser um período mais tenso para o pagamento de dívidas", diz Hernandez.
Assim, o grupo de devedores cresceu 8,32% de março deste ano contra o mesmo mês do ano passado, segundo os dados do SPC Brasil, e na passagem de fevereiro para o mês seguinte, a alta foi de 1%. Esses dados compensaram o aumento do tíquete médio.
Mesmo elevando a parcela de amortização das dívidas, o montante da dívida total no mercado que foi paga no mês passado foi menor. Quer dizer: quem pagou, conseguiu elevar o valor de pagamento, mas, além do crescimento do número de inadimplentes, o número de boletos que não foram pagos em março superou o dos meses anteriores.
Resumidamente, março foi um mês de comportamentos díspares entre inadimplentes. Muita gente tentou pagar uma parcela maior e até se ver livre da dívida. Mas muito mais gente deixou de pagar os boletos.
No fim do primeiro trimestre, cada consumidor negativado devia, em média, R$ 3.974,73, conforme o mapeamento da CNDL com o SPC. E cada inadimplente tinha compromissos financeiros, em média, com duas empresas credoras.
Diego Mosquim, diretor de planejamento e coordenador da pesquisa da Paschoalotto, analisa que o maior desafio para o consumidor é pagar todas as dívidas em cenário de juros altos, que acaba dificultando a renegociação e honrar compromissos atrasados.
“Alguns fatores contribuíram para esse cenário: a alta da inflação; o uso crescente do cartão de crédito, através da oferta de novos produtos e serviços por bancos e fintechs; e a maior demanda por serviços, como viagens e compra de passagens aéreas, geralmente também pagos no cartão”, afirma.
Os principais credores
Com esse cenário, a prioridade dos brasileiros em março foi reduzir o montante das dívidas que costumam ter juros mais altos. Credoras nos segmentos de cartão de crédito e fintechs lideraram os recebimentos nesse primeiro trimestre, tendo captado, respectivamente, 22,3% e 5,3% dos valores pagos no período.
Na sequência, inadimplentes preferiram pagar o financiamento de veículos leves, com 4% do montante pago no mês, e outros 3,3% foram destinado à redução das dívidas com consórcios.
Pelo mapeamento da CNDL com o SPC Brasil, em termos de participação, o setor que concentrava volumes a receber da maior parte das dívidas no país em março era o bancário, credor de 64% do total.
"Se antes o brasileiro tomava dívida a 2% ao mês para pessoa física, agora pega a 5%, graças ao juro real mais elevado na economia. Isso impacta o montante da dívida e dificulta a amortização", retoma Fábio Sobreira, analista-chefe e sócio da Harami Research.
Ele explica que o cenário é como uma bola de neve: além dos juros altos, que tendem a continuar altos por algum tempo, a pessoa inadimplente ainda lida com a inflação persistente, que deteriora o poder de compra. Quer dizer, com todos os preços subindo, sobra menos dinheiro para pagar as dívidas e, muitas vezes, é preciso fazer mais dívidas para garantir a compra do básico.
"E assim chegamos nesse cenário, em que dois terços dos brasileiros estão endividados e, dentre esses, um quarto não tem condições de pagar a dívida", conclui Sobreira.
Marco Antonio Villa disse que as decisões de Roberto Campos Neto, sobre a taxa de juros "não seriam técnicas", mas sim "políticas" e "alinhadas com o último governo"
Roberto Campos, neto do Lanterna na Popa, a pedra no meio do caminho do Brasil sem medo, sem fome, sem peste, sem golpe. O Brasil do Primeiro Mundo
247 –O economista Uallace Moreira, secretário de Desenvolvimento do Ministério da Indústria e Comércio no governo Lula, faz duras críticas às taxas de juros brasileiras em sua conta no Twitter. O renomado economista levanta questões pertinentes sobre o impacto dessas taxas no cenário econômico do país.
Em suas publicações, Uallace destaca a maior taxa de juros reais do Brasil em comparação com o restante do mundo. Ele questiona como é possível promover um maior crescimento econômico e a rendustrialização diante dessa realidade. As altas taxas de juros podem dificultar o acesso ao crédito e desestimular investimentos produtivos, o que prejudica o desenvolvimento econômico e a modernização da indústria.
Além de suas críticas às taxas de juros, Uallace Moreira também ressalta a preocupação com as contas públicas, argumentando que a maior taxa de juros reais do mundo onera o governo. Confira a sabotagem, a agiotagem, a desgraceira do presidente do Banco Central, o inimigo do povo Roberto Campos Neto, nomeado por Jair Bolsonaro, o pior presidente do Brasil:
Uallace Moreira
@moreira_uallace
Taxa de juros reais Como promover maior crescimento econômico com a maior taxa de juros reais do mundo? Como promover a neoindustrialização com a maior taxa de juros reais do mundo? Lembrete: a maior taxa de juros reais do mundo onera as contas públicas...
Lula, na coletiva: "Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano?
“Os varejistas, os empresários, os trabalhadores não suportam mais a taxa de juros. O desemprego está mostrando a sua cara no setor de comércio, muitas lojas estão quebrando, fechando”, alertou Lula, em Londres
Para mantero plano de sabotar o desenvolvimento e a soberania econômica do país, Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, decidiu, na semana passada, manter a taxa Selic no mesmo nefasto patamar de 13,75%. Pela sexta vez consecutiva. A descabida justificativa de Neto para sabotar a atividade produtiva, a inflação, no entanto, caiu por terra mais uma vez. Durante entrevista coletiva em Londres, no Reino Unido, no sábado (6), o presidente Lula nocauteou o argumento de que é preciso segurar os juros porque a inflação continua longe do centro da meta de 3,25% estabelecida para 2023.
“Outro dia, eu o vi dando uma entrevista, dizendo que, para atingir a meta de 3%, a taxa de juros deveria ficar acima de 20%. Tá louco?”, perguntou o presidente. Esse cidadão não pode estar falando a verdade”.
“Se a gente quiser gerar emprego no país, temos de ter crédito para o trabalhador, para o pequeno e médio empreendedor, para as grandes empresas. Senão o país não cresce”, explicou o petista.
Dinheiro circulando
“Preciso de um país que tenha um Banco do Brasil, uma Caixa Econômica, um BNDES, um BNB (Banco do Nordeste), um Base (Banco da Amazônia) com capacidade de emprestar, porque se não tiver dinheiro circulando, não tem desenvolvimento econômico”, advertiu Lula. “O Brasil não tem mais carro popular. Como é que um pobre que trabalha vai comprar um carro de R$ 70 mil?”
“Nunca me viram bater no Banco Central”, afirmou o presidente, durante a coletiva. “Eu não bato no Banco Central, porque o Banco Central não é gente, é um banco. O que eu discordo é da política. É isso. Quem concorda com a política de juros a 13,75%, defenda publicamente. Eu não concordo”, sentenciou.
“Se você tem compromisso com o crescimento da economia, com geração de emprego e com inflação, cuide dos três. Com os juros a 13,75%, os outros dois [economia e emprego] não serão cumpridos”, destacou.
Autonomia do BC
“Eu não discuto autonomia do Banco Central”, avisou o presidente. “Eu duvido que esse cidadão tenha mais autonomia do que o Henrique Meirelles [ex-presidentedo BC]. O Meirelles tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele, olhando as preocupações. Esse cidadão não tem”, avaliou Lula.
“Ele tem compromisso com o Brasil? Não tem. Ele tem compromisso com o outro governo, que o indicou, é importante ficar claro. Ele tem compromisso com quem gosta de taxa de juros alta”, disse, referindo-se ao mercado financeiro.
“Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do Banco Central, quem vai reclamar? O presidente americano? Então, me desculpem, o Banco central tem autonomia mas não é intocável”.
Para Lula, a atuação do BC está diretamente relacionada ao crescimento econômico e à geração de empregos - (crédito: Fotos Ricardo Stuckert/PR)
Para o presidente, Campos Neto trabalha contra o país e tem dois compromissos: com Bolsonaro e com quem quer a Selic alta
Londres — Numa das investidas mais pesadas contra o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, Luiz Inácio Lula da Silva disse, ontem, sem citar o nome do desafeto, "que aquele cidadão não tem compromisso com o país, tem compromisso com o outro governo (de Jair Bolsonaro)" e que a autoridade monetária tem autonomia, mas "não é intocável". Para o presidente da República, que veio a Londres para a coroação do rei Charles III, a questão não é a autonomia, mas o compromisso que a diretoria da instituição tem com a economia do país.
"Indiquei (Henrique) Meirelles para o Banco Central. Ele era do PSDB. Eu nem o conhecia. Duvido que aquele cidadão (Campos Neto) tenha mais autonomia que o Meirelles, que tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele. Esse cidadão (Campos Neto) não tem. Não tem nenhum compromisso comigo. Tem compromisso com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta. Porque não há outra explicação", afirmou.
Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica em 13,75% ao ano, dando sinais de que não mexerá na Selic tão cedo. O presidente lembrou que Campos Neto disse, recentemente, que para o Brasil atingir a meta de inflação de aproximadamente 3%, seria preciso que os juros para perto de 20%.
"Está louco? Esse cidadão não pode estar falando a verdade. Se eu, como presidente, não puder reclamar dos equívocos do presidente do BC, quem vai reclamar? O presidente americano? Me desculpem, o BC tem autonomia, mas não é intocável", apontou.
Para Lula, a atuação do BC está diretamente relacionada ao crescimento econômico e à geração de empregos. "Com juros de 13,75% ao ano, não se resolve esses dois casos", assinalou. O presidente garantiu que a economia vai crescer neste ano porque o governo "está injetando dinheiro na veia". "Temos de criar empregos, dar dignidade aos trabalhadores", complementou.
Nova meta
Apesar das duras críticas ao BC, Lula afirmou que não bate na instituição "porque o BC não é gente". "Só não concordo com a atual política de juros. Sei que tem a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), mas que, então, se mude a meta. Pode mudar a hora que quiser", ressaltou. Segundo ele, empresários do varejo e da indústria e trabalhadores não suportam mais as altas taxas de juros. "Não tem crédito. Sem crédito, fica difícil a economia crescer", acrescentou.
O presidente lembrou que, nos dois primeiros mandatos, quando o BC de Meirelles aumentava a taxa básica de juros (Selic), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) reduzia a TJLP, "que não existe mais, acabou". Lula disse, ainda, que o governo tem o Banco do Brasil, a Caixa, o BNDES e o Banco do Nordeste com capacidade de emprestar, mas o BC dificulta. Destacou, ainda, que, se precisar, fará um acordo com empresários para reduzir preços e, assim, derrubar a inflação.
Lula também não economizou nas críticas à privatização da Eletrobras. "O governo tem 43% das ações da empresa, mas apenas 8% dos votos. Isso não é possível. Se o governo quiser comprar a Eletrobras de volta, terá de pagar três vezes o valor oferecido por outro comprador. Além disso, depois que a empresa foi privatizada, os salários dos diretores passaram de R$ 60 mil para R$ 300 mil, e os conselheiros recebem R$ 200 mil por uma reunião por mês", frisou.