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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

21
Set21

STJ recebe denúncia contra Wilson Lima por crimes no combate à Covid-19

Talis Andrade

 

 

por Danilo Vital /ConJur

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A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça recebeu, nesta segunda-feira (20/9), denúncia contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e outras 12 pessoas por supostos crimes cometidos na compra de ventiladores pulmonares para o tratamento de Covid-19.

Por unanimidade, os ministros acompanharam o voto do relator, ministro Francisco Falcão, no sentido de processar o governador e demais acusados pelos crimes de dispensa de licitação sem observância das formalidades legais, fraude em licitação por aumento abusivo de preços e sobrepreço, peculato e organização criminosa.

Wilson Lima e o ex-secretário João Paulo Marques do Santos também responderão por embaraço à investigação de organização criminosa. Por outro lado, a denúncia foi rejeitada contra outros dois investigados.

O ministro Falcão ainda foi acompanhado na decisão de não desmembrar o processo, embora, entre todos os denunciados, apenas o governador tenha prerrogativa de foro no STJ. Entendeu que essa divisão, com envio dos autos para as instâncias ordinárias, colocaria em risco a instrumentalidade na busca conjunta da verdade na instrução processual e o objetivo de não proferir decisões contraditórias.

A denúncia, oferecida pelo Ministério Público Federal e assinada pela subprocuradora Lindôra Araújo, é fruto de uma investigação que começou em 2020 e durante a qual se apurou que 28 respiradores foram comprados sem licitação por meio de esquema fraudulento.

O esquema
Segundo o ministro Falcão, as investigações conduzidas pela Polícia Federal e a concatenação dos fatos feita pela denúncia do MPF levam à conclusão de que existe justa causa para processar o governador Wilson Lima.

Ele teria exercido o comando de uma organização criminosa com o objetivo de fraudar a compra de ventiladores pulmonares por meio de dispensa de licitação e peculato.

Em suma, isso aconteceu quando pediu ao então secretário de saúde, Rodrigo Tobias, para incluir o empresário Gutemberg Alencar no processo de compra dos equipamentos, em 4 de abril. A data era o limite para recebimento de proposta no procedimento de aquisição, da qual saiu vencedora a empresa Sonoar.

Gutemberg é apontado como o operador do esquema que levou o governo amazonense a considerar vencedora outra proposta, feita pela loja de vinhos FJAP em 6 de abril, fora do prazo inicial fixado no procedimento de aquisição. O valor final foi R$ 496 mil acima do que fora proposto pela Sonoar.

No dia seguinte, 9 de abril, a loja de vinhos recebeu R$ 2,9 milhões do governo amazonense. Em suma, a empresa teria servido como intermediária ao simplesmente comprar os aparelhos da Sonoar e repassar ao poder público com valor supostamente ainda mais superfaturado.

O equipamento que, mesmo durante a epidemia, custava R$ 17 mil (cada unidade) foi vendido por mais de R$ 100 mil ao poder público.

Ainda segundo o relator, houve deliberada adulteração do procedimento de compra, sobretudo para regularização de documentação perante o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Amazonas.

Julgamento longo, caso extenso
Para analisar o recebimento da denúncia, a Corte Especial marcou sessão extraordinária, única maneira suficiente de acomodar o caso. No período da manhã, foram feitas 12 sustentações orais. O julgamento foi interrompido para almoço e, no período da tarde, o colegiado deliberou até o início da noite após a leitura do longo voto do relator.

O único ponto de discordância que surgiu no caso diz respeito a preliminares de cerceamento de defesa, levantada pelos advogados de alguns dos réus em referência à juntada de novos autos pela Polícia Federal após o último adiamento do recebimento da denúncia. A alegação é que algumas das defesas não puderams e manifestar por último quanto a esses documentos.

Também por conta da tramitação tumultuada do caso, o advogado do governador Wilson Lima, Nabor Bulhões, apontou que o relator não teria examinado a matéria na perspectiva da defesa, pois teria liberado o voto para os colegas no sistema eletrônico da corte com muita antecedência.

O relator afastou as alegações, apontando que o adiamento foi justamente para oferecer aos defensores a possibilidade de analisar documentos e se pronunciar sobre os mesmos, além da não-comprovação de prejuízo. Apenas o ministro Raul Araújo divergiu quanto a essa preliminar.

APn 933

19
Jun21

CPI da Covid-19 quer ouvir Wizard sobre compras superfaturadas

Talis Andrade

Carlos Wizard

 

Empresário milionário escapou do Brasil para o México e a Polícia Federal tem ordem para trazê-lo à força

 

 
O empresário Carlos Wizard sabe por que está sendo procurado pela CPI da Covid-19. E a CPI sabe por que o procura. Wizard escapou do Brasil para o México desde março último. A pedido da CPI, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, autorizou que ele seja conduzido a depor à força.Leitores comentam a convocação de Carlos Wizard à CPI da Covid - 17/06/2021  - Painel do Leitor - Folha
 
 
Wizard fez parte do gabinete paralelo montado no Palácio do Planalto para aconselhar Bolsonaro no suposto combate à pandemia. Foi uma das vozes que disseram ao presidente só o que ele queria escutar – tratamento precoce, uso de cloroquina contra o vírus, não ter pressa na compra de vacinas. Quase virou ministro.
 

O gabinete paralelo é um dos alvos da CPI, mas não o principal. Há fortes indícios de que Wizard lucrou com a compra superfaturada de respiradouros e de outros equipamentos necessários à instalação de hospitais de campanha para abrigar doentes do vírus. E é principalmente sobre isso que a CPI quer ouvi-lo.

Gilmar Fraga: CPI da covid... | GZH

06
Jun21

Os crimes de guerra e a Lei Wilson Lima

Talis Andrade

 

por José Ribamar Bessa Freire /Taqui Pra Ti

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Ao presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira

Saudações!

Escrevo essa carta, mas não repare os senões, como canta Waldick Soriano. Essa abertura vai também em ‘latinorum’ para ser entendida pelos assessores jurídicos do Congresso Nacional: Salutationes, ad te epistulam scribo, sed maculam non observat, aequare Waldickus Sorianus cantat.

O objetivo dessa missiva é sugerir medidas para pôr fim à indústria do pixulé e acabar com um determinado tipo de corrupção no Brasil. Assim como temos a Lei Maria da Penha, a Lei Aldir Blanc, a Lei Rouanet, proponho que seja colocado em votação um projeto de lei (PL) que, se aprovado, ficará conhecido como Lei Wilson Lima (LWL), em homenagem ao ainda governador do Amazonas. Antes, porém, apresento a justificativa com base numa analogia com as atividades bélicas. 

Toda guerra é sempre uma manifestação de barbárie, de bestialidade humana, de incapacidade para resolver conflitos de forma civilizada. É a negação da civilização, “a coisa mais desprezível que existe”, segundo Einstein. Trata-se de uma “matança legal” cometida por estados nacionais com seus exércitos. Mas até mesmo qualquer guerra, que permite o que em tempo de paz é considerado um crime, prevê punição para atrocidades classificadas pelo direito internacional como “crimes de guerra”. Eles constam na lista aprovada em 1949 pela Convenção de Genebra: estuprar mulheres, torturar prisioneiros, usar gás venenoso, entre outros.

Crime consentido

 

Ocorre o mesmo com a corrupção que, junto com a política negacionista da vacina, é responsável por grande parte de quase meio milhão de mortos, e deve ser encarada como a guerra. Por isso, a Lei Wilson Lima (LWL) diferencia a “corrupção consentida” da “corrupção hedionda”.  A primeira equivale a matar soldados inimigos no campo de batalha. A segunda equivale ao “crime hediondo” de estupro ou de tortura.

Tal distinção se faz necessária, considerando a incapacidade do Poder Judiciário de coibir certos delitos previstos pela atual legislação, para os quais faz vista grossa, arquiva processos e deixa impunes os seus autores, o que desmoraliza os nossos tribunais. Trata-se, portanto, de descriminalizar certo tipo de corrupção, classificando-a como uma prática legítima e legal, que deve obedecer algumas normas estabelecidas pela Lei Wilson Lima.

Da mesma forma que em tempo de guerra é permitido matar, em tempo de corrupção, como o que vivemos, devem ser permitidos certos roubos, como a Rachadinha, que deixa de ser tipificada como crime e passa a ser consentida. Seus autores, que tanto lutaram pela impunidade, podem agora limpar a ficha.

O senador Flávio Rachadinha Bolsonaro, a Wal do Açai, candidata derrotada a vereadora em Angra dos Reis, e Fabricio Queiroz, já lançado candidato a deputado federal nas eleições do próximo ano, se dedicarão a atividades políticas sem necessidade de explicar a mixaria do depósito de R$ 89.000,00 na conta de Michelle Bolsonaro. Dessa forma, eles podem até nos dar lições de moral e bons costumes, com alto grau de conhecimento.

Senhor presidente da Câmara de Deputados, Arthur Lira, se aprovada a Lei Wilson Lima, muitos integrantes da base do governo não se mexerão ao ouvirem o general Heleno dizer: “Se gritar pega ladrão, não fica um do Centrão”. Embora o Centrão, liderado pelo senhor, tenha se especializado em assaltar os cofres públicos, não se trata de “crime de guerra” porque o dinheiro desviado não estava destinado à merenda escolar ou aos hospitais, o que configuraria um “crime hediondo” que, esse sim, deve ser punido, ainda mais em plena pandemia.

E aqui entra o ponto central da Lei Wilson Lima sacramentada pela Convenção de Itaituba. A Operação Sangria da Polícia Federal que investiga desvios de verbas da saúde do Amazonas, detectou compra superfaturada de respiradores em loja de vinhos com dispensa de licitação, além de mutretagem na construção do hospital de Campanha Nilton Lins, em Manaus, que devia ser usado para o combate à Covid-19. Isso quando amazonenses morriam sufocados por falta de oxigênio.

 

Crime hediondo

O ministro Francisco Falcão do Superior Tribunal de Justiça, na Cautelar Inominada Criminal nº 60 – seja lá o que isso signifique – decidiu decretar a prisão temporária, a expedição de mandados de busca e apreensão, bem como o deferimento de medida de afastamento de sigilo bancário, fiscal e telemático dos investigados. Ele diz que “são gravíssimos os delitos apurados neste inquérito, dentre eles, fraude e direcionamento de certames licitatórios, desvios de recursos públicos, lavagem de dinheiro em contexto de associação criminosa, perpetrados de forma sistêmica no âmbito do governo do Estado do Amazonas”.

As provas apontam o governador Wilson Lima como comandante do esquema de dispensa de licitação montado com data retroativa. Nascido em Santarém, locutor de rádio em Itaituba, repórter da TV Tapajós e jornalista em Manaus, antes de ser governador pelo Partido Social Cristão (PSC vixe vixe), esse aliado negacionista e cloroquinista de Jair Bolsonaro, foi entregue pelo Centrão às feras com o objetivo de desviar o foco da CPI do Palácio do Planalto para a periferia.Bolsonaro terá o apoio dos dois candidatos a governador no Amazonas,  isolando Haddad | Blog do Hiel Levy

Partido do Wilson Lima oficializou o... - No Amazonas é assim | Facebook

Agora, só resta a Wilson Lima, acusado de crime hediondo, usar os argumentos da mãe de Geddel Vieira Lima, quando a polícia encontrou malas e malas de dinheiro em seu apartamento:

– Meu filho não é bandido, ele é doente.

Assim, os corruptos que cometerem crime hediondo talvez escapem da Unidade Prisional de Puraquequara, alegando terem contraído a cleptomania epidêmica que se alastra pelo país.

A Lei Wilson Lima pode livrar os genocidas da cadeia, da mesma forma que a política anticiência, convencida da importância da liberdade, deu plena autonomia para o covid-19 circular pelo país. É simples assim: um manda e outros obedecem.

 

 
22
Mar21

As Forças Armadas e o genocídio no Brasil

Talis Andrade

 

Por Jeferson Miola
O general-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva publicou artigo no Estadão [20/3] para tentar livrar a responsabilidade das Forças Armadas pela hecatombe que até o momento já causou o morticínio de quase 300 mil brasileiros/as e segue em descontrolada espiral.

Com informações fantasiosas e um relato ufanista e laudatório, o artigo já inicia com uma mentira no título: “Forças Armadas na Operação COVID-19, um ano salvando vidas”.

A realidade apresentada é um disparate absoluto. A começar pela omissão de que foi o general-ministro da morte Eduardo Pazuello quem comandou a irresponsável, desastrosa e criminosa gestão da pandemia.

E Pazuello é um general da ativa! Por isso, inevitavelmente vincula o Exército Brasileiro [EB] à responsabilidade pela terrível catástrofe que tornou o Brasil uma ameaça planetária. O general-paspalhão aboletou no ministério da saúde um destacamento militar que usurpou a memória técnica, a inteligência científica e a capacidade estratégica e operacional do SUS.

Azevedo e Silva enaltece a ação por terra, mar e ar das Forças Armadas [FFAA] – aviões da FAB transportando oxigênio, navios da Marinha levando vacina às comunidades ribeirinhas, soldados do EB apoiando vacinação de indígenas – como “pequenos exemplos do trabalho diário, constante e silencioso das Forças Armadas na Operação Covid-19” e do “engajamento decisivo dos nossos militares”.

Ele diz que “O planejamento foi de uma operação militar de guerra” [sic]. “Os números da Operação Covid-19 mostram o tamanho do esforço [sic]. São empregados, diariamente, cerca de 34 mil militares, efetivo maior que o da participação brasileira na 2ª Guerra Mundial”, afirma.

Capa da revista ISTOÉ 19/03/2021Conhecendo-se os resultados desastrosos deste “planejamento”, é de se supor que o despreparo e a incompetência para a defesa do Brasil em eventual guerra são de tal ordem que as FFAA brasileiras seriam derrotadas até para uma inexistente Marinha da vizinha Bolívia.

Como se o Brasil inteiro não estivesse enfrentando um colapso das dimensões de Manaus, o general-ministro relata que “os aviões da FAB já voaram o equivalente a 55 voltas ao mundo transportando oxigênio, respiradores, medicamentos, vacinas, equipes de saúde e pacientes”.

Mesmo o noticiário recente retratando a falta de insumos, equipamentos e medicamentos e a compra de máscaras inadequadas e a preços superfaturados, o delirante texto cita uma suposta reconversão produtiva como outra dimensão do heroísmo militar: “Empresas responsáveis por mais de 1 milhão de empregos diretos adaptaram suas linhas de produção. Equipamentos bélicos deram lugar a equipamentos de proteção individual e outros itens essenciais”.

Azevedo e Silva ainda destaca que as FFAA desenvolvem outras ações “enquanto transcorre a Operação Covid-19”. Como exemplo disso, e talvez tomado por algum surto delirante, ele cita a “operação de garantia da lei e da ordem ambiental na Amazônia […] com resultados expressivos na redução do desmatamento”.

Num esforço ineficaz de desvincular as FFAA da devastação do país e da hecatombe que o próprio governo militar está promovendo, o general-ministro da Defesa declara que “Há um ano, Marinha, Exército e Força Aérea correm contra o tempo e lutam, no limite das suas capacidades, para salvar e preservar vidas. E assim será enquanto se fizer necessário”.

Por mais que tentem, estes militares que conspiraram para voltar ao poder por meio de uma eleição ilegítima em que o principal concorrente foi alijado numa farsa burlesca, eles não conseguirão se livrar das responsabilidades que objetivamente ou subjetivamente assumem pelos crimes perpetrados contra o país e o povo brasileiro.

O artigo do general-ministro Fernando Azevedo e Silva parece uma tentativa desesperada dos militares que estão baratinados diante do esboroamento da situação e da aproximação do prazo de validade do regime.

É hora de baterem em retirada e voltarem aos quartéis – de onde, aliás, jamais deveriam ter saído para atuarem na política. Ao invés disso, contudo, eles esperneiam e ameaçam com a escalada ditatorial e medidas autoritárias típicas de Estado Policial.

Capa da revista Veja 19/03/2021

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21
Mar21

Este Governo tem que cair. Preservá-lo é ser cúmplice. Por Vladimir Safatle

Talis Andrade

Imagem que percorreu as redes sociais do idoso morto no chão de uma UPA em Teresina. Reprodução Redes Sociais / El País

 

Há um ano, movimentos exigiam impeachment de Bolsonaro, mas foram desqualificados pois era momento do Brasil se unificar diante dos desafios da gestão da pandemia. O tempo passou e ficou claro que a verdadeira crise brasileira é o próprio presidente, que trabalha para aprofundá-la

por Vladimir Safatle / El País /Espanha

Na última sexta feira, a imprensa noticiou que “um homem”, “um idoso” morreu no chão de uma Unidade de Pronto Atendimento em Teresina. O “homem” apresentava problemas respiratórios, mas a UPA não tinha maca disponível, não tinha leito e muito menos vaga em UTI. Ao fim, ele morreu de parada cardíaca. Sua foto circulou na imprensa e redes sociais enquanto o Brasil se consolidava como uma espécie de cemitério mundial, pois é responsável por 25% das mortes atuais de covid-19. País que agora vê subir contra si um cordão sanitário internacional, como se fôssemos o ponto global de aberração.

O “homem” em questão era negro e vinha de um bairro pobre na zona sul de Teresina, Promorar. Ele morreu sem que veículos de imprensa sequer dissessem seu nome. Uma morte sem história, sem narrativa, sem drama. Mais um morto que existiu na opinião pública como um corpo genérico: “um idoso”, “um homem”. Não teve direito à descrição de sua “luta pela vida”, nem da dor em “entes queridos”. Não houve declarações da família, nem comoção ou luto. Afinal, “um homem” não tem família, nem lágrimas. Ele é apenas o elemento de um gênero. Dele, vemos apenas seus últimos momentos, no chão branco e frio, enquanto uma enfermeira, com parcos recursos, está a seu lado, também sentada no chão, como quem se encontra completamente atravessada pela disparidade entre os recursos necessários e a situação caótica em sua unidade hospitalar. Reduzido a um corpo em vias de morrer, ele repete a história imemorial da maneira com que se morre no Brasil, quando se é negro e se vive na em bairros pobres. A foto de seus momentos finais só chegou até nós porque sua história tocou a história da pandemia global.

Enquanto “um homem” morria no chão de uma Unidade de Pronto Atendimento, com o coração lutando para conseguir ainda encontrar ar, o Brasil assistia ao ocupante da cadeira de presidente a ameaçar o país com estado de sítio, ou “medidas duras” caso o STF não acolhesse sua exigência delirante de suspender o lockdown aplicado por governadores e prefeitos desesperados. Não se tratava assim apenas de negligencia em relação a ações mínimas de combate a morte em massa de sua própria população. Nem se tratava mais da irresponsabilidade na compra e aplicação de vacinas, até agora fornecidas a menos de 5% da população geral. Tratava-se, na verdade, de ameaça de ruptura e de uso deliberado do poder para preservar situações que generalizarão, para todo o país, o destino do que ocorreu em Teresina com “um homem”. Generalizar a morte indiferente e seca. Ou seja, via-se claramente uma ação deliberada de colocar a população diante da morte em massa.

Enquanto nossos concidadãos e concidadãs morriam sem ar, no chão frio de hospitais, a classe política, os ministros do STF não estavam dedicando seu tempo a pensar como mobilizar recursos para proteger a população da morte violenta. Eles estavam se perguntando sobre se Brasília acordaria ou não em estado de sítio. Ou seja, estávamos diante de um governo que trabalha, com afinco e dedicação, para a consolidação de uma lógica sacrificial e suicidária cujo foco principal são as classes vulneráveis do país. Um governo que não chora pela morte de suas cidadãs e seus cidadãos, mas que cozinha, no fogo alto da indiferença, o prato envenenado que ele nos serve goela abaixo. Não por outra razão “genocídio” apareceu como a palavra mais precisa para descrever a ação do governo contra seu próprio povo.

Um governo como esse deve ser derrubado. E devemos dizer isto de forma a mais clara. Preservá-lo é ser cúmplice. Esperar mais um ano e meio será insanidade, até porque há de se preparar para um governo disposto a não sair do poder mesmo se perder a eleição. Vimos isso nos EUA e, no fundo, sabemos que o que nos espera é um cenário ainda pior, já que este é um Governo das Forças Armadas.

Cabe a todas e todos usar seus recursos, sua capacidade de ação e mobilização para deixar de simplesmente xingar o governante principal, gritar para que ele saia, e agir concretamente para derrubá-lo, assim como a estrutura que o suportou e ainda o suporta. A função elementar, a justificativa básica de todo governo é a proteção de sua população contra a morte violenta vinda de ataques externos e crises sanitárias. Um governo que não é apenas incapaz de preencher tais funções, mas que trabalha deliberadamente para aprofundá-la não pode ser preservado. Ele funciona como um governo, em situação de guerra, que age para fortalecer aqueles que nos atacam. Em situação normal, isso se chama (e afinal, o vocabulário militar é o único que eles são capazes de compreender): alta traição. Um governo que não tem lágrimas nem ação para impedir que “um homem” morra no chão de um hospital, que age deliberadamente para que isso se repita de forma reiterada perdeu toda e qualquer legitimidade. Não há pacto algum que o sustente. E toda ação contra um governo ilegítimo é uma ação legítima.

Na verdade, esse governo já nasceu ilegítimo, fruto de uma eleição farsesca cujos capítulos agora veem à público. Uma eleição baseada no afastamento e prisão do candidato “indesejável” através de um processo no qual se forjou até mesmo depoimentos de pessoas que nunca depuseram. Ele nasce de um golpe militar de outra natureza, que não se faz com tanques na rua, mas com tweets  enviados ao STF ameaçando a ruptura caso resultados não desejados pela casta militar ocorressem influenciando as eleições.

Há um ano, vários de nós começaram movimentos exigindo o impeachment de Bolsonaro. Não faltou quem desqualificasse tais demandas, afirmando que, ao contrário, era momento do Brasil se unificar diante dos desafios da gestão da pandemia, que mais um impeachment seria catastrófico para a vida política nacional, entre outros. Um ano se passou e ficou claro como o sol ao meio-dia que a verdadeira crise brasileira é Bolsonaro, que não é possível tentar combater a pandemia com Bolsonaro no governo. Mesmo assim, setores que clamavam por “frentes amplas” nada fizeram para realizar a única coisa sensata diante de tamanho descalabro, a saber, derrubar o governo: mobilizar greves, paralisações, bloqueios, manifestações, ocupações, desobediência civil para preservar vidas. Como dizia Brecht, adaptado pelos cineastas Straub e Huillet, só a violência ajuda onde a violência reina.

A primeira condição para derrubar um governo é querer que ele seja derrubado, é enunciar claramente que ele deve ser derrubado. É não procurar mais subterfúgios e palavras outras para descrever aquilo que compete à sociedade em situações nas quais ela está sob um governo cujas ações produzem a morte em massa da população. Há um setor da população brasileira, envolto em uma identificação de tal ordem, que irá com Bolsonaro, literalmente, até o cemitério. Como já deve ter ficado claro, nada fará o governo perder esse núcleo duro. Cabe aos que não querem seguir essa via lutar, abertamente e sem subterfúgios, para que o governo caia.

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19
Mar21

Com UTIs em colapso pelo Brasil, Queiroga de mãos vazias quer ir a hospitais investigar se pessoas estão morrendo de Covid

Talis Andrade

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Marcelo Queiroga, não confia nos médicos e enfermeiros. Diz em conversas que, ao assumir o ministério da Saúde, pretende ir aos hospitais numa espécie de blitz para conferir pessoalmente se as UTIs estão lotadas e se as pessoas estão mesmo morrendo de Covid.

A besta quadrada devia também passar pelos cemitérios. Que todo santo dia os mais pobres morrem em casa sem ar, sem nenhum medicamento, que o kit cloroquina já não engana nem mesmo os bolsonaristas

 

Marcelo Queiroga, médico anunciado como ministro da Saúde,  pretende ir aos hospitais checar se as pessoas estão mesmo morrendo de Covid. A informação é do colunista Lauro Jardim, do O Globo. É uma missão macabra para agradar Jair Bolsonaro, que nunca lastimou nenhuma morte. 

Enquanto a pandemia avança em seu pior momento no país, com falta de vagas em UTIs para tratamento de Covid e aumento do número de óbitos, sem que o governo tenha um plano nacional efetivo de combate e de imunização, o anunciado como novo ministro da Saúde - que ainda não tomou posse - diz em conversas que, ao assumir, pretende ir aos hospitais numa espécie de blitz para conferir pessoalmente se as UTIs estão lotadas e se as pessoas estão mesmo morrendo de Covid.

A medida lembra as invasões a hospitais de campanha por bolsonaristas em São Paulo, que apareciam de surpresa para verificar a ocupação de leitos durante a pandemia do coronavírus, em junho do ano passado.

Como faz desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro mantém a campanha negacionista e coloca em dúvida o número de mortes pela doença, ignorando o avanço da pandemia.

"Parece que só morre de Covid. Você pega, você pode ver... Os hospitais estão com 90% das UTIs ocupadas. Quantos são de Covid e quantos são de outras enfermidades?", disse Bolsonaro.

Segundo o colunista, Queiroga, nestas conversas, tem também se mostrado preocupado com a vacina de Oxford, a que a Fiocruz está produzindo. Disse que a suspensão de sua aplicação em diversos países europeus deve ser acompanhada com muita atenção.ImageImage

Alta de mortes por Covid-19 pressiona sistema funerário em capitais

 

Prefeituras, responsáveis por sepultamentos, estão abrindo mais vagas em cemitérios e temem surto da doença entre funcionários do setor

 

por Anna Gabriela Costa e Rafaela Lara, com colaboração de José Brito, da CNN, em São Paulo
 

Com a alta de mortes por Covid-19 e a iminência de colapso do sistema de saúde de todo o Brasil, o sistema funerário tem sentido a pressão em ao menos quatro capitais.

CNN consultou prefeituras de seis capitais, de diferentes regiões, de Estados com mais de 80%de taxa de ocupação dos leitos de UTI: São Paulo, Porto Alegre, Porto Velho, Campo Grande, Salvador e Rio de Janeiro.

Somente na cidade de São Paulo, o número de sepultamentos nos 22 cemitérios municipais da cidade chegou a 336 na terça-feira (16) – o mais alto dos últimos sete dias, segundo dados do Serviço Funerário do Município de São Paulo (SFMSP).

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Kit intubação: Anvisa tenta evitar desabastecimento de medicamentos

 

Entre as ações adotadas, a agência simplificou o pedido de registro de medicamentos que possam ser utilizados no tratamento na UTI

 

Tiê Reis Santoro, da CNN em São Paulo
 

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou nesta sexta-feira (19) que está trabalhando para evitar o desabastecimento de medicamentos, principalmente aqueles usados para intubar pacientes com Covid-19.

Entre as ações adotadas, a Anvisa simplificou o pedido de registro de medicamentos que possam ser utilizados no tratamento da doença, e orientou as empresas que tiverem condições de fornecer os produtos em curto prazo, com provas de eficácia, qualidade e segurança, para entrar em contato com a agência.

O principal objetivo é garantir a disponibilidade de anestésicos, relaxantes musculares e sedativos do chamado "kit intubação" -- que são usados nos hospitais para pacientes em estado grave e que precisam da ajuda de aparelhos para respirar.

Pelo menos dez estados já alertaram que os estoques desses medicamentos estão perto do fim em meio à explosão de casos e internações por Covid-19 no país.

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19
Mar21

Bolsonaro tem atitude monstruosa e ironiza brasileiros que morrem com falta de ar (vídeo)

Talis Andrade

 

Jair Bolsonaro simulou asfixia, sensação que muitos têm ao morrer de covid-19, enquanto era observado pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães

 

 

Em meio à crise vivida no sistema de saúde por conta da pandemia de Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro decidiu imitar uma pessoa com falta de ar para atacar o ex-ministro Henrique Mandetta. A “imitação” acontece diante de um colapso no sistema de saúde que pode terminar com a falta de medicamentos necessários para a intubação com oxigênio.

“Se você começar a sentir um negócio esquisito lá, você segue a receita do ministro Mandetta. Você vai para casa, e quando você estiver lá… Ugh, Ugh, Ugh, com falta de ar, aí você vai para o hospital”, disse o presidente, imitando uma pessoa se sufocando. A cena aconteceu durante a live semanal do ex-capitão, nesta quinta-feira (18).

A cena demonstra mais uma vez a desumanidade e a despreocupação do presidente Jair Bolsonaro com a tragédia que se abate sobre o país.

Reinaldo Azevedo
@reinaldoazevedo
Não há limites para a delinquência.

Segundo dados de secretarias estaduais de Saúde, o avanço da pandemia pode provocar um novo drama no sistema de saúde brasileiro: a falta de medicamentos necessários para a intubação. O estoque disponível no país seria suficiente apenas para mais 20 dias de atendimento e, sem esses medicamentos, não é possível fazer a intubação de pacientes que precisam de oxigênio. O que Bolsonaro fingiu acontecer, pode se multiplicar em casos reais.
 

Associações médicas estariam pedindo apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para contornar a situação. O objetivo é conseguir um aumento na produção nacional de medicamentos ou a facilitação na importação.

Ivan Valente
@IvanValente
Genocida com requintes de crueldade. Bolsonaro usa sua live para imitar pessoa com falta de ar enquanto o Brasil agoniza no colapso da saúde, tem recorde de mortes e falta de remédios. Ele desdenha das vítimas, ofende as famílias, ofende o povo brasileiro. Basta!

Capa do jornal Folha de S.Paulo 19/03/2021

Capa do jornal O Globo 19/03/2021

Capa do jornal Estado de Minas 19/03/2021

Capa do jornal O Tempo 19/03/2021

Capa do jornal Correio 19/03/2021

Capa do jornal Correio Braziliense 19/03/2021

27
Fev21

Prefeito Melo/MDB, de Porto Alegre, conclama população a morrer pelos empresários

Talis Andrade

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por Jeferson Miola

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Porto Alegre está a um passo de se transformar na Manaus do sul do Brasil. Qualquer porto-alegrense que for contaminado e tiver o infortúnio de agravamento da doença, recebe uma sentença de morte.

A cidade se aproxima cada vez mais do cenário lúgubre de óbitos domiciliares e de sepultamentos em valas comuns. O sistema municipal de saúde está colapsado e o sistema funerário poderá entrar em pane.

Em consequência da gestão irresponsável e incompetente do governo, sobram pacientes desesperados nas filas pela sobrevivência enquanto faltam leitos de UTI, respiradores mecânicos, oxigênio, EPI’s etc.

Uma verdadeira hecatombe! Uma hecatombe anunciada e alertada há semanas por especialistas, epidemiologistas e sanitaristas sérios, aqueles não carreiristas, que apelaram, em vão, pela adoção dos protocolos técnicos mundialmente recomendados.

A despeito disso, contudo, o prefeito Sebastião Melo/MDB, ao invés de adotar medidas para deter o sofrimento humano e a ocorrência de mortes evitáveis na cidade, conclama a população a morrer pelos empresários e pelas empresas.

Dê a sua contribuição, contribui com a sua família, com a sua cidade, com a sua vida …. [pausa teatral] pra que a gente salve a economia do município de Porto Alegre”, declarou o bolsonarista Melo/MDB [escandalize-se aqui com esta declaração].

É alarmante o silêncio das instituições – do judiciário, defensoria e ministério público – diante deste ataque frontal à vida humana desferido por governantes que assumem, consciente ou inconscientemente, suas condutas de homicidas.

Numa democracia, Melo/MDB seria imputado criminalmente, e jamais teria a permissão de permanecer à frente de qualquer boteco, menos ainda da administração de qualquer cidade.

A política genocida de Bolsonaro está sendo executada na sua plenitude em Porto Alegre!

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18
Jan21

Falta de oxigênio pode afetar outros estados

Talis Andrade

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Por Altamiro Borges

As cenas chocantes do Amazonas - com as mortes por asfixia devido à falta de oxigênio nos hospitais - podem se repetir em outros estados brasileiros. Vários estudiosos da Covid-19, como o cientista Miguel Nicolelis, já alertaram para o risco iminente de colapso no sistema de saúde.

O jornal O Globo confirma os piores temores. "A falta de oxigênio nos hospitais em Manaus com a escalada de casos de coronavírus é um alerta para o restante do país, na avaliação de especialistas. Para eles, há risco de novas falhas no abastecimento, em especial na Região Norte".

Segundo a matéria, o drama amazonense reflete "a combinação da falta de ação planejada com a indústria - que agora se desdobra para elevar a produção - e uma complexa estrutura de escoamento que pode levar dias para entregar um produto que precisa ser reposto em caráter imediato".

Falta de planejamento público

Com o aumento do número de infectados e hospitalizados, a demanda explode rapidamente. Na primeira onda de Covid-19, no ano passado, o consumo de oxigênio era de 30 mil metros cúbicos em Manaus, patamar muito acima do registrado antes da pandemia. Agora, a demanda já chegou a 70 mil metros cúbicos diários.

A mesma explosão de demanda pode ocorrer em outros estados da federação, que abrandaram as regras de isolamento social nas festanças do final de ano. Além disso, a maioria não se preparou para o pior. Para Vinícius Picanço, professor de Gestão de Cadeia de Suprimento do Insper, faltou planejamento público:

“Não dá para dizer que era imprevisível a escassez. Por mais que a demanda tenha comportamento exponencial, existem modelos matemáticos para isso. A questão envolve logística e previsão de estoque. Houve tempo de posicionar estoques adequadamente, de armazenar insumos em regiões estratégicas".

Incompetência ou genocídio premeditado?

Para o especialista entrevistado pelo jornal O Globo, "o que está acontecendo em Manaus, com a nova cepa, pode se repetir em outras localidades com limitações na infraestrutura de transportes, em parte do Nordeste e no interior, o que evidencia a importância do planejamento".

Diante da falta de planejamento, que asfixia brasileiros em hospitais sem oxigênio, fica a dúvida: é incompetência ou genocídio deliberado? Nos dois casos, já dá para condenar o negacionista Jair Bolsonaro e o incompetente Eduardo Pazuello. No segundo caso, da necropolítica, a pena seria bem maior.

*****

Sobre a questão da condenação da dupla de criminosos, vale a leitura do contundente artigo de Cristina Serra publicado na Folha nesta sexta-feira (15):

Bolsonaro merece um tribunal de Nuremberg

Depoimentos de médicos e enfermeiros em redes sociais, imagens de desespero nos hospitais, documentos, ordens para aplicar cloroquina ou "tratamento precoce" contra o vírus, testemunhos de parentes das vítimas. 

Tudo o que puder ser usado como prova de crime contra a saúde pública deve ser guardado pelos cidadãos. Há de chegar o dia em que os responsáveis por essa tragédia brasileira irão sentar-se no banco dos réus. 

Se as nossas instituições parecem sedadas, quem sabe organismos multilaterais, como o Tribunal Penal Internacional (que já examina uma ação contra Bolsonaro anterior à pandemia) ou o Conselho de Direitos Humanos da ONU, atentem para a gravidade do que acontece aqui. 

Bolsonaro e sua gangue precisam ser levados a um tribunal de Nuremberg da pandemia. Só uma investigação com a mesma amplitude será capaz de explicar o mal em grande escala praticado contra a população brasileira. Isso terá que ser exposto, em caráter pedagógico, para ser conhecido pelas próximas gerações e evitar que se repita. Como Nuremberg fez com os crimes de guerra dos nazistas.

Há vários níveis de responsabilidade no morticínio brasileiro. É preciso assinalar que, no caso do Amazonas, o governador Wilson Lima também terá que responder pelas mortes por falta de oxigênio em Manaus. 

Eleito na carona do bolsonarismo, revelou-se incompetente e covarde ao ceder às pressões contra o lock down, mesmo com inúmeros alertas de cientistas sobre uma segunda onda. No meio do ano, Lima chegou a ser alvo de buscas da PF, em investigação de desvios na compra de respiradores. 

Outras cidades estão na rota do colapso. O Brasil governado por criminosos não é um perigo mortal apenas para os brasileiros. Países já nos fecham as portas. O Brasil tornou-se um pária sanitário. Quem permite que essa situação continue por tempo indefinido também tem as mãos sujas de sangue. Seremos julgados, no futuro, por nossas ações e omissões.
 
15
Jan21

Governo Bolsonaro aumentou imposto sobre importação de cilindros dias antes do colapso em Manaus

Talis Andrade

Governo assassino libera imposto sobre armas. E cobra os tubos para oxigênio e o povo pobre morre sufocado 

 

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou o imposto de importação de revólveres e pistolas. A mudança na alíquota, que era de 20% até então, foi publicada no "Diário Oficial da União" (DOU) e comentada pelo presidente Jair Bolsonaro em rede social.

“A Camex editou resolução zerando a Alíquota do Imposto de Importação de Armas (revólveres e pistolas)”, escreveu o presidente, junto a uma foto sua com arma em punho em um estande tiro.

247 - O governo Jair Bolsonaro elevou o imposto de importação sobre cilindros utilizados no armazenamento de gases medicinais poucos dias antes dos hospitais de Manaus entrarem em colapso por falta de oxigênio para atender os pacientes internados com Covid-19.

Segundo reportagem da BandNews FM, o material estava isento do imposto desde o início do ano passado. A tributação sobre os cilindros foi chancelada por meio de uma resolução publicada pela Câmara de Comércio Exterior em dezembro, o que fez com que muitos importadores deixassem de adquirir os cilindros. 

Como a maioria dos produtos vêm do exterior, muitos importadores estão deixando de trazer os cilindros – afetando o armazenamento de oxigênio e outros gases. Ainda segundo a reportagem, o preço do material, que em função da alta do dólar custava cerca de R$ 1 mil, passou para R$ 1,6 mil com a incidência do imposto.  Fontes da BandNews também teriam dito que parte da produção dos dois fabricantes nacionais dos reservatórios são destinadas ao mercado externo. 

🔺 Pandemia: Manaus clama por socorro

O recorde de sepultamentos em um só dia registrado ontem (13), era só um prenúncio para o que viria nesta quinta-feira (14). Veja o que de mais grave aconteceu e o que mudou em Manaus nas últimas 24 horas.
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Foram 198 sepultamentos, superando de longe o antigo recorde de 167, registrado no primeiro pico da pandemia no Amazonas, em 26/04/2020. A triste marca de ontem era apenas um prenúncio do que estava por vir no dia seguinte. 
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