Boris Johnson se diz “preocupado” com desaparecimento de Dom e Bruno
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por Tácio Lorran
O Facebook e o Instagram derrubaram a live da última quinta-feira (21/10) do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que associou o desenvolvimento da síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) com a vacina contra o novo coronavírus.
Em nota, o porta-voz do Facebook afirmou que: “Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”. A empresa também é responsável pelo Instagram.
“Outra coisa grave aqui: só vou dar notícia, não vou comentar: ‘Relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que os totalmente vacinados […] estão desenvolvendo a síndrome imunodeficiência adquirida muito mais rápido que o previsto’. Recomendo que leiam a matéria. Talvez eu tenha sido o único chefe de Estado do mundo que teve a coragem de colocar a cara a tapa nessa questão”, disse Bolsonaro, ao ler uma suposta notícia, na transmissão ao vivo.
A informação apresentada pelo chefe do Executivo federal, contudo, é falsa.
“Pessoas que vivem com HIV/Aids devem ser completamente vacinados para Covid-19. Destacamos inclusive a liberação da dose de reforço (terceira dose) para todos que receberam a segunda dose há mais de 28 dias”, prosseguiu a entidade, ao repudiar toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente.
Checagem
Agências de checagem do país também comprovaram que a notícia é falsa. De acordo com o Fato ou Fake, do portal G1, a informação lida por Bolsonaro foi colocada inicialmente no site conspiracionista beforeitnews.com, “que publica textos dizendo que as vacinas rastreiam os vacinados e que milhões de pessoas morreram com as vacinas”.
O Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido também negou a veracidade da informação.
Ao responder um seguidor na manhã desta segunda-feira (25/10), em uma rede social, Bolsonaro publicou o print de uma matéria da revista Exame intitulada “Algumas vacinas contra a Covid-19 podem aumentar o risco de HIV”.
A reportagem foi publicada, porém, em outubro do ano passado – fato omitido por Bolsonaro – e, nesta manhã, atualizada para “Algumas vacinas contra a covid-19 podem aumentar o risco de HIV?”.
A seguinte informação também foi acrescentada no texto da Exame: “Até agora, não se comprovou que alguma vacina contra a Covid-19 reduza a imunidade a ponto de facilitar a infecção em caso de exposição ao vírus.”
por Roney Domingos, g1
Circula pelas redes sociais uma mensagem que diz que relatórios oficiais do governo do Reino Unido sugerem que as pessoas totalmente imunizadas contra a Covid-19 têm desenvolvido a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids). É #FAKE.
A mensagem falsa diz: "Uma comparação de relatórios oficiais do governo sugere que os totalmente vacinados estão desenvolvendo a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida muito mais rápido do que o previsto". Ela foi colocada no site conspiracionista beforeitnews.com, que publica textos dizendo que as vacinas rastreiam os vacinados e que milhões de pessoas morreram com as vacinas. A publicação foi mencionada pelo presidente Jair Bolsonaro em sua live semanal.
Procurado pelo g1, o Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido afirma que a publicação é de um site que propaga 'fake news' e teorias da conspiração e diz que a história não é verdadeira. Zahraa Vindhani, oficial de comunicações da Agência de Segurança de Saúde do Reino Unido, também afirma que "as vacinas contra a Covid-19 não causam Aids". "A Aids é causada pelo HIV."
Pesquisadores ouvidos pelo g1 refutam as ideias contidas na publicação falsa.
Mestre em imunologia pela USP, doutora em biociências e fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá e professora titular na Universidade Paulista, Letícia Sarturi aponta inconsistências no texto viral.
Uma delas diz respeito aos dados. "O artigo fala de uma possível redução de imunidade e degradação do sistema imune, que é por uma possível deficiência, mas ele não fala em nenhum momento como se chegou àqueles resultados. Em nenhum momento você tem como foi medida a porcentagem da imunidade. Porque a gente não mede a porcentagem da imunidade. Na imunologia, a gente pode medir o título de anticorpos, ou seja, quantos anticorpos estão sendo produzidos. Você pode medir a resposta imunocelular pela quantidade de células TCD8 e TCD4 que são direcionadas contra os vírus. Você consegue medir isso, fazer contagem de quantas células tem, você consegue titular o nível de anticorpos que o paciente tem. Então, você consegue fazer esse tipo de coisa em uma pesquisa. Mas você não consegue dar uma porcentagem de imunidade, porque imunidade é uma coisa muito subjetiva. Então, você não tem como falar: 'Essa pessoa tem tantos por cento de imunidade'. Você pode aferir alguns parâmetros do sistema imune, você pode aferir a imunidade celular pela quantidade de células que respondem. Você pode aferir a imunidade humoral pelo nível de anticorpos que há ali no organismo, mas não tem como calcular o percentual de imunidade. Isso é bem absurdo. O texto não fala em nenhum momento como isso foi calculado, qual a metodologia que foi usada para chegar a uma porcentagem. Ainda mais essa perda semanal de imunidade, isso é bem estranho", diz. É um primeiro indício da falsidade da mensagem.
O autor da mensagem falsa insiste na tese de que a queda da eficácia da vacina se deve a uma queda da imunidade porque o seu sistema imune está se deteriorando pelas vacinas. "Não faz nenhum sentido", diz Sarturi. Ela explica: "Primeiro porque a queda da imunidade com o decorrer do tempo é natural. Isso vai acontecer, não só para vacina de Covid, mas para qualquer vacina, para qualquer tipo de imunidade contra infecção. Com o decorrer do tempo, a imunidade vai ser menor, vai diminuindo. As vacinas contra a Covid provocam a imunidade e a gente tem visto que os níveis de anticorpos começam a se reduzir geralmente pelo sexto mês, ou sétimo, depende muito da vacina. Porém, as células que respondem, as células de memória, elas continuam ali presentes. Então, isso é um fato importante, porque isso ainda continua garantindo uma certa proteção, uma certa imunidade, por um tempo. A gente está entrando, por exemplo, na terceira dose para idosos porque essa redução no nível de anticorpos pode comprometer, sim, a imunização dos idosos. Isso é natural. É natural que a imunidade se ative, que forme células de memória e, com o decorrer do tempo, fatores solúveis como os anticorpos, que estão diluídos no sangue, diminuam, se depurem. Então a gente espera, sim, que com o decorrer do tempo a pessoa tenha uma redução nesses fatores associados à imunidade. Porém, falar que você está perdendo, deteriorando seu sistema imune sem nenhuma prova... Ali [no texto] não se prova nada, tem porcentagens colocadas em uma tabela e não tem nenhum experimento, não tem nenhum gráfico experimental usando algum tipo de metodologia, não tem nenhum tipo de aprovação de comitê de ética ou qualquer tipo de desenho, delineamento do experimento para a gente ver como é que foi conduzido isso para se chegar, de fato, a esses dados. Parecem uns cálculos retirados aleatoriamente. Me parece uma coisa muito de opinião, muito subjetivo". Isso porque, de fato, tal estudo jamais foi feito.
A pesquisadora classifica como absurda outra ideia contida na publicação. "O autor do texto fala que essa queda da imunidade se deve a uma deterioração do sistema imune porque os pacientes que estão sendo vacinados estão tendo imunodeficiência e isso é absurdo", diz. Ela explica que existem vários tipos de imunodeficiência. "Temos imunodeficiências que são primárias, em que o paciente já nasce com imunodeficiência, mas a gente também tem as secundárias, que são causadas, por exemplo, pelo HIV ou por conta de doenças autoimunes, doenças parasitárias, desnutrição. Você pode ter ali quadros de imunodeficiência secundários. Só que a imunodeficiência não faz sentido nenhum ser desenvolvida por conta da vacina. É o contrário. A vacina estimula o seu sistema imune à produção de resposta imune. Ela não vai gerar nenhum tipo de imunodeficiência", diz.
Por fim, ela ataca a parte do texto que relaciona as vacinas com o fenômeno de ADE (Antibody-dependent enhancement). A tese dos ADEs é rotineiramente veiculada pelos opositores às vacinas e já foi desmentida pelo Fato ou Fake.
"Eles insistem na tese do ADE. É outra coisa que não faz sentido. Primeiro porque não foi provado que tem ADE para quem é vacinado contra a Covid-19. No ADE, você tem uma resposta exacerbada no encontro com o vírus e essa resposta exacerbada aumenta a inflamação, provoca uma inflamação forte que prejudica o organismo. Mas ADE não ocorre pelas vacinas de Covid-19. Não há prova disso. Isso tem sido pesquisado, muita gente já foi vacinada e nenhuma manifestou ADE. As vacinas de Covid não provocam ADE. ADE não é causador de imunodeficiência e não tem acontecido com as pessoas vacinadas."
Mateus Falco, biomédico, mestre em microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL) e divulgador científico pela Rede Análise Covid-19, afirma que a publicação faz uma confusão sobre a eficácia da vacinação.
"A proteção da eficácia na vacinação não é uma medida individual. Se você recebe as duas doses, você não está duplamente mais protegido do que as pessoas que não tomaram nenhuma. A eficácia da vacinação não leva em conta a resposta imunológica individual. Na eficácia da vacinação são comparados dois grupos, um que recebe a vacina e outro que não recebe. Então é avaliado um desfecho, pode ser risco de morte ou internação. Nesses casos, temos o cálculo do risco de um grupo em relação ao outro e podemos falar em 50% em eficácia na vacinação", diz.
Falco aponta que outra confusão relacionada à diminuição da eficácia da vacina ocorre quando são comparadas as semanas de acompanhamento do relatório. "No estudo clínico, você tem uma quantidade definida de voluntários e faz o acompanhamento até o resultado. Esses relatórios divulgam os eventos no mundo real de acordo com as semanas, e não estão relacionados com o mesmo grupo de pacientes. Quando se lê a 'notícia', a impressão que temos é que as pessoas estão com o sistema imunológico baixando com o tempo, mas isso não foi analisado nesses relatórios semanais. Tanto que no relatório da semana 36 existem várias tabelas mostrando os resultados da Pfizer e Oxford-AstraZeneca sobre a eficácia da vacinação tanto para as variantes Alfa quanto Delta com valores acima de 80% após a 2ª dose das vacinas."
Falco destaca, por fim, que a publicação faz uma afirmação mentirosa de que a vacinação degrada o sistema imunológico, levando à síndrome da imunodeficiência adquirida. "Isso não é verdade. A função da vacina é estimular o sistema imunológico para agir contra o vírus Sars-CoV-2, e não interromper a ação do sistema imunológico. A ação da vacina é muito diferente, por exemplo, de um medicamento imunossupressor. Esse, sim, vai diminuir a resposta imunológica. Eles são usados para pacientes com doenças autoimunes. A hidroxicloroquina, inclusive, é um medicamento indicado para o tratamento dessas doenças."
por jornal Vermelho
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disseminou nova fake news sobre os efeitos das vacinas anticovid-19. Na quinta-feira (21/10), o chefe do governo federal se baseou em inexistentes ‘relatórios oficiais’ do Reino Unido para dizer que pessoas totalmente imunizadas são mais vulneráveis à síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids).
A narrativa inverídica, citada pelo presidente enquanto dizia ler uma ‘notícia’, despertou a indignação de outras lideranças políticas brasileiras, segundo o Estado de Minas. Manuela D’Ávila, candidata a vice-presidente do Brasil em 2018, pelo PCdoB, classificou a postura de Bolsonaro como ‘nojenta’.
“Nojento! Acusado de cometer crimes contra humanidade, Bolsonaro segue com seu projeto de morte, espalhando a absurda fake news de que quem está tomando as 2 doses da vacina está adquirindo HIV/AIDS”, disse, no Twitter, neste sábado (23/10).
O boato compartilhado por Bolsonaro foi desmentido pelo governo britânico. Na quinta, durante a sua live semanal, quando mencionou a ‘matéria’ a respeito do tema, o presidente disse que não iria ler na íntegra o conteúdo do texto por medo de sofrer punições das redes sociais.
“Não vou ler para vocês aqui, porque posso ter problemas com a minha live. Não quero que ‘caia’ a live. Quero dar informações concretas”, apontou.
O estudo que credita ao Reino Unido a associação entre os imunizantes e o HIV é composto por dados fraudados.
* Fonte: Estado de Minas/Correio Braziliense/Brasil 247/Blog de Miro
O jornalista Leonardo Pinheiro, de 39 anos, foi morto a tiros, no bairro de Parati, em Araruama, Região dos Lagos do Rio de Janeiro
Ameaçado de morte em 2 de outubro, poucos dias depois de ter publicado uma matéria no site Diário do Centro do Mundo (DCM) sobre ódio nas redes sociais, o jornalista Pedro Zambarda denunciou o caso à polícia.
Ele fez um boletim de ocorrência no 18o DP da capital paulista, relatando que recebeu a ameaça por mensagem de WhatsApp. Num grupo chamado "Aviso", uma pessoa postou que, caso seu nome não fosse tirado da matéria sobre ódio nas redes, a próxima reportagem seria sobre o número de tiros que Zambarda e colegas do site levariam.
De acordo com o Código Penal Brasileiro, ameaça de morte é crime com pena de de até seis meses de detenção.
O próprio Zambarda descobriu que o número de telefone do qual a ameaça partiu pertence ao ex-assessor parlamentar Leonardo Antonio Corona Ramos, que foi citado em sua reportagem sobre ódio nas redes.
Ramos trabalhou no gabinete do deputado estadual por São Paulo Conte Lopes e teria deixado a função depois de denúncias de envolvimento em esquema de funcionários fantasmas na Alesp .
O jornalista do DCM também teria recebido mensagens intimidadoras da namorada de Ramos, Janaina Toledo. O casal atualmente vive fora do país, supostamente no Reino Unido.
À Abraji, o jornalista do DCM se disse "acostumado com hostilidades e agressões verbais dentro e fora das redes". "No entanto, uma ameaça de morte por tiros escrita no meu WhatsApp ultrapassa qualquer limite do aceitável. É uma violência contra mim, o DCM, a imprensa brasileira e todos os repórteres que cobrem criticamente o governo federal”.
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Destruição do Pantanal pelas queimadas chegou a quase 3 milhões de hectares
Por BBC News
No dia em que a destruição do Pantanal pelas queimadas chegou a quase 3 milhões de hectares (equivalente à área da Bélgica), oito países europeus enviaram nesta quarta-feira (16/9) uma carta aberta ao vice-presidente brasileiro, general Hamilton Mourão, para protestar contra a política ambiental brasileira.
Os países afirmam que nos últimos anos o desmatamento aumentou no Brasil em ritmo alarmante e que estão "profundamente preocupados" com os efeitos dessa destruição para o desenvolvimento sustentável do país.
A carta foi enviada pelos países que participam da declaração de Amsterdã, uma parceria entre nações para promover sustentabilidade e cadeias de produção de commodities que não cause a destruição de florestas. Participam Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Dinamarca, Noruega, Países Baixos e Bélgica.
"Durante muito tempo o Brasil liderou a redução do desmatamento na Amazônia através do estabelecimento de instituições científicas independentes que garantem monitoramento rigoroso e transparente, de agências de controle competentes e do reconhecimento de territórios indígenas. Nos últimos anos, no entanto, o desmatamento tem crescido em ritmo alarmante, como foi documentado pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)", diz a carta.
A situação das florestas
Além das queimadas que estão devastando o Pantanal neste mês de setembro — e cujas origens podem ser criminosas, segundo investigação da Polícia Federal —, a Amazônia também está sofrendo com devastação gerada pelo fogo. Em apenas 14 dias, setembro de 2020 já registrou mais queimadas na Amazônia do que em todo o mesmo mês do ano passado, segundo o INPE.Independente e respeitada internacionalmente, a instituição científica que faz o monitoramento do desmatamento vem sendo criticada e tratada como "oponente" pelo governo Bolsonaro desde que seus registros passaram a mostrar aumento na destruição dos biomas. Na segunda (15/9), Mourão afirmou que "alguém lá de dentro" do Inpe "faz oposição ao governo".
"Quando o dado é negativo, o cara vai lá e divulga", afirmou o vice-presidente.
A destruição tem sido registrada também por outras entidades. Segundo a Global Forest Watch, que mantém uma plataforma online de monitoramento de florestas, o Brasil foi responsável pela destruição de um terço de todas as florestas tropicais virgens desmatadas no planeta em 2019 — foram 1,3 milhão de hectares perdidos.
Desmatamento dificulta o investimento
Questionada internamente por entidades científicas, ambientalistas e até pelo Ministério Público, a política ambiental do governo é o principal ponto mencionado pela carta dos países da declaração de Amsterdã.
Eles afirmam que as preocupações com a situação ambiental no Brasil atingem consumidores, negócios, investidores e a sociedade civil na Europa.
"Na Europa, existe um legítimo desejo de que os alimentos à disposição sejam produzidos de forma justa, ambientalmente segura e sustentável", afirma a carta. "Fornecedores, comerciantes e investidores estão respondendo (à essa preocupação) incorporando esse desejo em suas próprias estratégias corporativas."
O desmatamento no Brasil está tornando cada vez mais difícil para que empresas e investidores mantenham seus critérios de sustentabilidade, diz a carta.
"Nossos esforços coletivos para gerar mais investimento financeiro em produção agrícola sustentável (...) também poderia dar apoio ao crescimento econômico brasileiro", afirmam os países.
"No entanto, já que os esforços europeus buscam formar cadeias de produção livres de desmatamento, a atual tendência de desmatamento no Brasil está está tornando cada vez mais difícil para que empresas e investidores mantenham seus critérios de sustentabilidade."
"No passado, o Brasil mostrou que é capaz de expandir a produção agrícola ao mesmo tempo em que reduz o desmatamento", também afirma o documento.
As nações que assinam o documento afirmam que "esperam um comprometimento renovado e firme do governo do Brasil para reduzir o desmatamento que seja refletido em ações reais e imediatas".
Os países afirmam também que estão prontos para discutir formas de ajudar o Brasil a melhorar a sustentabilidade e dar suporte a um "setor agrícola sustentável" no país.
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A iniciativa visa pressionar três das maiores redes de supermercados da Alemanha a não comprarem mais do Brasil, principalmente produtos agrícolas. Se obtiver adesão, o boicote pode resultar no fechamento de 70% do mercado varejista alemão às mercadorias brasileiras.
Um abaixo-assinado que colheu mais de 300 mil assinaturas em menos de uma semana exorta três das maiores redes de supermercado da Alemanha a não venderem mais produtos brasileiros por causa do desmatamento da Amazônia.
A ação, lançada na terça-feira (09/06) pela Campact, ONG sediada em Berlim, critica a polêmica Medida Provisória 910/19, substituída pelo Projeto de Lei 2633/20, sobre regularização fundiária. O projeto é conhecido por seus críticos como "PL da Grilagem", por apresentar risco de promover mais devastação florestal.
A organização alemã cita uma ameaça de boicote formulada em maio pelas principais redes de supermercados do Reino Unido e pede que três grandes redes alemãs sigam o exemplo. O apelo é dirigido às companhias Lidl, Edeka e Aldi Nord, que figuram entre as cinco maiores varejistas da Europa em volume de faturamento.
A Campact afirma que duas grandes redes alemãs, Aldi Süd e Rewe, já aderiram à iniciativa das redes britânicas, que ameaçaram no mês passado, em carta aberta ao Congresso Nacional, boicotar produtos brasileiros em caso de aprovação da proposta de regularização fundiária.
Bloqueio de 70% mercado varejista alemão ao Brasil
O sucesso da petição da Campact, com a adesão dos três supermercados, fecharia, segundo a ONG, 70% mercado varejista alemão aos produtos brasileiros. O objetivo da ONG alemã é aumentar a pressão para que o texto seja não só retirado da pauta do Congresso, mas descartado por completo.
"A proposta de lei ameaça a população indígena, a biodiversidade e o clima. Normalmente, recorreríamos diretamente aos políticos. Mas no caso do radical de direita Bolsonaro, a diplomacia é impossível. Por isso, visamos seu lado mais sensível: o sucesso econômico. Bolsonaro depende do apoio do lobby do agronegócio", diz o texto da petição online, que também foi enviado a 2,3 milhões de assinantes do boletim informativo da entidade.
"Queremos que as redes de supermercado alemãs se juntem aos supermercados britânicos no boicote a produtos brasileiros, principalmente à carne bovina, para pressionar economicamente o governo Bolsonaro", afirma o grupo.
O texto da petição dá destaque à afirmação do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em reunião ministerial do governo, em que ele fala em aproveitar o "momento de tranquilidade na aspecto da cobertura de imprensa" durante a crise de Covid-19 no Brasil para "passar a boiada": mudar regras e simplificar normas ambientais.
"Em vez de punir o desmatamento ilegal, Bolsonaro permite a destruição da floresta. Essa lei é como um convite para destruir a Floresta Amazônica – isso pouco antes da temporada de queimadas", disse em entrevista exclusiva à RFI Friederike Gravenhorst, integrante da Campact. "O pulmão verde da Terra está em perigo."
Incentivo à destruição de novas áreas da floresta
O PL 2633/20 foi apresentado após a perda de validade em maio, por falta de acordo entre os parlamentares, da controversa Medida Provisória 910/19, editada em dezembro pelo presidente Jair Bolsonaro. O projeto prevê a regularização fundiária de imóveis da União, incluindo assentamentos, sem vistoria prévia, em áreas com até seis módulos fiscais e ocupadas até julho de 2008 – o texto da MP 910 incluía zonas ocupadas até 2014 e de até 15 módulos fiscais.
"Salvem a floresta: parem Bolsonaro!", diz mensagem veiculada na petição ONG alemã Campact. © Campact
O módulo fiscal é uma unidade cujo tamanho varia de acordo com o município, podendo ir de 5 a 110 hectares.
Defensores da iniciativa alegam que ela desburocratiza a concessão de títulos a agricultores, que poderiam produzir mais, com mais acesso a crédito. Críticos argumentam que a lei premiaria quem invadiu e derrubou florestas ilegalmente em áreas públicas e, ao possibilitar que desmatadores se tornem proprietários de áreas ocupadas ilegalmente, seria um incentivo à destruição de novas áreas de floresta.
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