Zambi
A Segunda Morte
por Talis Andrade
Para que os negros
não sonhassem
com o reino livre
dos quilombos
os negros
não semeassem
nenhuma esperança
mudaram o nome
de Zambi
Pela farsa do nome
trocado
pairasse a dúvida da existência
de um reino encantado
rodeado de palmeiras
o sonhado oásis
no deserto afastado
Negro fica no teu canto
Zambi nunca existiu
Zambi alucinada assombração
de todo negro fujão
Zambi maculo de negro
gemendo de saudade
Zambi conversa de bebo
piração de quem vê
almas penadas
danação de quem vê zumbis
nas rodopiantes danças
dos pais de santo
Negro fica no teu canto
Zambi nunca existiu
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Talis Andrade, Vinho Encantado p. 133, Livro Rápido, Olinda, 2004
Ilustração Zambi, Praça da Sé, Pelourinho, Salvador