Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

28
Fev24

Ministros de Bolsonaro estão na linha de tiro

Talis Andrade

Enrico Bertuccioli ditadura.jpg

 

Por Altamiro Borges

Na semana passada, a Comissão de Ética Pública (CEP) da Presidência da República abriu processo para apurar a conduta de cinco ex-ministros do covil de Jair Bolsonaro que discursaram durante a macabra reunião de julho de 2022 que traçou cenários para um provável golpe de Estado. São alvos da ação os ex-ministros Paulo Sérgio (Defesa), Anderson Torres (Justiça), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União), Wagner Rosário (Controladoria-Geral da União). O ex-assessor da Secretaria-Geral da Presidência, Mário Fernandes, também foi incluído no procedimento. 

No vídeo publicizado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), os capachos do fascista discutem abertamente a “dinâmica golpista”. Num primeiro momento, a CEP vai apurar a conduta apenas dos que se manifestaram naquela reunião ministerial. Trechos do vídeo foram transcritos na decisão do STF que autorizou a deflagração da operação “Tempus Veritatis” em 8 de fevereiro, que atingiu o coração do bolsonarismo – com quatro mandados de prisão e 33 de busca e apreensão. 

Como relembra a Folha, “a três meses do primeiro turno, Jair Bolsonaro aparece na gravação propagando notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e pedindo que seus subordinados difundissem essas alegações. Ministros militares presentes, por sua vez, falam na necessidade de ‘virar a mesa’ antes das eleições e que a comissão de transparência eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) era para ‘inglês ver’. O vídeo, segundo o inquérito, estava armazenado em um computador apreendido com Mauro Cid, então chefe da ajudância de ordens de Bolsonaro e hoje colaborador das investigações”. 



"Senhores, todos vão se foder"

Entre outras provas da ação criminosa, Alexandre de Moraes destacou a fala do general Augusto Heleno, que confessou a infiltração de agentes da Agência Brasileira de Inteligências (Abin) na campanha eleitoral: “Eu já conversei ontem com o Victor [Carneiro], novo diretor da Abin, e nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é que se vazar qualquer coisa, a gente se conhece nesse meio, se houver qualquer acusação de infiltração desses elementos da Abin”. 

Na ocasião, meio constrangido, Jair Bolsonaro interrompe o general-gagá – como já o chamou em outras oportunidades – e exige que ele pare de confessar os crimes. “Ô general, eu peço que o senhor não fale, por favor. Não prossiga mais na tua observação”. O fascista ainda afirma que depois os dois conversariam, em particular, sobre “o que porventura a Abin está fazendo”. Em outro fala de teor golpista, o então valentão Anderson Torres compara o Brasil à Bolívia, citando a ex-presidenta Jeanine Añez, que está presa até hoje acusada de encabeçar um golpe contra Evo Morales. "A Bolívia é o grande exemplo para todos nós. Senhores, todos vão se foder! Eu quero deixar bem claro isso”.

21
Fev24

Netanyahu é alvo de criticas e chacotas em Israel após dizer que Holocausto foi ideia palestina

Talis Andrade
Protesto contra Netanyahu

 

por BBC News

O premiê israelense Binyamin Netanyahu recebeu uma onda de críticas dentro do próprio país após dizer que Hitler inicialmente não queria exterminar os judeus, mas foi convencido por um líder religioso palestino.

Em discurso durante o 37º Congresso Sionista Mundial, em Jerusalém (em 2015), Netanyahu afirmou que a ideia de Hitler era apenas expulsar os judeus da Europa, e que o ditador alemão teria mudado os planos após orientação de Haj Amin al-Husseini, grão-mufti de Jerusalém entre 1921 e 1937.

"Haj Amin al-Husseini foi até Hitler (em 1941) e disse: 'Se você expulsá-los, eles virão todos para cá.'", disse o premiê. "'Então o que devo fazer com eles?', ele (Hitler) perguntou. Ele (Husseini) disse: 'Queime-os'", completou Netanyahu.

A descrição do Holocausto como sugestão palestina gerou reações imediatas, dentro e fora de Israel.

A chefe do memorial de Israel para as vítimas do Holocausto, Dina Porat, disse que Netanyahu cometeu erros factuais.

"Você não pode dizer que foi o mufti quem deu a ideia a Hitler para matar ou queimar judeus", afirmou a historiadora ao jornal Yedioth Ahronoth. Ao jornal Jerusalem Post, a professora sugeriu que o líder israelense se retrate das declarações.

O líder de oposição israelense Isaac Herzog escreveu em sua página no Facebook que a versão do premiê "minimiza o Holocausto, o nazismo e o papel de Hitler no terrível desastre de nosso povo".

O jornal Haaretz registrou como Netanyahu foi ridicularizado em vídeos e imagens que se espalharam pela internet - a publicação diz que a repercussão foi tamanha que "quebrou a rede". [Transcrevi trechos. Leia mais.]

 

Judeus ortodoxos dizem que Netanyahu é nazista e que o mundo deve parar seu genocídio

 

247 – O grupo de judeus ortodoxos Torah Judaism fez uma de suas mais duras postagens contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que já assassinou mais de 27 mil palestinos durante o genocídio que vem promovendo contra o povo palestino em Gaza.

"Netanyahu é um líder nazista sionista assassino e genocida. Os sionistas são os nazistas de hoje. Israel não é o estado dos judeus. O mundo inteiro deveria conhecer bem estes sionistas genocidas e mentirosos", postou o coletivo."O mundo deve agora intervir a nível nacional contra Israel, caso contrário o genocídio continuará. Os israelenses sofrem uma lavagem cerebral e vivem em mentiras, longe da verdade", acrescentou. [ Confira aqui]

 

 

06
Fev24

Transparência jateada, por Carol Proner

Talis Andrade

DD lava dinheiro.jpg

 

A decisão de Dias Toffoli, determinando a investigação da ONG Transparência Internacional, vai na linha do que já fizeram outros países

 

por Carol Proner

O Brasil tem direito de rever os métodos da Operação Lava Jato com forma de fazer justiça a empresas, empregos e ao desenvolvimento nacional profundamente prejudicado. Com o fim de aperfeiçoar o combate à corrupção, o país tem o dever, por meio das instituições democráticas, de reavaliar e ponderar os esquemas da Lava Jato e seus efeitos lesivos.
 
Considerada pelo Ministro do STF, Gilmar Mendes, como sendo a maior fraude jurídica da História, a responsabilização e a reparação de direitos violados são imperativos para evitar que a constrangedora farsa se repita.
 
É preciso responsabilizar não apenas o famoso ex-juiz e os histriônicos procuradores de Curitiba, mas todos os que atuaram nas laterais da operação para garantir que prosperassem fake news a engajar a opinião pública e a instalar uma cultura autoritária de flexibilização das garantias e desrespeito ao devido processo legal.
 
A recente decisão do Ministro Dias Toffoli, determinando a investigação da ONG Transparência Internacional por sua atuação na Lava Jato, vai na linha do que já fizeram outros países, que também questionaram a indevida ingerência de entidades em assuntos de jurisdição nacional para solver problemas de transparência e governança.  
 
Por aqui, até mesmo a Fundação Getúlio Vargas notificou a entidade em sua sede, na Alemanha, acusando a seção brasileira de ter usado mão de obra, expertise e instalações da própria FGV para cumprir memorando firmado com a Lava Jato sem o seu consentimento. Atualmente surgem novas denúncias a questionar a ONG pela falta de isenção e pela opacidade de seus interesses.
 
Entre advogados e especialistas em direito o estranhamento vem de longe. Juristas pela democracia imediatamente questionaram a motivação da entidade, tanto pela colaboração formal escolhida arbitrariamente, como pela exagerada propaganda e dedicação da ONG em promover a Lava Jato no exterior, incluindo prêmios autoatribuídos ou criados sob medida para legitimar a atuação dos procuradores e do juiz herói.
 
Revisitei um artigo que escrevi há 4 anos, publicado no dia 15 de setembro de 2020, com o título: “A ONG Transparência Internacional e a obscura parceria com a Lava Jato”. O texto circulou em diversos portais de notícia e foi escrito quando estávamos às voltas com as revelações da chamada Vaza Jato, quando a Agência Pública e o The Intercept Brasil trouxeram a público as mensagens trocadas entre o procurador Deltan Dallagnol e o diretor-executivo da sede brasileira da ONG Transparência Internacional, Bruno Brandão, sugerindo uma proximidade “pouco transparente” da organização com a Operação Lava Jato. 
 
Os chats, mais tarde reunidos no material da Operação Spoofing da Polícia Federal, mostraram que Deltan Dallagnol tinha relação próxima e frequente com Bruno Brandão e que recorria a ele quando a imagem da operação estava em perigo ou quando precisava promovê-la. A Transparência Internacional chegou a ter acesso ao contrato assinado entre a Força-Tarefa e a Petrobras para a criação da malfadada Fundação da Lava Jato, e mais, fez sugestões ao chefe da Força-Tarefa sobre a minuta do contrato.

No artigo de 2020 mencionei que achava irônico que a entidade tivesse recomendado a Deltan Dallagnol que o Ministério Público Federal não formasse parte do conselho da bilionária Fundação, a ser criada com o dinheiro das multas recolhidas do acordo de leniência da Petrobras. Irônico e trágico para o Procurador, que não deu ouvidos e insistiu em ser o Presidente da nova ONG, privada, mas formada com dinheiro público, e então viu seus planos desmoronarem.

Os dez argumentos que usei há quatro anos para fundamentar a desconfiança com a Transparência Internacional seguem intactos e vou repeti-los:

1- Porque a Transparência Internacional é uma entidade com credibilidade mundial no combate à corrupção, estando presente, por meio de agências, em ao menos 100 países;

2- Porque a Transparência Internacional sempre tomou partido acriticamente pela Lava Jato e atuou nos últimos anos para defender publicamente a operação e seus protagonistas dentro e fora do Brasil, por meio de entrevistas, contatos com a imprensa e publicação de notas de apoio;

3- Porque, e basta procurar em fontes abertas, o então presidente da Transparência Internacional, o peruano José Carlos Ugaz, visitou o ex-juiz Sergio Moro em 2016, esteve na sede do jornal Gazeta do Povo, falou com os procuradores da Lava Jato e outras entidades e, em discursos e publicações, estimulou o prosseguimento das investigações contra as empreiteiras do país, pois seguramente estariam envolvidas em corrupção;

5- Porque Transparência Internacional, imiscuindo-se em temas de política interna, chegou a fazer campanha em sua página web para que o Conselho de Controle sobre Atividades Financeiras, o COAF, ficasse sob controle do ex-juiz e, naquela ocasião Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, no lugar de ir ao Ministério da Economia – e isso só para mencionar uma das interferências da ONG em assuntos do Brasil, mas são inúmeras, como se pode ver na página da entidade;

6- Porque, e não deixa de ser impressionante a fidelidade da ONG estrangeira a Sérgio Moro, a Transparência Internacional fez nota pública para defender a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça por ocasião da troca de comando na Polícia Federal;

7- Porque tudo isso levanta um imenso alerta a respeito dessas ONGs com nomes insuspeitos e suas verdadeiras intenções em relação ao nosso país;

8- E ainda, porque espantosamente e ignorando tudo que já se sabe sobre a operação Lava Jato, o Ministro do STF Luiz Edson Fachin havia feito, no contexto da Vaza Jato, um relatório ao novo Presidente da Corte defendendo que o trabalho da Lava Jato é pautado pela legalidade;

9- Porque devemos entender, e já são fartas as informações que comprovam, que sob pretexto de combater a corrupção, setores do poder judiciário, do Ministério Público, aliados a meios de comunicação e agências internacionais promoveram o uso do direito com o objetivo de desestabilizar o país política e economicamente;

10- Por fim, porque já passa da hora de tratar a corrupção como um problema sério, recorrente, afeto a qualquer governo, que deve ser combatida permanentemente e com rigor, mas dentro da lei e assegurando garantias para não destruir projetos de vida, biografias, empresas e interesses nacionais.
 
Aos dez argumentos somam-se muitos outros durante os últimos anos. Menciono apenas o mais recente, o fato de que a entidade segue ativa e se sente habilitada – com ecos da mídia de plantão – a julgar a percepção da corrupção no Brasil mesmo os dados estão em dissonância com os relatórios e pareceres de entidades de controle nacional. Refiro-me ao recém-divulgado Índice de Percepção da Corrupção – IPC que diminui a posição do país em 10 pontos no ranking.
 
Estudos mostram que os prejuízos advindos da Lava Jato para o setor da construção civil e para a produção de óleo e gás foram bilionários.  O Brasil perdeu a chance de fazer o bom combate à corrupção e de sanar um problema histórico e sistêmico sem prejudicar o desenvolvimento e os planos econômicos de cara ao futuro.
 
Poderíamos ter feito tudo isso dignificando o papel do Ministério Público e valorizando um judiciário consequente com a preservação das empresas e dos empregos. O que se viu foi uma tremenda falta de estratégia de defesa nacional e, como uma lição bem aprendida, ao menos agora sabemos que defender a estabilidade econômica também passa por cuidar da forma, dos métodos e das garantias jurídicas.

10
Dez23

Fala de ex-PM sobre estupro de mulher morta ilustra crime de vilipêndio de cadáver e misoginia até depois da vida

Talis Andrade

 

Em aula de curso preparatório para concursos públicos, Evandro Guedes narra o estupro do cadáver de uma mulher em um necrotério. O crime tem pena prevista de um a três anos de prisão

Por Redação Marie Claire

Viralizou nas redes sociais na segunda-feira (4) o trecho de uma aula do ex-policial militar Evandro Guedes, fundador do curso preparatório para concursos públicos Alfacon, em que narra o estupro de uma mulher morta, ação caracterizada como vilipêndio de cadáver.

Tipificado no Artigo 212 do Código Penal, o crime consiste em tratar de forma vexaminosa o corpo, imagem ou cinzas de uma pessoa morta. Esse ato pode acontecer por meio de palavras, fotos, gestos ou ações consideradas degradantes. A pena é de um a três anos de detenção, além de multa.

Leia também

49 mil mulheres foram assassinadas no Brasil em uma década

'Cenário desolador', diz pesquisadora sobre aumento de violência a mulheres

“Aí você está lá e vem uma menina do Pânico da TV morta. Meu irmão, com aquele 'rabão'”, diz Guedes na aula gravada. “E ela infartou de tanto tomar 'bomba' na porta do necrotério e tu levou lá para dentro. Duas da manhã, não tem ninguém. Você bota a mão, hmm quentinha ainda. O que você vai fazer? Vai deixar esfriar? Meu irmão, eu assumo o fumo de responder pelo crime.”

No vídeo, o ex-policial também orienta a melhor posição para realizar o ato e a usar um secador de cabelos para quando o cadáver esfriar e endurecer.

“E ainda avisa o cara que vai te render: cara, deixa que eu vou virar de plantão para você. E é o dia mais feliz da sua vida, irmão. É crime? É. Você mexeu com a honra do cadáver. O sujeito passivo do crime é o familiar da vítima”, afirma Guedes.

Após a repercussão negativa, o ex-policial fez uma transmissão ao vivo em sua rede social e afirmou que aquilo se tratava de uma “ficção jurídica”, usada como exemplo durante a aula de Direito Penal.

“Defendendo abuso de mulheres? Primeiro que, se ela está morta, ela não é mulher. É um defunto, não é uma pessoa viva. Ela não tem mais personalidade jurídica, porque ela morreu”, disse. Procurado pela reportagem, Guedes não respondeu ao pedido de entrevista até o fechamento deste texto.

Por meio de nota, o Alfacon alega que o trecho foi editado “de forma a parecer que o professor em questão era praticante do crime”. “O vídeo na íntegra deixa claro que se trata apenas de um exemplo fictício e caricato para ilustrar uma situação do direito penal. O vídeo é antigo, uma aula ao vivo do YouTube que foi retirada do ar para que nenhuma pessoa mais faça mau uso do conteúdo e em respeito a todos que possam se sentir ofendidos com a colocação”, diz o comunicado.

Marie Claire solicitou ao curso a aula na íntegra, mas não teve o pedido atendido.

Guedes já foi criticado outras vezes por suas falas, como quando lecionou um curso em que ensina técnicas de tortura. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diz ser amigo de Eduardo Bolsonaro, filho do político.

Para a advogada criminalista Juliana Bertholdi, o episódio é uma demonstração de como a cultura do estupro “é uma realidade objetiva” e merece atenção criminológica. Ela afirma que a conduta também “se amolda àquela de incitação de crime, a que consiste em incentivar, estimular, publicamente, que alguém cometa um crime e prevê pena de detenção de 3 a 6 meses e multa”.

A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) manifestou repúdio em suas redes sociais após o episódio viralizar: “CRIMINOSO! É inacreditável que uma fala como essa fique impune. Não é a primeira vez que o empresário Evandro Guedes comete crimes ao ministrar uma ‘aula’ de cursinho. A evidente apologia à necrofilia e à violação do corpo de uma mulher desonra todos os verdadeiros professores e professoras. Por posições como essas, Evandro tem que estar atrás das grades!”, escreveu no X, antigo Twitter.

A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL-MG) também se pronunciou sobre o caso: “A violência contra nossos corpos chega ao absurdo completo de cenas de incentivo à estupro a uma mulher morta em um curso para concursos públicos por um bolsonarista. Dizendo ainda que não poderia deixar esfriar. Misoginia e ódio às mulheres. Responsabilização!”, escreveu.

A jornalista Cris Fibe, autora do livro João de Deus — O abuso da fé (Ed.Globo Livros, 240 págs, R$ 59,90), comentou o episódio no UOL News desta terça-feira e defendeu uma punição ao ex-policial: “Ele só não foi punido, como tem centenas de milhares de seguidores. Ele está aí nas redes sociais para quem quiser ouvir. De novo, a importância de a gente ter algum olhar para isso, porque ele está tripudiando em cima da divulgação [do vídeo] (...). A gente não tem direito à proteção do nosso corpo nem morta. Você nunca está amparada. É muito violento”.

“Fico preocupada porque também funciona para esse sujeito crescer. Fui a uma das contas de rede social dele e ele está falando: 'Somos igual massa de pão, quanto mais bate, mais cresce', tripudiando em cima desse crime mostrando seu carro chique e sua riqueza”, continuou a jornalista.

VÍDEO. Evandro Guedes, fundador da escola de concursos públicos AlfaCon, aparece em um vídeo, que viralizou nas redes sociais, minimizando a pena por violar sexualmente corpos de mulheres mortas. A colunista Cris Fibe comenta o tema no UOL News.

20
Nov23

Ascensão social no Brasil: uma das mais difíceis do mundo

Talis Andrade

indignados sociedade consumo.jpg

 

Fernanda Azzolini: Descendentes de um brasileiro nascido entre os 10% mais pobres do país levam, em média, nove gerações para alcançarem a renda mediana da sociedade. Na análise de especialistas ouvidos pela DW, é importante entender as raízes dessa realidade para romper com ela.
 

Vídeo: A mentira da mobilidade social no capitalismo

Reinaldo Azevedo: A extrema-direita tem um profundo desprezo pelo Brasil e pelos brasileiros
 
16
Nov23

Repórter é condenada a 1 ano de prisão e R$ 400 mil de multa por revelar o Caso Mari Ferrer - V

Talis Andrade

A jornalista Schirlei Alves em retrato, sorrindo.

Schirlei Alves

Justiça imagina que repórter tem salário de juiz, promotor, desembargador, coronel e delegado da polícia

 

ULTRAJANTE! A repórter Schirlei Alves foi condenada a um ano de prisão aberta e multa de R$ 400 mil por ter revelado no Intercept Brasil a revitimização de Mari Ferrer por autoridades judiciais em seu processo de estupro. 

A reportagem levou a uma lei nacional, à censura do juiz e desencadeou um debate nacional que os membros do judiciário não querem ter. Esse é o impacto de nosso trabalho. 

Agora eles querem nos silenciar. Nos ajude a resistir e a cobrir os custos legais de Schirlei e de todos os nossos jornalistas:

FAÇA PARTE

FAÇA PARTE DO INTERCEPT

Abraji
@abraji
A Abraji e outras 20 organizações assinaram hoje (15/03) uma nota coletiva na qual expressam preocupação com 6 processos judiciais movidos contra a repórter Schirlei Alves, de Santa Catarina. Os autores dessas ações são um juiz, um promotor de justiça e um advogado
Image
Instituto Tornavoz
@tornavoz_org
O Tornavoz e diversas organizações manifestam preocupação com processos judiciais movidos contra a jornalista Schirlei Alves (SP) em virtude da reportagem que escreveu em 2020 para o sobre o julgamento do caso Mariana Ferrer 
Image
Instituto Vladimir Herzog
@vladimirherzog
O IVH e outras entidades publicaram uma nota na qual expressam preocupação com processos criminais contra Schirlei Alves. A jornalista é alvo de 6 processos judiciais movidos em virtude da reportagem que escreveu para o sobre o julgamento do caso Mariana Ferrer.
Fotografia da jornalista Schirlei Alves. Ela é uma mulher branca, tem cabelos escuros e cacheados, na altura dos ombros, e usa uma blusa xadrez preta e branca. Atrás dela há uma estante com vários livros. O texto sobre a foto diz "Organizações expressam preocupação com processos criminais movidos contra a jornalista Schirlei Alves. Leia a nota no site da Rede de Proteção."
Image
Instituto Vladimir Herzog
É inadmissível que uma jornalista no exercício da sua profissão, relatando um assunto de interesse público, seja considerada responsável por ofender a honra dos funcionários públicos e do advogado envolvidos no caso.
Image
Escreve o jornalista Reinaldo Azevedo: "Juiz e promotor consideram que sua honra foi ofendida pelo Intercept Brasil porque o site teria apelado à expressão "estupro culposo" para designar a tese supostamente abraçada pelo representante do Ministério Público e admitida pelo magistrado. O TIB já se explicou a respeito, e restou claro que isso não aconteceu. Eu mesmo esclareci logo de cara aqui, conforme vai acima, que inexiste tal tipo penal. Disse mais: por inexistir, é importante, falando em tese, que não se atue como se existisse. Desde sempre, a reportagem do site e dos veículos que trataram do assunto se fixaram na agressividade desmedida, contra Mariana, do advogado de defesa do acusado, sem que tenha havido —e as pessoas têm o direito de fazer esta avaliação — a reação proporcional de promotor, juiz e até mesmo do defensor público presente". Leia mais aqui.
Tem mais: Reinaldo Azevedo escreveu sobre esse caso pelo menos dois textos que colaboram para a elucidação do debate. São eles:
- Mariana Ferrer 2: Tão grave como o "estupro culposo" é o "por merecimento" 

16
Nov23

Repórter é condenada a 1 ano de prisão e R$ 400 mil de multa por revelar o Caso Mari Ferrer - IV

Talis Andrade
Sentença coloca jornalismo sob risco

As sentenças da juíza Studer colocam em risco a atividade jornalística e a imprensa livre no país e ameaçam danificar a confiança pública na integridade dos tribunais.

 Agora o caso de Schirlei irá para a segunda instância, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina, que é o “mando de campo” dos juízes Marcos e Studer e do promotor Oliveira. 

Cada vez mais, nossas batalhas estão sendo lutadas no judiciário e não na corte de opinião pública. Apesar do cenário desfavorável e os altos custos, é claro que levaremos esse caso até o fim e lutaremos com todas as nossas forças. Vamos defender o direito de Schirlei de exercer sua profissão, o nosso direito de revelar o que fazem os poderosos e seu direito de saber. 

Neste ano, já obtivemos vitórias contra arbitrariedades de membros do Judiciário, como a queda da censura da reportagem sobre a luta de Mãe Bernadete pelo STF. São vitórias que ampliam a proteção de todos os jornalistas e toda a sociedade. Esta é a nossa batalha incansável, mas sozinhos não podemos vencer em todas as frentes que surgem. 

Importantes organizações da sociedade civil têm se manifestado repetidamente contra essa situação perigosa e ultrajante. Elas são peça fundamental em nossa luta contra os abusos e perversidades cometidos por membros do Judiciário brasileiro, que não querem prestar contas dos seus atos. 

E também somos fortalecidos pelo apoio público de pessoas como você, que decidem não ser passivas e participar dessa batalha, levantando a voz, espalhando a conscientização e ajudando a financiar essas longas e custosas batalhas. Somente juntos poderemos nos opor a esses abusos.

 

LEIA TAMBÉM

Julgamento de influencer Mariana Ferrer termina com tese inédita de ‘estupro culposo’ e advogado humilhando jovem

Uma juíza determinou que editássemos nossa reportagem sobre o caso Mariana Ferrer sem nos ouvir

Lei Mari Ferrer está em vigoro "por merecimento"

claudio-gastao-da-rosa-filho-1604477064301_v2_900x

Cláudio Gastão da Rosa Filho, advogado. "Argumentação a que ele recorreu em tribunal é um perigo civilizatório", definiu Reinaldo Azevedo

 
CASO MARI FERRER. Associação Catarinense de Imprensa (ACI) manifestou em nota sua indignação e revolta com a decisão judicial, assinada pela juíza Andrea Cristina Rodrigues Studer, da 5a Vara Criminal de Florianópolis, que condenou à prisão e pagamento de indenização a jornalista Schirlei Alves. Pagamento de R$ 400 mil. Coisa ruim que nunca aconteceu com um juiz, desembargador, promotor, coronel e delegado de polícia. 
 
Image

Continua

16
Nov23

Repórter é condenada a 1 ano de prisão e R$ 400 mil de multa por revelar o Caso Mari Ferrer - III

Talis Andrade

 

Mulheres de movimentos sociais fazem manifestação por justiça no caso de Mariana Ferrer e contra a cultura do estupro, em frente ao STF, em Brasília (DF), em 4 de novembro de 2020. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress
Mulheres de movimentos sociais fazem manifestação por justiça no caso de Mariana Ferrer e contra a cultura do estupro, em frente ao STF, em Brasília (DF), em 4 de novembro de 2020. Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

 

O desfecho surreal do Caso Mari Ferrer.

A mesma Lei que suicidou o juiz Cancelier

 

Vamos relembrar a história do caso Mari Ferrer: em 9 de setembro de 2020, o juiz Rudson Marcos absolveu o empresário André de Camargo Aranha da acusação de ter estuprado a influenciadora digital Mari Ferrer. O crime teria acontecido dois anos antes em um clube de luxo em Florianópolis. 

Em suas alegações finais, o promotor Thiago Carriço de Oliveira afirmou que não havia como o empresário saber, durante o ato sexual, que a jovem não estava em condições de consentir a relação, não existindo, portanto, a intenção de estuprar. Mari afirma ter sido dopada e, posteriormente, violentada sexualmente por Aranha.

juiz-rudson-marcos-e-promotor-thiago-carrico-de-ol

Juiz Rudson Marcos e promotor Thiago Carriço de Oliveira, ambos do "caso Mariana Ferrer". O primeiro pede indenização de R$ 450 mil; o segundo, de R$ 300 mil. Leia aqui denúncia do jornalista Reinaldo Azevedo

 

Dois meses depois, o Intercept publicou a reportagem que revela a gravação da audiência de instrução, durante a qual Mari Ferrer foi humilhada e constrangida várias vezes pelo advogado de defesa do acusado, Cláudio Gastão da Rosa Filho.

Mari chega a implorar pela ajuda do juiz. “Excelentíssimo, eu estou implorando por respeito, nem os acusados, nem os assassinos são tratados do jeito que estou sendo tratada, pelo amor de Deus, gente. O que é isso?”, diz. Rudson Marcos achou suficiente pedir a Gastão que mantivesse o “bom nível”.

De acordo com o subprocurador Callou, integrante do CNJ, “cabia ao juiz interromper o advogado, suspender a audiência, se fosse o caso, e advertir o advogado de que ele não podia fazer aquilo. Mas nada disso aconteceu. Uma audiência que durou, salvo engano, cinco horas, o advogado foi o absoluto dono do ambiente. Isso é reconhecido pelo próprio tribunal.”

Vídeo: As condutas vergonhosas do juiz e o advogado de defesa que atuam no Caso Mari Ferrer. Vídeo mostra detalhes do comportamento agressivo do defensor e da passividade do magistrado, que acatou a tese de estupro culposo para absolver o réu. Nas imagens, Mari Ferrer está visivelmente constrangida, chora, e é ridicularizada pelo advogado do acusado. Continua

Vídeo: Veja trecho que Mariana Ferrer chora durante audiência de estupro

14
Nov23

Em 2022, lucro dos cinco maiores bancos do país soma R$ 106,7 bilhões

Talis Andrade

banqueiro banco.jpeg

 

 

Veja vídeo:

O ano de 2022 foi marcado pela manutenção, por parte do Banco Central, de uma elevada taxa básica de juros (a Taxa Selic) e, com isso, pelo crescimento do endividamento das famílias e a elevação da inadimplência do segmento Pessoa Física (PF).

Este cenário já havia levado os bancos a elevarem seus provisionamentos para risco de crédito (as provisões para devedores duvidosos – PDD), mas, em janeiro de 2023, antes da divulgação dos balanços anuais dos bancos, a Americanas S.A. divulgou ao mercado um “Fato Relevante”, para informar a detecção de inconsistências contábeis em suas demonstrações financeiras de exercícios anteriores. Essas inconsistências, estimadas inicialmente em cerca de R$ 20 bilhões, levaram a empresa a entrar, posteriormente, com pedido de recuperação judicial, por dívidas em montante de mais de R$ 40 bilhões.

O fato impactou ainda mais significativamente os resultados dos cinco maiores bancos do país (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica e Santander), que precisaram constituir significativos provisionamentos extraordinários, para fazer frente ao provável prejuízo. Ainda assim, os lucros dos cinco bancos, somados, atingiram o expressivo montante de R$ 106,7 bilhões, com alta média de 2,5% em doze meses.

Esses são alguns dos destaques desta 18ª edição do estudo Desempenho dos Bancos, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) - Rede Bancários.

 

Os gigantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN)

 

Em 31 de dezembro de 2022, o total de ativos das cinco maiores instituições bancárias do país atingiu R$ 8,9 trilhões, alta média de 9,2% em relação a dezembro de 2021. Grande parcela dos ativos desses bancos corresponde às suas operações/carteiras de crédito, cujos montantes, somados, totalizaram R$ 4,6 trilhões ao final de 2022, com crescimento de 12,2% no período. O patrimônio líquido (PL), que representa o capital próprio dos cinco bancos, atingiu R$ 694,3 bilhões, alta de 8,5% em doze meses, como pode ser observado na Tabela 1.

O Itaú Unibanco segue sendo o maior banco do país em ativos, os quais atingiram um montante aproximado de R$ 2,5 trilhões ao final de 2022, com alta de 14,0% em doze meses (a maior alta observada no período entre os cinco bancos).

A instituição com o segundo maior ativo é o Banco do Brasil, totalizando pouco mais de R$ 2,0 trilhões, com alta de 5,0%, seguido do Bradesco, que obteve crescimento de 7,6% em seus ativos, chegando a, aproximadamente, R$ 1,8 trilhão ao final do ano. Os ativos da Caixa Econômica superaram R$ 1,5 trilhão, com alta de 9,4% no período. O banco Santander, por sua vez, apresentou alta de 8,8% em seus ativos, totalizando pouco mais de R$ 1,0 trilhão.

Itaú Unibanco e Banco do Brasil apresentaram alta nos seus lucros em relação a 2021. O Lucro Líquido do Banco do Brasil cresceu expressivos 51,3%, chegando a R$ 31,8 bilhões (o maior resultado entre os cinco bancos), em 2022. Cabe ressaltar que a instituição apontou em seu relatório que não provisionou toda a carteira do cliente em questão (Americanas S.A.) e que iria acompanhar o caso para decidir se provisionaria ou não o restante nos próximos períodos.

O Itaú Unibanco apresentou o segundo melhor resultado do ano, com um Lucro Líquido de, aproximadamente, R$ 30,8 bilhões, alta de 14,5% em doze meses.

Os demais apresentaram queda em seus resultados no período. Bradesco, com Lucro Líquido de R$ 20,7 bilhões, teve queda de 5,5% em relação a 2021. Santander obteve resultado líquido de R$ 12,9 bilhões e queda de 21,1% em doze meses. A Caixa, por sua vez, lucrou R$ 9,8 bilhões, com redução de 43,4%. Esse resultado teria sido ainda pior, não fosse o fato de a instituição ter feito uso de créditos tributários, o que fez com que o saldo da conta de impostos e contribuições subisse mais de 720%, totalizando quase R$ 1,8 bilhão, amenizando, em parte, os efeitos negativos da PDD elevada.

Rombo da Americanas R$ 50 bilhões aponta relatório

O rombo nas contas da rede varejista Americanas é de pelo menos R$ 45 bilhões, segundo apontou, nesta terça-feira (13), um relatório produzido por assessores jurídicos, baseado em documentos de um comitê de investigação independente. O montante é mais que o dobro do valor estimado inicialmente, em fevereiro deste ano, de R$ 20 bilhões.

O documento também indica que as demonstrações financeiras da empresa vinham sendo adulteradas pela diretoria anterior. É a primeira vez que a informação é admitida pela companhia.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Americanas concluiu suas investigações nesta terça-feira (26) sem indiciar os possíveis culpados pela fraude de R$ 20 bilhões na varejista. Parte do colegiado apontou “blindagem” ao trio de controladores da empresa (Carlos Alberto da Veiga Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Hermann Telles). O relatório final foi aprovado por 18 votos contra 8 contrários.

Apesar de reconhecer a possível participação da cúpula da empresa, o relator, deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), disse não haver provas suficientes para indiciar os responsáveis pelas irregularidades no balanço contábil que mascararam o rombo bilionário.

“Não tem comprovação e não deu tempo para sermos inquisidores, fazer papel de polícia, juiz e promotor”, disse. “Não tenho a coragem de acusar pessoas antes das investigações, a cada dia saem novos fatos”, reiterou o parlamentar.

Para o deputado Mendonça Filho (União-PE), a opção do relator foi no sentido de preservar a empresa, manter empregos e deixar que a Justiça conclua as investigações. Em sua opinião, “não há nada que implique diretamente os acionistas de referência”.

Na mesma linha, o deputado Alberto Mourão (MDB-SP) acredita que o colegiado ficou “sem instrumentos para aprofundar as investigações”, inviabilizando o indiciamento de suspeitos pela fraude.

“A gente poderia avançar em um relatório onde colocassem indicações ao Ministério Público para que pudessem aprofundar as investigações”, disse. Mourão observou que executivos estratégicos do conselho administrativo e fiscal não foram ouvidos pelo colegiado.

 

Blindagem
Por outro lado, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) lamentou o desfecho dos trabalhos da CPI que, segundo ela, foi uma “tentativa de blindar” grandes acionistas e bancos implicados na fraude. “É muita subserviência aos interesses do capital que lesa em bilhões de reais a empresa, quem paga são os trabalhadores, os pequenos acionistas e o povo brasileiro”, criticou.

“O mercado de capitais sofreu a maior corrupção de sua história promovida por aqueles que não só deveriam estar indiciados no relatório, deveriam estar presos”, concluiu a parlamentar.

Melchionna havia apresentado voto em separado ao texto inicial de Chiodini, divulgado na última reunião, para responsabilizar os três principais acionistas da Americanas, os quais não foram ouvidos pela comissão.

Mesmo após ter acesso à carta de Miguel Gutierrez, ex-CEO da empresa, que apontava envolvimento do trio de acionistas na fraude, Chiodini optou por não ouvi-los antes de encerrar as investigações da CPI.

 

Relatório da Blindagem

O deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) chamou o texto de “relatório da blindagem”. “Estamos acabando hoje lamentavelmente essa CPI com a blindagem que tirou a condição dos membros da comissão de ouvir essa turma que assaltou o Brasil”, disse.

 

Projetos de lei

Em seu parecer, Chiodini sugere quatro projetos de lei para combater crimes na gestão de empresas e aprimorar a fiscalização do mercado de capitais. Em uma das propostas, é criado o crime de infidelidade patrimonial com pena de reclusão de um a cinco anos, além de multa, para quem causar dano ao patrimônio de terceiros sob sua responsabilidade.

 

Lojas Americanas criminosos impunes deitados em berços esplêndidos

Dona das marcas Lojas Americanas, Americanas.com, Submarino, Shoptime, o grupo que hoje representa a Americanas tem como principais acionistas os brasileiros Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. O trio é dono da gestora 3G, que detém 31% das ações da Americanas e é sócio de outros negócios, como a fabricante de bebidas Ambev e a gigante de alimentos Kraft Heinz.

10
Nov23

“Não há dúvidas de crime humanitário nos bombardeios na Faixa de Gaza”

Talis Andrade

Vídeos: Em uma entrevista exclusiva à NINJA, o jornalista internacional Jamil Chade, trouxe à tona preocupações cruciais sobre a atual crise humanitária na Palestina ocupada. Economia de Israel pode entrar em colapso com a guerra, informa Eduardo Moreira. Brasileiros em Gaza: Fala de embaixador mostra que é Netanyahu quem decide lista, diz Reinaldo Azevedo

Foto: UN Photo/Jean Marc Ferré

 

Em uma entrevista exclusiva à NINJA, o jornalista internacional Jamil Chade, trouxe à tona preocupações cruciais sobre a atual crise humanitária na Faixa de Gaza, destacando desafios significativos da diplomacia internacional nos pedidos para que Israel pare os bombardeios e autorize ajuda humanitária chegar até Gaza.

Em meio ao conflito em andamento entre Israel e Gaza, Chade deixou claro que não há espaço para dúvidas em relação às violações das leis internacionais humanitárias e dos direitos humanos por parte de Israel. Ele enfatizou que essa é uma questão inegociável e que as ações de Israel estão em flagrante desacordo com o direito internacional.

Na última semana, mais de 150 países, incluindo o Brasil, condenaram as ações de Israel contra a Faixa de Gaza, e, em um documento oficial, pediram o imediato cessar fogo e a abertura de corredor humanitário. Israel ignorou este pedido, o que foi duramente criticado pela comunidade internacional.

O jornalista, que mantém uma coluna no UOL, também ressaltou a importância de manter relações diplomáticas com todas as partes envolvidas no conflito. Ele argumentou que, para desempenhar um papel significativo na cena internacional, o Brasil deve manter diálogo com todos os atores, independentemente de concordância ou simpatia.

Mediação não significa concordar. Se o Brasil quer ser um ator que pode dialogar com todos, ele precisa manter relação com todos”, afirma Jamil Chade.

O jornalista apontou as limitações dos Estados Unidos e da Rússia como mediadores no conflito entre Israel e Palestina. Segundo Chade, outros países, como o Brasil, têm um papel a desempenhar na mediação, mesmo que isso envolva críticas a ações específicas. Ele destacou que a paz é uma necessidade urgente, e a comunidade internacional não pode depender apenas das superpotências tradicionais para facilitar o diálogo.

“No fundo, o Brasil fez a mesma coisa na Ucrânia. O Brasil manteve relações com a Rússia, mas nunca deixou de votar na ONU uma resolução que condenava a invasão. O Brasil votou a favor da resolução que condena a invasão da Ucrânia e, ao mesmo tempo, mantém relações diplomáticas com ambos. Essa é uma tentativa de equilíbrio que não é fácil”, disse Chade para NINJA.

Além disso, Chade observou a grave deterioração da situação humanitária em Gaza devido ao conflito. Ele expressou preocupações sobre o trauma psicológico enfrentado pelas crianças palestinas, que crescem em um ambiente de medo e perda constante.

Na última semana, o sociólogo e ativista palestino Baha Hilo concedeu uma entrevista para NINJA, e ofereceu uma visão intensa sobre a atual crise em Gaza, onde as pessoas estão enfrentando ataques implacáveis de Israel e a comunidade internacional está se mobilizando em apoio à Palestina, sob pressão de protestos. Até o momento, mais de 10 mil palestinos foram mortos. 

Foto: Motaz Azaiza

 

A discussão também incluiu o contexto geopolítico, destacando que a atual situação é complexa e desafiadora. Israel ignora tradicionalmente as resoluções da ONU, sabendo que conta com o apoio dos Estados Unidos, um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Chade alertou para o impasse no Conselho de Segurança, que muitas vezes fica imobilizado devido a vetos.

“Existe uma pressão muito grande hoje, inclusive na Europa. Isso não é uma questão só dos países em desenvolvimento. Não é só uma questão dos aliados da causa palestina. Você tem vários governos, inclusive os europeus, muito preocupados com o nível de violência de Israel em Gaza. Esse nível de violência obviamente cria uma situação de muito risco internacional”, afirma Chade.

O jornalista levantou questões sobre a viabilidade de uma solução de dois estados, citando desafios práticos, como o deslocamento de colonos israelenses. Ele também mencionou a importância do Tribunal Penal Internacional em investigar potenciais crimes de guerra.

“Eles [Governo Israelense] vão ser, pelo menos pré-investigados. Agora a gente vive aquela outra situação anterior, mesmo condenados, qual vai ser o impacto real disso, sendo que a gente tem um governo americano ainda em apoio ao governo israelense? Então é um grande teste, no fundo, para a própria credibilidade do Tribunal Penal Internacional”, conclui Chade.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
Em destaque no SAPO Blogs
pub