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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

O CORRESPONDENTE

15
Mai23

Mulheres filósofas (filmes)

Talis Andrade
 
Hipátia de Alexandria: filósofa e mártir | José Tadeu Arantes (Ganapati)
 

 

 As mulheres lutaram bravamente e assumiram um protagonismo relevante na sociedade. Na política, se afirmam progressivamente

 

por Gustavo Krause

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Os antigos vazios urbanos do Recife eram os campos da molecada: espaço de lutas renhidas entre os times de ruas e bairros. Prevaleciam as regras do “bocão”, mas respeitavam a bandeira branca.

Uma entrada mais violenta tinha como sentença: “Futebol é jogo pra homem”. Grave engano. Não passava, de fato, pela minha cabeça que os mais simples fundamentos do futebol (matar a bola no peito, driblar, a caneta, ou seja, passar a bola entre as pernas dos adversários, o voleio, a bicicleta e por aí vai) fossem assimilados e executados com perfeição.

Marta, a franzina alagoana, fez tudo e bem-feito. Ícone do futebol feminino foi eleita por, seis vezes, a melhor jogadora do mundo. Tudo sem o menor apoio dos machos alfas da CBF. Dentro e fora do campo, lutaram no Brasil, no mundo e, hoje, são protagonistas respeitáveis e valiosas no mercado da bola.

Esta lembrança me veio à cabeça ao escutar uma aula sobre Hannah Arendt em que a professora destacou a tímida presença da mulher na longa da história da Filosofia, situação que permanece até os nossos dias.

Não é de estranhar: o berço da Filosofia, a Grécia, excluiu e amordaçou a mulher no mais essencial exercício do ser: pensar. Restavam a submissão, o espaço doméstico e a servidão sexual.

Silêncio era virtude; pensar, pecado mortal. Começou a ser pago por Hipatia de Alexandria, primeira filósofa (lógica e matemática), assassinada, em 415 por uma horda de cristãos.Hipátia de Alexandria: filósofa e mártir | José Tadeu Arantes (Ganapati)

Pensar diferente das ideias dominantes era fatal. Galileu abjurou o heliocentrismo. Escapou das fogueiras que era o destino implacável das “heresias” femininas.

Corajosamente, as mulheres não se intimidaram, lutaram e, hoje, ocupam, com destaque, carreiras profissionais, inimagináveis para a aversão misógina.

Recentemente, o livro de Wolfram Eilenberg (Todavia, 2022), “As Visionárias”, aborda a vida de quatro grandes mulheres, de modo leve e fluente, que, no conjunto, sintetiza a capacidade de transformar o cativeiro feminino e revelar o destemor pessoal e intelectual de romper as mais espessas barreiras da libertação.

Em comum, carregavam “graves” pecados: eram mulheres, judias (á exceção de Simone de Beauvoir), intelectuais, contemporâneas ou vítimas, dos tempos sombrios das guerras mundiais, com o foco na década 1933-1943.

De Beauvoir (1908-1986), autora de “O Segundo Sexo”, abriu as comportas do pensamento sobre o ego feminino e sua construção social. A partir dela, o tema da sexualidade segue crescentemente desafiador. Estabeleceu com o existencialista, Sartre, uma relação aberta e liberta: o amor necessário era o que os ligavava; o amor contingente era o laço das relações circunstanciais e fugazes.

Simone Weil (1909-1943), um espírito fraterno no frágil e debilidado corpo enfermiço: intelectualmente precoce; fervorosa defensora da utopia comunista, abominou os crimes stalinistas e aproximou-se de Trotsky; tentou convencer, sem sucesso, o comando francês para atuar no front da guerra como enfermeira ou paraquedista. Sob inspiração de profundas convicções religiosas e enorme produtividade intelectual, escreveu o memorável ensaio sobre a existência humana “O enraizamento” e a destruição da guerra sobre indivíduos e nações. Subnutrida, faleceu, tuberculosa, aos 34 anos.

Ayn Rand, judia-russa (1905-1982), deixou seu país de origem, sempre fugindo do que considerava uma tragédia: a submissão do indivíduo ao coletivo estatal e “ideal”. Em 1926, chega em Chicago. O seu pensamento se estrutura sobre a razão e os fatos. Polêmica, argumentava em favor do egoísmo ético e rejeitava firmemente o altruísmo como enobrecimento do autosacrifício, em favor de um coletivo sagrado pela propaganda e a minoria, um lixo. Construiu um sistema filosófico, chamado “Objetivismo”. E uma densa obra, “A Revolta de Atlas”. E “A Nascente”, virou filme.

Hannah Arendt (1916-1975) é uma das maiores filosófas e pensadoras do século XX. Mulher admirável. É dela a expressão “Banalidade do Mal” ao fazer a notável cobertura jornalística e reflexão filosófica sobre o julgamento de Adolf Eichmann, o monstro de Nuremberg. Mal compreendida, despertou a ira de parte da comunidade judaica e dos sionistas. Arendt, além do conjunto da obra, jamais foi superada na dimensão e compreensão das “Origens do Totalitarismo”, título do livro, esgotado em 2017, dado ao aumento de interesse no assunto quando Trump assumia a presidência dos EUA. Sob a desumanidade das guerras, Hannah sentiu na própria pele os efeitos do que significa a agonia de respirar em meio às referências destruídas.

Ainda não superamos o preconceito e, mais profundamente, a misoginia. Permanecem sutilmente. Os quatro exemplos demonstram que o mundo seria mais humano se houvesse harmonia social entre os Gêneros.

 

08
Mai23

Paulo Freire sempre

Talis Andrade
Foto: Joao Pires (AE)

 

 

Leia a tradução para o inglês do poema “Recife Sempre”, de Paulo Freire

 

20
Mar23

Antonio Maria, do Recife e do Mundo

Talis Andrade
Foto: Arquivo familiar

 

 

As crônicas de Antônio Maria misturavam humor, crueldade e lirismo, a depender dos dias e da vida, que não eram iguais, para ele ou para ninguém

 

20
Mar23

Radicada em Portugal, cantora brasileira Anna Setton lança seu terceiro álbum

Talis Andrade
 
 
 
Anna Setton lança o primeiro álbum após cantar por 14 anos na noite  paulistana | Blog do Mauro Ferreira | G1

“O futuro é mais bonito” é o título do terceiro álbum da artista, lançado no mês passado, em Portugal. Em abril, a cantora e compositora se apresenta em outras capitais europeias.

Capa do novo álbum da cantora e compositora Anna Setton.
Capa do novo álbum da cantora e compositora Anna Setton. © Divulgação
 
 

por Fábia Belémcorrespondente da RFI em Lisboa

Residindo em Portugal desde novembro de 2021, Anna Setton tem quase 20 anos de carreira e três discos gravados. Ela conversou com a RFI sobre seu trabalho mais recente, lançado em fevereiro.

“É um álbum no qual eu resolvi usar um discurso positivo, um discurso leve, um discurso amoroso para chegar às pessoas, para trazer essa energia positiva para as pessoas, esperando, acreditando nesse futuro melhor”, conta.

O novo disco também trata de sua mudança a Portugal e, segundo Anna, "da vontade de falar de futuro". O objetivo era apostar em um trabalho diferente, “onde eu me arriscasse, onde eu experimentasse coisas que eu ainda não tinha experimentado, [que] trouxesse uma modernidade diferente para essa música brasileira clássica que eu gosto e me inspiro”.

A meta da cantora se traduz num trabalho pop contemporâneo e que oferece um caldeirão de ritmos brasileiros. “Tem samba, tem xote, tem um 'roquinho', tem um samba-canção que virou um bolero, tem música com uma clave afro. E é uma música brasileira que se pretende contemporânea”, diz.

A cantora e compositora Anna Setton
A cantora e compositora Anna Setton © Divulgação

 

“O futuro é mais bonito” destaca a cantora e compositora de MPB que também transita por outros estilos, pop, indie e jazz. Essa é uma forma que a artista tem de dialogar “com esses timbres, com essas texturas, com elementos, às vezes uma coisa eletrônica, às vezes um sample, alguma coisa mais moderna”.

Setton sublinha que tudo isso junto leva o álbum “pra esse universo mais pop e mais contemporâneo da música mundial e também da música brasileira.”

Trabalho autoral

Das dez canções do disco, oito são de autoria de Anna Setton com diferentes parceiros.“Foi um desejo desse álbum explorar esse meu lado compositora”, conta.

Gravado no Recife, o disco foi produzido pelos músicos pernambucanos Guilherme Assis e Barro, que aproximou a artista paulista de compositores que já conhecia, mas que não tinha tido a oportunidade de trabalhar junto. "Então, é um álbum que tem bastante dessa rede de artistas e de compositores e músicos de Pernambuco, do Recife”, reitera.

Gosto pela música

Anna contou à RFI que o gosto pela música se revelou cedo, e o ambiente da casa da família contribuiu para isso. “Os meus pais sempre gostaram muito de música, a minha casa sempre foi uma casa muito musical. E meu pai toca um pouco de violão, minha mãe canta. Quando eu fiz 15 anos, eu ganhei meu primeiro violão e comecei a tocar, já comecei a gostar muito, já foi uma identificação grande, comecei a fazer aula, comecei a fazer aula de canto.”

No meio do caminho veio o curso de Relações Internacionais, mas não teve jeito: a música falou mais alto. Logo que se formou, Anna decidiu se dedicar somente à música.

A carreira começou na noite paulistana. Primeiro, a artista cantava em rodas de samba e choro. “Depois eu fui cantar um repertório de jazz, fui cantar em piano bar de hotel, jazz clubs”, lembra.

Quando Anna Setton cantava na noite, o cantor e compositor Toquinho descobriu o talento da jovem artista. “Ele me convidou para fazer alguns shows, gravar o disco que ele estava gravando”.

Como cantora convidada, Anna se apresentou com Toquinho em mais de 200 shows no Brasil, em outros países da América Latina, nos Estados Unidos e na Europa. Foram quase cinco anos trabalhando juntos. “Foi uma parceria longa, onde eu aprendi muito também, foi uma segunda faculdade de música”, recorda.

No mês que vem, a artista volta aos palcos europeus com o novo álbum. Os quatro primeiros shows já marcados vão acontecer em Lisboa, Paris, Bruxelas e Madri.

“Vai ser muito bom poder ser essa brasileira que leva música brasileira pela Europa, por aí, sabe? Então, tô ansiosa, acho que vai ser bom”, prevê a artista.

03
Mar23

Heróis do Recife

Talis Andrade

Lembro os sem nomes, aqui nomeados pela primeira vez. Lembro a professora Termutes, do Ginásio Ipiranga, que sumiu no tempo

12
Fev23

Espetáculo de circo traz arte, cultura, dança e política brasileiras aos palcos de Paris

Talis Andrade

Maíra Moraes no espetáculo '23 Fragments de ces derniers jours" (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, até 18 de fevereiro de 2023.
Maíra Moraes no espetáculo '23 Fragments de ces derniers jours" (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, até 18 de fevereiro de 2023. © João Saenger

Democracia, passinho, Constituição de 1988, forró, demarcação de terras indígenas, frevo, racismo e maracatu. Um espetáculo de circo, um mergulho (auto)reflexivo, uma sopa de Brasil. Tudo isso está no palco do espetáculo bilíngue de circo "23 fragments de ces derniers jours" (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz em Paris até 18 de fevereiro, no Teatro Silvia Monfort.

Idealizado pela "circógrafa" francesa Maroussia Diaz Verbèke e pelo coletivo Instrumento de Ver, de Brasília, o espetáculo incita a refletir sobre o momento histórico atual no Brasil.   

Maroussia contou à RFI sobre o processo de criação.

"O processo se deu em duas partes. A primeira, no Brasil, quando o coletivo Instrumento de Ver, de três mulheres artistas, me convidou para um festival de circo que elas organizam. Em seguida, a gente começou a trabalhar juntas com a pesquisa que elas já desenvolviam sobre objetos, e a nossa relação artística funcionou muito bem", explica.

Mas a situação política e artística no Brasil começou a se deteriorar muito, relembra, e ela então propôs continuar o trabalho na França, por meio de residências artísticas.

Destruição e fragmentos

"Eu cheguei ao Brasil no final de 2018. Foi um momento difícil para o país. Logo começou o governo de Bolsonaro e eu acompanhei o momento que, pelo menos no aspecto cultural, foi uma destruição", conta. 

"Então, a gente trabalhou, nesse início, com essa ideia de destruição, de fragmento, do tempo quebrado... É por isso que no espetáculo tem uma forte pulsação, necessária para enfrentar a situação que estávamos vivendo, porque a gente fez (um trabalho de) resistência lá no Brasil."

"A segunda parte do projeto foi desenvolvida na França, com a minha companhia, que se chama 'Le troisième cirque' (O Terceiro Circo), e eu convidei três artistas masculinos dançarinos, porque antes mesmo de conhecer o coletivo, eu já tinha um amor pelo Brasil, para onde já fui várias vezes e tive a chance de descobrir um pouco da cultura, do Carnaval e das danças brasileiras".

A circógrafa - palavra de vem de "circografia", neologismo que ela mesma criou para definir a escritura e a realização de um espetáculo de circo - tenta explicar em palavras o seu arrebatamento pelo Brasil, sua cultura e o Carnaval.

"É difícil explicar um amor. A gente ama antes de saber o porquê. Eu acho que as culturas francesa e brasileira são muito complementares. E eu encontrei no Brasil uma coisa que me faltava na França, que tem a ver com o prazer de viver, o prazer de estar juntos", sublinha a circógrafa francesa.

Lucas Cabral Maciel no espetáculo "23 Fragments de ces derniers jours" (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, de 8 a 18 de fevereiro de 2023.
Lucas Cabral Maciel no espetáculo "23 Fragments de ces derniers jours" (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, de 8 a 18 de fevereiro de 2023. © João Saenger

 

Carnaval como libertação

O carnaval é também um ponto de virada na trajetória do contorcionista e dançarino Lucas Cabral Maciel. Ele explica o poder do Carnaval sobre os corpos e como trouxe isso para o espetáculo. 

"Tem um momento no espetáculo em que a gente relata como o meu primeiro encontro com o Carnaval teve um efeito muito forte em mim. O Carnaval de Recife, em particular, com a força da música e do frevo e como aquilo realmente tirou uma trava que estava estabelecida há muito tempo em mim de não poder dançar, eu não me permitia. E foi o Carnaval que me permitiu, pois o Carnaval é a festa em que tudo pode, onde você pode ser, em teoria, pelo menos na fantasia, o que você quiser", reflete Lucas, que tem raízes pernambucanas, mas cresceu entre Salvador e Maceió. 

E eu acho muito importante que a gente entenda que Carnaval não é evento. Carnaval é significado. Carnaval é momento, é todo um sentido para quem vive, é uma maneira de afirmar a existência. Então, quando você vive isso e coloca os pés lá, é muito poderoso. E a gente tem de trazer um pouco dessa ideia para cá", conta Lucas, que dança frevo no espetáculo.

André Oliveira e Marco Motta no espetáculo « 23 Fragments de ces derniers jours » (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, de 8 a 18 de fevereiro de 2023.
André Oliveira e Marco Motta no espetáculo « 23 Fragments de ces derniers jours » (23 fragmentos dos últimos dias), em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, de 8 a 18 de fevereiro de 2023. © João Saenger

 

Racismo

E, por falar em corpos, o racismo é um dos temas tratados pelo dançarino e artista baiano Marco Motta, que mora há 13 anos em Madri.

"Eu falo de racismo dentro do show e sobre a questão linguística, do racismo no idioma e também sobre os corpos da gente. A forma como a gente se expressa com o corpo, por exemplo, varia dependendo da cultura de onde a gente vem", reflete Marco. 

"Eu faço breakdance, que é uma dança da diáspora africana norte-americana, e um pouco de capoeira, que é da diáspora africana no Brasil", explica o dançarino.   

O espetáculo já foi apresentado na Suíça, na Bélgica e em outras cidades francesas. O dançarino carioca André Oliveira, que estreia no circo com esta peça, conta como tem sido a recepção do público na Europa:

"São coisas que eles não conhecem, em geral. É interessante trazer essa vivência do nosso corpo brasileiro, da minha vivência na favela, com a minha dança, para o outro lado do mundo", conta. 

Julia Henning e André Oliveira no espetáculo "23 fragmentos dos últimos dias", em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, até 18 de fevereiro.
Julia Henning e André Oliveira no espetáculo "23 fragmentos dos últimos dias", em cartaz no Teatro Silvia Monfort, em Paris, até 18 de fevereiro. © João Saenger

 

Circo e política

Além do Carnaval e das danças típicas brasileiras, os 23 fragmentos destes últimos dias tratam de temas políticos atuais. Julia Henning, uma das fundadoras do coletivo Instrumento de Ver, de Brasília, criado em 2002 na capital federal, explica que o circo e a política andam de mãos dadas.

"A gente sempre lidou com o momento histórico, que é o que a gente entende como sendo o circo, a contemporaneidade, que não tem a ver exatamente com uma estética, mas tem a ver com o diálogo com o seu tempo e estar aberto às influências do momento; não estar desconectado do mundo", explica.

"Quando a Marisa chegou, a gente não hesitava em passar muito tempo discutindo sobre o assunto. E durante todo o processo de criação, a gente teve que manter a energia mesmo assim, porque foi depressivo, sim, para quem trabalha com cultura", diz Julia, referindo-se ao governo Bolsonaro (2019-2022).  

"Arte em geral é política. Desde que a gente começou, nós sempre estivemos abertas às influências do que está acontecendo no mundo, o que está acontecendo com a gente e como trazer isso para a cena", conclui.  

Maíra Moraes, artista circense desde os 18 anos e cofundadora do Instrumento de Ver, acrescenta: "No sistema de produção cultural do Brasil, a gente se reveza em todas as funções. A gente passa de artistas, acrobatas, para produtoras, para quem divulga, para quem limpa... Somos só nós três e temos que dar conta de tudo o que o coletivo precisa para sobreviver. Então, é inevitável a gente estar realmente por dentro de todos os movimentos".

Béatrice Martins, acrobata desde os 5 anos, a terceira integrante do coletivo Instrumento de Ver, resume o espetáculo: 

"É um espetáculo brasileiro. Fala sobre o Brasil, tem músicas totalmente brasileiras. Trazemos, além das acrobacias, danças típicas do Brasil. A gente trouxe toda essa brasilidade para o espetáculo aqui na França, um calorzinho brasileiro", fala.

Béatrice Martins e Lucas Cabral Maciel dançam no espetáculo 23 fragmentos dos últimos dias, em cartaz até 18 no fevereiro no Teatro Silvia Monfort, em Paris.
Béatrice Martins e Lucas Cabral Maciel dançam no espetáculo 23 fragmentos dos últimos dias, em cartaz até 18 no fevereiro no Teatro Silvia Monfort, em Paris. © João Saenger

 

Esperança e arte

As artistas do coletivo, que são também cocriadoras deste espetáculo,  frisam o jeito brasileiro de encarar as mazelas do dia a dia sem perder a esperança.

"A esperança está viva e tem a ver com arte. Parece com coisa inocente, mas é com a esperança que a gente constrói as coisas. E é matando a esperança que a gente destrói as coisas. A esperança é a única arma que a gente tem de construção de um novo mundo. E não é tão utópico, mas algo mais pragmático mesmo: eu preciso saber aonde eu quero chegar para construir os caminhos para ir até lá. Então, a esperança tem um lugar importantíssimo agora", completa Julia Henning.

O espetáculo "23 fragmentos dos últimos dias" deve ser apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo em meados de 2023. 


 
20
Jan23

Para o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa

Talis Andrade

 

 

No sábado 21 de janeiro, temos o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Então a hora é boa de cantar o Terreiro do Pai Adão, sobre o qual escrevi no Dicionário Amoroso do Recife.

 

Xangô, Terreiro de Pai Adão *

 

Não estranhem que usemos xangô em lugar do nome candomblé, porque em Pernambuco é assim. O dicionário Houaiss registra que Xangô é 1. orixá iorubá dado como o quarto rei (lendário) de Oyo, na Nigéria, cuja epifania são os raios e os trovões; 2. culto afro-brasileiro que constitui uma alteração do padrão litúrgico nagô, adaptado por diversos grupos étnicos conviventes no Nordeste do Brasil.

Mas curvado aos fatos da língua, pois assim são os bons dicionários, Houaiss define que Xangô também é, da Paraíba até Sergipe, o “local onde se realiza esse culto; Terreiro”. É o nosso caso, neste em especial, da Estrada Velha de Água Fria, 1644 – Recife. Ali reside e resiste há 148 anos o mais antigo xangô de Pernambuco.

Nesse particular de xangô, o mestre é o maestro José Amaro Santos da Silva, que sobre o Terreiro de Pai Adão escreveu no livro Memórias de Água Fria:

“O xangô mais tradicional de Água Fria sempre foi o Terreiro do Pai Adão, na Estrada Velha de Água Fria, próximo a onde tinha o Chapéu de Sol e depois o cinema Império”. Fundado por Iyá Tinukê, tia Inês, uma mulher negra africana que adquiriu aquele espaço terra, que, além do Terreiro onde ainda hoje se fazem os toques de candomblé, fez construir anexa uma capelinha consagrada a Santa Inês. Foi sucedida por Adão. Mais tarde, o antropólogo Renê Ribeiro chegou a dizer e tentar validar que todos os Terreiros surgidos naquelas redondezas não passavam de satélites daquele daquela casa matriz.

Quando menino, nas brincadeiras de rua, alguns outros brincantes que acompanhavam os toques nos terreiros de candomblé, ou de xangô, como sempre foi chamado, estavam sempre a lembrar cânticos que ouviam nos salões, e cantavam brincando: Ogum da guerra, guerria-ê, Ogum da Guerra, guerria-ô. E ainda: Oraiêiê, bebé shoró. Oraiêiê, bebé shoró. Shorô pai, shorô mãe, bebé shorou-ô”.

Na infância, eu me lembro do fascínio do Terreiro de Pai Adão. Nos raros momentos em que o espionávamos — sim, o termo é este, espionar, porque havia nele algo de clandestino, pois era de maldição e de inferno o culto dos negros, como nos doutrinavam os padres e pastores —, lembro primeiro das luzes na noite, das saias largas, axó, voluptuosas das filhas de santo. E tudo envolvido no profundo e sensorial dos toques divinos dos tambores, tão sagrados, tão tentadores, que soavam a beleza como coisa do satanás. Penso que o cinema, com a sua arte onde se misturam imagem, som, cores e personagens, jamais conseguirá reproduzir, que digo, jamais conseguirá uma vizinhança do encanto, encantação daquelas noites furtivas, em que nos metíamos entre os assistentes da manifestação que diziam ser demoníaca. Ali se fuma erva, nos diziam.

É preciso ser menino, é preciso ter passado pela repressão de cultura e de religião da época, é preciso saber que todo o bom da vida era proibido, que o magnífico, por ir além do medíocre, era vetado, porque se tratava sempre de um trato não escrito com as profundezas do mal, ou de um acordo com o seu mais ilustre representante. É preciso esse mais que cinema para compreender os olhos esbugalhados da infância que bebiam uma noite de toque no Terreiro de Pai Adão. E de tal modo é permanente essa marca e feitiço, que na entrevista com Iá Luiza, em 2014, eu lhe perguntei se todos os dias eram de celebração e festa dos santos. Ela me respondeu, para meu maior desapontamento, que as comemorações eram quatro por ano. “Mas não é nem todo fim de semana?”, perguntei. “Naaão”, ela me respondeu. E o menino persistente apenas resmungou, “interessante”, para não cair em um silêncio absurdo.

Na enciclopédia digital se informa que a história do Sítio, o Terreiro de Pai Adão “começa por volta de 1875, com a chegada ao Brasil da africana Inês Joaquina da Costa (Ifá Tinuké) também chamada de Tia Inês, que morreu em 1905. Foi a fundadora do atual Sitio de Pai Adão, no Sítio de Água Fria, no Recife. É a mais antiga casa de culto Nagô de Pernambuco e uma das mais venerandas do Brasil, considerada uma das matrizes da nação de culto afro-brasileiro Nagô…

O sítio ainda preserva em seu espaço físico um baobá com mais de um século de existência e com mais de 10m de diâmetro, raro no Brasil por ser mais comumente encontradas espécimes desse porte nos locais de onde são nativas, na ilha de Madagascar (o maior centro de diversidade, com seis espécies), no continente africano e na Austrália (com uma espécie em cada)”.

Leia também: Brasil passa a ter dia para celebrar tradições africanas e candomblé

Mas nessa informação do baobá a Wikipédia comete um forte engano. Apesar da semelhança, grosso modo de olhar essa árvore somente pela altura e tronco, não é um baobá, é uma gameleira, há mais de 138 anos no Terreiro de Pai Adão. Acreditamos que erros assim possuem uma razão mais funda, muito além e distante de uma falha acadêmica. Como sempre ocorre com as manifestações populares, que ou não têm intelectuais nascidos no seu meio, ou quando os têm, mal falam da sua gente, porque se encontram mortos de vergonha da origem e querem ser aceitos pelo chamado mundo erudito, aqui também, no Terreiro de Pai Adão, falta uma história sistematizada, diria mesmo, até arqueológica, de recuperação do que foi coberto e enterrado. Uma história sem fronteiras com a literatura, que pesquise os registros indiretos do Terreiro até em notícias das páginas policiais, quando os pais de santo eram presos.

Para este dicionário, tive uma conversa, entre receosa e desconfiada com a Ialorixá Luiza. Receio e desconfiança de Iá Luiza, o que era natural, pois ela nunca me havia visto antes, e desci, baixei de repente à sua casa numa noite de segunda-feira de 2014. Pensei em escrever que ela me prestou um depoimento, mas isso ainda é falso, porque apenas anotei aqui e ali algumas frases da Ialorixá, que saíam a custo. E não poucas vezes ela recriminou a profunda ignorância deste estranho sobre as coisas sagradas do terreiro. Por exemplo, a dificuldade de entender a descendência e os seus laços com o mais famoso pai de santo, porque ela é viúva do neto de Pai Adão. Entender a sua vitalidade, pois ela estava com mais de 85 anos, sorrindo diante de algumas perguntas, para dizer o mínimo, bastante óbvias. Ela sorria à beira da gargalhada, de tal modo que difícil era o intruso acreditar na data do seu nascimento, em 24 de outubro de 1928.

Da conversa com ela, anotei a frase “eu sei ler, tenho caligrafia e tenho ortografia”. Bonito. Mas o mais grato foi saber da existência de uma corrente de solidariedade entre todos os moradores do Sítio, uma comunidade de 66 pessoas, com laços que se cruzam em parentes de sangue ou afinidade. Quando Iá Luzia enviuvou, não lhe deixaram faltar nada, ela me falou. Se adoecer, todos correm para o socorro urgente. No Terreiro existe uma defesa mútua e sólida, que não conheço em outros aglomerados ou vizinhanças. A vontade que deixa na gente é de um dia pertencer à comunidade. No momento mesmo da conversa, pude sentir a vigilância que mantinham sobre este estranho, numa guarda que não aparece, mas se espalha onipresente. A idosa Iá, que não é velhinha, estava amparada.

O Babalorixá atual é Manoel do Nascimento Costa, mais conhecido como Manoel Papai. Eu já havia conversado com Papai em outra oportunidade, no tempo em que ele brigava para que fosse reconhecido o Terreiro de Pai Adão como um templo religioso, e assim merecer a isenção do IPTU, como acontece com outras religiões. Naquela ocasião, ele também me espantou de outra maneira. Papai falava com naturalidade sobre as coisas do espírito, sobre a crença no sagrado, no mesmo campo e tempo em que discorria sobre o direito terreno do Sítio. Sereno e culto, sem afobação.

Desta última vez, com Iá Luzia a maior surpresa foi a revelação no fim da nossa conversa. Então eu soube que ela, mãe de santo, nunca se manifestou no terreiro. Isso quer dizer, ela nunca deu mostras de estar possuída por um santo, com o corpo em transe. No entanto, o quanto e como ela me olhava sem piscar, atenta e penetrante. Agora ao terminar o verbete Xangô é que percebo, o santo de Iá Luiza é ler a gente nos olhos. E da leitura concluir que não havia maldade nas perguntas de um ignorante.

Dicionário Amoroso do Recife.jpg

 

*Publicado originalmente no Dicionário Amoroso do Recife   

 

01
Jan23

O mergulho de Alexsandro Souto Maior

Talis Andrade
 
 

Rafael Rocha escreve:

 

Com poemas nascidos das águas do Recife de hoje, o poeta Alexsandro Souto Maior mergulha, sem medo de se molhar, nas paragens anfíbias de uma cidade hoje muito triste e abandonada pelos governantes. O poeta não se esquece da irmã Olinda (cidade em que eu nasci), presa em olhos de carnaval e de igrejas e de boemia, alicerçando tudo isso - como Alexsandro bem diz - no sonho de um povo libertário.
 
O livro RECIFE ANFÍBIO E OUTRAS PARAGENS é uma canção de quem ama e vive a vida de uma cidade onde rios se encontram e dão origem a um oceano imenso chamado de Atlântico.
 
Uma cidade nua. Uma cidade molhada. Uma cidade de marés e de mangues. Uma cidade, enfim, superlativa em todas as páginas e em todos os poemas.
 
Bom que tenhamos conosco poetas do naipe de Alexsandro Souto Maior. O Recife agradece. Olinda também. Sem falar neste poeta que faz essa pequena resenha. Obrigado pelas poesias.
13
Dez22

Cabo Anselmo em sua farsa

Trecho do livro “Soledad no Recife”

Talis Andrade

 

 

 

Ainda que as vestes, os cabelos, os bigodes, o porte, a maquiagem e caracterização em resumo, ocupem um lugar importante, indispensável para a composição e segurança do tipo, do personagem a que somos levados a chamar de Daniel, as palavras que o agente da peça nos diz é que detêm o maior fascínio. É como se, se nos perdoam a heresia e o insulto, é como se um ator recitasse João Cabral. Como se recitasse um poema de João Cabral apenas falando, conversando, anunciando. Bem sei a distorção e o tamanho da ofensa estética, ética, ao enunciar tal comparação. Mas serei compreendido se souberem que para os nossos ouvidos e ânimo de 1972, a revolução era pura música, as bandeiras e consignas da revolução eram realizada poesia. Como diríamos, se voltássemos a falar como à época, as nossas condições subjetivas não atingiam a feliz objetividade. O ser que nos fala agora as frases: “A situação no mundo todo é revolucionária. É um paiol, companheiros. Basta uma faísca. Um grupo de guerrilheiros decididos, com fogo, pode levar a explodir a casa de pólvora. Em Cuba foi assim. Fidel e Che mostraram que o pequeno-burguês é revolucionário”. Ora. A situação no mundo todo, para nosso próprio peito era uma montagem dos momentos de que precisávamos. Cuba, a pequena ilha de exemplo para a humanidade, o Vietnã, de guerrilheiros que derrotavam a maior força militar do planeta, as ações relâmpago de assalto e fuga com sucesso. Como bom vendedor, como bom vigarista, ele nos oferecia o que desejávamos. Bastava querer, abraçar as armas e o sonho. Com o fuzil cometeríamos nossos poemas, se não com o belo pensamento de “a cidade é passada pelo rio / como uma rua / é passada por um cachorro”, mas com o vigor imediato de “o terreiro lá de casa / não se varre com vassoura / varre com ponta de sabre / bala de metralhadora”. Ou mais precisamente com os versos “Um / dois / três vietnãs”, e mais “pão, guerra e liberdade”, onde a palavra guerra, ardilosa, substituía a palavra-mãe, terra. Esse demiurgo, vale dizer, esse poeta que nos fala na sala em 1972, longe está do Anselmo que afirma 36 anos depois: “Acho um suicídio aquelas pessoas terem lutado no Brasil, sabendo que os grupos armados estavam caindo e morrendo. E ainda querendo dar uma de galo”. E a distância entre o poético e o tétrico, entre o verso e o inverso, não se dá pela mudança e transformação do personagem no tempo. O mesmo que nos dizia em 1972, “somente a devoção a uma causa e a firmeza de luta, a coragem, o arriscar tudo pelo socialismo é que podem fazer uma revolução vitoriosa”, era o mesmo que fazia contatos com militantes, que eram seguidos até os outros contatos da rede clandestina, para que a repressão fizesse um mapeamento de pessoas, nomes, fotos, perfis, intimidades. Já então o poético e apoético, o verso e o reverso, a prosa e o prosaísmo, a palavra e o palavrão estavam na mesma pessoa.

Leia também: O que se passa com um homem quando caminha para a morte?

Não sabíamos, é claro. Aquele saber de experiência feito ainda não tínhamos. Faltava-nos o conhecimento de que entre o sublime e o terreno, entre alma e porco, se houver um embate, triunfará o mais terreno porco. Na hipótese de haver embate. Em Daniel, antes do conflito entre figuração e fato, tomávamos só a figuração, aquela aparência devotada como a própria realidade. Um poeta moribundo que recebe a visita de uma bela mulher, nela verá motivos nada Rilke, porque a carnalidade triunfa, até mesmo no espírito. Disso não sabíamos, ninguém jamais nos havia dito, ou mesmo se alguém nos dissesse, seria inútil, não assimilaríamos, em razão de tais palavras não terem passado pelo filtro da experiência. O corpo do poeta procura o corpo da piedosa dama e não vemos, porque até então acreditávamos que tudo era espírito. A revolução, o socialismo, as mil e uma flores desabrochariam. Um caminho reto e retilíneo para as alturas. Como ver o agente no belo homem a declamar Neruda? Como identificar a traição de quem se acompanhava por Soledad e a experiência de haver sido treinado em Cuba? Era um personagem caracterizado com todas as condições de sucesso. Passado de luta, presença de pessoas do mais alto crédito revolucionário, futuro por conclusão óbvia e certeira. É um dos nossos, e dos melhores. O jogador, desonesto por método e sistema, no entanto meio esconde, meio mostra essas cartas, por “questões de segurança”. E se estabelece então o vínculo, a fraternidade entre enganador e enganado. Víamos tais cartas, a beleza suave e valorosa de Soledad, o seu total despojamento, a importância de ser conhecido de Fidel, e fingíamos que nada disso era visto. O enganador sorria e se dava todo em uma aposta vantajosa para o enganado, com o acréscimo de nada pedir em troca.

– Tenho armas, muitas armas, e tenho que passá-las adiante.

Não ousávamos perguntar a que preço, a que preços, porque os desonestos mais desonestos são muito sensíveis à mais leve desconfiança. Ficam indignados. Poderíamos, como resposta, até receber um cuspe na cara, enquanto o ferido nos brios nos respondesse:

– Eu não sou um traficante!

A isso não poderíamos consertar com a ressalva de que o preço não era, não seria em moedas, mas em que termos políticos vinha o oferecimento. Mas tal conserto não caberia, porque já havia se estabelecido uma fraternidade entre enganador e enganado. Como em todo golpe de sucesso de um vigarista. Aceitar as armas sem questionamento era melhor. E se ele – o dono das armas – impusesse condições inaceitáveis aos princípios e programa da Organização? Então não cabiam reparos, ressalvas ou minudências. Ali estava um combatente, um aliado, com uma oferta irrecusável. Adiante. Eu, Júlio e Ivan olhávamos o jogador a sorrir diante de nós. Não, não era o jogador. Era Daniel. Era e é, nessa mistura onde procuro um elemento puro e homogêneo. Alcanço-lhe a máscara. Como se faz máscara, mestre Julião das máscaras de Olinda? Os desenhistas que não fazem máscaras buscam a pessoa pelos olhos. É uma busca estranha ao método, que recomenda começar a cabeça pelo formato do crânio, por um desenho que começa por círculos, vizinhos à semelhança geral dos crânios. Os desenhistas que retratam pessoas, na sua ânsia de atingir o específico nos traços comuns dos homens, buscam os olhos do modelo como uma identidade, ou como um calcanhar de Aquiles dentro da couraça dos retratados. “Se alcanço esse ponto, venço a batalha”, eles se dizem. Do outro lado do enfrentamento, a posar para uma foto ou uma tela, o natural das gentes quer se mostrar com o seu melhor e mais belo rosto, dentro das linhas das quais não pode fugir. Com Daniel, que também foi Jônatas, Jonas, Anselmo, e voltou na velhice a ser Anselmo, não. A evolução de suas raras fotografias mostra um jovem a fumar – pose do seu melhor e mais famoso, sem dúvida -, um jovem no alto em um discurso, cercado de marinheiros, a mais usada foto do seu currículo apresentável. Depois há uma lacuna de imagens por oito anos, até aparecer como Daniel, em uma foto de aniversário de Soledad. É um instante, um flagrante que ele não queria, em que tentara se furtar à câmera, desculpar-se, mas um padre insistira a tal ponto, que Daniel, o revolucionário, achou mais razoável e menos suspeito deixar-se fotografar.

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Urariano Mota
 
21
Set22

Disparo de arma de fogo atinge varanda de apartamento no Recife

Talis Andrade

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Sacha Faria
@sacha_faria
Durante a madrugada, um apto no bairro de Casa Amarela (Recife), levou uma rajada de tiros. E sabem por que virou alvo? Pela bandeira vermelha em apoio a Lula! Poderia ter sido uma tragédia com vítimas, ainda bem que ninguém saiu machucado (dessa vez). Se cuidem. Está acabando!Image
 
O Exército "validador" das Eleições devia cuidar desse caso. Que a polícia ppv - como classificou o ministro Edson Vidigal - existe para prender preto, puta e viado. Desde que pobres.
 
Talvez a arma tenha sido comprada com licença do Exército que facilita.
 
Óbvio que o tiro não foi para comemorar o Dia Internacional da Democracia. Dia 15 último. Não festejado por Bolsonaro e pelas Forças Armadas.
 

 
Dia Internacional da Democracia: - Trabalhos para Escola

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