Justiça por Janaína (veja termos de qualificação e interrogatório)

Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. A morte de Janaína Bezerra, estudante da Universidade Federal do Piauí, levou um pouco de cada um e cada uma de nós.
Anseio o que o futuro tem pra mim
Mais ainda o que penso ter no presente instante
Janaína da Silva Bezerra
No último sábado (28), a comunidade acadêmica da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a sociedade piauiense sofreram um duro golpe. Todos fomos surpreendidos com o assassinato da estudante de Jornalismo, Janaína da Silva Bezerra, vítima de estupro, no próprio ambiente da universidade.
Aos 22 anos, a vida de Janaína foi ceifada com requintes de crueldade. Esse caso nos provoca a refletir mais profundamente sobre o machismo e o ódio contra as mulheres, tão arraigados na sociedade e que estão na origem da violência sofrida por Janaína. Esse bárbaro assassinato também trouxe à tona o recorrente debate sobre a política de segurança executada na UFPI.
Leia também: “Não há desenvolvimento sem mulheres e negros”, diz Manuela
Nos últimos anos a instituição tem aparecido com frequência no noticiário policial em decorrência dos episódios de assaltos contra estudantes e docentes, entre outros crimes.
Janaína tinha foi assassinada na madrugada do sábado, vítima de estupro e violência praticados quando ela saía de uma calourada, numa sala de aula do Centro de Ciências da Natureza. O acusado de praticar o crime é o estudante do Programa de Pós-graduação em Matemática Thiago Mayson da Silva, que teve decretada sua prisão preventiva em flagrante.
Homenagens e protestos
A segunda–feira (31) seria apenas mais um começo de semana de atividades normais, em salas de aula, mas a UFPI parou. As aulas foram transferidas para os caminhos entre a Reitoria e o Centro de Ciências da Educação, até o Bloco de Jornalismo, onde Janaína estudava. Nesse dia a aula foi sobre denúncia, cobrança por justiça e punição para o assassino da estudante.

O decorrer da semana foi marcado por manifestações estudantis e de professores, para cobrar da administração superior medidas urgentes com relação à segurança e a implementação de protocolos que coíbam o assédio e a violência de gênero, no âmbito da Universidade Federal do Piauí.
Leia também: FSM aborda luta antirracista e direitos básicos do povo
O fim de um sonho…
É importante dizer que a Janaína seria a primeira de sua família a concluir um curso superior. A universitária almejava escrever uma nova história para si e para seus pais, que não mediam esforços para que ela conseguisse se manter em uma universidade pública.

Ela escrevia poemas e escreveu uma relevante reportagem sobre a violência que existe com relação ao apagamento de escritas negras. Na reportagem deixou explícita a sua postura de resistência e o seu senso de justiça ao falar da importância da representatividade negra na sociedade.
A morte de Janaína levou um pouco de cada um e cada uma de nós. E, no presente instante, como escreve em sua poesia, estamos em resistência, exatamente oito dias depois de sua partida, e com os pulmões arfando, para que não vejamos partir mais uma mulher vítima da violência.
Justiça por Janaína!
Janaína, presente!
Agora e sempre!
Leia aqui os termos de qualificação e interrogatório de Thiago Mayson da Silva Barbosa, Maria do Socorro Nunes da Silva genitora da vítima, Raynara da Silva Batista testemunha, Fabio Wanderson e Silva do Nascimento testemunha, Jean Carlos Cavalcante de Sa Coutinho testemunha, Francisco Charles Castelo Branco Santos condutor, idem exames periciais, boletins de ocorrência, auto de prisão em flagrante, crime hediondo, Lei Maria da Penha. Falta identificar o amigo Victor do tarado assassino, que talvez motiva o tardio segredo de justiça.