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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

05
Fev23

Do cartão da amiga até moedas do Palácio: jornal aponta relação de Michelle Bolsonaro ao caixa 2

Talis Andrade
 
 
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Repórteres do jornal Metrópoles entrevistaram funcionários que tinham contato direto com a família Bolsonaro entre 2018 e 2022

 

Redação Diário do Nordeste

A conduta da ex primeira-dama, Michelle Bolsonaro, para conseguir benefícios financeiros para si e familiares, além da forma como tratava funcionários, foi retratada em reportagem que aponta indícios da prática de caixa 2 durante a última gestão federal. Os processos, inclusive, também são vistos pela Polícia Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).

Os detalhes de como Michelle aproveitava os recursos da residência presidencial e dos funcionários do governo foram apurados pelos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo do jornal Metrópoles. Eles conversaram com empregados, tiveram acesso a documentos, gravações e conversas inéditas.

Os colunistas evidenciam o contraste entre o discurso público do casal e o comportamento longe das câmeras. São expostos assédios morais, danos à estrutura, recolhimento de alimentos comprados com dinheiro público e até brigas familiares.

 

RACHADINHA COM AMIGA

 

A ex primeira-dama usava um cartão de crédito da amiga Rosimary Cardoso Cordeiro, com quem mantém uma relação há mais de 15 anos. A Polícia Federal descobriu que as faturas eram pagas com dinheiro em espécie pelo tenente-coronel Mauro Cesar Cid.

Mauro era um dos principais nomes de confiança de Jair Bolsonaro. Mas essa lógica de gastos de Michelle chamou atenção dos investigadores da Polícia Federal.

 

Michelle com a amiga. Foto: Reprodução/Metrópoles

 

O contexto é que Rosimary era uma assessora parlamentar de salário baixo, mas que teve o ganho elevado intensamente quando a amiga se tornou primeira dama. Antes da eleição de 2018, Rosimary ganhava cerca de R$ 6 mil e passou a receber R$ 17 mil.

Com essa promoção, a mulher começou a enviar encomendas regulares para Michelle, sendo que muitos desses envios era de dinheiro em espécie. A suspeita é de que ela repassava parte do salário para a amiga.

 

DINHEIRO DE CAIXA 2

 

Investigações do STF analisam a postura de Mauro Cid devido às transações financeiras com dinheiro em espécie entregue à Michelle. Sempre que ela precisava de dinheiro, mandava funcionários buscar com o tenente-coronel.

Pessoas de confiança de Mauro Cid estavam disponíveis para fazer depósitos ou entregas de dinheiro à ex primeira-dama. Os valores eram usados para compras particulares da mulher ou da família.

Uma das despesas pagas dessa forma era a mensalidade do curso de arquitetura de Geovana Kathleen, meia-irmã de Michelle. Em outras ocasiões, o dinheiro era entregue diretamente aos familiares.

As tratativas eram feitas por meio do Whatsapp e as mensagens são investigadas pela equipe do ministro do STF Alexandre de Moraes. Em uma dessas conversas, Cid diz "Só peça dinheiro a mando dela".

 

Registros de conversas. Foto: Reprodução/Metrópoles

 

Noutro momento, o funcionário fala "Boa tarde Cel (coronel) dona Michelle pediu pro senhor transferir 3.000 pra conta dela!", como está registrado.

Os pedidos eram atendidos com depósitos em espécie feitos na boca do caixa pela equipe de Mauro Cid.

 

ASSÉDIO MORAL COM FUNCIONÁRIOS

 

Em fevereiro de 2021, a tarefa de comandar o máquina do Alvorada foi confiada por Michelle ao pastor Francisco de Assis Castelo Branco. Ele já mantinha uma relação com a família desde que moravam no Rio de Janeiro.

O pastor, apelidado de Chico pelos Bolsonaros, é casado Elizângela Castelo Branco, que é interprete de Libras e amiga íntima de Michele. As duas foram para uma viagem de fim de ano na Flórida.

 

Durante a sua atuação, recebeu a alcunha de "pastor-capeta" pelo assédio moral ao funcionários, que ameça de demissão. Foto: Reprodução/Metrópoles

 

Francisco, ainda em 2018, ganhou um cargo com salário de R$ 5,6 mil, mas foi transferido para o Alvorada e os ganhos praticamente dobraram.

 

Recebeu a alcunha de 'pastor-capeta' pelo assédio moral aos funcionários, com ameaças de demissão

 

Alguns perderam o emprego por levar mangas do pomar para casa, sendo que essa era uma prática antiga. "Ele assediava as pessoas e ameaçava de demissão o tempo todo. E dizia que a primeira-dama tinha conhecimento de tudo e autorizava essa postura", contou um funcionário ao Metrópoles.

 

RECOLHIMENTO DAS MOEDAS DA SORTE

 

Os funcionários do Palácio da Alvorada relataram que alimentos de alto custo, comprados com dinheiro público, sumiram do estoque. Lá estavam carnes nobres, como picanha e filé mignon, além de camarão e bacalhau.

As testemunhas contaram que um grupo de empregados da administração levaram os produtos sem compartilhar com o restante da equipe. Além disso, houve a remoção das moedas do espelho d'água que fica em frente ao Palácio.

Nessa estrutura, os visitantes têm uma tradição de jogar moedas acreditando ser um gesto para ter sorte. Mas esse dinheiro foi recolhido pelos funcionários, sob ordem do pastor Francisco, pouco antes da família Bolsonaro deixar o local.

Francisco disse que o pedido foi da ex primeira-dama e quantia recolhida não foi divulgada, mas foi dito que seria doado para uma igreja.

"Se ele doou ou não, não sei, mas ele falou que era a mando da Michelle", contou um dos entrevistados. O pastor tentou permanecer no cargo na gestão Lula, mas foi exonerado no dia 5 de janeiro.

 

ADEGA DE VINHOS ARROMBADA

 

Jair Bolsonaro chutou e derrubou a porta da adega do Palácio do Planalto para dar um vinho de presente a um visitante. Isso porque, ao chegar no local, descobriu que a adega havia sido trancada e Michelle ordenou que não fosse aberta.

A ex primeira-dama estava incomodada com Jair Renan, que ia Palácio fora de hora levando garrafas da bebida. Por isso, ela determinou que o espaço não fosse aberto nem para o presidente.

Ele, por sua vez, ficou constrangido e enfurecido diante da visita e arrombou a porta. Conseguiu dar o vinho de presente, mas a entrada do local ficou danificada por muitos dias.

 

BRIGAS FAMILIARES

 

Michelle Bolsonaro mantinha uma relação conturbada com os filhos dos casamentos anteriores do presidente, especialmente, Carlos e Jair Renan. Funcionários testemunharam diversas brigas familiares.

Em uma delas, Carlos chegou na residência acompanhado de seguranças, mas foi impedido de entrar por uma ordem da madrasta. Ele gritou e chorou na ocasião, insistindo com o pastor Francisco, sendo obrigado a ir embora.

Isso aconteceu horas antes de um debate com Lula, então candidato à presidência. Bolsonaro estava se preparando para o evento, quando soube da discussão.

O ex-presidente desabafava com os funcionários que Michelle tratava mal os filhos, mas comumente recebia pessoas da própria família, a quem ele chamava de "Ceilândia", que é uma região do Distrito Federal onde moram os parentes.

"Ele reclamava dizendo que, principalmente nos finais de semana, a Ceilândia estava em peso lá. E isso era verdade", afirmou um empregado ouvido pela reportagem.

Uma dessas pessoas era dona Helena, tia de Michelle, que tinha acesso à alimentação preparada especialmente para ela pelos funcionários da residência presidencial com autorização da ex primeira-dama.

Jair Renan, quando morava num apartamento próximo ao Palácio, passava no local para pegar alimentos e também tinha acesso à comida por meio de motoristas em carros oficias do governo que iam entregar as refeições diretamente ao filho do ex-presidente.

Porém, a "entrega de marmita" para o 04, como os servidores chamavam a tarefa, foi suspensa após uma briga familiar. Isso porque Jair Renan começou a pedir comida para uma segunda pessoa, que se acreditava ser a mãe, Ana Cristina. A suspeita teria irritado Michelle. 

 

O QUE DIZEM OS CITADOS

 

Os jornalistas não conseguiram contato com Jair e Michelle Bolsonaro e nem com Francisco Castelo Branco.

O tenente-coronel Mauro Cid negou, para interlocutores, que tenha algum tipo de irregularidade no manejo do dinheiro.

Jornalistas Livress. A Polícia Federal (PF) encontrou mensagens queindicam movimentações bancárias suspeitasno telefone do tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid

 

"Disse ainda que não lidava com verbas sacadas de cartões corporativos e que as despesas particulares da família eram pagas com recursos retirados da conta pessoal do então presidente", detalha o Metrópoles.

Rosimary Cordeiro nega o envio de envelopes com dinheiro para Michelle e também que encontrava funcionários do palácio para entregar as encomendas.

“De onde você tirou isso? Isso nunca existiu”, disse aos jornalistas num telefonema, mas desligou o aparelho antes de ser informada sobre as mensagens que mostram os contatos dela com a equipe de Michelle.

 
 
 
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05
Fev23

Humberto Costa aciona Ministério Público e Polícia Federal após denúncias contra Michelle Bolsonaro por corrupção e assédio

Talis Andrade
 
 
 
 
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247 - O senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou neste sábado (4) que vai acionar o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. 

Em suas redes sociais, o parlamentar disse que decidiu entrar com o pedido de investigação baseado nas denúncias de assédio moral por parte de Michelle (com aval de Jair Bolsonaro (PL)) contra funcionários do Palácio da Alvorada e sobre a participação da ex-primeira-dama em um possível esquema de ‘rachadinha’ e corrupção, que foi revelado pelo Metrópoles.

>>> A mando de Michelle Bolsonaro, "pastor-capeta" matou carpas do Palácio da Alvorada e roubou moedas

Costa detalhou que acionará o Ministério Público do Trabalho (MPT) para apuração de suspeitas de assédio moral contra funcionários terceirizados, bem como a Controladoria Geral da União (CGU) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

“Vou solicitar ao Ministério Público Federal e a Polícia Federal que apurem os possíveis crimes de apropriação indébita, corrupção e atos de improbidade administrativa cometidos pela ex-primeira-dama”, tuitou.

>>> Michelle recebia envelopes de dinheiro de assessora de senador aliado, diz site

“Vamos acionar também o MPT para apuração de responsabilidades em virtude dos maus tratos aos funcionários terceirizados que prestavam serviços no Palácio da Alvorada e vamos pedir ao CGU que apure as responsabilidades funcionais e administrativas dos servidores envolvidos. Além disso, vou solicitar ao TCU a apuração de dano ao patrimônio público e de desvios de recursos públicos”, finaliza o parlamentar.

 
22
Jan23

Caixa dois: Confira esse e outros gastos suspeitos da família Bolsonaro

Talis Andrade
 
 
Charge do Zé Dassilva: Cartão corporativo | NSC Total
 

Redação Istoé

Uma investigação que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), sob comanddo do ministro Alexandre de Moraes, apura a existência de uma espécie de caixa 2 dentro do Palácio do Planalto e ligando o ex-presidente Jair Bolsonaro diretamente aos atos antidemocráticos, sempre com saques em dinheiro vivo a partir do cartão corporativo da presidência da República. As informações são do site Metrópoles.

De acordo com a publicação, o tenente-coronel do Exército, Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como Coronel Cid é um peronsagem importante na história. Ajudante do ex-presidente, era o responsável por pagamentos da família Bolsonaro. Na investigação, notou-se que ele fazia saques em dinheiro vivo a partir dos cartões corporativos da presidência e das Forças Armadas para pagamentos de contas e até do cartão de crédito de uma amiga íntima da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Além disso, o Coronel Cid foi acusado de manter contato com pessoas investigadas por atos antidemocráticos recentes em Brasília e também com o foragido jornalista Allan dos Santos, que está nos Estados Unidos após ter a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes.

Este, porém, é apenas mais um capítulo de várias polêmicas envolvendo a família do ex-presidente e gastos suspeitos. Confira outros:

 

Rachadinha de Carlos Bolsonaro

 

Promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro descobriram que o vereador carioca Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, operou um esquema de “rachadinha” em seu gabinete. De acordo com as investigações, diversas pessoas eram colocadas para trabalhos no gabinete do parlamentar, mas praticamente não apareciam na Câmara do Rio. A Justiça chegou a autorizar a quebra de sigilo bancário, mas atualmente o caso está parado.

 

Rachadinha de Flávio Bolsonaro

 

O então deputado estado do RJ, e hoje senador, foi acusado de desviar recursos públicos de seu antigo gabinete. Em 2020, o filho mais velho de Jair Bolsonaro foi denunciado pelo MP-RJ sob a acusação de liderar uma organização criminosa que recolhia parte dos salários de ex-funcionários em benefício próprio entre 2003 e 2019. O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, amigo da família, foi apontado como o operador do esquema.

 

Cartão corporativo da presidência

 

Após decretar sigilo de 100 anos sobre os gastos presidenciais durante seu governo, Jair Bolsonaro viu o adversário político Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrubar os sigilos em janeiro deste ano. De acordo com dados do Portal da Transparência, os gastos passam de R$ 75 milhões, com diversos gastos exorbitantes e negociações que chamaram a atenção, inclusive bancando eventos com pastores e gastos de campanha.

 
Planalto ignora decisão do STF e mantém gastos com cartão corporativo sob  sigilo - Tribuna da Imprensa Livre
 
 
21
Jan23

Tenente-coronel ‘caixa 2’ de Bolsonaro ligado a atos golpistas e rachadinhas palacianas

Talis Andrade
 
 
 
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Principal investigado é o ajudante de ordens do ex-presidente, mas materiais mostram que o ex-presidente estava ciente de tudo

 

por Yahoo! /Metrópoles

Investigações que correm no Supremo Tribunal Federal (STF), obtidas pelo Metrópoles, conectam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) à suposta existência de um ‘caixa 2’ dentro do Palácio do Planalto e o ligam à realização de atos antidemocráticos.

De acordo com a reportagem publicada pelos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, um homem de confiança de Bolsonaro gerenciava o suposto 'caixa 2', que funcionava com dinheiro vivo proveniente de saques feitos a partir de cartões corporativos da Presidência e de quartéis das Forças Armadas.

O dinheiro era usado, entre outras coisas, para pagar um cartão com despesas pessoais da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro – criado no nome de uma amiga dela, Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado - e para pagar contas pessoais do clã presidencial.

As investigações estão sob o comando do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Entenda

O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid – conhecido como “coronel Cid” – é o personagem central das investigações. Homem de confiança de Bolsonaro, ele era:

  • Ajudante de ordens do ex-presidente até o final do mandato;
  • Guardião do celular de Bolsonaro, atendendo ligações e respondendo mensagens;
  • Responsável por tarefas corriqueiras da família, como pagar as contas – a mais sensível, no caso;
  • Camareiro real

Ele também era encarregado de pagar contas pessoais da família de Michelle.

Muitas das operações realizadas pela equipe de Cid era com dinheiro em espécie, na boca do caixa de uma agência bancária localizada dentro do Palácio do Planalto.

Durante as investigações, os policiais identificaram que o modus operandi de Cid era parecido com o apurado nas rachadinhas que envolviam o atual senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente. As ações envolviam:

  • Dinheiro manejado à margem do sistema bancário;
  • Saques em espécie;
  • Pagamentos em espécie;
  • Uso de funcionários de confiança nas operações;
  • Versão palaciana do miliciano Fabrício José Carlos de Queiroz. 

A partir daí, os investigadores começaram a enxergar fortes indícios de lavagem de dinheiro. Além dos saques a partir de cartões corporativos, Cid recebia valores provenientes de saques feitos por militares lotados em quartéis de fora de Brasília. Uma zona. 

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21
Jan23

Ao demitir o comandante do Exército Lula manda vários recados

Talis Andrade
 
 
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O que o general Arruda fez, na verdade, foi dar fuga aos que, naquele momento, eram os alvos das prisões

 

 

por Denise Assis /Portal 247

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Uma conjunção de fatores levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a demitir o General Júlio César de Arruda, que havia assumido o cargo de comandante do Exército, ainda sob o comando do governo Bolsonaro (dois dias antes de sua saída). O gesto tinha ingredientes de insatisfação, conforme chegou a ser confidenciada aos do seu redor. O general Arruda era um dos que não estava disposto a bater continência para Lula. Não porque apoiasse integralmente Bolsonaro (se assim fosse, teria embarcado de forma mais escancarada em seu plano autoritário).  Mas por não aceitar Lula, a quem se referia entre os da sua confiança, como o “descondenado”.  

 Para o lugar de Arruda já foi designado o chefe do comando militar do Sudeste, Tomás Miguel Ribeiro Paiva, que desde ontem bombava na Internet, pelo discurso feito em uma cerimônia no seu quartel general, em que dizia da importância de se respeitar o resultado das urnas e do seu entendimento de que a função dos militares é a defesa da pátria e a de servir ao Estado. Era tudo o que Lula precisava ouvir, depois de uma reunião com os três comandos, para sentir o pulso dos chefes nas três áreas das Forças Armadas.

 A má vontade do comandante Arruda para com o governo que se inicia ficou demonstrada quando fez corpo mole na retirada do acampamento de golpistas da porta do seu QG, onde permaneceram por dois meses e foram gestados os atos de terror do dia 12 de janeiro - o da diplomação do presidente. Também o atentado a bomba que parecia ter planos de mandar pelos ares, na véspera de Natal, o aeroporto internacional de Brasília, foi arquitetado e levado a termo, conforme o autor da montagem da bomba (George Washington de Oliveira Sousa, em seu depoimento à Polícia), no acampamento. 

Por fim, tornou a sua condição ainda mais frágil, com a célebre frase dita ao interventor Ricardo Capelli, designado pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, para assumir a segurança do Distrito Federal, no calor da tentativa de golpe, em 8 de janeiro. “Você não vai prender ninguém aqui”, foi o que lhe disse o general Arruda, conforme contou em entrevista ao 247. Em seguida perfilou blindados na frente do Quartel, impedindo que a Polícia Militar prendesse os acampados, onde, depois se confirmou, estavam os parentes de muitos oficiais que estavam dentro do QG.  

 Para agravar o risco de sua permanência no cargo de comandante, o general Arruda ainda chegou a mencionar para o ministro da Defesa, José Múcio, na manhã deste sábado (21/01), que estaria solidário com os militares investigados e apontados como participantes dos atos de terror. Afirmou que não permitiria que fossem punidos.

O que o general Arruda fez, na verdade, foi dar fuga aos que, naquele momento, eram os alvos das prisões. Sob o argumento de que o ato de os prender poderia levá-los a uma reação violenta, num ambiente mal iluminado, e já quase madrugada, o general contribuiu para que muitos se evadissem.

 As alterações na área militar não devem parar por aí. O presidente Lula está a caminho de Brasília para finalizar uma reunião entre o ministro da Casa Civil, Rui Costa e o ministro da Defesa, José Múcio. Alvo de muitas críticas, principalmente por suas falas sobre os acampados - que chamou de “manifestantes democráticos”, o ministro chegou a citar até que tinha amigos e parentes entre eles, numa tentativa visível de minimizar a ferocidade dos acampados, que pôde ser sentida nos atos de depredação e terror na invasão dos espaços do Palácio do Planalto, do Congresso e do Superior Tribunal Federal.

 Em café da manhã com jornalistas, logo após o golpe, o presidente Lula falou da sua indignação quanto à inação do seu aparato de inteligência. Para demonstrar o teor da sua decepção, iniciou uma ampla reforma dos quadros militares, demitindo cerca de 40 deles destinados a servi-lo no Palácio da Alvorada (dentro do que seria a sua casa), e vários integrantes do GSI, dirigido pelo general Gonçalves Dias que, note-se, não estava numa reunião com os comandantes.  

 Anote-se, ainda, que segundo a edição da Folha de hoje, está na planilha do presidente uma alteração radical na segurança do seu entorno. Nas mãos do ministro da Justiça, há uma minuta de PEC e um projeto de lei para criar e regulamentar uma guarda nacional responsável pela segurança do que o ministro está chamando de “espaços cívicos”. Isto compreende a área central de Brasília, onde está a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes, embaixadas e demais prédios ligados ao governo federal.  A finalidade da atual guarda palaciana é proteger o Palácio, mas no dia 8 de janeiro não o fez. Lula chegou a observar, no encontro com os jornalistas, que a porta do Planalto foi aberta para os invasores.  

 De acordo com as investigações, houve uma ordem do diretor do GSI, 20 horas antes do ataque dos terroristas, para que a guarda colocasse de folga cerca de 36 homens do seu quadro de 200. Ou seja, os ataques a Lula vieram de muitos outros lados que não apenas dos murros e urros dos invasores do Planalto.  

 Em entrevista Exclusiva à GloboNews, também nesta semana, o presidente disse com todas as letras não ter pressa em punir. Quer que os responsáveis pelas apurações trabalhem com calma e inteligência, cruzando dados e apurando com esmero todos os detalhes, a fim de penalizar os responsáveis, sejam eles militares ou civis.  

 Ao concordar em antecipar uma reunião que estaria sendo agendada para o final do mês, com as três Forças, o presidente Lula tentava não só acalmar os ânimos, mas sentir o pulso dos comandos. Ao final da reunião, foi o ministro Múcio o responsável por falar com a imprensa. Para alguns quadros do PT, a fala de Múcio, sendo peremptório em livrar as Forças Armadas da tentativa de golpe, foi exagerada. Porém, para o general Arruda, o primeiro a se manifestar com o ministro sobre a reunião, ainda que a boca miúda, a fala de que os militares acusados e culpados serão exemplarmente punidos, o deixou irritado. Disse que não puniria nenhum dos seus militares.  

 Para culminar na sua demissão, pesou o fato de o comandante ter permitido que um dos principais auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, já está com seu futuro decidido. A partir de janeiro, ele deve comandar um dos batalhões do Exército, em Goiânia (GO).

 Cid ocupou o cargo de chefe da Ajudância de Ordens da Presidência da República e é uma das pessoas mais próximas a Bolsonaro, a ponto de movimentar todas as despesas pessoais da família do ex-presidente. O batalhão comandado pelo ex-ajudante de ordens é especial, uma espécie de P-2 do Exército, incumbido de missões estratégicas e de investigação. Quando veio a público essa manobra de Bolsonaro, o presidente teria ficado surpreso e questionou o general Arruda. Este, no entanto, não se mostrou disposto a demiti-lo da nova função, que descreveu como uma promoção natural na ascensão na carreira. Demonstrou que nada faria para mudar a situação. Foi a gota d’água.  

 Não se sabe como ficará a situação do ministro José Múcio, ainda em reunião à espera da chegada de Lula a Brasília. Pode ser que ele permaneça no cargo, mas com as alterações ainda em curso, tudo pode acontecer. Inclusive, nada.

 
 
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[Nota deste correspondente: O general promoveu, em nome de Lula presidente, o coronel caixa 2 do governo corrupto e genocida de Bolsonaro]
20
Jan23

Braço direito de Bolsonaro pagava contas do clã presidencial com dinheiro vivo e operava “caixa paralelo”

Talis Andrade
 
www.brasil247.com -

 

Investigações ligam o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid aos atos golpistas de apoiadores de Bolsonaro

 

247 - O tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid, conhecido como coronel Cid, que foi ajudante de ordens de Jair Bolsonaro durante o último governo, está no centro do que ficou conhecido entre investigadores como “rachadinha palaciana”, um suposto esquema de “caixa paralelo” dentro do Palácio do Planalto. A reportagem exclusiva sobre o caso é dos jornalistas Rodrigo Rangel e Sarah Teófilo, do Metrópoles.

Cid tornou-se alvo de inquéritos do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou quebra de sigilo no caso. A partir disso, observou-se que o tenente-coronel centralizava recursos sacados de cartões corporativos do governo ao mesmo tempo em que tinha a tarefa de cuidar do pagamento, com dinheiro vivo, de diversas despesas da família Bolsonaro. 

>>> Ajudante de ordens de Bolsonaro que trocou mensagens sobre golpe militar com Allan dos Santos, Mauro Cesar Barbosa Cid é exonerado

Entre as contas pagas estava um fatura de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro, mas emitido em nome de uma amiga dela: a funcionária do Senado Federal de nome Rosimary Cardoso Cordeiro.

Um dos pontos que mais chamou a atenção dos investigadores foi a origem de alguns dos recursos manejados por Cid, além dos cartões corporativos usados pelo staff da Presidência. Segundo os jornalistas do Metrópoles, apareceram indícios de que valores provenientes de saques feitos por outros militares ligados a Cid e lotados em quartéis de fora de Brasília eram repassados a ele. 

>>> Irmão de ajudante de ordens de Bolsonaro abriu empresa no paraíso fiscal mais sigiloso do mundo

Os jornalistas revelam ainda que as investigações ligam Cid aos atos golpistas de apoiadores de Bolsonaro, que culminaram com a invasão terrorista das sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Mensagens de texto e áudio apontam que Cid funcionava como elo entre Bolsonaro e radicais instigadores do golpe, entre eles o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos.

Segundo as investigações, Jair Bolsonaro tinha conhecimento e controle de tudo o que Cid fazia. 

 

 

 

 

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