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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

20
Ago23

'É a sua vida que está em risco': Damares é acusada de ameaçar Walter Delgatti durante depoimento na CPI

Talis Andrade

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Quem não tem medo do Escritório do Crime (formado pelos militares bandidos acoitados pelo clã Bolsonaro), dos milicianos do Rio das Pedras, dos assassinos e torturadores da ditadura militar de 1964, dos traficantes do avião presidencial e da igreja do tio de Damares, dos madeireiros e grileiros de terra que passaram a 'boiada' na Amazônia e assassinaram mãe Bernadete Pacífico?

 

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A senadora Damares Alves, durante a oitiva de Walter Delgatti na CPI do 8 de Janeiro, chamou a atenção das redes sociais e de parlamentares aliados ao governo. Em um trecho de sua fala na sessão, a ex-ministra de Jair Bolsonaro (PL) — acusado pelo depoente de tê-lo contratado para atacar as urnas eletrônicas — afirmou que a vida do hacker "está em risco", o que foi visto como uma ameaça por internautas, que colocaram o nome da parlamentar entre os termos mais mencionados no Twitter. 

— A vida dá voltas, e é a sua vida que está em risco. Pense em mudar a sua vida, mas você não tem credibilidade nenhuma aqui hoje — disse a senadora.

Na reta final do depoimento, o deputado Rogério Correia (PT-MG) recuperou essa passagem, sem citar nominalmente Damares. O mineiro disse se tratar de uma ameaça feita por uma "senadora da República" e citou uma possível entrada de Delgatti no Programa de Proteção à Testemunha. O petista acrescentou que Delgatti teria "feito bem" ao se manter em silêncio diante dos questionamentos da oposição.

— O senhor Walter Delgatti foi aqui ameaçado, não vou colocar o vídeo para não constranger quem fez ameaça, que é membro da CPI e senadora da república, mas que chegou a dizer a seguinte frase... — disse o deputado, antes de citar o trecho da declaração de Damares.

05
Abr23

NOVAS MENTIRAS SOBRE O PCC E O INTERCEPT SÃO ATAQUES AO JORNALISMO SÉRIO DO BRASIL

Talis Andrade
 
 

A  bolsonarista Jovem Pan do Paraná divulga informação dúbia liberada por juíza lavajatista sem ouvir os jornalistas que denunciaram as mentiras dos extremistas da direita volver juiz Sergio Moro senador e do procurador Dallagnol deputado federal 

 

por Andrew Fishman, Cecília Olliveira, Flávio VM Costa /Intercept

NA NOITE DE QUINTA-FEIRA, 23, nossa equipe foi surpreendida por um e-mail do jornalista Marc Sousa, coordenador de jornalismo da Jovem Pan no Paraná e afiliado do R7. Ele afirmou que estava fazendo uma reportagem sobre supostas doações do PCC ao Intercept, descritas em um ofício da Polícia Federal. O documento faz parte dos autos da investigação sobre os supostos planos da facção paulista contra o ex-juiz Sergio Moro – que seria um dos alvos de um plano do PCC para sequestrar e assassinar autoridades públicas. 

O jornalista pediu nosso posicionamento. Respondemos com a verdade: não, o PCC jamais pagou qualquer valor para o Intercept, e qualquer afirmação nesse sentido é mentirosa. O jornalista mandou as perguntas à noite, com menos de 12 horas para resposta. Ainda assim, nossa equipe trabalhou durante a madrugada para procurar os 17 nomes mencionados no relatório que consta no despacho. 

Nenhum deles consta na nossa base de apoiadores. 

Além disso, curiosamente, não há no relatório da PF menção ao nome da pessoa que teria escrito tal documento. Imediatamente após a referência ao Intercept, há linhas citando “assinaturas de 2 revistas internacionais” e “assinaturas de revistas nacionais” — fatos não citados na nota do jornalista, publicada em um site que faz parte do portal R7. 

Mas, como era de se esperar, a nota foi ao ar. E nela sequer havia o posicionamento do Intercept, enviado 40 minutos antes da publicação do texto e dentro do prazo exigido pelo jornalista. O autor afirma que procurou o Intercept e “não teve resposta”. É uma mentira intencional ou uma falha grosseira dos padrões jornalísticos, se não ambos. Somente após uma conversa no WhatsApp, na qual exigimos que nossa resposta fosse publicada, o texto foi atualizado com nosso posicionamento. [Safadeza de voz safada da rádio Jovem Klan, de KKK, de escriba do blogue R7, de sete a conta do mentiroso].

É interessante notar que a juíza que quebrou o sigilo do relatório seja Gabriela Hardt, sucessora de Moro na Lava Jato que prometeu processar quem divulgasse suas mensagens na época da Vaza Jato. De acordo com a colunista d’O Globo Bela Megale, investigadores da PF “criticaram a medida e afirmam que a juíza expõe a investigação que ainda segue em curso e técnicas da PF em um tema sensível, como o combate às facções criminosas. Em parte da corporação, a ação foi vista como tentativa de ‘blindar’ Moro após as declarações de Lula”.

Também chama atenção que a acusação seja publicada pelo jornalista de um veículo que vem sendo alvo de sucessivas reportagens do Intercept – a mais recente delas, sobre a perda de R$ 838 mil em anúncios após uma campanha de desmonetização por a Jovem Pan “lucrar com discursos golpistas”. O Intercept também foi alvo de ataques do R7 e da Record em 2018, após revelar a pressão política para apoiar Bolsonaro nessas redações. 

Em nossa história, já tivemos mais de 40 mil apoiadores, que contribuem com um valor médio de R$ 40. É uma comunidade potente e engajada, que acredita no nosso jornalismo. É o maior programa de membros da América Latina, que inspirou vários outros veículos de mídia independente a criarem iniciativas do tipo – um modelo que garante autonomia financeira por não depender de anúncios ou grandes corporações.

Temos duas coisas importantes a dizer. A primeira é que não aceitaremos tentativas maliciosas de manchar não apenas a nossa reputação, mas também a da nossa comunidade. Fazemos um jornalismo sério, baseado em evidências e não daremos nenhum passo atrás.

A segunda é que, infelizmente, não é a primeira vez que somos vítimas de ataques do tipo. Já fomos investigados em CPIs, ameaçados de prisão, gravados clandestinamente e tivemos nosso endereço espalhado nas redes, entre outros absurdos – apenas por fazer nosso trabalho sério, que pisa no calo de muita gente. 

Na época da Vaza Jato, ataques orquestrados inventaram várias fake news a nosso respeito. Quem nos acompanha nas redes deve se lembrar do “Pavão Misterioso”, um perfil apócrifo que criou inúmeras mentiras contra nosso jornalismo e nossos profissionais, inclusive com tentativas de nos associar ao crime organizado.

A acusação de hoje, aliás, é bastante comum na esfera bolsonarista e lavajatista. Nos dias seguintes à sua morte, tentaram associar Marielle Franco ao traficante Marcinho VP em uma das mentiras mais sórdidas que já circularam na internet. Durante a campanha eleitoral e nas últimas semanas, isso também aconteceu com o presidente Lula, particularmente durante sua visita ao Complexo do Alemão, e com o ministro da Justiça Flávio Dino, em visita ao Complexo da Maré. Até mesmo o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes é acusado de ter ligações com o PCC. 

O jogo é sujo, nós sabemos.

Nós repudiamos mais essa tentativa de criminalizar o nosso jornalismo e de associá-lo ao crime organizado.

Não recuaremos.

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05
Abr23

MORO MENTIU MUITO PARA FATURAR COM AS AMEAÇAS DO PCC

Talis Andrade

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Nada indica que o ex-juiz tenha inventado as ameaças, mas dá sim para afirmar que ele criou uma narrativa para se beneficiar politicamente.

 

por João Filho /The Intercept

EM JANEIRO DESTE ANO, o ministro da Justiça Flávio Dino coordenou a transferência de Marcola do presídio federal de Rondônia para o presídio federal de Brasília. O motivo foi a descoberta de um plano do PCC para resgatar Marcola, o seu principal líder. A Polícia Federal foi acionada pelo Ministério Público de São Paulo, que descobriu os planos da facção após monitorar suas ações durante anos. Com a transferência de Marcola para Brasília, o plano foi por água abaixo. A facção, então, se preparou para o plano B: sequestrar e matar autoridades públicas para forçar a libertação ou pelo menos a transferência do seu líder para São Paulo. Entre os alvos estavam o senador Sérgio Moro e o promotor Lincoln Gakiya, o homem que lidera as investigações do Ministério Público contra o PCC. 

Esses são os fatos. Agora vamos às mentiras, à politicagem barata e ao show de demagogia do bolsonarismo. Logo que saiu a notícia de que Moro seria um alvo do PCC, a grande imprensa quase que de maneira unânime afirmou que, quando ministro da Justiça, “Moro foi o responsável pela transferência para penitenciárias federais de líderes da facção criminosa” — essas aspas são da CNN Brasil. Trata-se de uma mentira descarada e bastante utilizada durante as últimas eleições por Bolsonaro e Moro. À época, o bolsonarismo tentou de toda maneira associar Lula e o PT à Marcola e ao PCC. Embriagado pelo vale-tudo da campanha, Moro espalhou a mentira:

"Por que Lula, no Governo, nunca transferiu os líderes do PCC, Marcola entre eles, para presídios federais de segurança máxima? E isso mesmo após os atentados de 2006. Perguntado, não respondeu. Em fevereiro de 2019, com 2 meses de Governo, foi feito o que Lula não fez em 8 anos.

— Sergio Moro (@SF_Moro)"  October 16, 2022

 

Moro voltou agora a espalhar a mesma mentira sem o menor pudor e conta com o suporte de boa parte da grande imprensa. Quem pediu a transferência foi o promotor Lincoln Gakiya, que virou o principal alvo dos criminosos. Segundo o próprio Gakiya, Moro entrou na mira do PCC porque baixou uma portaria proibindo visitas íntimas aos presos no sistema penitenciário federal quando foi ministro da Justiça. Moro poderia faturar politicamente com o episódio falando apenas a verdade, mas a sua megalomania não deixou. Uma proibição de visita íntima não é tão grandiosa e midiática quanto uma transferência de presos para presídio de segurança máxima. 

Mas, convenhamos, não dá pra se esperar nada além disso de um moralista sem moral. Estamos falando de um sujeito que rugiu como um leão quando se demitiu do governo fazendo graves acusações contra o presidente e, pouco tempo depois, voltou miando como um gatinho para debaixo das calças de Bolsonaro para apoiar a tentativa de reeleição deste e garantir sua vaga no Senado. O oportunismo e a demagogia barata são as principais marcas da carreira política de Moro — uma carreira que teve início dentro dos tribunais da Lava Jato.  

O plano do PCC contra autoridades públicas fez com que o bolsonarismo ressuscitasse as velhas mentiras associando Lula e o PT ao crime organizado. Jair Bolsonaro reviveu em suas redes sociais as teoria conspiratórias envolvendo o assassinato de Celso Daniel e a facada de Adélio Bispo. Seu filho, Flávio Bolsonaro, lembrou da recente visita de Flávio Dino ao Complexo da Maré no Rio de Janeiro e sugeriu que Lula e o governo estão associados ao crime organizado. Deltan Dallagnol talvez tenha sido o bolsonarista que ficou mais ouriçado com o caso. Ele, que também iniciou sua carreira política usando os tribunais lava-jatistas, passou a fazer insinuações ardilosas sobre uma possível ligação do governo Lula com o plano do PCC em sequestrar Moro. 

 Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro’.

Moro e Dallagnol, que hoje formam o braço lavajatista do bolsonarismo no parlamento, fingem esquecer que quem tem fortes ligações com o crime organizado é a família Bolsonaro. Essa não é uma suposição ou uma forçação de barra. Essas conexões já foram fartamente comprovadas. Flávio Bolsonaro empregou familiares do chefe  de milícia em seu gabinete. Ele e seu pai fizeram diversas declarações públicas em defesa de milicianos e chegaram até prestar homenagens a um chefe de milícia. A liberação maciça de armas feita durante o governo Bolsonaro foi responsável por facilitar ainda mais o acesso do PCC às armas. Em 2019, o MPF enviou uma nota técnica ao governo Bolsonaro afirmando que os decretos de liberação de armas facilitariam o desvio de armas para o crime organizado. Graças ao governo Bolsonaro, a “cesta básica do crime” – formada por fuzis, carabinas e pistolas – ficou até 65% mais barata. Moro era ministro da Justiça e nada fez.

Lula errou feio ao sugerir que o plano do PCC poderia ser “mais uma armação do Moro”. Mesmo se isso for verdade — nada indica que seja — um presidente da República não deve fazer esse tipo de ilação sem apresentar provas. A fala atabalhoada mostra que a comunicação é o calcanhar de aquiles do governo atual. Em tempos de fascismo e redes sociais, não se pode levantar uma bola açucarada dessa pros adversários. Moro e os bolsonaristas se indignaram, posaram de vítimas e faturaram politicamente em cima da fala infeliz. O governo precisa resolver esse problema de comunicação ou continuará tomando bola nas costas. O governo do PT tinha tudo pra ganhar politicamente com o caso, mas a fala de Lula virou alimento para a hipocrisia do bolsonarismo. Lula poderia enaltecer a independência da Polícia Federal e ressaltar que o seu governo não interfere em investigações, diferente do governo Bolsonaro do qual Sérgio Moro fez parte. 

 os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista’

Lula poderia lembrar que ele próprio foi alvo do crime organizado quando foi presidente. Em 2008, uma investigação da Polícia Federal descobriu um plano de Fernandinho Beira-Mar para sequestrar um dos seus filhos. O objetivo era conseguir a sua soltura e a de Marcola, chefe do PCC. Outro registro importante: foi durante  os governos do PT que se construíram todos os presídios federais de segurança máxima — que hoje representam o maior pesadelo do crime organizado. No caso envolvendo Moro, o atual governo Lula tem atuado de maneira exemplar. A Operação Sequaz da Polícia Federal cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e prendeu 9 criminosos envolvidos no caso. Ou seja, os bandidos que queriam matar Moro foram presos por um órgão subordinado ao ministério da Justiça do governo petista. A PF atuou com a mesma independência que atuou nos governos anteriores do PT. Quem diz isso sobre os governos petistas não sou eu, mas — vejam só! — um ex-procurador da Lava Jato. Em 2016, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou: “um ponto positivo que os governos que estão sendo investigados, os governos do PT, têm a seu favor é que boa parte da independência atual do Ministério Público, da capacidade administrativa, técnica e operacional da Polícia Federal decorre de uma não intervenção do poder político”. 

As ações da PF do governo atual contra o PCC mostram que essa independência continua de pé. Isso não acontecia no governo Bolsonaro, como atestou o próprio Sérgio Moro à época de sua demissão. Ligar o governo, Lula e o PT ao crime organizado é, portanto, mais uma mentira escabrosa servida nas mamadeiras de piroca do bolsonarismo. Quem senta à mesa com o crime organizado é o bolsonarismo.

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23
Mar23

Extremistas tentam ligar PCC a PT e Lula, cujo governo combate o PCC!!! (vídeo)

Talis Andrade
 
 
 
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por Reinaldo Azevedo

É nauseante, mas não surpreendente, que a extrema-direita — e isso inclui Jair Bolsonaro, Deltan Dallagnol e o próprio Sergio Moro — busquem associar, de forma direta (Bolsonaro e Dallagnol) ou indireta (o próprio ex-juiz), o tal plano do PCC para matar e sequestrar autoridades. Entre os alvos, estariam o agora senador do União Brasil (PR) e Lincoln Gakiya, promotor de Justiça de SP. O alerta inicial foi feito pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, no fim de janeiro. E a Polícia Federal entrou no caso.

A "Operação Sequaz" busca cumprir 24 mandados de busca e apreensão, sete de prisão preventiva e quatro de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e Paraná. Enquanto escrevo, nove já foram presos — seis homens e três mulheres. Até agora, não foram divulgados outros supostos alvos, além de Moro e Gakiya. No que respeita ao político do Paraná, o ataque seria uma retaliação a transferências de um presídio para outro de líderes da facção, que ele teria determinado quando ministro da Justiça, ainda em 2019.

No Twitter, Bolsonaro tentou pegar carona, como vítima, na operação. Estabeleceu uma suposta conexão entre a morte de Celso Daniel, a facada que levou e a operação de agora, batizada de Sequaz. E concluiu que tudo isso compõe uma conspiração da esquerda. Dallagnol, com espantosa irresponsabilidade —, demonstrando que, como deputado, adota o padrão moral e ético que exibia como procurador —, também associa de maneira explícita o plano atribuído ao PCC a supostos vínculos do PT com a organização criminosa.

E, no entanto, a verdade está precisamente no avesso. A Polícia Federal tem autonomia, mas é subordinada ao Ministério da Justiça. A deflagração da operação no dia seguinte a uma frase infeliz de Lula — disse que, quando preso, ainda ressentido, pensava em "foder Moro" — prova justamente o contrário do que os extremistas estão afirmando. Que se note, e já tratei especificamente no caso no programa "O É da Coisa", a fala do presidente evidenciava justamente que ele havia superado, na própria cadeia, a fase do rancor. Inferir qualquer vínculo entre aquela fala e o dito plano é de uma canalhice inominável. É coisa de quem não se importa, se preciso, em incendiar o país e empurrá-lo para uma crise. Esse espírito, no fim das contas, está na raiz dos ataques de 8 de janeiro.

E não que a fala de Lula tenha sido prudente, ainda que seu ressentimento fosse justificável. Foi condenado sem provas, o que o impediu de se candidatar. Mesmo na cadeia, liderava as pesquisas de opinião. A atuação conjugada da força-tarefa, em que Dallagnol dava as cartas, com um juiz incompetente e parcial preparou o terreno para a ascensão de Bolsonaro. A reação de Dallagnol, nesse caso, explana, mais uma vez, o rigor profissional com que ele cumpria a sua tarefa de agente do Estado. Revela-se com nitidez incontrastável que se tratava de uma ação de cunho político, como noticiou a Vaza Jato. Não por acaso, o juiz do caso é hoje senador, depois de ter servido de ministro da Justiça àquele que só se elegeu porque o então magistrado condenou o concorrente. E o procurador que dava as cartas na operação é deputado federal. Nessa condição, segue tendo a mesma seriedade exibida como procurador...

O ministro Flávio Dino, da Justiça, diz que soube das ameaças há 45 dias. Ao participar de um evento na Associação dos Advogados de São Paulo, afirmou a respeito da exploração política do caso:

"Fico espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria, que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador que é oposição ao nosso governo". Segundo o ministro, e isto é óbvio, a ação demonstra que "não há nenhum aparelhamento do Estado, nem a favor, nem contra ninguém".

O ministro diz ainda que as acusações levianas acabam colaborando com a organização criminosa. E ele tem razão. Observem: segundo o que se sabe até agora, Moro era um dos alvos, não "o" alvo. Além do senador e do promotor Lincoln Gakiya, várias autoridades e pessoas ligadas à repressão ao crime estavam entre os alvos.

MUDANÇA DE PADRÃO

Se tudo se deu e se dá como se anuncia até agora, o país pode estar diante de uma escalada das ações do PCC que busca atingir o Estado. Notem: ações criminosas e seus autores, como sabem as polícias, têm um padrão. E esse caso não se encaixa nos métodos conhecidos do PCC.

A facção patrocina atos violentos contra rivais de ofício, dentro de seu esforço de verticalizar o mundo do crime, reivindicando, vamos dizer, a governança última das organizações de sua mesma natureza. Também há acertos de conta, estes mais raros, com policiais, mas nunca da hierarquia das polícias, ainda que ameaças existam. Para tanto, podem, como se diz, tocar o terror. Já vimos isso em São Paulo. E, tudo indica, no Rio Grande do Norte. No mais, que se saiba, a facção impõe uma espécie de "ordem do crime" em áreas em que atua para tentar manter distantes as forças policiais.

Se tudo for como se noticia agora, a maior e mais organizada e enraizada facção criminosa do país estaria optando por cruzar uma linha e atingir, de maneira deliberada, o Estado como ente. "Vinculação com o PT?" Ora, é o governo petista que está fazendo o enfrentamento. A propósito: no Rio Grande do Norte, consta, o PCC se uniu a um tal Sindicato do Crime para tocar o terror no Estado, governado, diga-se, pelo PT — o que, obviamente, bom para o partido não é.

DIFERENÇA ENTRE REPÚDIO E CANALHICE

Que adversários de Lula repudiassem a fala desta terça em entrevista ao vivo à TV 247, vá lá. É do jogo. O meu rancor, já afirmei, não teria passado. O de Lula, segundo ele me disse em abril de 2021, foi superado ainda na cadeia. A frase foi imprópria e imprudente, até porque seria tomada isoladamente e explorada ao limite. E isso começou a ser feito ainda ontem.

No dia seguinte — aí, sim, uma coincidência e tanto —, uma investigação de meses resultou na Operação "Sequaz", que apura ações que estariam sendo planejadas contra um grupo de pessoas, e Moro é um delas. Se o repúdio era parte do jogo democrático — com um caráter que suponho didático ao próprio Lula —, a tentativa de ligar o presidente e o PT à arquitetura criminosa deixa claro em que buraco foi jogado o país.

Reitero: sendo como se diz, a coisa é muito grave. Não obstante, Bolsonaro aproveita o caso para tentar fugir do escândalo dos diamantes, e Moro e Dallagnol usam a operação deflagrada pela Polícia Federal no governo Lula para atacar... Lula e seu partido. Estão ocupados em combater os criminosos ou em levar adiante, eles sim, uma vingança de natureza política?

A VÍTIMA DO ESTADO CONTAMINADO

Dadas todas as personagens que aparecem neste texto, a única que realmente foi vítima de grupos que se apoderaram do poder do Estado, seja na Justiça, seja no Ministério Público, foi Lula. Ele foi preso sem provas por um juiz incompetente e suspeito. Ele passou 580 dias na cadeia. Ele teve de lutar contra 18 procedimentos de investigação, que brotavam em cascata. Para registro: as anulações decididas pelo STF impactaram apenas quatro processos. Nos demais casos, ou foi absolvido, ou a investigação se extinguiu por falta de provas.

A verdade irrespondível, pois, é que é o governo Lula a enfrentar, então, o PCC, sendo tudo como dizem, na operação de agora. E também se confronta com a facção, no momento, no Rio Grande do Norte.

LEMBRANÇA FINAL A BOLSONARO

Quanto a Bolsonaro, uma lembrança para finalizar o texto: o ex-presidente e seu entorno mantiveram, sim, relações de amizade, quando menos, com o crime organizado. O miliciano Adriano da Nóbrega, condecorado pelo então deputado Flávio Bolsonaro, teve mãe e mulher empregadas no gabinete do chamado Filho Zero Um. Márcia, mulher de Fabrício -- o amigão do ex-presidente -- foi a Minas se encontrar pessoalmente com Raimunda Magalhães Veras, a mãe de Adriano.

Não consta que Marcola tenha sido condecorado por Lula ou alguém do seu entorno, não é mesmo?

O episódio só evidencia a máxima de Brecht, segundo quem "a cadela do fascismo está sempre no cio".

Mártires Literários - A cadela do fascismo está sempre no cio. Bertold  Brecht | Facebook | Mártires Literários,Politics,Books & Literature,fascismo ,sempre,está,do,no
Bertold Brecht
 
 

Basta uma frase infeliz para que essa gente proponha de novo o vale-tudo. Não custa lembrar que, horas antes do ataque de 8 de janeiro, Moro acusou o governo Lula de perseguir seus opositores. E se referia precisamente àqueles que atacaram as respectivas sedes dos Três Poderes.

Que se investigue tudo. Até o fim. Que os criminosos paguem muito caro, nos limites da lei. E que a canalha que faz a exploração política do caso, também respondam por suas acusações mentirosas e irresponsáveis.

Chuva Ácida: A sombra do fascismo amedronta o Brasil
 

 
23
Mar23

Randolfe Rodrigues: 'Plano para matar Moro foi arquitetado antes' no governo Bolsonaro

Talis Andrade

Vingança não, Justiça!

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Fonte: Plantão Brasil /Portal Fórum

Uma fala de Randolfe Rodrigues (Rede-AP) sobre autonomia da Polícia Federal vem irritando bolsonaristas nas redes sociais. Nesta quarta-feira (22), o senador, frente a frente com Sergio Moro (UB-PR) no plenário do Senado, prestou solidariedade ao ex-juiz pelas ameaças que ele vinha sofrendo no âmbito de um plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) para matá-lo e que foi desarticulado após operação da Polícia Federal (PF), mas fez questão de relembrar que a instituição só pôde proteger o ex-juiz por ter sua autonomia garantida, vilipendiada no governo Bolsonaro, para qual Moro trabalhou como ministro da Justiça.

Apesar de ter sido sob o governo Lula e com Flávio Dino à frente do Ministério da Justiça que a PF deflagrou a operação que prendeu membros do PCC ligados ao plano de atentado, a extrema direita vem tentado associar as ameaças ao presidente pela fala, feita em entrevista na terça-feira (21), dando conta de que, quando estava preso, dizia que só ficaria bem após "foder" Moro.

O próprio Moro, que já sabia das investigações da PF contra a organização criminosa que planejava o atacar, tentou, indiretamente, associar Lula ao caso, antes mesmo da operação policial vir à tona. Em entrevista à CNN na noite de terça-feira (21), disse que a declaração de Lula rememorando seus tempos de prisão "gera risco" para ele e sua família.

Em seu discurso no Senado, Randolfe trouxe esses fatos à tona.

"É importante colocar as coisas no seu devido lugar. O presidente Lula não tem 90 dias de governo. O PCC não foi fundado agora. O plano para matar vossa excelência [Moro] não foi arquitetado nesses 3 meses, foi de antes. Vossa excelência [Moro], já ao assumir o mandato, foram tomadas providências, e vossa excelência tinha conhecimento das providências de investigações que estavam em curso pela Polícia Federal", declarou.

Na sequência, Randolfe começou a relembrar de como funcionava a Polícia Federal no governo Bolsonaro - fala que vem irritando bolsonaristas e o próprio Moro, que reagiu às declarações de seu colega de Senado através do Twitter.

"Ainda bem que voltamos a ter no Brasil uma Polícia Federal que é instituição do Estado brasileiro, que não aceita interferência política. Aliás, senador Moro, interferência política que outrora foi denunciada pelo senhor. Dia 24 de abril de 2020, vossa excelência se lembra, pediu demissão do Ministério da Justiça, e o que disse: ’falei para o presidente que seria uma interferência política’, e ele disse ’seria mesmo’. Palavras suas. Esse tempo de Polícia Federal que o senhor viveu, que teve interferência política politica sobre ela, acabou. A Polícia Federal voltou a ser instituição de Estado. Crimes, seja contra quem for, seja contra os que tentaram armar contra o presidente no dia de sua posse, seja os crimes contra vossa excelência, conhecido opositor do governo federal, serão desbaratados e os criminosos irão pra cadeia".

Randolfe prosseguiu dando ainda mais detalhes sobre como as interferências na PF durante o governo Bolsonaro impediram as investigações de chegarem até o mandante do assassinato de Marielle Franco e sentenciando que é justamente a volta da autonomia na corporação, sob o governo Lula, que impediu o assassinado do ex-juiz.

"A obrigação do Estado de proteger está sendo cumprida, obrigação essa que, lamentavelmente, não foi cumprida pela PF para garantir a continuidade das investigações sobre o assassinato de um miliciano chamado Adriano da Nóbrega, que foi assassinado e, depois, naquela época, o governo de então, o Ministério da Justiça de então, resolveu não estourar investigações. O caso Adriano da Nóbrega e os esquemas milicianos que poderiam chegar a quem mandou matar Marielle não teve essa sorte porque teve interferência política na Polícia Federal", pontuou.

"Esse tempo do Estado sob ataque acabou porque não temos mais um presidente da República que fica advogando para as pessoas pessoas se jogarem ao vírus. Não teemos mais um presidente que quer corromper e usurpar o Estado Democrático de Direito todos os dias. O tempo de intervenção na PF ainda bem que passou, porque é só esse tempo novo que possibilita que o PCC agora seja desbaratado e que, inclusive, opositores ao presidente sejam protegidos", finalizou.

 

 

 

30
Out22

A milícia pode tomar São Paulo? (galeria de charges)

Talis Andrade

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por Fernando Brito

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Já era sintomático que o candidato Tarcísio de Freitas tivesse tanto empenho em abolir a câmaras que os policiais de São Paulo passaram a usar, com excelentes resultados aobre a letalidade policial.

Agora, quando fica provado que um agente da Abin – leia-se, do Palácio do Planalto – quis obrigar um cinegrafista a apagar imagens que podiam ajudar a elucidar a morte de um homem – desarmado – na comunidade de Paraisópolis, no falso atentado que sua campanha procurou explorar, já não é possível deixar de considerar que, a depender do resultado das urnas, a proteção a matadores e aos grupos de execução sumária pôs o pé na porta para entrar, definitivamente, no ambiente policial de São Paulo.

Nós, cariocas, sabemos o que foi a “tomada do poder” – ou, pelo menos, da periferia do poder – por estes grupos.

No Governo Moreira Franco, a partir de 1987 e com a promessa de “acabar com a violência em seis meses”, eles passaram a circundar o Palácio Guanabara que, aliás, abriu a porta para bandidos, como o caso do sequestro do publicitário Rubem Medina, no qual esteve envolvido Nazareno Barbosa, figura próxima ao governador e a seu irmão, Nelson.

Na TVT, no programa Bom para Todos, a partir das 15 horas, esta memória e o suspeitíssimo “abafa” criado no caso Paraisópolis. A transmissão ao vivo vai abaixo:

 

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18
Out22

'Pintou um clima': fala de Bolsonaro sobre meninas venezuelanas é asquerosa, abjeta, nojenta e até agora não foi explicada

Talis Andrade

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A frase dita pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre adolescentes venezuelanasmerece ser explicada, o que não aconteceu até o momento. A avaliação é do comentarista da GloboNews e colunista do g1 Octavio Guedes.

 

Agora, a frase do Bolsonaro é abjeta, asquerosa, nojenta e até agora não foi explicada. Não tem nada a ver com o que o Código Penal diz de pedofilia", afirmou Octavio Guedes.
 
 
No domingo, o ministro e presidente do Tribunal Superior Eleitoral(TSE), Alexandre de Moraes, proibiu que o PT associasse frase dita por Bolsonaro com pedofilia.
 

A entrevista foi dada nesta sexta-feira (14) a influenciadores de torcidas de futebol. O trecho com a fala gerou repercussão no sábado (15). No momento da declaração, Bolsonaro falava sobre a situação da Venezuelae a vinda de venezuelanos para o Brasil.

Na sexta-feira (14), Bolsonaro disse a um podcast:

 

Eu estava em Brasília, na comunidade de São Sebastião, se eu não me engano, em um sábado de moto [...] parei a moto em uma esquina, tirei o capacete, e olhei umas menininhas... Três, quatro, bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, num sábado, em uma comunidade, e vi que eram meio parecidas. Pintou um clima, voltei. 'Posso entrar na sua casa?' Entrei. Tinha umas 15, 20 meninas, sábado de manhã, se arrumando, todas venezuelanas. E eu pergunto: meninas bonitinhas de 14, 15 anos, se arrumando no sábado para quê? Ganhar a vida", disse o presidente.

 

Na madrugada de domingo (16), Bolsonaro fez uma live em suas redes sociais para se defender. Ele disse que as declarações sobre o encontro com as meninas foram deturpadas.

[Bolsonaro é um mito...maníaco. Toda estória que conta sempre é mentirosa. Ele sempre é imbrochável, incomível. Mas existem assuntos intocáveis: Rachadinhas, laranjal, funcionários fantasmas, imobiliária Bolsonaro, milícia, Escritório do Crime, Adriano da Nóbrega, Aristides, Ronnie Lessa, Marielle Franco, orçamento secreto, pec kamikaze, bolsolão da vacina, bolsolão do bu$ão, bolsolão do sus, máfia da merenda, máfia da saúde, máfia das armas, máfia das creches, máfia do asfalto, cpi da covid, kit cloroquina me engana, imunidade de rebanho, vacinas bilionário comércio, prisão de Milton Ribeiro, prisão de Fabrício Queiroz, fora genocida, nazismo, fascismo, integralismo, caixa de Pandora dos sigilos de cem anos, a prisão no Exército por terrorismo]

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02
Out22

Marcelo Freixo: ‘A milícia é o crime organizado mais perigoso à ordem democrática brasileira’

Talis Andrade

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Em entrevista ao DIA, o ex-deputado federal destacou o déficit na Polícia Civil, afirmando haver a necessidade de mais de 10 mil policiais. Freixo disse que irá retomar a bolsa-formação, permitindo aos policiais se especializarem em áreas mais específicas, como no combate ao feminicídio. “Para combate o tráfico de drogas precisamos investir na parceria entre as polícias. É fundamental a união com a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Federal. É importante um grande controle sobre a Baía da Guanabara, que é por onde a droga entra.”

Sobre a milícia, Marcelo Freixo afirmou que irá combater com firmeza, investimento maciço na polícia e também no controle dos milicianos. O candidato destacou ainda que o combate começa nos gabinetes, onde devem ser estabelecidas as diretrizes na luta contra as milícias.

Sobre o avanço das milícias no Rio, o parlamentar diz: “A milícia não é um estado paralelo, a milícia é um estado leiloado, interessa a muita gente. A milícia elege senadores, elege prefeitos, ajuda a eleger presidentes, inclusive”.

Freixo promete que, no seu governo, a polícia chegará aos mandantes do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco: “É muito importante para a democracia brasileira a gente saber quem mandou matar, qual grupo político e por que razão mandaram interromper a vida da Marielle”.

Quanto ao funcionalismo público, Freixo disse que é filho de pai e mãe funcionários públicos, e que existe a necessidade de valorizar “quem trabalhou a vida inteira para construir o Rio de Janeiro. Esse aposentado precisa ser valorizado e vamos fazer concurso público, analisando quais as áreas que têm maior demanda, respeitando, evidentemente, a questão fiscal. O Rio de Janeiro hoje tem um orçamento muito grande oriundo do petróleo.”

Por que Bolsonaro deve ver o vídeo Vizinhos do Mal, retrato sobre a milícia

 

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por André Santana

Seria importante reservar 17 minutos do seu tempo para assistir ao vídeo Vizinhos do Mal --uma produção do UOL Notícias e MOV, a produtora de vídeos do UOL-- que mostra depoimentos de três pessoas que tiveram suas vidas marcadas pela violência de milicianos que dominam diversos territórios do Rio de Janeiro

O senhor sabe que um a cada três cariocas vive em áreas sob o controle de milícias paramilitares?

A capital da unidade da federação que te deu sete mandatos parlamentares agoniza em insegurança, com moradores e comerciantes sofrendo extorsões violentas.

Muitos, como as que tiveram a coragem de participar desse vídeo-denúncia, tiveram que deixar tudo para trás --casa, família, trabalho e liberdade-- para tentar preservar a vida.

Vida e liberdade --palavras tão repetidas em seus discursos-- estão bem distante da realidade de muitos brasileiros, em especial, dos cidadãos cariocas.

Assista ao vídeo, presidente. Sei que o senhor não tem costume de expressar sensibilidade diante de dores alheias nem mesmo diante da morte de seus compatriotas. Mas pelo menos, a grave situação denunciada pode levá-lo a refletir sobre o que Vossa Excelência fez (ou não fez) pela segurança pública do Rio de Janeiro em quase três décadas de mandato parlamentar. 

Logo o senhor, que tanto se orgulha do seu passado militar, o qual poderia ter-lhe garantido algum conhecimento sobre o tema. Ao contrário, más-línguas falam sobre o vexame do seu relativamente breve período de atuação fardada. Não é estranho que logo o Rio de Janeiro --que há três décadas elege um político com discursos tão comprometidos com a segurança pública e em defesa das forças policiais-- encontre-se em uma realidade tão desesperadora diante de tanta violência e domínio da marginalidade.

Nem o deputado Jair Bolsonaro nem o atual presidente da República demonstram o menor interesse com a situação denunciada nos depoimentos das vítimas das milícias, que expõem inclusive a conivência de policiais.

O senhor, que adora jogar a culpa das incompetências da sua gestão nos governadores, vai dizer que segurança pública é responsabilidade estadual. Nem no Congresso, nem no Palácio do Planalto, Vossa Excelência encontrou possibilidade de atuar para reverter a realidade violenta observada nas comunidades dominadas ou por milícias ou pelo narcotráfico.

Quando o senhor ainda era parceiro do ex-juiz que facilitou a sua chegada à Presidência, juntos, vocês enviaram ao Congresso proposta relacionada ao excludente de ilicitude, que, na prática, visava apenas ampliar as possibilidades de legítima defesa e de licença para matar de agentes que integram instituições de segurança com já elevada taxa de letalidade. Há alguma outra iniciativa sua que, ao contrário desta, buscou conter a violência?

Se tiver, informe aos brasileiros com urgência, especialmente aos que se encontram, neste momento, na mira das armas dos milicianos. Armas que inclusive tiveram a circulação facilitada por medidas do seu governo. Os bandidos agora utilizam armamentos legalmente registrados.Imagine o senhor tendo que se despedir da Presidência a partir de outubro próximo sem ter contribuído em nada para segurança pública. Ao contrário, ter entrado para a História como o presidente que mais estimulou o ódio e a violência entre brasileiros. A começar pelo elogio a práticas de tortura tão comuns na rotina agressiva dos milicianos.

Neste sentido, o vídeo Vizinhos do Mal, em vez de indignação pelos relatos, pode causar-lhe satisfação ao confirmar que a tortura praticada por seus saudosos ditadores ainda é repetida cotidianamente nos territórios dominados pelas milícias.

Então, reforço a sugestão para que Vossa Excelência reserve 17 minutos do seu tempo para ver esse registro, que para muitos expressa o horror, mas não indigna ou mobiliza quem aposta na violência como política. (transcrevi trechos)

 

27
Set22

A foto que desmonta a versão oficial da morte de Adriano da Nóbrega

Talis Andrade

sítio adriano da nóbrega

A casa no sítio, na localidade de Palmeira, município de Esplanada (BA), onde Adriano da Nóbrega foi morto 

 

Uma simples fotografia desmonta a versão oficial sobre a morte de Adriano da Nóbrega, o ex-capitão do Bope que era um verdadeiro arquivo vivo do submundo do crime carioca e das ligações da família Bolsonaro com este submundo

 
por Marcelo Auler
- - - 
Uma simples fotografia do sítio, localizado no início da rodovia estadual BA-233, no povoado de Palmeira, município de Esplanada (BA), a 170 quilômetros de Salvador demonstra, no mínimo, a incompetência – para não se falar em má fé – da polícia da Bahia. Estado que há muito é governado por petistas.
 
 

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No interior desta casa, na manhã do domingo (09/02/2020), sozinho, estava o mais procurado criminoso do Rio de Janeiro, o ex-capitão da PM-RJ, Adriano Nóbrega. Um verdadeiro arquivo do submundo do crime carioca. E testemunha das ligações da família Bolsonaro com este submundo. Do lado de fora havia entre oito e dez policiais, número que varia com a origem da notícia. Apesar disso, o foragido não conseguiu ser pego com vida. O arquivo foi apagado. Tal e qual o próprio Adriano previu dias antes.

Com essa simples fotografia cai por terra todo o argumento verbalizado pelo secretário de Segurança Pública da Bahia, o delegado da Polícia Federal, Maurício Barbosa. Segundo ele, “tentamos, mais uma vez, trazer aqui a pessoa presa, mas a escolha, infelizmente, não foi da nossa equipe, foi de quem efetuou a resistência e quis confrontar com nossos policiais”.

Jamais se conseguirá saber ao certo se houve ou não a tentativa relatada pelo secretário. Nem o grau de resistência do ex-capitão do BOPE do Rio e chefe da milícia na capital fluminense. Mesmo que os fatos tenham ocorridos como descritos, o resultado apresentado mostra o despreparo da polícia baiana. Sua incompetência. O que, aliás, acaba por alimentar as suspeitas de uma ação premeditada, com os resultados desejados.

Afinal, a mesma fotografia da casa isolada na área rural reforça aquilo que o sociólogo e estudioso das milícias, José Cláudio Souza Alves, destacou em entrevista a Fernanda Mena – Sociólogo e estudioso das milícias José Cláudio Souza Alves questiona a ação policial -, na Folha de S.Paulo, na segunda-feira (10/02): “Estamos falando de um quadro simplificado: um cerco a uma casa no campo. Investiram recursos públicos para desembocar naquilo que é o oposto do desejável. É inacreditável.”

Pouco importa quantas armas Adriano dispunha quando foi cercado pelos policiais. Nem o fato de ser exímio atirador. Aliás, por outro relato da Folha de S.Paulo, na casa encontraram a marca de apenas um tiro na parede. Detalhe que permite se levantar suspeitas sobre a troca de tiros que alegaram ter ocorrido.

Da mesma forma que a quantidade de sangue que ficou no chão permite se suspeitar que o miliciano morreu no local. Levá-lo, para um hospital – onde ele chegou morto – permite a suspeita que desfizeram o local do crime para evitar perícia. Uma prática comum quando policiais querem esconder execuções. Tal como mostramos na postagem Ex-capitão Adriano, “arquivo morto” que perseguirá os Bolsonaros.

 

A quantidade de sangue no chão permite se suspeitar de que Adriano morreu ali mesmo
 
 

Outro detalhe chama a atenção, até mesmo de leigos. Adriano estava cercado e sozinho. Sem comparsas por perto. E cercado permaneceria. Bastava que assim o quisessem. Pelo tempo necessário. Poderiam até lhe cortar água, luz e alimentos.

Também não vem ao caso se eram oito ou dez soldados do lado de fora. Ainda que fossem poucos, bastava chamar por reforço.

Tampouco deveria interessar a pressa na operação de resgate do preso. Afinal, há mais de ano ele era foragido e, pela primeira vez tinham condições reais de capturá-lo vivo.

 

Operação de estupidez e ignorância

 

A regra em casos como este tem sido de se vencer pelo cansaço. Por uma negociação, para ele se entregar. Oferecendo-lhe garantias de que não seria torturado, como certamente cansou de fazer com seus inimigos e adversários. Mas preferiram invadir o imóvel, contrariando o bom senso em operações como esta:

“Uma operação de cerco lida mais com espera, controle e dissuasão do que com um confronto direto”, afirmou, na entrevista à Folha, Alves, que é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autor do livro “Dos Barões ao Extermínio – Uma História da Violência na Baixada Fluminense” (APPH, 2003).

Na mesma entrevista, ele lembrou: “Estamos falando de um quadro simplificado: um cerco a uma casa no campo. Investiram recursos públicos para desembocar naquilo que é o oposto do desejável. Não dá para falar em operação policial de inteligência, mas sim de estupidez e de ignorância.”

Para fazer o cerco e persuadir o foragido, porém, seria preciso ter o desejo de pegá-lo com vida. Isso parece não ter sido o objetivo daquela operação policial.

Afinal, com ele vivo, seriam grandes as possibilidades de se tentar extrair as informações que possuía. Informações de valor inestimável nas apurações dos crimes em que se envolveu. Porém, certamente, bastante comprometedoras para muitos.

Como os membros da família Bolsonaro, dos quais o miliciano, se não era próximo, tinha ao menos boas relações a ponto de merecer inúmeras homenagens e dedicações.

Uma relação muito bem desenhada pelo deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), em um gráfico que relembra o famigerado powerpoint da turma da Lava Jato, quando atacaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tal relação é que faz todo mundo concluir que a “queima de arquivo” promovida pela polícia baiana – do governo petista, recorde-se – beneficiará em muito o clã Bolsonaro. Em especial o hoje senador Flavio, que quando deputado estadual no Rio, empregou a hoje viúva de Adriano – Daniele – e a mãe do miliciano – Raimunda.

Duas servidoras que, por tudo que já se sabe, eram fantasmas. Recebiam sem comparecer ao prédio do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio. Provavelmente são daquelas servidoras do gabinete do então deputado que nem crachá tinham confeccionado. Não precisavam. Não tinham que trabalhar. Apenas repartir o que recebiam com o também amigo em comum dos Bolsonaros e de Adriano, Fabrício Queiróz. No famoso esquema da “rachadinha” que o Ministério Público do Estado do Rio anda a investigar.

A “queima de arquivo”, além de calar de vez Adriano, terá ainda seu efeito colateral. Imporá o medo aos demais envolvidos no esquema da “rachadinha”. A começar pela viúva e pela mãe do miliciano morto no domingo. Apesar da suposta raiva pela perda do ente querido que as duas devem estar vivenciando e do sentimento de vingança que podem estar nutrindo, elas saberão com quem não devem mexer. Ela e os outros ex-funcionários do gabinete de Flávio, na Alerj, cujos salários também foram divididos. 

Portanto, a operação policial que o professor Alves classificou como “de estupidez e de ignorância” prestou um total desserviço à apuração do esquema da “rachadinha” envolvendo Flávio Bolsonaro.

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Sem falar que, com a eliminação de Adriano, talvez informações importantes sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes podem estar sendo enterradas com ele. Mesmo sem que tivesse participado daquele crime, certamente ele teria o que informar a respeito.

Ao mesmo tempo, porém, a família Bolsonaro e o mui amigo Queiróz devem estar bastante agradecidos. Eles sabem que serão cobrados sempre das ligações com Adriano. Mas poderão ser cobranças sem provas. Sem testemunhos. Pois o principal deles foi queimado. Outros foram e estão amedrontados.

13
Set22

Território controlado por milícias no RJ aumenta 387%

Talis Andrade

Milícia | Sindicato dos Bancários

 

por G1
- - -

Um estudo que será lançado nesta terça-feira (13) afirma que as milícias alcançaram a influência do tráfico de drogas e passaram a ocupar metade das áreas dominadas por grupos armados na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Enquanto isso, mais de 2 milhões de pessoas estão sob controle da facção do tráfico de drogas Comando Vermelho.

O levantamento do Instituto Fogo Cruzado e do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF), mostra que o crescimento territorial dos milicianos foi de 387% em 16 anos. Com 256,28 km², ou 10% do estado, o domínio corresponde a quase duas vezes o tamanho da cidade de Niterói.

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