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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

21
Fev23

Prefeito de East Palestine diz que Biden não se importa com desastre químico em Ohio e critica ida do presidente à Ucrânia

Talis Andrade

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Biden está na "Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso", disse o prefeito Trent Conaway

 

247 - Trent Conaway, prefeito de East Palestine, Ohio, disse na segunda-feira (20) que a visita do presidente Joe Biden à Ucrânia foi o "maior tapa na cara", enquanto sua cidade continua a lidar com as consequências de um descarrilamento de trem que espalhou substâncias tóxicas pela região. 

Durante uma aparição na Fox News, Conaway foi convidado a dar sua opinião sobre a visita surpresa de Biden a Kiev.

“Esse foi o maior tapa na cara, que diz a você agora, ele não se importa conosco”, disse Conaway ao apresentador Jesse Watters. "Então ... ele pode enviar todas as agências que quiser, mas descobri isso esta manhã e em um dos briefings que ele estava na Ucrânia dando milhões de dólares para as pessoas de lá, não para nós, e estou furioso". 

“Sim, o Dia do Presidente em nosso país. Ele está… na Ucrânia”, acrescentou. “Então isso diz que tipo de cara ele é". 

Nesta terça-feira (21), após as declarações do prefeito, Biden foi à Polônia

O incidente em Ohio causou um grande incêndio e levou as autoridades a evacuar cerca de metade dos 4.800 residentes na área circundante. A Norfolk Southern, empresa ferroviária responsável pelo trem de 151 vagões que descarrilou, disse que o evento contaminou 1,1 milhão de galões de água. (Com The Hill). 
31
Dez22

Plano de golpe de Bolsonaro incluía Braga Netto comandando militares e Valdemar agindo no Congresso

Talis Andrade

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Braga Netto colocaria os militares nas ruas e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, seria responsável por "acalmar" a classe política

 

247 - "Durante o período do primeiro turno das eleições, enquanto aparecia atrás nas pesquisas e com risco de perder, Jair Bolsonaro (PL) planejou dar um golpe de Estado", é o que conta o jornalista Daniel Cesar, do IG, que ouviu "um aliado do entorno da Presidência".

"O presidente reuniu os chefes das Forças Armadas e avisou que pretendia usar o artigo 142 da Constituição", diz o aliado. O golpe estaria marcado para a segunda quinzena de novembro, após o segundo turno da eleição, portanto.

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Com Lula eleito em 30 de outubro, Bolsonaro se isolou, abalado pela derrota, mas assessores teriam prosseguido com o plano de golpe. 

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O candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto, e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, teriam papéis centrais para levar o golpe adiante. "O general Braga Netto seria o responsável por reunir as Forças Armadas em torno da ruptura e colocar os militares nas ruas. O primeiro passo seria anunciar o fechamento do STF por fraude nas eleições". Valdemar teria o papel de "acalmar" a classe política. "O Congresso não seria fechado e os políticos teriam a garantia de que seus mandatos seriam preservados".

Bolsonaro ainda nomeou aliados no exterior para buscar respaldo internacional ao golpe. De acordo com a fonte ouvida pelo jornalista, até mesmo uma ligação ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, foi feita para buscar apoio.

No Brasil, bolsonaristas teriam passado a financiar e incentivar apoiadores do atual governo a sair às ruas pedindo intervenção militar, em um "teatro" para "obrigar" Bolsonaro a agir com mais firmeza. "Era tudo teatro".

"No dia 30 de novembro veio a decisão de que não haveria uma ruptura por falta de apoio e Bolsonaro se sentiu abandonado", conta a fonte.

O plano teria começado a ir por água abaixo quando o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, condenou o PL a pagar uma multa por litigância de má-fé ao questionar as urnas eletrônicas. Valdemar, então, recuou do golpe. "Sem dinheiro para pagar os funcionários e apoiadores, Valdemar não tinha força".

Na sequência, Bolsonaro teria recebido a informação de que não teria o apoio de Putin para o golpe. Os Estados Unidos avisaram que também não apoiariam o golpismo bolsonarista e que, se preciso fosse, enviariam forças para restaurar a ordem no país. A decisão norte-americana teria feito com que os militares brasileiros abandonassem o plano.

"Justo no dia 30, quando Bolsonaro estava animado para anunciar a ruptura, ele ficou isolado e furioso", conta a fonte. 

27
Out22

A reta final?

Talis Andrade

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O atual presidente é sobretudo a expressão brasileira de um processo social e histórico que tem âmbito mundial

 

por Daniel Aarão Reis /A Terra É Redonda 

 

Estamos na reta final, muitos argumentam, pensando no dia 30 de outubro próximo.

Trata-se, sem dúvida, de um dia decisivo, quando a sociedade brasileira será chamada a decidir se quer ou não continuar com o tempo de horrores que tem sido proporcionado ao país pelas alianças políticas e partidárias que assumiram o poder desde janeiro de 2019.

É certo que o atual presidente é um mal em si mesmo, mas ele é sobretudo a expressão brasileira de um processo social e histórico que tem âmbito mundial, suscitado por uma revolução científico-tecnológica que tem subvertido em profundidade – e numa velocidade vertiginosa – todas as dimensões da vida social, envolvendo a economia, a política, a cultura, fazendo com que “tudo que é sólido se desmanche no ar”.

Este processo tem provocado, conforme demonstrou Thomas Piketty, uma concentração demencial da riqueza, aprofundando dramaticamente as desigualdades sociais e favorecendo os grandes monopólios numa escala ainda desconhecida nos marcos da história do capitalismo. Tudo isto tem gerado nas gentes desconforto, angústia, desespero, desamparo.

As forças democráticas não têm sido capazes de oferecer soluções para estes problemas, ao contrário, uma vez no poder, conciliam com as tendências monopolistas e o crescimento das desigualdades sociais, com a limitação dos direitos sociais, culturais e ecológicos, dificultado ou impedindo a “democratização da democracia”, ou seja, sua extensão às vastas camadas populares, contribuindo, assim, mesmo que involuntariamente, para o descrédito das instituições e para a naturalização das desigualdades e da violência.

Fortalecem-se, em consequência, lideranças políticas e propostas religiosas messiânicas, autoritárias, que adquirem dimensão popular e se espalham pelo mundo. Entre outras, destacam-se o trumpismo articulado com as religiões neopentecostais nos Estados Unidos; as tendências autocráticas de Vladimir Putin em comunhão com a Igreja Ortodoxa na Rússia; a democracia iliberal de Viktor Orbán, e os apelos de um cristianismo integrista na Hungria; a ditadura mal disfarçada de Recep T. Erdogan na Turquia, aliada a correntes fundamentalistas islâmicas; o despotismo político na China, confirmado agora pela investidura ditatorial de Xi Jinping; o racismo institucional de Narendra Modi na Índia apoiado no integrismo hinduísta; a ditadura teocrática no Irã, chefiada por Ali Khamenei. Todas estas múltiplas formas de autoritarismo político, muito diferentes entre si, têm um ponto central em comum: consagram o desprezo pela democracia e pelos valores democráticos. Como nos anos anteriores à II Guerra Mundial, o autoritarismo já não se disfarça, afirma-se abertamente e sem complexos.

Jair Bolsonaro e suas articulações religiosas com o neopentecostalismo exprimem, no Brasil, a reemergência de propostas autoritárias com base popular. Adquiriram força social e política graça à erosão do prestígio da mal-chamada “Nova república”. Cavalgam na descrença dos valores democráticos. Farão tudo para impedir a posse de Lula e para infernizar o seu governo.

A campanha de Lula, ampliando alianças, consideradas indispensáveis para vencer o inimigo comum do regime democrático, pecou pela falta de propostas claras de como pretende governar. É certo que, premido pelas circunstâncias e por pressões diversas, esclareceu alguns pontos programáticos no contexto do segundo turno. Mas subsistem ainda muitas dúvidas e incertezas quanto ao rumo e ao sentido de seu governo.

Ora, uma vez eleito presidente da República, Lula terá que formular opções. Não terá pela frente uma conjuntura internacional e nacional favorável como nos seus dois primeiros mandatos.

O mundo de hoje, vinte anos depois, transformou-se num cenário marcado por uma instável multipolaridade. Na Ucrânia, desenvolve-se uma guerra de resultados ainda incertos, com promessas de radicalização. Outros conflitos anunciam-se na Ásia e no Oriente Médio. Afirma-se igualmente a possibilidade de uma nova crise econômica de âmbito mundial, com redução de crescimento e mesmo recessão em vários países.

No plano nacional, Lula será pressionado por uma extrema direita raivosa, pela avidez tradicional do capital financeiro e pelos interesses de suas bases populares. Tentará equilibrar-se no seu estilo habitual de mestre em negociar e arbitrar conflitos, mas é duvidoso que estas habilidades serão suficientes para manter sob controle as tensões e contradições sociais emergentes.

Neste quadro é uma ilusão imaginar que estamos numa “reta final”. Parodiando W. Churchill, a provável vitória de Lula não será o começo do fim, mas apenas o fim do começo.

As ameaças da extrema direita bolsonarista só serão superadas se a democracia for ampliada e aprofundada em nosso país. Se a renda for efetivamente distribuída. O racismo, combatido com firmeza. A tutela militar, afastada. A segurança provida, não apenas para as classes médias e as elites, mas para todo o povo. As polícias, desmilitarizadas. A devastação ambiental, erradicada. A educação e a saúde públicas, garantidas e aperfeiçoadas. A corrupção com os dinheiros públicos, controlada.

Será virtualmente impossível alcançar estes objetivos apenas através da ação do Estado e de líderes carismáticos. Será imprescindível a mobilização e a auto-organização das gentes.

Vivemos e viveremos ainda tempos sombrios. À espera, espreitam-nos grandes desafios. Decifrá-los e enfrentá-los será tarefa de uma geração.

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2023 será o Brasil da Esperança?

 
 
06
Mar22

As ideologias jogam bombas

Talis Andrade

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A extrema direita mostra o seu poder de fogo sob o conjunto de ideias bizarras e esotéricas

 

por Gustavo Krause

- - -

Neste espaço, dia 24 janeiro de 2021, publiquei artigo intitulado O pesadelo. Tema: livro Guerra Pela Eternidade (Ed. Unicamp, 2020). Destaquei a análise do autor Benjamim Teitelbaum sobre o Tradicionalismo, fonte de inspiração ideológica dos populismos de extrema-direita como ameaça real às democracias liberais do ocidente.

Persistente, o autor ouviu três ideólogos do Tradicionalismo: o americano Steve Bannon, o brasileiro Olavo de Carvalho e o russo Aleksandr Dugin a partir da obra do patriarca René Guénon (1886-1951) e Julius Evola (1898-1974).

Descontadas divergências pontuais, todos exerceram real influência sobre governantes de três grandes países: EUA, Trump; Brasil, Bolsonaro; Rússia, Putin, cada qual com estilos e estratégias distintas.

Bannon ajudou a eleger Trump; indicou secretários de Estado em áreas estratégicas. (O conflito com a filha e o genro do Presidente causou uma demissão humilhante). Fortaleceu a direita americana com o legado do trumpismo; teve decisiva participação no resultado do Brexit: segue dando conselhos a peso de ouro.

O autor aproximou-se do ideólogo de Bolsonaro, Olavo de Carvalho a quem definia como um Tradicionalista heterodoxo. Língua solta e agressiva gerou frequentes atritos. Indicou Velez Rodriguez e Ernesto Araújo, genuíno tradicionalista, em áreas estratégicas para uma frustrada revolução cultural.

Dugin é o intelectual de maior densidade e ativista/guerreiro presente na brutalidade do conflito entre a Ossétia do Sul e a Geórgia. Rebelde e ousado, se movia no espaços de poder, lembrando Gregori Rasputin. Não tinha relacionamento oficial com o governo Putin.

Expressava o ódio às democracias ocidentais, em especial aos EUA, com a frase: “Tudo que é antiliberal é bom”. No seu livro, Fundamentos da geopolítica, encoraja os russos “a introduzir a desordem na atividade interna americana”. O secularismo corrompido era o grande adversário espiritual da guerra pela eternidade.

O objetivo estratégico Tradicionalista é a destruição dos valores iluministas: estado-nação, secularismo, direitos humanos, ciência, feminismo, instituições, globalismo. A proposta se alicerça no tempo cíclico e na hierarquia: a Idade do ouro (sacerdotes), prata (guerreiros), bronze (mercadores), sombria (escravos). A motivação central: a espiritualidade. Eles veem caos na estrutura, ordem nas ruínas e o passado no futuro.

A regeneração do tempo como um fim em si mesma é violenta. Múltiplas causas estão por trás dos bombardeios. A ideologia é o gatilho. Em 2014, Dugin convocou, em entrevista, os ouvintes a “matar, matar e matar” os leais a Kiev. Sonha com a unipolaridade eurasiana.

O cleptocrata Putin, hoje, obedece a voz cruel que ordena os crimes de guerra.

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05
Mar22

As facções, os machos, os eleitores e todos os cúmplices fáceis do fascismo brasileiro

Talis Andrade

 

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Mamãe Falei troca ataques com Eduardo Bolsonaro nas redes: "Frouxo" -  CartaCapital

DIREITA VOLVER Mamãe Falei e o parceiro de arma Eduardo Bolsonaro

 

Por Moisés Mendes /Jornalistas pela Democracia 

- - -

A viagem do deputado Mamãe Falei à Ucrânia ficaria na antologia do folclore da guerra, se não fosse a ostentação do macho incontrolável.

A viagem não foi a farra macabra de um sujeito que se revela farsante até como mercenário. A excursão e seus desdobramentos são da essência da degradação da política brasileira. 

Bolsonaro, os filhos de Bolsonaro e todos os que estão no entorno do bolsonarismo cometem atitudes só aparentemente absurdas. Porque tudo para eles é fácil. O brasileiro é considerado fácil.

Mamãe Falei foi a Ucrânia mentir que fabricaria coquetéis Molotov para enfrentar os russos, assim como Bolsonaro disse ter ido a Moscou para assegurar para o agro-é-pop que haveria adubo para sempre.

Para garantir o abastecimento de adubo, Bolsonaro levou 32 militares e o filho Carluxo a uma conversa com Putin. E boa parte da imprensa se dedicou a explicar a lógica da viagem de Bolsonaro, assim como Mamãe Falei tentou dar sentido à viagem à Ucrânia.

A barbeiragem cometida pelo amigo de Sergio Moro ao espalhar o áudio entre membros da sua facção é apenas o acidente no roteiro. 

Era previsto que ele sairia a alardear que as mulheres estariam lá aguardando seu retorno, depois da guerra. Aí elas iriam ver o que é o machão brasileiro. 

Mas não era previsto que alguém vacilasse como macho e vazasse o áudio, talvez um macho inseguro, sem as mesmas convicções do restante da turma.

Bolsonaro também acha que o eleitor brasileiro é fácil. Antes do segundo turno de 2018, ele anunciou que mataria os inimigos na ponta da praia. Ele era ali um Mamãe Falei. O eleitor era fácil e o inimigo também.

Bolsonaro já mostrou que faz o que quiser com o eleitor da sua base. Tudo com facilidade. É fácil ser negacionista e sabotar a imunização de velhos e crianças e continuar com 25% de apoio, porque é fácil enganar.

Os brasileiros são fáceis para Bolsonaro, para os militares, o centrão, os milicianos. Não porque sejam pobres, como disse Mamãe Falei das mulheres ucranianas, até porque muitos dos fáceis brasileiros são ricos. Simplesmente porque são fáceis.

Bolsonaro, Mamãe Falei e a extrema direita mundial descobriram que convencer, assumir controles e submeter vastos contingentes à hipnose do fascismo são tarefas fáceis. Pessoas em desalento se tornaram presas fáceis, ou não teriam levado Bolsonaro ao poder.

Se em algum momento a engrenagem falha, é só porque Mamãe Falei faz parte da ala da chinelagem e mexeu com o poder das mulheres. 

Se Bolsonaro tivesse dito algo parecido com o que o deputado amigo do ex-juiz suspeito disse, não aconteceria nada. Seria apenas mais uma fraquejada ou a livre manifestação de quem, segundo o genocida, não estupra mulher que não merece ser estuprada.

Bolsonaro foi eleito como incentivador de estupros. Nada é difícil para o sujeito, em qualquer área. Foi fácil para a estrutura montada por ele levar adiante as quadrilhas da pandemia, que intermediaram os negócios da cloroquina e estavam prontas para vender vacinas.

Nunca foi tão fácil para o fascismo agir com a conivência de setores do empresariado, de um jeito que não existiu nem na ditadura. 

A elite empresarial é dócil e fácil. Os banqueiros são fáceis. O mercado financeiro é facílimo. Os liberais brasileiros nunca foram tão fáceis. E os militares facilitaram tudo. 

Com um Ministério Público fácil, tudo fica ainda mais facilitado para proteger os filhos e os milicianos que protegem os filhos. 

O sistema de Justiça é fácil para o bolsonarismo. Mas as mulheres brasileiras não são fáceis. As mulheres vão derrotar a extrema direita no Brasil.

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21
Fev22

Putin acende o estopim

Talis Andrade

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por Alex Solnik

Dizer que Putin declarou guerra à Ucrânia, agora há pouco, ao anunciar que vai reconhecer os estados independentes de Donbass pode parecer exagero, mas foi quase isso.

As repúblicas separatistas não eram reconhecidas por nenhum país. A Ucrânia tinha esperança de retomar os territórios perdidos.

Agora, com o reconhecimento da Rússia, passam a ser estados independentes encravados na fronteira leste da Ucrânia com a Rússia. Se a Ucrânia tentar retomá-los, será como invadir outro país. 

E a Ucrânia poderá pedir a proteção da Otan.

Putin acendeu o estopim. 

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13
Fev22

O autoritarismo pariu Putin

Talis Andrade

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por Gustavo Krause

- - -

As democracias não fazem guerra. Criam “zonas de paz” e resolvem os conflitos de forma pacífica. São sociedades que limitam o poder às regras e às Instituições do Estado de Direito; protegem o exercício pleno das liberdades fundamentais dos cidadãos; asseguram a alternância periódica dos governos, em competições eleitorais, submetidas a procedimentos legitimamente definidos.

O político e escritor sueco Per Ahlmark (1939-2018), no texto A tragédia da tolerância: a conciliação com as tiranias, publicado no livro A Intolerância (Ed. Bertrand Brasil: Rio de Janeiro, 2000), cita a conclusão do Professor da Universidade de Yale Bruce Russet (1935) que analisou todas as guerras entre países independentes: “É impossível identificar uma única guerra entre estados democráticos, a partir de 1815”.

Outro estudioso do assunto, Rudolph Rummel (1932-2014) chegou aos seguintes números de guerras ocorridas no referido período: democracias contra não-democracias, 155; não-democracias contra não-democracias, 198; democracias contra democracias. Zero.

Diante de tais evidências, é procedente afirmar que a ausência de guerra entre estados democráticos é uma lei empírica das relações internacionais. O risco está na erosão da democracia liberal e no fortalecimento dos regimes autoritários, comandados por lideranças capazes de desestabilizar o equilíbrio da ordem mundial.

Putin é o que Vargas Llosa chama, certa ironia, de “homens fortes” que no poder fazem apostas arriscadas. A primeira aposta é se fazer relevante diante da China e dos Estados Unidos; enfraquecer Biden; e, no limite, desafiar a OTAN, a paz mundial, optando pelo cenário beligerante.

No clima gelado da Rússia, Putin distribuiu calorosos afetos com o autocrata Viktor Orban a quem chamou de “melhor amigo do ocidente” e, em dueto com Xi Jinping, recitou: “a amizade entre os dois estados não tem limites”.

Simpático a Putin, o Presidente da Argentina Alberto Fernández optou pelo pragmatismo econômico, mas alfinetou os Estados Unidos para manter a mais importante peculiaridade de um “perfeito idiota latino-americano”.

Entre os dias 14 e 17, o Presidente Bolsonaro vai ao Kremlin. Têm muito em comum o ex-capitão Bolsonaro e o ex-coronel da polícia política da URSS, a KGB: ambos são líderes populistas, autoritários e com fome canina pelo poder. Há 22 anos no cargo, Putin pode ensinar a Bolsonaro sobre peripécias “constitucionais”. Com uma diferença: por aqui as urnas eletrônicas funcionam.

Saudade de Boris Yeltsin. Tudo terminaria em vodca. Tirania e loucura, irmãs siamesas, desconhecem limites. Diferente das tragédias do século XX, não restará narrador para a insanidade de uma guerra nuclear.

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