Por que o brasileiro continua um analfabeto político? Como conviver com a ameaça de uma intervenção militar? Este Correspondente tenta buscar respostas na leitura dos jornais
Por que o brasileiro continua um analfabeto político? Como conviver com a ameaça de uma intervenção militar? Este Correspondente tenta buscar respostas na leitura dos jornais
247 - No último debate antes do segundo turno em Porto Alegre na noite da última sexta-feira (27), Manuela d’Ávila (PCdoB) e Sebastião Melo (MDB) trocaram farpas após o último acusar a candidata de apoiar o stalinismo e “viver no passado”.
“Ideologia não tapa buraco, não bota médico no posto de saúde e muito menos resolve a questão da passagem... O mundo mudou, eu também mudei, evoluí em muitas coisas e a senhora continua no passado, em 1950, Stalinista ainda, quer dizer, um projeto que não deu certo em lugar nenhum do mundo e que a senhora continua insistindo com isso”, disse Melo.
Na próxima pergunta, sobre a questão do meio ambiente, Manuela aproveitou para rebater: “Sabe, Melo, eu estou feliz que finalmente tu trouxeste o bicho-papão do comunismo para o debate. Eu quero que os senhores e senhoras comparem as nossas experiências porque o meu partido governa o Maranhão, pegou o Maranhão destruído, Melo, pelo teu partido, pelo MDB de [José] Sarney”.
A prioridade da gestão de Guilherme Boulos e Luiza Erundina é garantir escolas públicas de qualidade para todas e todos, bem como incentivar a educação popular, como ensinou Paulo Freire. O objetivo é transformar a capital paulistana em uma Cidade Educadora, ideia inspirada na proposta de educação integral formulada por Anísio Teixeira.
A educação pública de qualidade será a prioridade de São Paulo. Ela só será possível com investimento exclusivo de recursos públicos, reversão dos processos recentes de privatização e reafirmação de um projeto popular e socialista para a educação paulistana.
Vamos garantir creches (CEIs), escolas de educação infantil e escolas de ensino fundamental com padrão de qualidade em todas as regiões da cidade, correspondendo aos estudos de Custo Aluno-Qualidade (CAQ), recém-incorporados à Constituição Federal. A intenção é dar aos educadores condições adequadas para ensinar e aos estudantes condições adequadas para aprender.
Todas as escolas públicas paulistanas serão acessíveis e terão profissionais valorizados, número adequado de alunos por turma, salas de leitura, biblioteca, laboratórios de ciências e de informática, quadra poliesportiva, internet banda larga, alimentação nutritiva, transporte escolar digno e recursos para implementar o projeto político-pedagógico com autonomia.
Também será incentivada a democratização do acesso às tecnologias da informação, garantindo assim para cada estudante e cada profissional uma unidade computacional com acesso à internet 4G.
Não obstante, defendemos o ensino presencial realizado no espaço escolar. Entendemos, inclusive, que não é possível o retorno às aulas em 2020, devido à falta de segurança sanitária.
A gestão educacional, realizada de maneira democrática, promoverá uma educação libertadora e inclusiva, pautada na autonomia da escola e no fortalecimento dos projetos político-pedagógicos. A partir daí, em diálogo com a teoria pedagógica, será empreendida uma reorientação curricular, pautada pela experiência das e dos docentes em sala de aula.
A gestão de Guilherme Boulos e Luiza Erundina em São Paulo irá viabilizar uma educação justa, consistente, democrática e emancipadora. Uma educação antirracista, feminista, anti-lgbtfóbica, anticapacitista e ecossocialista. E a referência da gestão será o legado de Paulo Freire à frente da Secretaria Municipal de Educação durante o governo de Luiza Erundina (1989-1993).
Leia mais aqui para conhecer as diretrizes e propostas de Boulos e Erundina
* PARA UNIVERSALIZAR ESCOLAS PÚBLICAS DE QUALIDADE
* PARA VALORIZAR OS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL
* PARA GARANTIR A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO COMO PRINCÍPIO E PROJETO PEDAGÓGICO
* PARA UNIVERSALIZAR O DIREITO À EDUCAÇÃO PARA TODAS E TODOS – EDUCAÇÃO INCLUSIVA, EDUCAÇÃO INDÍGENA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)
* PARA ENFRENTAR AS DESIGUALDADES EDUCACIONAIS AMPLIADAS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19
Na manhã desta sexta feira, 30, os professores, professoras e estudantes da rede estadual de ensino do Paraná, realizaram um Ato Público em frente à Secretaria Estadual de Educação pedindo a suspensão do projeto do Governador Ratinho Jr, que pretende militarizar mais de 200 escolas públicas. Além desta reivindicação, também denunciam outros atos arbitrários do atual Secretário de Educação, Renato Feder, como um contrato sem licitação, no valor de R$ 3,5 milhões para realizar provas destinadas ao regime de contratação temporária pelo processo seletivo simplificado (PSS). Ao final do ato, os manifestantes ocuparam a sede da Secretaria, pedindo por diálogo.
"Nos viemos aqui para fazer a denúncia de tudo o que está acontecendo e ao mesmo tempo reivindicar o direito legítimo de sermos ouvidos pelo Secretário de Educação, Renato Feder. Chegamos a pedir, dias atrás, que uma comissão fosse ouvida, mas isso não aconteceu," explicou o Professor Hermes de Leão, presidente da APP sindicato. O objetivo é permanecer na sede da Secretaria até que o governo abra o diálogo.
A principal pauta é tratar sobre a proposta de militarização das escolas estaduais que vem sendo encaminhada pelo governo sem diálogo com a comunidade escolar. A proposta prevê que as instituições de ensino selecionadas funcionem em regime de cooperação técnica entre a Secretaria de Educação e a Secretaria de Segurança Pública, sendo que as direções das escolas serão divididas entre um diretor da rede estadual e um militar.
Os professores, estudantes e pais não chegaram a ser consultados antes da proposta ser encaminhada para votação na Assembleia Legislativa do Paraná. Nesta semana, o governo convocou os pais de alunos para que fossem até as escolas votar pela adesão ou não à proposta de militarização. Porém, há denúncias que os pais foram assediados dentro das escolas por pessoas do governo para que aderissem ao projeto. Além disso, muitas famílias foram votar, desconhecendo totalmente a proposta.
Edital PSS
Outro tema que está na pauta desta manifestação é sobre o recente publicado edital para concurso PSS. A APP-Sindicato protocolou uma representação no Tribunal de Contas do Estado (TCE) contra o governo do Paraná por um contrato sem licitação, no valor de R$ 3,5 milhões. O negócio visa a aplicação de provas destinadas a selecionar professores(as) e pedagogos(as) para atuação na rede pública estadual, em regime de contratação temporária pelo processo seletivo simplificado (PSS).A entidade sindical denuncia que esse acordo, firmado entre a Secretaria da Educação e do Esporte (Seed) e uma instituição de Brasília, viola a legislação federal que regulamenta as compras realizadas pelo Poder Público.
O Sindicato pede que o TCE declare o contrato ilegal, suspenda de forma imediata os seus efeitos e exija do governo a realização de concurso público para suprir a defasagem de docentes nos colégios estaduais. Na representação, a APP-Sindicato acusa o governo de também violar o princípio do concurso público, previsto no artigo 37, inciso II, da Constituição Federal. “Se é possível realizar um processo seletivo com provas e características de concurso público, é possível também realizar concurso público”, diz o texto.
O processo seletivo simplificado, regulamentado pela Lei Complementar n. 108/2005, dispõe sobre a contratação de servidores(as) para atendimento de situações emergenciais. Mas, na educação, o governo tem utilizado esse recurso há anos e de forma permanente, ao invés de realizar concurso público.
Atualmente, cerca de 20 mil professores(as) paranaenses estão nesta situação, trabalhando em um regime considerado precário, onde podem perder o emprego a qualquer momento. esde a implantação da lei, a seleção dos(a) docentes não inclui a realização de prova. A classificação é feita com base nos títulos acadêmicos e tempo de experiência na função apresentados por cada candidato(a).
Caso de espancamento de um jovem por PM em Londrina reforça o perigo das escolas militarizadas para a juventude pobre
Chegou à Redação do Diário Causa Operária a denúncia de que um jovem, estudante de escola militarizada em Londrina, foi espancado por PM na escola. No áudio, é dito que o garoto teria algum transtorno de personalidade indefinido, o que estaria na raiz de todo o episódio.
Conforme a denúncia, o garoto se isolou no quarto após o ocorrido e não comentou com a família, que só soube do ocorrido após ver as marcas do espancamento no corpo do adolescente.
Ainda segundo o áudio, o pai reclamou do abuso, tirando o garoto da escola e transferindo-o para outra. Escute o áudio aqui
A denúncia reforça a grave ameaça que paira sobre a juventude brasileira com o modelo cívico-militar, especialmente às massas pobres oriundas da classe trabalhadora.
Os estudantes e seus familiares devem se mobilizar contra a imposição deste regime de terror nas escolas públicas, lutando também pela autonomia das escolas, através do controle político delas dos próprios estudantes, pais e professores.
As agressões a estudantes cresceram com o governo militar de Bolsonaro, inclusive com a militarização das escolas.
Aos 16 anos, a adolescente assumiu a tribuna na última quarta-feira para defender a ocupação do Colégio Estadual Senador Alencar Guimarães, em Curitiba, um dos mais de 800 colégios ocupados - segundo números dos manifestantes - no Estado. Sua fala viralizou.
Usuários das redes sociais chegaram a compará-la com Malala Yousafzai, ativista paquistanesa que se tornou a pessoa mais jovem a ganhar um Nobel da Paz pela sua defesa à educação de meninas no Paquistão.
Em conversa com a BBC Brasil, Ana Júlia disse que não sabia da comparação - mas gostou dela. "Que incrível, a Malala é demais, a luta dela é maravilhosa." Transcrevi trechos. Leia mais aqui
Foi considerado o pai do LIBERALISMO. Um documento substancial redigido por ele foi a CARTA ACERCA DA TOLERÂNCIA.
O que foi este documento? O filósofo do Liberalismo trata da tolerância, entre cristãos e não cristãos. E também discorre sobre como as leis regem a sociedade de forma positiva. E coloca a tolerância como profissão de fé.
O que o "politicamente correto" tem a ver com a tolerância?
Bem, ambos tentam não discriminar, não segregar; e claro que a falsidade ideológica faz parte de esta tese. Isso se reproduz aqui, entre alguns membros do atual governo que se autointitulam politicamente corretos.
Por exemplo, o atual Ministério da Educação está com uma proposta de censurar livros. Muitos clássicos estarão como "bola da vez" dessa atitude que vai muito além da intolerância. Na realidade querem mexer em obras literárias, tanto na forma como no conteúdo. E tal cirurgia, medíocre e ilegal, inclui os clássicos machadianos.
Será tal atitude politicamente correta?
"Hoje ser um professor é ter quase que uma declaração de que a pessoa não conseguiu fazer outra coisa". Com toda certeza, tal afirmação não adveio de mim, e nem de John Locke. John Locke, apesar de ávido liberal, tinha um compromisso retórico baseado no falseamento/político em relação à doutrina dogmática que gestava: afinal ele não poderia contar a verdade ao gado...
Ele abusa da retórica para reforçar que existe uma ética na rede de lucros. E a frase do ministro da Educação (citada no parágrafo acima) é carregada da crueza "explícita" e cínica do autoritarismo antidemocrático, que baixa a estima dessa classe vital. É a superestrutura rejeitando sua estrutura mais precípua; ao assalariar professores com objetivo de revigorar os setores que controlam às massas; e então poder conservá-los sob rédea curta. E para os que almejaram (um dia) serem docentes: apenas sobrou a barganha (pérfida) da troca de um futuro em nobre cátedra, por um sonho de uberização qualquer.
A financeirização que corre a céu aberto da tecnologia expropriadora, não é mais um meio de produção, ela é a hegemonia. O ovo da serpente é acabar com a privacidade, e exercer "capitalismo de vigilância" para os escravos a serviço da tecnologia.
Big Techs, Pix, e outros termos exigem da população uma visão high-tech do mundo.
"Onde não há lei, não há liberdade" disse o empirista John Locke. E do nosso Ministério da Educação brota: "Nada de beijos, ou qualquer contato físico nas novas obras literárias". A lei está sendo colocada acima da forma de liberdade mais importante que existe: a liberdade do pensamento.
Tolerar a mediocridade totalitária de dois poderes separados, porém unidos para destruir as ideias; não é nada moral. A igreja e o Estado deveriam se recolher às suas significâncias ou insignificâncias...
E quanto a docência?
Ela deveria ser a primazia do povo brasileiro.
"Numa terra que não há professores não pode haver imperadores".
Artistas e intelectuais lançaram um manifesto em defesa do cartunista Renato Aroeira, após o governo Jair Bolsonaro, por meio do ministro da Justiça, André Mendonça, pedir à Polícia Federal um inquérito com o objetivo de investigar uma charge em que uma cruz vermelha de um hospital é transformada em suástica, símbolo do nazismo.
De acordo com o manifesto, "ao dizer que um desenho de humor leva perigo à integridade do Estado, o ministro expressa um delírio fanático e alimenta as fantasias totalitárias dos criminosos que promovem ataques crescentes contra a democracia no Brasil". Abaixo o autoritarismo
Nós, artistas, escritores, jornalistas, cientistas e professores, que não podemos viver e trabalhar sem democracia e liberdade, repudiamos frontalmente a declaração do Sr. Ministro da Justiça, André Luiz Mendonça, que ameaçou instaurar inquérito contra o grande artista gráfico Renato Aroeira.
O ministro viu ameaças à "segurança nacional" (sic) numa charge em que Aroeira ironiza as falas do Presidente da República incitando seus seguidores a invadirem e filmarem hospitais. Ao dizer que um desenho de humor leva perigo à integridade do Estado, o ministro expressa um delírio fanático e alimenta as fantasias totalitárias dos criminosos que promovem ataques crescentes contra a democracia no Brasil.
Não aceitamos mais delírios obscurantistas. Não aceitamos intimidações. Abaixo o autoritarismo.
E amparados no Artigo Quinto da Constituição Brasileira, dizemos "não" à censura, em solidariedade ao artista Renato Aroeira e ao jornalista Ricardo Noblat, que postou a charge em seu “Blog do Noblat”.
Jair Bolsonaro voltou a atacar os jornalistas que fazem plantão na saída do Palácio da Alvorada. O ataque deste sábado veio na esteira da revelação do desmonte de metade da biblioteca presidencial para que seja instalado um gabinete com banheiro privativo para que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e a equipe do programa Pátria Voluntária possam despachar em uma sala sob a vigilância dele.
“Minha esposa faz um trabalho para pessoas deficientes de graça. Arranjei um lugar pra ela trabalhar lá na Presidência, porque é melhor, fica mais perto dos ministros pra despachar. E a verdade é que (inaudível). Estão descendo a lenha que a biblioteca vai diminuir em vez de elogiar a primeira-dama. Quem age dessa maneira merece outra banana”, disse Bolsonaro ao mesmo tempo em que fazia gestos obscenos à imprensa. No último dia 8, Bolsonaro já hava dado uma "banana" para os jornalistas.
A biblioteca da Presidência da República abriga um acervo de 42 mil itens e 3 mil discursos de presidentes. O custo com a “reforma” não foi divulgado e os espaços de estudo, convivência e leitura do local serão praticamente extintos. Há sete meses, os cofres públicos foram abertos para a realização de obras no valor de R$ 330 mil no Ministério da Cidadania com o objetivo de adaptar várias salas para receber Michele e sua equipe. Bolsonaro presenteou a esposa com o Petit Trianon, imitando Temer que gastou milhões com a reforma do Palácio da Alvorada, que viveu austeros tempos quando o franciscano Marco Maciel era vice-presidente.
Segundo reportagem do blog da jornalista Bela Megale, Michele pouco aparecia para trabalhar. No final de 2019, o programa Pátria Voluntária foi incorporado pela Casa Civil, que funciona nas dependências do Palácio do Planalto.
Quem nomeia Ricardo Vélez Rodríguez e Abraham Weintraub para comandar o Ministério da Educação odeia professores e estudantes.
O piso salarial dos profissionais da rede pública da educação básica em início de carreira foi reajustado em 12,84% para 2020, passando de R$ 2.557,74 para R$ 2.886,24.
O reajuste foi anunciado pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, em transmissão ao vivo pela internet. Que miséria de ordenado. É o salário do medo e da fome.
O governador do Maranhão Flávio Dino, do PCdoB, anunciou neste começo de fevereiro, que o novo piso salarial para professores que trabalham 40 horas semanais nas escolas do Estado é de R$ 6.358,96.
Novo piso de remuneração para professores 40h no Maranhão deve passar para R$ 6.358,96. Proposta será enviada hoje para Assembleia Legislativa. Lembro que valor nacional é R$ 2.886,24.
Tereza Cristina foi convidada pelo diretor e aceitou ser a paraninfa de mais de 200 estudantes. Mas nessa terça-feira, 14, os estudantes deram o troco em Dourado Neto, pois a ministra levou um carão na frente de todos os presentes ao encontro:
- De um agro que é pop, que é tech, que é tudo. Temos a certeza de que a senhora, ministra, e o governo Bolsonaro como um todo, representam, geram e reproduzem em seu projeto de país esse modelo.
Um modelo que é a cara da bancada ruralista. Um projeto de governo fundamentado e sustentado no capital e na desigualdade.
Desde 17 de janeiro de 2019, Durval Dourado Neto é diretor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Localizada em Piracicaba, interior de São Paulo, ela é voltada aos cursos de ciências agrárias, sociais aplicadas e ambientais.
Em menos de um ano de gestão, um “feito” dele já tem lugar garantido na história da escola: a pressão sobre os alunos para a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ser a paraninfa das oito turmas de formandos de 2019.
A intromissão do diretor na escolha funcionou.
Tereza Cristina foi convidada e aceitou ser a paraninfa de mais de 200 estudantes.
Mas nessa terça-feira, 14/01, os estudantes deram o troco em Dourado Neto, pois a ministra levou um carão na frente de todos os presentes ao encontro.
Nara Perobelli, formanda em Gestão Ambiental, desbancou a ministra.
Durante o encontro, ela leu uma dura carta dos estudantes, criticando a escolha da paraninfa, o modelo do agronegócio e o projeto da ministra e do governo Bolsonaro, que é a “cara da bancada ruralista”.
A carta termina com uma homenagem à agrônoma Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia, que faleceu dia 5 de janeiro de 2020, aos 99 anos:
Acreditamos, trabalhamos para isso e seguiremos na luta em direção a um sistema, que, como diz nossa sempre presente Ana Maria Primavesi, “não é para vender adubos e defensivos, mas para produzir bem e barato”.
A agrônoma Ana Maria Primavesi, pioneira da agroecologia no Brasil
Íntegra da carta dos formandos das turmas de 2019 da Esalq/USP, lida por Nara Perobelli:
Bom dia a todas e a todos!
Aqui na ESALQ nós passamos de 4 a 7 anos de nossas formações ouvindo, independentemente do curso que fazemos, sobre o agronegócio. Desde a administração, passando por ciência dos alimentos e engenharia florestal, todos, exceção, entram em contato com esse universo.
De um agro que é pop, que é tech, que é tudo. Temos a certeza de que a senhora, ministra, e o governo Bolsonaro como um todo, representam, geram e reproduzem em seu projeto de país esse modelo.
Um modelo que é a cara da bancada ruralista. Um projeto de governo fundamentado e sustentado no capital e na desigualdade.
Que em 2019 gerou incêndios de proporções assustadoras;
Que prendeu e matou ambientalistas, indígenas, quilombolas, agricultores, mulheres, negros, lgbtqi+;
Que buscou silenciar cientistas, pesquisadores, professores e todos que com dados escancaravam os problemas trazidos pelo tipo de agricultura que vocês incentivam com palavras e dinheiro.
Nós passamos de 4 a 7 anos aqui dentro ouvindo de muitos que essa era a única maneira possível de acabar com a fome no Brasil e no mundo.
Ouvimos de muitos, mas não de todos.
Hoje, segurando este microfone tenho o orgulho de representar quem entende, por meio da ciência, da ética, e do amor sem rótulos, que uma outra agricultura e modelo de sociedade são possíveis.
Esse grupo de pessoas é formado por estudantes, professores e funcionários que fazem pesquisa e extensão fundamentados na agroecologia nesta universidade, que é pública e que deve ser de todos e todas.
Para este grupo do qual eu faço parte, é intragável que esta Escola, que se diz gloriosa, seja conivente com uma forma de produção e um projeto de país que se baseia no lucro, excluindo as pessoas do campo e as múltiplas funções da agricultura.
Um governo que cerceia a ciência e a autonomia das universidades, que distorce informações, que não se propõe a ouvir as nossas vozes nas ruas, mas que suporta nos escutar por dois minutos em troca de publicidade e uma placa de homenagem.
Não, não representa a nenhuma ou nenhum de nós uma paraninfa ou paraninfo que do alto cargo de liderança que possui, escolha fazer política dessa forma.
Acreditamos, trabalhamos para isso e seguiremos na luta em direção a um sistema, que, como diz nossa sempre presente Ana Maria Primavesi, “não é para vender adubos e defensivos, mas para produzir bem e barato”.