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O CORRESPONDENTE

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O CORRESPONDENTE

19
Nov22

Bolsonaro perdulário e ladrão estourou o teto de gastos em R$ 795 bilhões

Talis Andrade

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O palpite infeliz da mídia

 

por Fernando Brito

Jair Bolsonaro estourou o teto de gastos em R$ 795 bilhões em seus quatro anos de governo, contabiliza hoje a BBC em longa reportagem sobre as finanças públicas brasileiras.

Em média anual, R$ 200 bilhões por ano, mais que os R$ 198 bilhões (já contando com o máximo de R$ 23 bilhões se ocorrerem receitas extraordinárias, as quais o teto impede de serem utilizados) pretendidos na proposta de emenda constitucional sugerida por Lula ao Congresso.

Se houve reação do “mercado”, foi comportadíssima.

 

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Parece que a noção de democracia de nossa imprensa não atravessa a fronteira do interesse do dinheiro e que, no dia 30 de outubro, não decidimos se os brasileiros vão poder comer e se os programas sociais devem ser recuperados.

Alguns dos comentaristas de política e de economia dizem que, a 43 dias de começar, o Governo Lula “fracassou”, que os juros, dívida pública e a inflação vão subir forte, o brasileiro perderá renda e os investidores vão fugir do país.

Pensei em levar um volante da Mega-Sena para que eles preenchessem para mim, tamanha é a capacidade de adivinhação que sustentam em suas teses. Basicamente aquela lenda da “fada da confiança” do mercado, nome popularizado pelo Nobel de Economia Paul Krugman, pela qual havendo cortes nas despesas públicas, o capital encarregar-se-ia de, inevitavelmente, produzir o crescimento da economia.

Isso virou até um arremedo de teoria econômica, conhecida como Tricke Down, algo como pinga-pinga, pela qual a prosperidade dos ricos “escorreria” até os pobres, melhorando suas vidas.

Basta ver o que aconteceu por aqui nos últimos anos – e já antes de Bolsonaro – que o palpite é furado e, além disso, revelador do primarismo deste tipo de análise econômica, pouco mais sofisticada que uma mera “regra de três” ginasiana.

Por este simplismo, querem que se enuncie agora – e, portanto, também como mero “palpite” – de uma nova âncora fiscal, em lugar de um “teto de gastos” que, evidentemente, já foi destruído faz anos e chegou ao ponto de inviabilizar o funcionamento da máquina pública.

Um exemplo, dos milhares que há: a educadora Priscila Cruz, do grupo de transição, disse ontem que o orçamento federal para pré-escola dá para construir UMA (isso, UMA) creche. No resto, estradas abandonadas, farmácias sem remédio, escolas sem luz e mais obras paradas.

Qualquer pessoa minimamente razoável sabe que não pode vir prosperidade econômica de algo assim. É claro que se tem de cortar despesas, mas não estas.

Muito menos conseguem ver que o país só não afundou economicamente porque, mesmo eleitoreiros, com péssimos critérios e baixíssima governança, foram os recursos que aqueles déficits de Bolsonaro lançaram dinheiro na economia e reverteram o afundamento da arrecadação federal, mesmo com os cortes de imposto de olho na urna – como os de combustíveis.

Como é uma turma que gosta de números, seria interessante saber de onde viriam os R$ 600 prometidos pelos dois candidatos, ou os R$ 150 por criança pequena. Será que não sabiam o que todos sabiam, que o Orçamento não tinha dinheiro previsto para isso e, pior ainda, nem tinha como funcionar como está estruturado na proposta que Bolsonaro enviou ao Congresso?

Bem, “sabidões” como são, vão colecionando erros, desde que previram fuga de empresários, ou quando zombaram da “marolinha” de 2008 e agora, quando não conseguem entender que a ousadia de Lula é o principal convite a novos investimentos no país e da recolocação do país nos mercados mundiais.

O Brasil é mesmo um imenso país com uma elite minúscula, que não consegue pensar em nada senão em sermos “bons meninos” para o “mercado”.

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26
Mar22

Roubalheira em nome de deus

Talis Andrade

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por Jeferson Miola

- - -

A roubalheira no ministério da Educação [MEC] é bastante original: pastores evangélicos cobram propina em barras de 1kg de ouro para intermediar verbas públicas que, antes de chegarem ao destino final, decerto ainda ficam sujeitas à rapinagem por outros atravessadores – leigos ou religiosos.

Tudo endossado pelo ministro Milton Ribeiro e a mando do Aberração do Planalto, que sempre repete o bordão “deus acima de todos”.

A descoberta da roubalheira indica o quão ilimitado é o propósito de degradação e destruição da educação pública brasileira. E revela, também, as entranhas do poder miliciano e fascista-militar ancorado no charlatanismo/fundamentalismo religioso.

Há uma impressionante depravação do Estado de Direito e de princípios republicanos elementares.

O desmonte deliberado das políticas públicas de educação – vide as graves e nunca apuradas denúncias envolvendo o ENEM e o INEP, para ficar somente nesses dois escândalos – evidencia que o MEC é um nicho de corrupção e, ao mesmo tempo, um instrumento ideológico para a destruição do sistema de educação laica, plural e pública.

Não fosse a máquina do colaboracionismo fascista operada por Arthur Lira e Augusto Aras, o pastor-ministro já teria sido defenestrado do cargo e a CPI da “gangue de deus acima de todos” já teria sido instalada no Congresso.

Mas isso, naturalmente, está longe de acontecer, devido ao citado colaboracionismo e, também, ao extraordinário poder dos pastores evangélicos no Congresso.

Na Câmara, são 104 parlamentares [20,3%] – nem todos/as, porém, coniventes com as práticas denunciadas. Seriam 105 ao todo, mas a diferença se deve à saída de Flordelis, a pastora e ex-deputada do PSD que cumpre pena de prisão por assassinato do ex-marido, também ele pastor. No Senado, são 15 senadores/as – 18,5% da Casa.

O líder da bancada evangélica, deputado Sóstenes Cavalcante, do mesmo PL/RJ de Bolsonaro, revelou uma certa ética pastoral que explica o princípio da roubalheira em nome de deus.

Em entrevista [23/3], o líder evangélico blindou Bolsonaro, mesmo sabendo que o ministro Milton Ribeiro tenha declarado explicitamente que atendia instruções do presidente.

Perguntado se a bancada evangélica pediria a demissão do ministro, Sóstenes respondeu: “Primeiro, não fomos nós que indicamos. Logo, não somos nós que pedimos pra tirar. Não temos autonomia pra isso. Se fôssemos nós que tivéssemos indicado, talvez a sua pergunta fosse pertinente”.

Ou seja, como o corrupto “pertence a uma paróquia” diferente da sua, o líder evangélico não se importa com a corrupção dentro do MEC transacionada com barras de ouro.

Repetindo que “não fomos nós que indicamos”, Sóstenes ainda justificou que “não somos nós que vamos tomar nenhuma decisão que é interna corporis [sic] do Executivo. Não tem nada a ver com a frente parlamentar evangélica [sic]” [vídeo, a partir do minuto 9].

Depois desta declaração, Sóstenes deveria renunciar imediatamente ao mandato parlamentar. Como deputado, ele descumpre a missão constitucional básica de fiscalizar, apurar e investigar atos do poder Executivo e se torna cúmplice da “corrupção pastoral” no MEC.

Este é o “Brasil acima de tudo”. Conivência, omissão, cumplicidade, roubalheira, distribuição de armas, misoginia, feminicídio, racismo, fascismo, transfobia, fundamentalismo – tudo praticado em nome de deus.

 

 

 

 

 

 

 

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