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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

05
Jun22

Bolsonaro governa o país – governa? – como se estivesse permanentemente de férias

Talis Andrade

bolsonaro vagal da republica.jpeg

 

Passeando de moto ou flanando por aí de jet-ski, o presidente Jair Bolsonaro se comporta como um adolescente deslumbrado, enquanto o contribuinte pena com a inflação dos alimentos nas alturas, os seguidos reajustes do preço dos combustíveis, o desemprego e a volta da fome. Mesmo em meio aos inúmeros escândalos de corrupção no seu governo, o presidente parece estar sempre de folga.

Reportagem da Folha de S.P. revela que Jair faz do lazer uma rotina, mesmo em momentos em que o país está em crise. No dia em que o Brasil atingia 10 mil mortos pelo coronavírus, o presidente passeava de moto aquática pelo Lago Paranoá, em Brasília, enquanto Legislativo e Judiciário decretavam luto nacional. Hoje, são mais de 660 mil mortos.

Em 3 anos e 5 meses de mandato, por 15 vezes Bolsonaro esteve fora de Brasília, curtindo férias e feriadões nos litorais paulista, baiano e catarinense, de folga. A situação era muito diferente na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva: em seus primeiros 3 anos e 5 meses de mandato, Lula só esteve fora em três ocasiões (cinco vezes a menos od que Bolsonaro).

No final de dezembro de 2021, quando a Bahia enfrentava a crise gerada pelas fortes chuvas, que resultaram na morte de mais de 20 pessoas, Bolsonaro gastava R$ 900 mil curtindo férias, de folga em Santa Catarina. Assista aqui a como deve se portar um presidente em uma tragédia.

Constam ainda na agenda de Jair 15 idas a jogos de futebol e nada menos que 33 motociatas, cavalgadas e afins. A maior parte dessas escapadas ocorreu em dias úteis e não teve nenhuma relação com o exercício da Presidência.

Não é novidade, no entanto, que o homem que passou 27 anos como deputado federal e teve apenas dois projetos aprovados não é muito afeito ao trabalho. Estudo divulgado em abril chamado “Deixa o Homem Trabalhar” mostra que Bolsonaro cumpriu expediente médio de apenas 4,8 horas, 20% a menos do que um estagiário, desde que assumiu a presidência da República. Nunca na história do Brasil um presidente trabalhou tão pouco. A média de horas diárias trabalhadas em 2022 é ainda menor: são apenas 3,6 horas por dia.

Em março deste ano, a revista Veja divulgou que o presidente teve uma média de menos de três horas trabalhadas por dia no mês. “O mês de março, como um todo, tem sido de poucos compromissos para o presidente. Nos seis dias úteis que o mês teve até então, Bolsonaro tem uma média de 2,5 horas trabalhadas por dia, segundo a sua agenda oficial”, diz a reportagem.

Ao que tudo indica, Bolsonaro também não é muito adepto a acordar cedo. Ainda de acordo com a reportagem da Folha, apenas em 2021, por 27 vezes o expediente do presidente começou depois de 12h. No total, Bolsonaro teve 48 dias úteis sem nenhum compromisso oficial nesses quase três anos e meio – descontados os dias em que ele passou internado – e 69 dias úteis em que o presidente só teve compromissos após meio-dia.

Bolsonaro alega que muitos dos eventos públicos que frequenta, como as tais motociatas, são compromissos da pessoa física, e por esse motivo não constam da agenda oficial, em uma nítida confusão entre o público e o privado.

Entre as dezenas de folgas autoconcedidas não sobra tempo para Bolsonaro governar o país.

Imagemontagem mostrando os dias da semana. em cada dia, uma cena de bolsonaro vagabundeando de uma forma diferentesegunda: pescandoterça: andando de carro no beto carreroquarta: jetskiquinta: vendo futebolsexta: dançando funk com mulher de bikinisábado: ele bocejandodomingo: ele dormindoacima, o texto agenda do presidenteabaixo, o texto bolsonaro preguiçoso

Gilberto Figueiredo
@KarlCascatinha
A VERDADE VERDADEIRA.
 
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Central Eleitoral
@CentralEleicoes
Entorno do Presidente liga o alerta, após pesquisas internas mostrarem que o rótulo de "preguiçoso" colou em Bolsonaro: A associação ganhou força com as frequentes folgas, motociatas e até passeios do presidente em horário de trabalho.

Preguiçoso e falastrão, por Ricardo Rangel, Revista Veja, 3 de abril de 2020
O rei preguiçoso, Revista Veja, 25 de abril de 2021
Rótulo de preguiçoso cola em Bolsonaro e alerta o Planalto | Radar, Revista Veja, 5 de junho de 2022.
Histórico de folgas, passeios de moto e de jet ski, além da jornada curta de expediente no Planalto consolidam imagem desfavorável ao presidente.  
14
Jan22

O extremo como banalização da vida

Talis Andrade

 

natureza.jpg

 

A tragédia anunciada em Capitólio, município de Minas Gerais, nos mostra que vivemos tempos extremos. Esperamos atos extremos para enxergarmos que algo não está certo

 

Por Isabelle Medeiros de Freitas /Mídia Ninja

Os fatos vivenciados no ultimo ano (2021) são muitos concretos para identificarmos um período repleto de extremidades. As queimadas quando ocorreram, por exemplo, foram muito fortes. A seca, quando veio, gerou grande estiagem, isso naturalmente geraria uma compensação natural, ou será que ninguém pensou que não? Chegamos até mesmo a ver fortes geadas que atingiram a principal região produtora de café do Brasil, o sul de Minas Gerais, essa mesma região que presenciou o último acontecimento, devido ao alto e previsível período de chuvas. E não pensemos que isso não esteja interligado ao dia a dia de cada um de nós, pois está, e principalmente sobre aquilo que chega a nossa mesa. Basta olharmos para uma das bebidas mais consumidas no país, o café, que gradualmente bate recorde de preços, com efeito direto na economia e no bolso do brasileiro, justamente por sua produção ter sido dificultada, vejam só: ora pela inflação, ora pela falta de política pública, ora pelo clima, ora pelo fato do agronegócio cavar a própria cova.

Há algum (bom) tempo, tem sido anunciada a necessidade de se debater o clima que, atacado pela ação do homem, tem ocasionado cada vez mais acontecimentos extremos para a humanidade. O acontecido nos Cânions de Capitólio não é uma exceção. É preciso debater a emergência climática no interior de nosso país!

O agravamento da La Niña, fenômeno climático capaz de aumentar drasticamente a quantidade de chuvas, é um dos fatores básicos que induziram para que o desprendimento da rocha acontecesse. Conforme podemos ver a seguir, no período do acidente (08 de janeiro de 2022) foi previsto o equivalente a 78.9 mm de água, do qual, caracteriza-se como um volume razoavelmente grande de chuva, o que facilitaria a pressão hidrostática sob a rocha, e consequentemente o rompimento e movimentação do bloco. Ou seja, as fraturas se encharcam de água e fazem com que a rocha se solte, ação essa gerada em decorrência do processo de intemperismo químico.

Acumulação de água no local do acidente. Fonte: Windy.com

 

Como ocorrem os tombamentos de bloco. Autoria: Rubson Pinheiro Maia – Universidade Federal do Ceará.

 

Importante ressaltar que, não apenas as forças exógenas atuaram aqui, mas os impactos aconteceram principalmente sob o comando da ação antrópica. Essa região, popularmente conhecida por ser uma ampla área de navegação turística, geram diversos ruídos, sejam eles hídricos, através do movimento dos motores dos barcos na água, e do próprio percurso da água em si, já que os vales são formados pelos rios existentes, ou sonoros, devido a música propagada em volumes absurdos pelos turistas nas lanchas. Agora pensem: isso acontecendo todos os dias, e multiplicado na alta temporada. Sim, altos impactos diretos por todos os lados.

Ao falarmos dos Cânions, falamos de um imenso maciço rochoso devidamente resistente, que possuem estruturas de quartzitos, cuja formação ocorreu há milhares de anos de forma lenta e natural, e nada mais são do que formas do relevo, onde vemos vales profundos, bonitos e imponentes. Dessa forma, qualquer fração de rocha não se desprenderia se não fosse por um acúmulo de fatores e estímulos, acúmulo esse que ocasionou em uma fratura visualmente notável desde meados de 2012, conforme na foto que ilustra o início deste texto. Porém, o turismo de massa resultou no que conhecemos de mais predatório e imprudente, fazendo com que diversas irregularidades fossem presenciadas por meio do uso do espaço, das construções civis em torno da área, da falta de assistência e direitos aos trabalhadores locais, do aumento de trabalho informal e da própria exploração destrutiva (antes do represamento havia uma pedreira, para exploração e extração de quartzo próximo deste local, hoje inativa).

Essa fórmula de uso e apropriação do espaço pode ser alterada. É preciso parar o desmonte de órgãos de conservação, monitoramento e fiscalização, cumprir as legislações ambientais e realizar, com os devidos profissionais da área, estudos mínimos, pois, tragédias como essas não ocorrem do dia para a noite e podem ser evitadas. E estas não são evitadas com a ganância humana, negligência, irresponsabilidade e um péssimo espectro do Governo Federal (leia-se também o atual Governo do Estado de Minas Gerais) que reverberam a forma mais pejorativa sobre essas pautas. Tragédias assim são evitadas com pesquisa, planejamento e prevenção ambiental. É possível fazer turismo de maneira sustentável e muitos lugares do Brasil podem ensinar sobre isso, com ações que respeitem os moradores locais, coloquem limites entre sociedade e o ambiente com consumo consciente e com propostas reais que façam gradativamente a economia acontecer de forma exponencial, com o mínimo de impacto negativo, já que a pauta econômica por aqui nessas situações é sempre usada como amuleto, então, mais do que urgente que utilizem de outras formas para sustentá-la.

Por fim, não façamos de Minas Gerais o cenário nacional dos desastres. Paremos de utilizar isso como metodologia produtiva, só em razão do capital. Não esperemos a próxima tragédia acontecer, nem tenhamos mais que consolar aqueles que perdem um ente querido para lembrar que o dinheiro pode estar acima de tudo, mas não está acima da natureza, e tão pouco que a paisagem é estática, pois não é, segue em constante transformação. E nessa transformação não há recurso que esteja acima das mudanças naturais e climáticas, acima de nossas vidas.

É necessário alterar os rumos da crise climática, civilizatória, política, cultural, estética, econômica e social no Brasil. Por natureza, precisamos deixar de ser um país colapsado.

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Observatório do Clima, 19 anos
@obsclima
Segue o Baile da Ilha Fiscal da destruição do Brasil. Hoje saiu um decreto presidencial que libera a destruição de QUALQUER CAVERNA do país, mediante declaração de "interesse público". in.gov.br/en/web/dou/-/d

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