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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

26
Mar23

Decisão do BC é político-partidária

Talis Andrade

por Jeferson Miola

 
A decisão do Banco Central [BC] de manter os juros em 13,75% e ainda sinalizar a “manutenção da taxa básica de juros por período prolongado” não tem fundamento técnico ou econômico; é de natureza puramente político-partidária.

Não há justificativa técnica ou econômica para a taxa básica do Brasil continuar no patamar mais alto do mundo, de 8% de ganho real, já descontada a inflação. Há, sim, um enorme consenso em sentido contrário dentre economistas de renome mundial.

O Nobel da Economia Joseph Stiglitz, por exemplo, classifica como “chocante” manter juros reais em 8%, que significam “uma pena de morte” para qualquer economia.

Para o economista Jeffrey Sachs, “o Brasil precisa de um aumento da taxa de investimento”, não da taxa de juros. Ele entende que os juros estão altos “devido à política”, não à realidade fiscal do país.

Esta escolha do BC “não tem como base os fundamentos fiscais”, ele sustenta. Sachs calcula que “se a taxa fosse 5% mais baixa hoje, o déficit seria cortado em 3%”.

As alegações do BC para justificar a continuidade da política altista são frágeis e insustentáveis. E revelam o fracasso da atual diretoria na condução da política monetária, que precisa ser mudada urgentemente.

O comunicado do BC [22/3] reconhece sua incompetência, pelo terceiro ano consecutivo, em controlar a inflação, que “segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”. Isso significa que os juros altos não conseguiram conter a inflação e, pior, se tornaram um veneno mortal para a economia, como alerta o economista Stiglitz.

Na realidade, além de não conseguir controlar a inflação dentro da meta, a prática de juros altos também cria um círculo vicioso de desequilíbrio fiscal permanente, pois o Banco Central cria despesa [sem autorização legislativa e sem concordância do Poder Executivo] e ainda obriga o Tesouro a desviar dinheiro público de investimentos e políticas sociais para pagar o serviço da dívida pública. Com isso, a dívida pública aumenta, ao invés de diminuir.
 
O BC também alega que “a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista”. Isso justificaria, na opinião dos gênios do rentismo, a manutenção da taxa atual. Trata-se, no entanto, de puro eufemismo.

É verdade que os Bancos Centrais dos EUA e da Europa elevaram as taxas de juros no período recente, mas com uma diferença fundamental em relação ao Banco Central do Brasil.

Enquanto nas principais economias planetárias os juros reais continuam negativos, mesmo com o aumento recente das taxas pela maioria dos Bancos Centrais, no Brasil pratica-se a maior taxa de juros reais do mundo – 8% ao ano.

O presidente do BC, o bolsonarista Roberto Campos Neto, perdeu as condições legais para permanecer no cargo. Ele e toda a diretoria da instituição demonstraram “comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil” – inciso IV do artigo 5º da Lei Complementar 179/2021, de autonomia do BC.

Campos Neto é um agente provocador e sabotador que no campo econômico segue a cartilha terrorista da extrema-direita. Aposta na recessão e no desemprego para levar o país ao caos e desestabilizar o governo Lula. A política de juros altos significa, nesta perspectiva, a continuidade do 8 de janeiro via terrorismo financeiro.

Sob a gestão ultraliberal e bolsonarista de Campos Neto, o Banco Central “autônomo” – em relação à soberania popular, mas vinculado ideologicamente à extrema-direita ultraliberal – é um fator de pilhagem do país e, ao mesmo tempo, uma arma de sabotagem e de luta política para inviabilizar o governo Lula.
 

Selic a 13,75%

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24
Mar23

Alta taxa de juros paralisa a economia e prejudica a vida dos brasileiros

Talis Andrade
(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

 

 

Parlamentares reagiram no Congresso por considerar que a taxa na estratosfera desestimula investimentos, o consumo e a geração de empregos

 

 

Ao manter a taxa básica de juros no pornográfico 13,75%, o Banco Central ignorou os apelos do presidente Lula, centrais sindicais, movimentos sociais e setores empresariais. Com isso, o Comitê de Política Monetária (Copom) desestimula investimentos, o consumo e a geração de empregos.

De acordo com a agência alemã Deutsche Welle (DW), por exemplo, com os juros na estratosfera fica mais caro comprar uma moto ou uma geladeira a prestações.

“A demanda por produtos cai, o que força as empresas a diminuir ou a não aumentar os preços, reduzindo assim a pressão sobre a inflação”, explicou.

Além disso, restrição ao consumo, por sua vez, influencia negativamente no faturamento das empresas, desestimulando novas contratações, sendo as que estão em pior situação podem ser forçadas a demitir.

A decisão deixa o Brasil no topo do ranking global de juros reais. Descontado a inflação, a taxa de juros reais brasileira ficou em 6,94%, seguida do México 6,05% e Chile 4,92%.

No Congresso a reação foi imediata. “Apesar da pressão dos movimentos sociais e populares, o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 13,75% – a mais alta do mundo. O povo quer emprego e desenvolvimento, não juros estratosféricos. Seguiremos pressionando até que o BC reveja esta política fracassada, que mantêm milhões na miséria. #JurosBaixosJá”, escreveu no Twitter a líder do PCdoB na Câmara, Jandira Feghali (RJ).

Segundo o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), a decisão do Banco Central de manter a Selic em pornográficos 13,75% demonstra a captura do Estado pelo rentismo. “Não há justificativa técnica, não há padrão internacional. O que há é uma espécie de politização às avessas: se o país pede água, o BC dá vinagre. SABOTAGEM!”, reagiu na rede social.

O deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) classificou a decisão como indecente. “Querem inviabilizar o desenvolvimento do país. O projeto que ganhou as eleições, que foi às ruas, prevê melhoria da vida das pessoas. Isso requer investimento em educação, saúde, segurança, moradia, saneamento, alimentação. Mas hoje, o presidente do Banco Central, que ninguém sabe quem é, manda mais na economia que o próprio presidente. Isso está de cabeça para baixo”, criticou.

A presidenta nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, disse ao UOL que a decisão obedece à lógica do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de atender interesses do mercado financeiro em detrimento da geração de empregos e do crescimento.

“Temos juros reais de quase 8% ao ano”, denunciou Gleisi. “Qual é o empresário que vai investir se o dinheiro dele aplicado rende isso?”, perguntou. “Ninguém vai correr risco, o dinheiro fica parado e ele ganha bem, em cima de títulos públicos, de investimentos. Só que quem sofre é o país”, lamentou.

“Isso enfraquece a economia, o crédito e leva para o caminho do desemprego. Temos que ter uma política geradora de empregos, e não geradora de desemprego. Famílias inteiras estão endividadas. A miséria e a pobreza aumentam. O país precisa construir políticas públicas humanitárias para atender a nossa gente tão sofrida”, avaliou o senador Paulo Paim (PT-RS).

23
Mar23

Roberto Campos Neto, o vassalo do mercado

Talis Andrade
 
 
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Inimigo do povo, presidente do Banco Central não tem compromisso com o desenvolvimento econômico e social, com o combate da desigualdade, nem com o Brasil

Toda a unanimidade é burra. Quem pensa com a unanimidade não precisa pensar” - Nelson Rodrigues

Taxa de juros no Brasil distorce situação fiscal e espanta investimentos” - Jeffrey Sachs

 

por Pedro Maciel

Introdução – A unanimidade e a certeza são vizinhas da estupidez, por isso, tentando oferecer uma outra perspectiva aos temas: (a) desenvolvimento econômico e social e (b) coordenação de políticas fiscal e monetária, o BNDES, a FIESP e o CEBRI (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) realizaram um seminário; o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, dentre outras autoridades dos setores público, privado e da academia, estavam lá.  

Mediados pelo ex-presidente do BNDES, André Lara Resende, o ganhador do prêmio Nobel, Joseph Stiglitz e o prof. James Gailbraith - da Lyndon B Johnson School of Public Affairs -, expuseram sua visão sobre a coordenação de políticas fiscal e monetária como estratégias para o desenvolvimento sustentável e falaram sobre a experiência internacional e sobre os efeitos causados por diferentes formas de enfrentamento da inflação e do crescimento econômico. 

 Joseph Stiglitz lembrou que hoje há consenso nos EUA entre os partidos Democrata e Republicano, sobre a necessidade de uma política industrial capaz de fazer frente à necessidade de (a) se estabelecer o desenvolvimento da indústria e (b) promover a transição para uma economia verde; lembrou que durante a pandemia do coronavírus, os EUA lançaram mão do War Act, para induzir a fabricação de produtos impactados pela escassez ocorrida no período de lockdowns no mundo.

 Segundo Stiglitz, “As ideias econômicas centrais nos últimos 40 anos [neoliberalismo] estão sendo revistas e desacreditadas. A razão é que o crescimento esteve lento na era neoliberal e todos os benefícios gerados foram para as elites econômicas. Há 40 anos de evidências de que o neoliberalismo é segregador de riqueza. O crescimento da desigualdade torna óbvio que é necessário alternativas às políticas monetárias”, ou seja, Lula não está errado quando diz, metaforicamente, que livros de economia não servem mais, ele se refere àqueles de defendem, com perigosa certeza, o neoliberalismo.

 O ganhador do Nobel, numa educada crítica ao nosso BC, disse que se o Brasil tivesse uma política de juros racional estaria em melhor estado macroeconômico, pois, segundo ele “... juros altos afastam investimento e reduzem produtividade. O país é muito dependente de commodities e precisa de transição para uma economia (industrial) verde. (...) Juros altos são contraproducentes pois podem levar a mais inflação, aumentam o custo da dívida pública e reduzem os recursos do governo para investimentos necessários ao crescimento econômico” e concluiu dizendo que “Juros altos e austeridade aumentam o problema fiscal enquanto taxas mais baixas podem aumentar a resiliência”.  

 James Gailbraith, afirmou que uma política de juros excessivos tende a represar investimentos privados e aumentar o desemprego, o que acaba por desestimular o consumo; disse que o desenvolvimento socioeconômico deve ser promovido no médio prazo com juros mais baixos; que o Brasil poderia ter avançado mais com juros baixos, investimento alto e tributação mais justa, pois, o Brasil é um dos lugares mais seguros do mundo para o investimento estar; que nosso país está melhor que muitos países da Europa, pois tem uma estrutura financeira sólida e que protegeu bem o país na crise de 2008; que a política atual de juros altos precisa ser abandonada pois é insustentável.

 

 Sobre Bancos Centrais - Stiglitz afirmou que bancos centrais independentes não podem operar afastados de seus compromissos democráticos com a sociedade, nem vinculados apenas aos interesses do mercado financeiro; bancos centrais independentes precisam representar a sociedade, não o mercado financeiro apenas (na Suécia, por exemplo, o BC tem um membro representante dos trabalhadores).

 E isso não é conversa da “petralhada”, nem da “esquerdalha, trata-se de reflexão de gente séria e comprometida com o desenvolvimento social e econômico.

 

 

 Até o FMI – O ano era 2020, quando a presidenta do FMI defendeu o aumento do gasto social para aumentar a inclusão e a coesão social e, nas palavras da economista-chefe do organismo, Gita Gopinath: “É importante reconhecer que o gasto social está bem orientado, que os mais vulneráveis devem estar protegidos, e que os Governos devem assegurar que o crescimento e a recuperação sejam compartilhados por todos”, ou seja, está cada vez mais longe os tempos em que o FMI aviava apenas receitas de austeridade, pois sabem que a consequência é uma forte deterioração de todos os indicadores sociais, mas Campos Neto parece viver num mundo paralelo.  

 

 A vassalagem de Roberto Campos Neto – Enquanto economistas do quilate de Joseph Stiglitz, James Gailbraith e André Lara Resende são tratados como alucinados por parte dos “especialistas da mídia”, Roberto Campos Neto e sua diretoria, são tratados como garantidores da estabilidade monetária, mas são apenas vassalos do mercado financeiro.  

 

 

 Conclusão (minha) – Presidente do Banco Central, menino rico, que não conhece a realidade, bolsonarista e ultraliberal, não é um imbecil, mas vassalo e vil; trabalha para o mercado financeiro, não tem compromisso com o desenvolvimento econômico e social, com o combate da desigualdade, nem com o Brasil.

 O Brasil, tem a maior taxa de juros do mundo, por isso não vai crescer sem reduzi-la; a taxa é alta não porque a inflação esteja alta - já que a inflação no país está em índices comparáveis aos dos Estados Unidos e Europa, nada explica a taxa Selic em 13,75% - cerca de 140% a.a. acima de inflação -, mas porque o BC trabalha para o mercado.  

 Essas são as reflexões.  

 e.t. Esse artigo ofereço aos meus amigos liberais convictos, especialmente ao Daniel Medeiros e ao Carlinhos Barreto

 
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