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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

14
Jun22

Que boiada o governo já deixou passar na pandemia?

Talis Andrade

 

por Terra dos Direitos

Condenado em primeira instância por beneficiar mineradoras no plano de manejo de uma Área de Proteção Ambiental, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, viu o momento de pandemia enfrentada pelo Brasil como uma oportunidade para afrouxar as regras de proteção ambiental. Durante uma reunião ministerial realizada no dia 22 de abril, o ministro sugeriu aos outros membros do governo que aproveitem que a imprensa está focada na cobertura da Covid-19 para ir “passando a boiada”: Segundo ele, “agora é hora de unir esforços para dar de baciada a simplificação [da política ambiental]”

A dica dada a outros ministérios já tem sido aplicada desde o início da pandemia no país. No dia 6 de fevereiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro sancionou a primeira lei com regras para a quarentena e enfrentamento ao coronavírus. De lá para cá, enquanto os brasileiros estão preocupados com o Covid-19, o governo tem aproveitado para retroceder e desmontar a atuação dos órgãos de fiscalização.

06 de fevereiro 
Bento Albuquerque, Ministro de Minas e Energia, apresenta o Projeto de Lei 191/2020, que pretende liberar a mineração em Terras Indígenas.

11 de fevereiro  
Bolsonaro assina decreto onde transfere o Conselho Nacional da Amazônia Legal do MMA para a vice-presidência da República. Nova composição do CNA tem forte presença de militares e deixa de fora governadores da região, órgãos de fiscalização e sociedade civil.

12 de fevereiro  
Bolsonaro publica decreto presidencial onde extingue 42 postos de chefia de Unidades de Conservação sob responsabilidade do ICMBio, revelando enfraquecimento da agenda ambiental

18 de fevereiro 
Abertura de consulta pública, com prazo de 45 dias, sobre o Decreto que regulamenta a Lei 10.711/2003, sobre o Sistema Nacional de Sementes e Mudas. O curto tempo de consulta, em um momento de pandemia, é duramente criticado pelos movimentos da agroecologia. 

03 de março 
O presidente do Ibama, Eduardo Bim, deixa de exigir que o Ibama autorize a exportação de cargas de madeiras retiradas das florestas do Brasil. Mudanças na regra aconteceram após a agência de notícias Reuters noticiar que o Brasil exportou milhares de carregamentos de madeira ilegal, sem autorização do Ibama. 

06 de abril 
Ricardo Salles demite um analista sênior do MMA que se opôs ao fim da regra que exigia a autorização do Ibama para todos os carregamentos de madeira para exportação. 

06 de abril
Ricardo Salles anistia desmatadores da Mata Atlântica, nos casos em que o desmatamento foi praticado até julho de 2008. 

08 de abril 
Ministério da Agricultura publica Instrução Normativa nº13/2020, que diminui distâncias na pulverização aérea de agrotóxicos em bananais. Na reunião ministerial, Bolsonaro parabeniza a ministra Tereza Cristina pela norma, e destaca que novas medidas beneficiarão diretamente produtores do Vale do Ribeira (SP), região onde mora a família do presidente.

14 de abril
Ricardo Salles exonera o diretor de Proteção Ambiental do Ibama, dois dias após o programa Fantástico mostra megaoperação que tirou madeireiros e garimpeiros de uma Terra Indígena, no Pará. Exoneração é vista como retaliação ao trabalho de fiscalização.

22 de abril 
Funai publica Instrução Normativa nº 9/2020, que autoriza a certificação de terras privadas dentro de terras indígenas não homologadas. Em menos de um mês 72 fazendas foram certificadas.

1 a 30 de abril 
Alertas de desmatamento na Amazônia cresce 63,75%, em comparação com o mesmo período do ano passado.

23 de abril 
Ministério da Economia renova Convênio do Conselho Nacional da Política Fazendária que reduz a base de cálculo do ICMS aos agrotóxicos.

30 de abril 
Ricardo Salles exonera o coordenador-geral de fiscalização ambiental e  coordenador de operações de fiscalização do Ibama - este último, que também havia sido entrevistado pelo Fantástico na matéria que mostrou ação do órgão no combate a grileiros e madeireiros no Pará. 

5 de maio 
Desmonte da política ambiental intensifica ataques, e  agente do Ibama é agredido por madeireiros durante operação contra desmatamento, no Pará.

7 de maio
Bolsonaro publica Decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que autoriza envio de tropas armadas para o combate às queimadas e desmatamento na Amazônia. Militares e Ministério da Defesa passaram então a comandar as ações de órgãos ambientais, que antes eram os responsáveis pelas pela fiscalização.. 

11 de maio 
Após a publicação da GLO, o governo deflagrou a Operação Verde Brasil 2, utilizando o emprego das forças armadas nas ações de fiscalização ambiental na Amazônia. Primeira ação da Operação foi realizada no Mato Grosso, mobilizou 97 agentes, e terminou sem multas, prisões ou apreensões. 

14 de maio
A Medida Provisória 910 - proposta do governo conhecida como MP da Grilagem - volta à pauta da Câmara dos Deputados, agora como Projeto de Lei nº 2633/2020. A proposta  facilita a regularização fundiária de terras griladas da União e especialistas alertam que, se aprovada, a lei poderá aumentar o desmatamento, e impedir a demarcação de terras indígenas e titulação de territórios quilombolas.

14 de maio 
Através de decreto, Bolsonaro transfere do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura a responsabilidade sobre concessão de florestas públicas federais. A medida é avaliada como inconstitucional e atende diretamente interesses dos ruralistas.

28 de maio 
O vice-presidente da república Hamilton Mourão tira Ricardo Salles da presidência do Fundo Amazônia e indica que assumirá no lugar, quando órgão for recriado. Mudança é justificada como estratégica para novos apoios internacionais ao Fundo. [Publicado em 19.05.2020.

Que danações o governo fez nos meses seguintes: junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro, dezembro?

Que safadezas aconteceram no ano de 2021?

Que sacanagens em janeiro, fevereiro, março, abril, maio do corrente ano de 2022?

Faltam mais sete longos meses para terminar o ano final do governo militar de Bolsonaro.

Todo mês tem desmatamento na Amazônia. Tem invasão mil de grileiro, de madeireiro, de garimpeiro, de traficante nas terras indígenas. Toda invasão tem chacina. O genocídio dos povos indígenas deixou de ser notícia]

Campanha cobra posição de empresas que estariam apoiando o | Política

 

13
Jun22

Bolsonaro tem culpa no assassinato de indigenista e jornalista

Talis Andrade

ImageImage

Vi aumentar dia a dia o perigo a jornalistas e ativistas que Bolsonaro acusou de agirem contra os interesses do país

 

 

por Luciana Oliveira

- - -

Queria não dizer isso sobre o presidente da república, mas sou jornalista em Rondônia, porção da Amazônia que sofre com os impactos dos discursos e políticas antiambientais desse governo maldito.

Da campanha a posse de Bolsonaro, testemunhei o crescimento dos ataques às florestas, aos povos que vivem nelas, à jornalistas e ativistas ambientais.

Vi aumentar dia a dia o perigo a jornalistas e ativistas que Bolsonaro acusou de agirem contra os interesses do país. 

No mês em que Jair Bolsonaro tomou posse como presidente decidi empenhar meus esforços, sozinha e sem recursos, à cobertura do desmantelo ambiental no estado. 

Fui a vários territórios indígenas, quilombolas e reservas extrativistas para mostrar como e por que, estavam sendo invadidos com mais velocidade e violência.

Ninguém me contou. Eu vi e divulguei ameaças e crimes contra os povos originários e ao meio ambiente. 

Também chamaram de aventura o meu trabalho, como Bolsonaro fez ao saber do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, na Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas. 

Também sofri ameaças. Nas redes sociais e pessoalmente. 

Sigo desafiando narrativas oficiais e cada vez com mais dificuldade e medo.

Por isso posso dizer que Bolsonaro tem responsabilidade sim, com os assassinatos de Bruno e Dom. E que terá também por outros que ocorram em razão de denúncias de crimes ambientais, pois são estimulados com ações e omissões do governo. 

Com o enfraquecimento dos órgãos de fiscalização e a parceria criminosa de governos com legislativos, invasores de áreas protegidas agem confiantes na impunidade.

Não à toa, Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de votos no meu estado.

Quem invade, destrói a mata, mata e quer mais. 

A capital, Porto Velho, aparece hoje em terceiro lugar no ranking de municípios com mais emissões de gases do efeito estufa, resultado do desmatamento acelerado. 

Qualquer jornalista e ativista que se oponha ou denuncie conflitos entre quem destrói e quem protege, corre o risco de ser assassinado. 

Há dois anos mataram Ari Uru Eu Wau Wau, guardião da floresta. Ele fazia parte de um grupo que monitorava invasões nas aldeias de seu povo. Quem matou e quem mandou matar, não se sabe. 

Hoje Bruno e Dom Phillips?

 

Amanhã, por que não eu? Por que não a Neidinha Surui, uma das protagonistas do premiado filme The Territory, que expôs ao mundo o mal que Bolsonaro faz à Amazônia e a seus povos?

Floresta em pé nenhuma vida a menos!

É urgente acabar com esse governo, com a destruição das florestas e as mortes dos que defendem a vida. 

Eleger Bolsonaro presidente foi uma aventura desgraçada.

Exonerado de cargo na Funai por ruralistas, falante de quatro línguas indígenas, referência nas atividades que desenvolvia no Vale do JavariQuem foi Bruno Pereira?

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