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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

03
Jun23

Procuradora que reclamou do salário só para ‘brincos e vaidades’ recebeu R$ 667 mil em um ano

Talis Andrade

O “desabafo” de Carla Fleury na reunião do Colégio, diante dos pares que recebem valores equivalentes aos dela, viralizou nas redes sociais. Carla agradeceu a Deus por seu marido ser “independente” e por ela não “manter sua casa”. “Meu dinheiro é só para eu fazer minhas vaidades, graças a Deus. Só para os meus brincos, as minhas pulseiras e os meus sapatos. Mas eu tenho dó dos promotores que estão iniciando a carreira. Porque o custo de vida hoje é muito caro”, afirmou na segunda-feira, 29.

O Ministério Público de Goiás detalha benefícios que construíram os subsídios de Carla, em março, incluindo R$ 1,2 mil em auxílio alimentação e R$ 2,5 mil em auxílio saúde. Ela recebeu também R$ 6.486,03 sob a rubrica “outras verbas indenizatórias” e R$ 18.913,07 de abono pecuniário – venda de férias (assim como os juízes, os membros do Ministério Público desfrutam dois meses de descanso remunerado por ano).

Entre maio do ano passado e abril deste ano, o mês em que a procuradora teve o holerite mais elevado foi dezembro: R$ 72.228,99 líquidos. Naquele mês, a remuneração bruta foi a R$ 92.016,37. O contracheque registra R$ 30.223,46 em “verbas indenizatórias”.

Em todos os meses a procuradora recebeu abono de permanência – “valor equivalente ao da contribuição previdenciária, devido ao funcionário público que esteja em condição de aposentar-se, mas que optou por continuar em atividade”.

Carla Fleury integra os quadros do Ministério Público de Goiás desde maio de 1992. Seu cargo é vitalício.

Veja aqui a remuneração da procuradora mês a mês

'Situação de pires na mão', diz procuradora sobre salários do Ministério Público de Goiás. Fala de Yara Alves Ferreira e Silva ocorreu na mesma sessão em que Carla Fleury de Souza reclamou de salário de R$ 35 mil. A sessão do Colégio de Procuradores de Justiça de Goiás ocorreu na última segunda-feira, 29. Ela disse também que que servidores da instituição estão "humilhados e agachados" em relação a outras carreiras jurídicas no Estado. Segundo portal da transparência do MP de Goiás, a procuradora de Justiça teve rendimento líquido de R$ 41.776,03 em maio de 2023. #terranoticias

O sociólogo Jessé Souza, autor do livro "A Elite do Atraso", comenta a declaração da procuradora do Ministério Público de Goiás (MPGO) Carla Fleury de Souza, que viralizou após lamentar o atual salário que recebe, de cerca de R$ 30 mil mensais. "Não é que ela desconheça a pobreza, é que ela não se importa. Afirmação resume a sociedade brasileira e, especialmente, a relação das camadas privilegiadas em relação ao povo. Falta reconhecer que o sofrimento da maioria é sofrimento de gente".

24
Abr23

Inadimplência de trabalhadores formais e informais dispara no microcrédito

Talis Andrade
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De acordo com o BC, a inadimplência atingiu 20,7%, patamar recorde em um cenário de juros elevados por Roberto Campos Neto inimigo do povo

 

247 - Números divulgados pelo Banco Central (BC) mostraram que dois em cada 10 trabalhadores formais e informais que recorreram ao microcrédito no governo Bolsonaro estavam com as contas atrasadas em fevereiro. De acordo com o BC, a inadimplência na modalidade atingiu 20,7%, patamar recorde em um cenário de juros elevados, com selic de 13,75%. O microcrédito é oferecido a empreendedores formais - como MEIs (microempreendedores individuais) - e informais que buscam empréstimos de pequeno valor.

Segundo a Folha de S.Paulo, a escalada da inadimplência nessa linha de crédito aumentou a partir de setembro do ano passado, acumulando alta de 16,6 pontos percentuais em 12 meses até fevereiro, quando a taxa média de juros cobrada estava em 49,9% ao ano, valor próximo ao limite de 60% ao ano (4% ao mês).

O microcrédito é uma forma de crédito direcionado em que instituições financeiras destinam parte de seus recursos dos depósitos à vista (a bondade dos banqueiros representa 2% da média dos saldos). Nos últimos quatro anos do reinado de Bolsonaro/Campos Neto, o crescimento anual médio da modalidade foi superior a 24%. 

 
07
Mai20

Bolsonaro sabota os pobres para criar caos

Talis Andrade

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por Tereza Cruvinel

- - -

Esta semana a lei que declarou a pandemia no país (Lei no. 13.979) completa 90 dias. 

Passado este tempo, com os imensos castigos infligidos à população e principalmente aos mais pobres, o governo Bolsonaro continua retendo recursos orçamentários para saúde, assistência social, empresas/emprego, estados e municípios. 

Não é só crueldade, é também uma aposta no caos, para turbinar o projeto golpista e ditatorial.

A assessoria técnica do PCdoB na Câmara constatou uma baixíssima execução orçamentária dos recursos autorizados por medidas provisórias aprovadas ou em vigor, concluindo que, além do atraso na proposição das medidas, o governo joga deliberadamente com a não liberação dos recursos que já poderiam estar sendo liberados com mais celeridade para socorrer a população, seja na frente social ou sanitária.

É a política perversa da asfixia financeira que leva os sem emprego a buscar algum ganho nas ruas, os empresários a pressionar governos pela reabertura da economia e os próprios estados e municípios, diante da perda de receitas, a afrouxar o isolamento. 

O resultado é mais gente nas ruas e o aumento crescente dos casos e das mortes. E depois virá o caos, o pesadelo social com que Bolsonaro conta para seu projeto autoritário.

Ironicamente, o ministério que menos gasta os recursos disponíveis é o da Cidadania, de Onyx Lorenzoni. 

Dos R$ 123,9 bilhões autorizados para socorro social com as três parcelas do auxílio R$ 600,00 (podendo chegar a R$ 1.200,00 para mães chefes de família), até agora foram gastos apenas R$ 35,7 bilhões, ou 28,9% do previsto. 

Enquanto isso, milhares de pessoas se aglomeram na porta de agências da CEF em busca deste caraminguá, outros são obrigados a refazer a solicitação e milhares, ao consultar a situação do pedido, encontram no site a resposta “sua solicitação continua em análise”. 

Mais de 13 milhões estão na última situação.

O ministério da Economia de Guedes gastou apenas 0,6% dos 51,6 bilhões destinados ao Programa de Manutenção do Emprego e Renda. 

Dele devem sair os pagamentos para quem teve o contrato suspenso, por exemplo, e passará a receber um salário-mínimo do governo, mas muita gente ainda não recebeu, e o patrão já deixou de pagar. 

O programa também deve pagar a compensação a trabalhadores que, para preservarem o emprego, fizeram acordo com o empregador para terem a jornada e o salário reduzidos (em 25%, 50% ou 70%), recebendo do governo um pequeno adicional, lastreado no valor a que teriam direito se recebessem o seguro-desemprego, proporcional à redução negociada. 

O pagamento destes adicionais também em sofrido atrasos.

Para o ministério da Saúde aplicar na Emergência em Saúde Pública, vale dizer, para ações de enfrentamento à Covid19, com aquisição de testes, respiradores e reforço da rede SUS, foram autorizados gastos adicionais de R$ 18,9 bilhões. 

Até agora só foram executados 30,2% deste total, ou R$ 6,7 bilhões. 

Enquanto isso acontece a tragédia de Manaus e em outras cidades. 

Pacientes de Covid morreram no Rio por falta de medicamentos necessários ao uso de respirador artificial.

Uma das maiores execuções é a do Itamaraty (76,9%), que recebeu adicional de R$ 62 milhões. Mas o que a pasta fez na pandemia foi repatriar brasileiros que estavam no exterior, e estes não estão entre os mais pobres. Estavam viajando.

Outra execução orçamentária mais avançada beneficia os bancos, que já receberam 50% dos R$ 34 bilhões disponibilizados para empréstimos a empresas, financiando a folha de pagamento das pequena e médias que perderam faturamento pelo encerramento de atividades durante a pandemia.

Do total de R$ 16 bilhões previsto para transferências a estados e municípios (previsão que não se confunde que o projeto que o Congresso está votando para compensar as perdas de arrecadação), o governo transferiu efetivamente apenas R$ 1 bilhão, ou 6,4%.

Estamos vivendo um pesadelo. A pandemia de um vírus letal e um governo que não tem limites em sua crueldade para atingir seus desígnios políticos.
 
12
Mar20

Todos os patifes do presidente

Talis Andrade

Não há mais margem de manobra, espaço para os panos quentes, as meias-palavras ou o veja-bem: ou você admite aquilo que é inegável ou faz parte do enorme viveiro de patifes que sustenta o consórcio

 

por Sandoval Matheus

Enquanto o gângster de picadeiro que convencionamos chamar de presidente da República ri, mais e mais brasileiros são atirados à masmorra da miséria. A fila de pobres-diabos suplicando o exíguo valor do Bolsa Família chega agora a 3,5 milhões de pessoas.

Na semana passada, ficamos sabendo que dos pouquíssimos benefícios concedidos em janeiro (100 mil, ao todo), apenas 3% foram destinados ao Nordeste. É nessa região, no entanto, que estão 36,8% dos pobres e extremamente pobres do país.

Um único estado do Sul Maravilha, Santa Catarina, recebeu o dobro de auxílio, 6% do total, mesmo tendo uma população oito vezes menor.

O motivo: Bolsonaro venceu espetacularmente as eleições de 2018 no Sul, mas perdeu no Nordeste.

O Bolsa Família pode ser a diferença entra a vida e a morte de uma criança por inanição. Jogar com isso é mais do que perseguição política, é psicopatia.

Não é um governo, é um consórcio de assassinos. Isso está claro há tempo suficiente. Quem ignora, endossa. Não há mais margem de manobra, espaço para os panos quentes, as meias-palavras ou o veja-bem: ou você admite aquilo que é inegável ou faz parte do enorme viveiro de patifes que sustenta o consórcio.

Cada vereador, cada deputado, cada empresário, cada madame, cada velhote apoiado em um balcão no fim de tarde vociferando contra inimigos imaginários e fechando os olhos para o óbvio – todos patifes.

O dono de uma rede de restaurantes que se autocongratula por fazer “o melhor hambúrguer do mundo”? Que divulgou um vídeo aderindo às manifestações convocadas por Bolsonaro e que estimulam um golpe de Estado? O mesmo que há alguns anos, segundo a Justiça do Trabalho, metia a mão nas gorjetas de seus garçons?

Patife.

(A propósito: as chances de “o melhor hambúrguer do mundo” ter saído de Curitiba são as mesmas de eu ganhar um galardão de astrofísica até o fim da semana.)

O prefeito higienista de uma capital fria que manda roubar cobertores de mendigos? Que ofertou uma medalha a Sergio Moro, o ministro-símbolo do bolsonarismo?

Patife.

(Mais do que um patife, Rafael Greca é o tipo que anseia por uma suposta urbanidade europeia quando na verdade não passa de um arremedo de africâner.)

O governador que ao menor aceno corre emocionado para os braços presidenciais? Um dos poucos que não assinou uma carta de repúdio no momento em que Bolsonaro aperta ainda mais o garrote do autoritarismo? Que há poucos dias nomeou um secretário ligado à Opus Dei? Aquele que, sem se dignar a dar maiores satisfações à ralé, é o único a ir com o chefe da facção à Flórida, numa viagem cujo maior propósito é render uma foto à mesa com Donald Trump?

Patife.

Democracia não exige jeans e blazer, pose de administrador jovem e antenado, discurso 4.0, um giro aleatório por Miami. Exige coragem para, numa situação-limite, mandar o cálculo político para o inferno. Exige diálogo, barganha e negociação, sim, mas também espinha. Coisa que Ratinho Jr não tem.

O que, no caso, é uma tradição familiar. Seu pai, o apresentador Ratinho, é o subserviente entrevistador preferido de Jair Bolsonaro. E encheu as burras de dinheiro para propagandear a reforma da Previdência. Na TV, tinha a exemplar cara de pau de perguntar à população: “Você acha que se a Previdência fosse ruim para o povo, eu estaria a favor?”.

Ao preço de R$ 915 mil por quatro falas breves, acho sim.

Lá fora, há uma visível escalada autoritária, promovida pela família presidencial e seu séquito de patifes. Eu gostaria de acreditar que, um dia, Jair Bolsonaro, Junior Durski, Rafael Greca, Ratinho Jr e muitos outros acabarão na famigerada lata de lixo da história. Mas não há consolo no Terceiro Mundo. No Brasil, a história não tem sequer lata de lixo. Tem uma usina de reciclagem de patifes. 

 

12
Mar20

Congresso Nacional derruba veto de Bolsonaro e promove justiça aos mais pobres

Talis Andrade

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Veto ao projeto que amplia limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com deficiência terem acesso ao benefício é derrubado por 45 votos de senadores e 302 de deputados

por Walter Félix

O Congresso Nacional derrubou, nesta quarta-feira (11), o veto total do presidente Jair Bolsonaro ao Projeto de Lei 3055/97, do Senado, que aumenta de 1/4 de salário mínimo para meio salário mínimo o limite da renda familiar per capita para idosos e pessoas com deficiência terem acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC). Agora a matéria será promulgada como lei.

O veto foi derrubado por 45 votos de senadores e 302 de deputados. Houve 137 votos a favor do veto. Com a decisão, a renda per capita familiar para se ter acesso ao BPC sobe de R$ 261,25 para R$ 522,50 (em valores atuais).

O benefício, no valor de um salário mínimo, é pago a idosos e pessoas com deficiência que não podem se manter sozinhos nem ter o sustento garantido pela família. A elevação do limite permitirá que mais famílias sejam contempladas.

“Bolsonaro não queria que a gente botasse essas famílias dentro do BPC, e nós conseguimos”, comemorou a líder do PCdoB na Câmara, deputada Perpétua Almeida (AC).

A parlamentar lembrou que, em um momento de crise econômica, agravada pela pandemia do coronavírus, a tendência é que os preços de produtos básicos tenham aumento e “as famílias pobres vão precisar de um pouquinho mais de dinheiro para tocar as suas vidas”. “O veto foi contra os pobres e a gente tomou uma medida a favor dos pobres”, frisou.

O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) ressaltou que o veto ao projeto, que ampliava a base de incidência do benefício, visava exatamente restringir o número de famílias beneficiadas. “O Brasil sabe que Jair Bolsonaro não gosta de pobre, não gosta de gente pobre”, afirmou.

“Ganham os idosos e pessoas com deficiência”, observou Orlando, destacando que a postura do governo tem sido jogar o ônus da crise sobre a população carente. “Se a bolsa quebrou, não vai botar a culpa no povo pobre do Brasil. Não dá para usar como argumento impedir que o pobre tenha acesso ao benefício do BPC e ao Bolsa Família porque a bolsa quebrou”, disse.

A justificativa de Bolsonaro para vetar o texto foi de que a medida criaria despesas obrigatórias para o governo, sem indicar fonte de custeio e sem demonstrar os impactos orçamentários.

“É uma derrota do governo. É a demonstração de que o Congresso quer estar próximo do cidadão. Esse é o nosso papel”, assinalou o deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA).

O parlamentar considerou que as alegações do presidente para vetar o projeto não se justificam, pois na visão de Bolsonaro e Guedes só não tem dinheiro para os pobres. “O sistema financeiro está levando bilhões e bilhões todo dia e Bolsonaro só se preocupa hoje em fazer cortina de fumaça”, afirmou.

Para a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), a derrubada do veto “foi uma vitória enorme”. “Quero ver os que votaram contra o povo mais pobre, contra a população com deficiência, terem coragem de olhar na cara do povo e pedir votos na eleição municipal”, alfinetou.

“A votação foi uma grande vitória da sociedade, principalmente daqueles que não têm acesso a emprego, a salário e que ganham até um quarto de salário mínimo per capta. O projeto que foi vetado, cruelmente, pelo presidente Bolsonaro amplia esse limite. O Congresso agiu para derrubar uma injustiça cometida por Bolsonaro”, completou Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

O vice-líder do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry (MA), foi outro integrante da Bancada a comemorar o resultado. “Votei pela derrubada do veto de Jair Bolsonaro para a ampliação do benefício de prestação continuada para meio salário mínimo. Votei em defesa dos mais pobres, contra a crueldade do governo que persegue os pobres”, afirmou.

“Vitória! O Senado derrubou o veto 55 que restringia o BPC, que atende as pessoas mais pobres. Isso pode garantir que o acesso ao BPC seja de 1/2 salário mínimo, e não mais 1/4. Passo importante na valorização dessa política essencial para redução da pobreza no país”, comemorou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) considerou uma vitória do povo brasileiro. “Derrubamos o veto 55 de Bolsonaro que tentava restringir o acesso ao BPC. O Benefício assegura proteção aos idosos e pessoas com deficiência. Com a derrubada do veto, mais pessoas serão atendidas. Mais do que uma derrota do governo, é uma vitória do povo”, disse.

Para a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), a derrubada do veto corrigi uma injustiça. “Jair Bolsonaro vetou que famílias pobres que recebem até meio salário mínimo per capta possam receber o BPC. O presidente queria o BPC fosse pago apenas para famílias que ganham 1/4 do mínimo”.

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06
Mar20

Lula em Genebra no Conselho Mundial de Igrejas

Talis Andrade

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Em encontro com o secretário-geral do Conselho, Olav Fylkse Tveit, Lula falou sobre sua jornada no combate à miséria e como o tema está intrinsecamente ligado às igrejas e seu papel na sociedade

“Vim trazer um testemunho. O de que é possível resolver o problema dos pobres no mundo. Não é teoria. Enfrentar ou não a fome é uma decisão política”, disse Lula. “Explico que sou contra as igrejas serem partidarizadas. Acho que na hora da eleição os pastores votam com a consciência deles. Mas na pregação eles tem que defender os mais pobres. Os esquecidos. Os marginalizados. Essa é a causa de Jesus Cristo”, avaliou o ex-presidente.

O Conselho Mundial das Igrejas (CMI), com sede em Genebra, congrega mais de 340 igrejas, em mais de 120 países e representa mais de 500 milhões de fiéis no mundo.

Ao citar a escalada da intolerância religiosa no Brasil e no mundo, Lula defendeu a construção de um ambiente mais solidário. “Eu não preciso ser evangélico para defender os evangélicos. Não preciso ser de uma religião de matriz africana para defender uma pessoa dessa religião. O que eu preciso é defender o livre exercício de cada religião”, ressaltou. “É preciso criar o mínimo da harmonia entre os seres humanos. E acredito que isso é possível como acredito como em Deus. Pode demorar, mas vamos trabalhar pra isso acontecer”.

Lula lembrou ainda o encontro com o Papa Francisco no mês passado em Roma e a iniciativa do pontífice em construir o encontro da Economia de Assis. O pastor Martin Junge, secretário-geral da Federação Luterana Mundial, lembrou a fala do Papa sobre a “pandemia da indiferença” que aflige o mundo. “Esse é o nosso principal desafio, e para enfrentá-lo precisamos trabalhar em conjunto”, afirmou Junge.

Também participaram do encontro Isabel Phiri, secretária-geral adjunta do Conselho Mundial de Igrejas, a pastora Lusmarina Campos Garcia, do Fórum Ecumênico ACT Brasil, e o reverendo Odair Pedroso, Diretor do Departamento de Fé e Ordem do Conselho Mundial de Igrejas.

O encontro será o primeiro de uma ampla colaboração para debater a desigualdade no mundo. “Já tenho 74 anos e não posso sair da política. Porque eu tenho uma causa. E a causa é a luta por um mundo mais justo, mais humano e mais solidário”, encerrou Lula.

 

25
Fev20

“A verdade vos fará livre”

Talis Andrade

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Por José Roberto Torero

 

Ah, Diário, no ano passado a Mangueira já tinha me enchido o saco, mas esse ano foi pior. Até o título do samba-enredo foi pra me provocar: “A verdade vos fará livre” é meu slogan de campanha, pô! Eles deviam me pagar roialte para usar.

E eles nem disfarçaram. Disseram na cara dura: “Não tem futuro sem partilha, nem messias de arma na mão". Messias de arma na mão sou eu, pô! Entendi a indireta. Quer dizer, a direta. Já “futuro sem partilha” eu não tenho certeza, mas deve ser o Guedes.

O pior é que não foi só a Mangueira que quis me provocar:

- a Viradouro falou de mulheres (não aguento mais esse mimimi de mulher, tanto que nem trouxe a Michelle aqui pro Guarujá),

- a Estácio de Sá criticou o garimpo (ainda bem que não falou do nióbio, que aí eu ficava com mais raiva ainda).

- a Portela falou de índio (blargh!),

- a Grande Rio contou a história de um cara que era pai de santo e homossexual (pô, tem que proibir esses tipo de personagem, por que não falou do Duque de Caxias?),

- e a União da Ilha foi a pior de todas, porque falou de pobre, de favela, colocou os ricos em privadas gigantes e botou até um ônibus de verdade na passarela (desfile bom é aquele que fala de rei, rainha e riqueza, talkei?).

Olha Diário, essa madrugada foi insuportável. Vi o desfile todo pela televisão, do lado do Hélio Negão. Nós dois ficamos xingando todo mundo. Eu disse que os foliões eram esquerdopassistas e ele disse que ia fundar o movimento “Escola de samba sem partido”.

Então eu tive que ir no banheiro dar uma goldenshowerzada, que eu tinha tomado umas cervejas. Mas aí, na volta, que decepção... Peguei o Hélio Negão dançando na sala e cantando:

“Mangueira, samba que o samba é uma reza,

se alguém por acaso te despreza,

teme a força que ele tem.

Mangueira, vão te inventar mil pecados,

mas eu estou do seu lado

e do lado do samba também.”

Ah, Diário, que tristeza que eu senti quando vi aquilo. A traição vem de todo lado e de todo mundo. Até do Negão...

Chega logo, quarta-feira de cinzas.

@diariodobolso

20
Jan20

2019 é marcado pelo avanço da reprimarização da economia brasileira

Talis Andrade

Economia para os 99%

É difícil afirmar que o capitalismo deu certo vivendo em um país onde mais de um quarto da população vive abaixo da linha da pobreza. Mas se você fizer parte do “1%” mais rico por que não achar que está “tudo bem, obrigado”? 

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por Eric Gil Dantas

Versão em espanhol

 

Pela primeira vez, desde que este dado é contabilizado (iniciado em 1997), mais da metade das exportações brasileiras são de produtos básicos, como farelo de soja, petróleo bruto, minério de ferro, milho, carne bovina e de frango. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior, em 2019, 52,8% dos produtos exportados foram de mercadorias básicas, enquanto que em 2018 este número foi de 49,8%, e em 1997 era de 27,3%. Por outro lado, o peso dos produtos manufaturados no total das exportações em 2019 foi de 34,6%, menos do que os 36% de 2018 e muito menos do que os 55,1% de 1997.

Conjunturalmente, a queda dos manufaturados em 2019 pode ser explicada pela retração de 11,1% das exportações de manufaturados, mais do que a queda das exportações dos semifaturados (-8%) e dos básicos (-2%), diminuindo assim o seu peso no total. A crise na Argentina é a principal causa disto. Com a diminuição da importação de produtos brasileiros, a Argentina caiu de 3º para 4º no ranking de maiores importadores do Brasil. Historicamente, o país importa muitos automóveis, e em 2019 o país vizinho diminuiu a importação em 35,3% de veículos de carga e 27,5% de automóveis de passageiros, dois dos principais itens de exportação do Brasil.

No entanto, a questão não é conjuntural, e sim estrutural. Outro dado que mostra que 2019 foi mais um ano em que o fenômeno da reprimarização da economia avançou é o do peso da indústria no PIB do país. Com mais uma queda na Indústria em 2019, onde no dado mais recente, o de outubro, o IBGE afirma que a produção industrial caiu 1,3%, chegamos a um novo recorde de fundo do poço da participação da indústria no PIB, com 21,1% na indústria em geral e 11,1%, na indústria de transformação, 7,5 e 6,7 pontos percentuais, respectivamente, a menos do que 15 anos atrás, segundo o IBRE-FGV, entidade que publica este dado.

Os efeitos disto são o aumento das importações, do desemprego na indústria (historicamente com melhores salários e condições de trabalho) e da dependência do país em relação às grandes empresas estrangeiras.

Há uma grande discussão no âmbito da Economia sobre os motivos que levam países a se desindustrializarem, e em países como o Brasil a se reprimarizarem, mas quero centrar fogo aqui na explicação do programa político. Ou seja, que o objetivo da direita (como no governo Temer) e da extrema direita (como no governo Bolsonaro) são justamente este.

Os primeiros projetos a serem destruídos são os de soberania nacional tocados pela indústria estatal, como a da Petrobrás. A privatização da Petrobrás e a entrega de vários setores estratégicos e lucrativos – como o de refino, transporte, distribuição e revenda de combustíveis e gás – é exemplo disto. Não à toa a importação de gasolina para automóvel cresceu 40% em 2019, enquanto que a utilização da capacidade instalada das refinarias brasileiras cai e várias já entraram no pacote de privatizações de Guedes.

Mas não só, e isto é um desafio para o entendimento dos partidos de esquerda. Grandes grupos econômicos industriais privados nacionais também foram destruídos por esta mesma leva, tal como mostra o artigo de Luiz Fernando de Paula e Rafael Moura, publicado no Valor Econômico sob o título “As consequências econômicas da Lava Jato”. E isto é mais uma importante explicação para o avanço da reprimarização.

O processo de desindustrialização segue, com o contínuo aumento do poder dos ruralistas e dos banqueiros sob o governo Bolsonaro. Curioso que, por outro lado, isto parece não incomodar tanto os industriais, satisfeitos pela espoliação dos trabalhadores garantidas pelas sucessivas reformas trabalhistas.

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