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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

04
Ago21

Mídia francesa destaca reação do TSE às ameaças de Bolsonaro às eleições de 2022

Talis Andrade

O diário Le Monde repercute a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de investigar o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

O diário Le Monde repercute a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de investigar o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. © Fotomontagem RFI/Adriana de Freitas

A decisão do Tribunal Superior Eleitoral de investigar o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, recebeu destaque na mídia francesa nesta terça-feira (3). O diário Le Monde repercute esta investigação que irá determinar se o líder de extrema direita cometeu “abuso de poder, uso indevido da mídia, corrupção e fraude” em seus ataques ao sistema de votação eletrônica e à legitimidade das eleições.

Le Monde menciona a Folha de São Paulo que classifica esta como "a ação mais contundente" contra Bolsonaro "desde que ele começou a ameaçar o pleito de 2022", citando a decisão do TSE anunciada nesta segunda-feira (2).

O jornal acrescenta que a alta justiça eleitoral também concordou em pedir ao Supremo Tribunal Federal que investigue o presidente por espalhar notícias falsas sobre as eleições durante sua transmissão ao vivo pelo Facebook na última quinta-feira (29). Por mais de duas horas, ele disse que estava convencido de que houve fraude nas duas últimas eleições presidenciais.

A investigação do TSE determinará também se Bolsonaro cometeu crimes de "veto a funcionários públicos e propaganda extemporânea em seus ataques ao sistema de votação eletrônica e à legitimidade das eleições gerais de 2022”.

Já o jornal Le Figaro explica que o chefe de Estado, que busca a reeleição, não defende o retorno ao voto por cédula de papel, mas sim a impressão de recibo pela urna eletrônica para que cada voto possa ser recontado em caso de litígio.

Discurso que repercute em parte de seu eleitorado. Lembrando que no último domingo (1), milhares de pessoas se manifestaram em diversas cidades do Brasil, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, a favor do voto impresso.

O desgastado e o imbecil

Desgastado pela gestão caótica da pandemia e por uma investigação preliminar de "prevaricação", que o acusa de fechar os olhos às suspeitas de corrupção na compra da vacina Covaxin, o presidente não participou diretamente dos protestos, mas fez um discurso em videoconferência em que reafirmou que não aceitaria eleições que não fossem "limpas e democráticas".

Já o La Croix lembra que, há semanas, Bolsonaro já havia levantado protestos ao semear dúvidas sobre a realização da votação de 2022. "Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não haverá eleições", disse ele, que chamou o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, de "imbecil", quando esse argumentou que imprimir recibos em papel poderia expor o voto "aos riscos de manipulação do passado".

Para analistas consultados pela Agence France-Presse, ao questionar o sistema eleitoral, o dirigente de extrema direita prepara o terreno para contestar o resultado em caso de derrota, como fez o ex-presidente americano Donald Trump, de quem Bolsonaro é um admirador fervoroso.

Na manhã de segunda-feira (2), Barroso e todos os seus antecessores desde a promulgação da Constituição em 1988 assinaram um documento que garante a transparência e a segurança do sistema de votação eletrônica, em vigor desde 1996.

17
Jul21

Pixulé, sexo e vacinas

Talis Andrade

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Segundo a Crusoé, Luis Miranda encaminhou à CPI da Covid uma denúncia envolvendo um contrato para o transporte de vacinas com a empresa VTCLog.

“A pressão política envolvendo o contrato começou justamente porque a gestão Pazuello, que assumiu o ministério no meio da pandemia, não queria atender aos pedidos de reajuste contratual feitos pela empresa e ameaçava rescindir o contrato. A partir deste momento, outros dois personagens graúdos aparecem na trama: os senadores Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro. De acordo com as informações encaminhadas à CPI, o dono da VTCLog, Carlos Alberto de Sá, conhecido como Carlinhos, pediu a ajuda de um amigo chamado Flávio Loureiro de Souza, que é próximo de Ciro, do filho 01 do presidente, Flávio Bolsonaro, e do próprio Arthur Lira, para solucionar o impasse dentro do ministério (…).

À Crusoé, Flavinho admitiu não apenas cultivar relação com os políticos citados, incluindo Flávio Bolsonaro, que jogaria ‘futebol em sua casa’, como afirmou, em nome da manutenção da ‘amizade com Ciro Nogueira’, ter perdoado um caso extraconjugal de sua própria mulher com o senador que hoje integra a tropa de choque do governo na CPI.” 

A denúncia do deputado também foi publicada pelo site O Antagonista.

O deputado Luis Miranda denunciou publicamente um esquema de irregularidades na importação de vacinas pelo governo Jair Bolsonaro. O parlamentar disse que o seu irmão Luís Ricardo Miranda, chefe de importação do Departamento de Logística da pasta da Saúde, sofria pressão para agilizar a aquisição da vacina indiana Covaxin.

A compra do imunizante teve um intermediário sem vínculo com a indústria de vacina, a empresa Precisa. O preço da compra foi 1.000% maior do que, seis meses antes, era anunciado pela fabricante.

Nessa quinta-feira (15), Cristiano Carvalho, vendedor da empresa Davati Medical Supply no Brasil, confirmou que houve pedido de propina para as negociações envolvendo doses da vacina Astrazeneca.

Em depoimento à CPI da Covid, no último dia 1, o cabo da Polícia Militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da Davati, declarou que, segundo tratativas com o governo federal, US$ 3,50 era o valor da dose na primeira negociação sem propina. O militar afirmou que a propina só viria com um US$ 1 dólar por dose a pedido de Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde.

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15
Jul21

Escroqueria ‘coronelizada’ no golpe da Davati

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

- - -

Coronel Élcio Franco, coronel Hélcio Bruno, coronel Guerra, coronel Boechat, coronel Pires, major Hadarleson. Nomes e postos jorraram do depoimento de Cristiano Carvalho, o aventureiro brasileiro que representava o aventureiro norteamericano Herman Cardenas no golpe da venda de 4oo milhões de doses de vacina Astrazêneca ou outras 200 milhões de doses da Janssen (que são dose única) que nunca existiram.

Só há uma hipótese de que não se constituía, com alguns ou com todos, não ser um golpe para ganhar dinheiro – possivelmente por intermédio de uma entidade “pilantrópica”, a Senar.

É que a que todos sejam idiotas a ponto de acreditar piamente que, em algum lugar do mundo, havia um depósito de vacinas suficiente para imunizar todo o povo brasileiro e que eles tinham-no descoberto e ele, como heróis anônimos, o descobriram e eforam buscar.

A menos que os quadrinhos da Marvel ou os contos da carochinha façam parte dos currículos militares, não dá para acreditar nisso.

Havia um regimento de militares metido em reuniões no Ministério com picaretas descarados, Cristiano Carvalho e Luiz Dominghetti e, aparentemente, outra corrente, civil, mas com a adesão do coronel Marcelo Blanco, que era liderada por Roberto Ferreira Dias, ex-diretor de Logística, que procurou Carvalho 20 dias antes do tal “happy hour” de Brasília, no qual se teria pedido “um dólar por dose”.

Ficamos sabendo que não era propina, mas “comissionamento”…

A segunda oferta da Davati, mencionada no depoimento de Cristiano – e que o UOL noticiou há duas semanas – aconteceu e foi tratada de forma a princípio correta: “mande a sua autorização da Astrazêneca para que a proposta ande”. Faltou, “apenas” a comunicação à Polícia Federal para apurar quem esteja, indevidamente, oferecendo venda de vacinas inexistentes a governos.

Tranquilizem-se o Ministro da Defesa e os comandantes das três Forças: o tráfico de influência e a escroqueria irresponsável não era, pelas provas colhidas até agora, não são generalizadas. Mas são fortemente “coronelizadas”.

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15
Jul21

Intenção nunca foi vender as vacinas, mas ser um facilitador do negócio, diz dono da Davati

Talis Andrade

Empresário Herman Cardenas

Herman Cardenas

O lobista Herman Cardenas reconheceu que não tinha à mão nenhuma das 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca. Nem da Covaxin. Representantes da empresa negociaram a venda dos imunizantes com o governo Jair Bolsonaro em fevereiro e março deste ano. A entrevista foi concedida ao jornal Folha de S.Paulo.

De acordo com o presidente da Davati Medical Supply, empresa com sede no Texas (EUA), a empresa seria apenas uma facilitadora do negócio entre a fabricante da vacina contra Covid-19 e o governo brasileiro, mediante uma comissão que ele não informou o valor. A AstraZeneca nega que negocie venda para empresas privadas.

Facilitador tem os seguintes sinônimos: 

“A Davati não vende vacina da Covid-19 e não tem relacionamento direto com os produtores. A razão do oferecimento da vacina para o Brasil foi porque, através de parceiros, ficamos sabendo que teria uma outra maneira de conseguir a venda", disse ele.

Facilitador é a melhor profissão que existe, ou negócio, principalmente para indivíduos espertos, e empresas anônimas ou fantasmas de um ou três funcionários. 

Facilitar tem os seguintes sinônimos, que possibilitam diferentes transas:

Ajudar, favorecendo:

1 ajudarfavorecercontribuirpropiciarpossibilitarproporcionarpromoveroportunizarbeneficiarauxiliarcolaborarapoiarassistirocasionar.

Pôr ao alcance, disponível:

2 facultardisponibilizarfranquearviabilizardaroferecercederconcederpermitirassegurargarantirprovidenciardesimpedir.

Agir de forma imprudente:

3 descuidar-sedesprevenir-se, desprecaver-se, desacautelar-se, desmazelar-sedesleixar-seexpor-sedescurar-sevacilarbobear.

Tornar mais fácil:

4 simplificardescomplicardescomplexificar, desintrincar, desenredardesembaraçar.

Prontificar-se para a realização de algo:

5 prontificar-se, oferecer-sepredispor-sedispor-seprestar-seapresentar-se, voluntariar-se.

Herman Cardenas esclarece que a Datavi Medical Supply facilitava e facilita:

- para a quadrilha do Ministério da Saúde

- para o chanceler do Brasil (na época das tenebrosas transações) Ernesto Araújo

- para o embaixador brasileiro na Índia André Aranha Corrêa do Lago

- para o presidente Jair Bolsonaro telefonar para o presidente Ram Nath Kovind

- idem para o primeiro-ministro Narendra Modi 

- para uma empresa fantasma em Singapura, Madison Biotech, receber a grana bilionária das vacinas antes da entrega

- para Precisa Medicamentos

- para a Global Saúde, especialista em venda e entrega de medicamentos para doenças raras a preço de ouro, e produtos íntimos femininos

- para o deputado Ricardo Barros redigir, apresentar e aprovar lei de exportação da pior e mais cara vacina

- para o laboratório indiano Bharat Biotech no Brasil

- para a Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) 

- para a cabo da PM de Minas Gerais Dominguetti negociar, se necessário, com general da ativa Eduardo Pazuello e o coronel Elcio Franco Filho 

Segundo o facilitador Herman Cardenas, havia grupos interessados na alocação da vacina, especificamente da Astrazeneca. "Nós nunca dissemos que tínhamos uma relação direta com a Astrazeneca e nunca foi passada essa informação para ninguém".

"Nossa intenção nunca foi vender as vacinas, mas apresentar as partes porque a Davati não tem as vacinas da Covid. Não tínhamos a garantia que conseguiríamos oferecer as 400 milhões de doses da vacina. O número apareceu em nossa proposta porque, quando perguntamos ao Cristiano quantas doses o Brasil precisava, ele disse que a população do Brasil é de cerca de 200 milhões de pessoas", continuou.

O empresário disse que calculou duas doses por pessoa, mas que esse número "nunca foi uma garantia". "Nunca dissemos que tínhamos as 400 milhões de vacinas na oferta", prossegue Cardenas. "Cristiano nos pediu para ajudar o governo a achar os 400 milhões".

Cardenas diz não ter ouvido relato de pedido de propina na negociação e criticou seu representante no Brasil para o negócio, Cristiano Carvalho, que, segundo o empresário, é um vendedor autônomo e representou a empresa apenas nesta tentativa de negociação. Cristiano depõe nesta quinta-feira (15) na CPI da Covid, no Senado.

 

15
Jul21

Flávio não foi ao hospital para assistir Emanuela?

Talis Andrade

por Fernando Brito

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Faz sucesso na internet o “fora” que a senadora Simon Tebet deu em Flávio Bolsonaro durante a sessão desta quarta-feira da CPI da Covid, onde era ouvida Emanuela Medrades, peça chave na história da compra da vacina indiana Covaxin.

O vídeo está aqui.

De fato, chamou a atenção, mas deveria chamar mais atenção o fato de Flávio ter comparecido – e permanecido por horas – à reunião de uma comissão da qual não é membro titular ou suplente e, portanto, não pode falar senão ao final da tarde, depois de todos os integrantes, no mesmo dia em que seu pai, Jair Bolsonaro, era internado às pressas, com uma obstrução intestinal inflamada e um litro de líquido no diafragma.

Desde a manhã, Flávio plantou-se no plenário, interferindo, provocando. Do pai, soube pelo médico que “passou o telefone para meu pai, ele ainda estava meio grogue, disse que ia ficar tudo bem”.

O cuidado do pai – e a furiosa postagem de tweets – ficou por conta de Carlos Bolsonaro, justamente aquele que, em meio de semana, deveria estar no Rio de Janeiro, cumprindo seu mandato de vereador.

Seria falta de amor filial ou, ao contrário, uma demonstração de quanto a família cuida de si que Flávio, indiferente ao perigo pelo qual passava Jair, permanecesse ali no plenário, bem visível a Emanuela que, da figura frágil e descontrolada de terça-feira, assumia a mais ousada e desafiadora personagem já ouvida na CPI?

Na terça-feira, o governismo havia sumido da CPI e sequer um senador governista se manifestou . Ontem, todos eles estavam presentes, combativos, sem deixar passar uma e tumultuando quando se evidenciavam situações suspeitas.

Se estivesse escrevendo um romance policial – e alguém duvida que está se escrevendo um romance policial no drama da vacinação no Brasil? – diria que a presença de Flávio Bolsonaro seria a “assinatura” de um compromisso com a depoente, que já não se sentiria só e abandonada.

Nas famílias mafiosas, o amor filial é a fidelidade nos negócios do clã.Image

 
12
Jul21

Diretora da Precisa Medicamentos pede ao STF para não depor à CPI da Covid

Talis Andrade

 

Oitiva da diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, está marcada para esta terça-feira (13)

 

247 - Os advogados da diretora técnica da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, ingressaram com uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que ela não compareça à CPI da Covid. A oitiva de Emanuela pelo colegiado está marcada para esta terça-feira (13). 

De acordo com reportagem do UOL, a defesa também solicitou que, caso a diretora tenha que comparecer, ela tenha garantido o direito de não ser submetida ao compromisso de dizer a verdade, ao silêncio e de ausentar-se da sessão caso julgue necessário.

Emanuela Medrades foi a representante da Precisa junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em torno da aquisição da vacina indiana Covaxin, produzida pela Bharat Biotech, em janeiro deste ano. O contrato para a compra de 400 milhões de doses do imunizante por parte do Ministério da Saúde está sendo investigado pela CPI da Covid em função das suspeitas de corrupção envolvendo a negociação.

 

12
Jul21

PF abre inquérito para investigar Bolsonaro no caso Covaxin

Talis Andrade

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Presidente vai ser investigado por suspeita de acobertar corrupção na compra de vacina indiana. Caso tem origem na denúncia dos irmãos Miranda

 

por DW

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A Polícia Federal instaurou nesta segunda-feira (12/07) inquérito para investigar se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de prevaricação em relação à negociação do governo para a compra da vacina Covaxin.

A apuração foi aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República e autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ela é originada das acusações do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), que afirma ter alertado o presidente sobre irregularidades nas tratativas e pressões sofridas por seu irmão, que é servidor do Ministério da Saúde.

Segundo a lei, a prevaricação ocorre quando um agente público deixa de agir ou retarda ação "contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". No caso do presidente, a investigação tentará esclarecer se ele foi mesmo informado e se tomou medidas em relação ao caso.

O contrato para a compra da Covaxin está no centro de um escândalo que envolve o presidente Jair Bolsonaro, o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR), o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, e o ex-secretário-executivo da pasta coronel Élcio Franco, entre outros personagens.

"Pressão atípica"

O deputado Luis Miranda e seu irmão, o servidor da Saúde Luis Ricardo Miranda, disseram à CPI da Pandemia do Senado que houve uma pressão atípica dentro do Ministério da Saúde para agilizar o processo de liberação para compra do imunizante indiano Covaxin.

Os irmãos afirmaram que alertaram Bolsonaro em 20 de março sobre problemas no contrato, e que o presidente teria prometido acionar a Polícia Federal. Entretanto, nenhum inquérito foi aberto após a conversa.

O deputado Miranda também afirmou em seu depoimento que Bolsonaro teria dito na ocasião que a Covaxin era um "rolo" do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros.

No sábado, Bolsonaro admitiu o encontro com Miranda e deu uma resposta vaga sobre sua atitude em relação ao caso. "Eu não posso simplesmente, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência"

O Bolsonaro reagiu de maneira agressiva e vulgar na noite de quinta-feira a um pedido de esclarecimentos enviado pela cúpula da CPI da Pandemia sobre as acusações dos irmãos Miranda. "Sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada!", disse Bolsonaro durante sua live semanal.

Questionamentos

Mesmo antes de entrar no radar da CPI, a vacina indiana já provocava questionamentos por causa do seu preço (15 dólares, a mais cara de todas as vacinas compradas pelo Brasil), a velocidade com que o governo fechou o negócio (em contraste com tratativas realizadas com outros laboratórios, como a Pfizer), a falta de aval da Anvisa (Bolsonaro afirmou em 2020 que não compraria vacinas não autorizadas pela agência) e pelo fato de a compra não ter sido feita diretamente com a fabricante, mas com uma empresa intermediária, a Precisa.

O pedido da PGR foi apresentado após a ministra do STF Rosa Weber rejeitar uma solicitação da Procuradoria para aguardar a conclusão da CPI antes de abrir uma eventual investigação contra Bolsonaro no âmbito do caso Covaxin.

Na decisão, Weber criticou a postura da PGR e determinou que a equipe do procurador-geral Augusto Aras se manifestasse de maneira direta sobre a abertura ou não da investigação. "No desenho das atribuições do Ministério Público, não se vislumbra o papel de espectador das ações dos Poderes da República", escreveu a magistrada.

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11
Jul21

Defesa e Forças Armadas adotam método bolsonarista de ataque político contra CPI

Talis Andrade

Charge do Zé Dassilva: mais um depoente na CPI | NSC Total

 

por Janio de Freitas

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Surpreendente, na investida do ministro da Defesa e dos três comandantes das Forças Armadas contra a CPI, é a adoção do mais característico no método bolsonarista de ataque político

 

Janio de Freitas /Folha

senador Omar Aziz e, por extensão, os senadores sob sua presidência, são postos como culpados de agressões verbais que não fizeram às Forças Armadas, tratamentos indignos que não dirigiram a militares depoentes, e ainda atitudes “vis e levianas” que não tiveram no intuito de desvendar a criminalidade associada às mortes da pandemia.

Não é crível que os militares do Exército envolvidos na ação mortífera do Ministério da Saúde, e citados nas falcatruas com vacinas, sejam representativos das Forças Armadas a ponto de merecerem defesa tão desmedida do ministro e comandantes.

É, no entanto, o que a nota dá a entender. Em particular quanto a “Pazuello, um general da ativa”, como reiterou à repórter Tânia Monteiro (O Globo) o brigadeiro Batista Jr., um dos signatários da nota. Até agora não constava que estar na ativa significasse, em comparação de dignidades, mais do que isto mesmo: estar na ativa.

Se admissível ter dúvida absurda, oito procuradores do Ministério Público Federal em Brasília respondem: explicitam o que, de fato, distingue o general da ativa Eduardo Pazuello.

Do alto de suas estrelas, ele “retardou conscientemente” a contratação de vacinas, deixando sem resposta mais de 80 ofertas de fornecimento da Pfizer.

“Nenhuma das objeções” à aceitação “se justifica”, inclusive porque as mesmas cláusulas recusadas à Pfizer foram antes aceitas com a AstraZeneca.

O general da ativa fez “gestão gravemente ineficiente e dolosamente desleal (imoral e antiética)” na Saúde sob situação crítica, diz o parecer dos procuradores em ação por improbidade.

A confusão entre a instituição Forças Armadas e militares suspeitos, investigados ou criminosos provados (como o tenente terrorista, perdoado e promovido Jair Bolsonaro) está na raiz de males insuperáveis no percurso brasileiro.

A mentalidade militar não consegue perceber sua própria natureza na sociedade e no Estado, nem o da instituição. Ou das instituições do Estado Democrático de Direito.

Além da completa impropriedade da nota “dura, como nós achamos que devia ser” —informa o comandante da Aeronáutica— ficou a impressão de que seu propósito de fundo foi defender Bolsonaro.

No dia mesmo em que Omar Aziz fazia a reflexão histórica e formalmente correta sobre militares implicados, o UOL e a repórter Juliana Dal Piva divulgavam o relato de Andréa Siqueira do Valle sobre a engrenagem, da qual fez parte, pela qual Jair Bolsonaro se apropriou de dinheiro público por anos seguidos —via salários de funcionários fantasmas.

Em referência à pandemia, o nome Bolsonaro não se liga só à morte de centenas de milhares de brasileiros, já aparecendo nas primeiras descobertas da CPI sobre armação de tramoias mi e bilionárias com vacinas. E com mortes, como facilitadoras de outros assaltos ao dinheiro público.

É a esse personagem que uma corrente de militares se associa, integrando o governo ou assentindo com a exploração política da instituição Forças Armadas. Enfim, como disse o brigadeiro Batista Jr., em complemento à nota que chamou de “alerta às instituições”, sobre a atual e demais advertências: “Homem armado não ameaça”. Age —é isso? Age com a arma.Gilmar Fraga: pegando fogo | GZH

Muito democrático, muito civilizado. Tanto que o entrevistado “sente”, lamenta, ser a “disputa política normal”, mas “em tão baixo nível, em nível muito raso”. E, é preciso dizer, trata-se de um militar articulado acima da média conhecida, com capacidade verbal e facilidade expositiva.

 

Pacheco precisou ser chamado de covarde para defender o Senado

 

Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, precisou ser chamado até de covarde, inclusive na imprensa, para dizer uma palavrinha muito atrasada em defesa do Senado e do senador Omar de Aziz, que não relegou a altivez. Rodrigo Pacheco está sendo chamado, ora de vaselina, ora de farsante. Ou pior.

Bolsonaro: “Ou temos eleições limpas ou não temos eleições”. De todo limpas talvez seja difícil. Há um gatuno de dinheiro público e, sendo pouco, dado ainda como genocida, com planos de ser candidato.

A “rachadinha” de Jair Bolsonaro era comentada ao seu tempo de parlamentar no Rio. E continuou no seu tempo de Câmara Federal. Mas houve dificuldade de provar. Provada com a senhora do Açaí de Angra dos Reis, faltou brio para algum dos tantos habilitados cumprir seu papel no Ministério Público e no Judiciário.

A flexibilização do veto do Ministério da Saúde à cloroquina, contra a Covid, é uma esperteza para dar a Bolsonaro uma porta de fuga. A partir de pretensa consulta pública, desprovida de qualificação científica, a cloroquina passaria a ser uma dúvida, não uma certeza de ineficácia e efeitos colaterais graves. Com isso, Bolsonaro, seu patrocinador, escaparia da situação de futuro réu judicial pela pregação ilusionista em favor daquela droga.

 

Eleição na Fiesp significa retorno da decência perdida sob Paulo Skaf

 

eleição de Josué Gomes da Silva para a presidência da Fiesp significa, até onde se pode esperar, o retorno da decência e da importância a essa entidade. Experimentadas, por exemplo, ao tempo de Horácio Lafer Piva e perdidas por inteiro com Paulo Skaf —em 17 anos que falam mais do empresariado eleitor de então que desse oportunista. Uma política industrial está entre as maiores necessidades para a tentativa de salvar o Brasil, no pós-Bolsonaro.

11
Jul21

A lenda do Jair honesto

Talis Andrade

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"Governo Bolsonaro minou sistematicamente a luta contra a corrupção iniciada durante a presidência de Dilma Rousseff"

 

Ainda afirmar que Bolsonaro está do lado da lei e da ordem é uma piada de mau gosto. O bolsonarismo pode até ter algo contra a corrupção e a criminalidade – mas só a dos outros

 

por Philipp Lichterbeck /DW

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É claro que Jair Bolsonaro tem razão quando diz não poder saber tudo o que acontece nos 22 ministérios de Brasília. Consequentemente, não se pode responsabilizá-lo por cada ocorrência neles. No entanto, ele é responsável pela nomeação dos ministros, pelos aliados que procura e pelo espírito reinante em seu governo.

Além disso, Bolsonaro provavelmente não está dizendo a verdade, quando afirma nada ter sabido das irregularidades na encomenda da Covaxin. Segundo testemunhas, ele foi informado, mas não agiu. Ao que parece, tolerou e acobertou a suposta corrupção.

Seja como for, chama a atenção o governo brasileiro ter imposto altos obstáculos a todos os fabricantes de vacinas com representações diretas no país. Eles foram ignorados, suas ofertas, consideradas caras demais, ou se rejeitaram suas condições contratuais. Para os fornecedores com intermediários – no caso da Covaxin, registrados sob um endereço duvidoso em Cingapura – de repente essas ressalvas deixarem de ser relevantes. É o caso de se perguntar por quê.

Após a recente acusação de que o chefe de logística do Ministério da Saúde teria coletado subornos em nome de "um grupo dentro do ministério", alguns meios de comunicação escrevem que o governo Bolsonaro está passando por seu primeiro escândalo de corrupção. Isso é uma piada de mau gosto, e quem afirma tal coisa está caindo na armadilha da lenda bolsonarista sobre o "Jair honesto", um outsider meio grosso, porém sincero e defensor da lei e da ordem.

A versão que agora vem sendo repetida nas redes bolsonaristas é a de que esse governo não é corrupto. Isso é tão equivocado quanto a afirmação de que Bolsonaro seja um patriota, zele pela família ou respeite a Deus. Assim como conseguiu monopolizar os conceitos de patriotismo, família e Deus, ele conseguiu, diante de uma oposição fraca e desarticulada, reivindicar para si a luta contra a corrupção.

Basta enumerar alguns fatos para refutar esses mitos. As últimas férias de Natal do presidente Bolsonaro custaram ao contribuinte brasileiro nada menos que R$ 2,4 milhões. Ainda não estão explicados os 27 depósitos no valor de R$ 89 mil do suspeito de corrupção Fabrício Queiroz para a esposa do presidente, Michelle Bolsonaro. Também restam dúvidas sobre a compra de Flávio Bolsonaro de uma mansão em Brasília por R$ 6 milhões – o 20º imóvel adquirido pelo filho do presidente em 16 anos.

O fato é, antes, que este governo minou sistematicamente a luta contra a corrupção iniciada durante a presidência de Dilma Rousseff. Já em fevereiro de 2020, a ONG Transparência Internacional criticava as constantes "interferências políticas nas nomeações e destituições em postos fundamentais" para a luta contra a corrupção.

Bolsonaro, por exemplo, rompeu a tradição de nomear o procurador-geral da República entre a trinca eleita pelos integrantes do Ministério Público Federal. Assim como o chefe do antigo Coaf, que persegue a lavagem de dinheiro, ele substituiu o chefe da Polícia Federal do Rio de Janeiro (justamente a cidade em que seu filho Flávio é investigado por peculato, lavagem de dinheiro e supostamente liderar uma organização criminosa).

Desconfiar dos moralistas

Por diversas vezes, ainda, o presidente entregou cargos de ministro a suspeitos de corrupção, como o ex-chefe da pasta do Meio Ambiente Ricardo Salles (que no cargo aparentemente continuou a violar as leis), ou o do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, ou o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten.

Mais recentemente, Bolsonaro nomeou como ministra da Secretaria de Governo a deputada Flávia Arruda, do Partido Liberal (PL), presidido pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão. A lista poderia seguir adiante, aqui apenas os exemplos mais destacados: o atual líder do governo Bolsonaro na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP), foi alvo de operação do Gaeco do Paraná, suspeito de receber propina da Galvão Engenharia. E o atual líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB), é suspeito de ter recebido R$ 10 milhões em suborno de empreiteiras, quando era ministro da Integração Nacional. Esses são dois dos mais importantes apoios desse "governo honesto".

A tudo isso, somem-se os delitos e infrações pequenos e maiores do presidente para mostrar que não se pode admitir por um segundo sequer a afirmação desse governo de que estaria do lado da lei e da ordem: não respeitar a obrigatoriedade de máscara, encorajar garimpeiros e madeireiros ilegais, ofender e ameaçar jornalistas, recomendar medicamentos ineficazes à população, constantes mentiras e distorções da verdade, etc.

O bolsonarismo pode até ter algo contra a corrupção e a criminalidade – mas só a dos outros. Quem crê em outra coisa, caiu na esparrela da máquina de propaganda bolsonarista. É preciso sempre desconfiar dos moralistas.

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10
Jul21

Empresa envolvida no escândalo da Covaxin deu calote milionário no SUS durante o governo Temer

Talis Andrade

 

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A corrupção do governo Temer continua com Bolsonaro

 

por Jornal do Brasil

A Precisa Medicamentos, investigada pelo MPF por vender imunizantes superfaturados ao governo Bolsonaro e administrada por Francisco Emerson Maximiano, tem envolvimento em outro escândalo no ministério da Saúde: deve, através de sua sócia Global Gestão em Saúde S. A, R$ 20 milhões ao governo referente à compra de remédios de alto custo que nunca chegaram às mãos de pacientes de doenças raras.

O contrato foi firmado durante o governo Michel Temer, quando o ministério da Saúde era chefiado pelo atual líder de Bolsonaro na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR).

Mais de três anos depois, a pasta diz ainda negociar o ressarcimento.

A Global – sócia da Precisa Medicamentos – ganhou edital, mas a Anvisa, à época, disse que a empresa não apresentou documentos exigidos para liberar a importação dos produtos. Mesmo assim recebeu o pagamento antecipado.

Ricardo Barros então decidiu investir contra a Anvisa, acusando o órgão de favorecer monopólios.

Chegou a orientar pacientes, por WhatsApp, que fossem à Justiça.

Após decisão da Justiça, a Anvisa autorizou as licenças de importação à Global. Ainda assim, a empresa não conseguiu cumprir o contrato. Apenas poucos frascos foram trazidos ao País e nem sequer foram distribuídos, pois eram apenas amostras de lotes.

Barros e a Global viraram réus.

A procuradora Luciana Loureiro Oliveira afirma que o ministério “insistia” em dar à empresa “todas as oportunidades possíveis de executar” o contrato.

O atual deputado “rechaça” acusações do MPF sobre ter beneficiado a Global e que “repudia” o “ativismo político” de procuradores.

“No caso da empresa Global, houve inexecução contratual e foram adotadas todas as providências pelo ministério (…).” O Ministério da Saúde, a Global e a Precisa Medicamentos não quiseram se manifestar.(com Diário do Centro do Mundo e Folhapress)

Covaxin: Flávio Bolsonaro participou de reunião com representante da farmacêutica

 

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