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O CORRESPONDENTE

Os melhores textos dos jornalistas livres do Brasil. As melhores charges. Compartilhe

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O CORRESPONDENTE

18
Jan23

TV e rádio em tempos néscios: a prova de que a civilização fracassou

Talis Andrade

bolsonato tv.jpg

 

Por Lenio Luiz Streck

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No que se transformou a TV? Vamos lá. Você paga TV a cabo e tem mais comerciais do que a TV aberta. Tem até um canal que se especializou em extrair espinhas e furúnculos. E tem comercial. De pomada para... espinhas e furúnculos. Tem gosto para tudo.

A TV aberta dispensa comentários. Programas de quinta categoria com auditórios fake e quiz shows para psitacídeos. Os noticiários repetem o que já deu nas redes. E nessas os repórteres entram na enchente e ficam com água pela canela para explicar que ali há uma... enchente (ver aqui meu texto Antes de Adnet, mostrei o esgotamento de um "modelo" de reportagem). Bingo.

Os programas esportivos? Imitam os programas de humor. E nada mais precisa ser dito sobre. Profundidade? Dos calcanhares de uma formiga. Escapam muito poucos (Kfouri, Casão, são exceções).

Os programas religiosos estão na TV aberta e a cabo. Claro. Para atazanar a vida da malta. E dela tirar uma grana. Pastores-Pix-vendedores-de-curas-milagrosas (e até de Covid — o RR diz que curou mais de 100 mil, menos ele mesmo, que foi entubado) se multiplicam. Todas as religiões. Os católicos não podem oferecer cura a la pentecostes (para quem não sabe, há uma diferença entre o catolicismo e as religiões pentecostais e correlatas; por isso só há santos para católicos; lembram do pastor que chutou a santa?). Mas os católicos compensam com venda de remédio para crescer cabelo, bijuterias e quejandices. E ainda há os católicos carismáticos, espécie de ala bolsonarista da igreja.

De todo modo, nesse ramo "espiritual", a cada dia aumenta o número de picaretas. Leva-se menos de meio dia para abrir uma igreja. O filósofo e jornalista Hélio Schwartsman testou o sistema e mostrou como isso funciona (leiam o texto O primeiro milagre do heliocentrismo, de 2009). Tem alguns que "vendem" seu peixe falando aramaico ou hebraico (decoram algumas palavras). A parte final dos programas é mais ou menos assim: não esqueçam de fazer a sua contribuição. E leem um trecho da bíblia para amedrontar o fiel. Alguns cantam. E mal.

Ao lado dos canais religiosos estão os canais de culinária. Estão mais no segmento cabo. Uma autêntica picaretagem com canais de aproveitadores de todos os tipos que capitaneiam programas de viagens para comer de graça, pescadores que passam o dia pescando e atirando os peixes de volta depois de rebentar as suas bochechas (a dos peixes) e disputas de quem faz o melhor doce ou churrasco.

E há os que pegam um cocô de mamute e demonstram que ali há havia pistas de alienígenas do passado. Sem esquecer Reco Reco, Bolão e Azeitona que eternamente buscam pistas do pé-grande. E tem os que reformam casas. E explicam cada passo in off. Essas "explicações" in off deveriam dar prisão em flagrante.

E o que dizer de dublagem que tem palavrões com ruído sonoro para apagar o palavrão? Mas se é dublagem, por que tem de traduzir o palavrão e, ao mesmo tempo, apagar o som com um apito? É pura estupidez ou o quê?

Há também programas "realitys" ridículos de largados pelados que arfam comendo larvas e explicando para o telespectador in off o gosto da larva e da cascavel. " — Ah, agora vou quebrar esse osso para comer o resto de tutano podre...". Pergunta-se: se o infeliz do telespectador acabou de ver o sujeito com sede, porque é necessário que o idiota faça uma fala in off dizendo: " — Aah, se eu não conseguir água posso morrer". O mundo vai acabar. Só isso explica tanta bobagem. A grande pandemia foi o surgimento das redes sociais. Momento em que os néscios saíram da toca (digo diferentemente do que disse Eco para não ser ironicamente repetitivo — e estou sendo irônico).

E lá no cabo vêm programas de notícias que (se) repetem ad nauseam com opiniões repletas de truísmos e platitudes (quando não ultrarreacionárias, como na Jovem Klan). O engraçado é que os "democratas" da J. Klan pregam — e isso é fato — explicitamente golpe militar dia sim e dia também e dizem: estamos aqui pela ética e pela verdade. Em nome da democracia e da liberdade de opinião. Hum, hum.

Tem um programa em TV aberta no RS que sustenta que a posse de Lula foi fake. Putz: então minha ida a Brasília foi em vão? E os presidentes dos Estados europeus? Perderam a viagem? Que coisa, não?

Gostei da última: Mourão não poderia ter feito pronunciamento. Usurpou a função. Pausa para uma farfalhada. Outra (de uma rádio do Bispo Macedo): Mourão se aliou aos comunistas. Boa também. Vai para o Guiness.

Mundo mundo, vasto mundo... Deveriam abrir espaço para os pentecostais que acreditam no Apocalipse. Cada programa deveria ser encerrado com uma pregação tipo Malafaia.

Tem os programas mundo cão, que estão mais na TV aberta. Tipo Datena e o outro que comemora quando a polícia mata. Seu jargão: CPF cancelado. Todos riem. Como hienas. Como diz a canção de Jessé, abençoai as hienas... (veja aqui Paraíso das Hienas). E pensar que a malta paga impostos para que o Estado conceda direitos para alguém colocar uma TV... e produzir esse tipo de subcultura bazural.

Televisão é isso. Ah, tem a Netflix (e outras plataformas). Algumas coisas escapam. Há filmes antigos. Mas os de produção própria... tem cada porcaria, bah. E as séries que enchem linguiça? Poderiam contar em três capítulos e fazem dez. E mais duas temporadas.

O que resta? Um bom livro. Desde que se escolha bem. Ou pensam que a mediocridade está restrita à TV e ao rádio?

Falando em rádio, ouvi, em viagem no dia 3 de janeiro, o programa Pretinho Básico, da Rádio Atlântida (Porto Alegre). Vejam como são "engraçados". Fizeram uma "charada": o que é que tem quatro patas por fora e duas mãozinhas por dentro? Reposta, com gargalhadas dos participantes: o cachorro do goleiro Bruno. Sim, foi isso mesmo que você leu. Lindo isso, não? E rádio é concessão pública. Para esse "humor". Ah, esse Umberto Eco...

Alerta final para você que, comigo, deseja combater essa chinelagem-baixo-clerista descrita nesta coluna: cuidado ao sair com um livro na mão. Talvez encontre um néscio que diga: fale-me de cultura e livros... que eu saco uma arma.

carregando tv jornalista empregado Giacomo Cardell

13
Set22

A primeira vítima

Talis Andrade

O jornaleiro

 

Cesar Valente /objETHOS

Vocês, que nasceram ontem, talvez não consigam avaliar o tamanho da decepção que sinto sempre que vejo um colega, que tem quase tanto tempo de vida e profissão quanto eu, tratar com desleixo, incompetência ou mesmo má fé as informações que publica em seus espaços. A dor é ainda maior quando esse espaço é num veículo de comunicação que o remunera, teoricamente, por um trabalho profissional.

Esse sofrimento, embora possa parecer, não é coisa nova. Não surgiu com a popularização da internet e suas ferramentas. Bem antes, havia colegas que se entregavam ao uso preguiçoso e não raro delituoso do off. O off, como imagino que todos saibam, é aquela informação cuja fonte quer permanecer oculta.

Trata-se de um recurso muito útil em algumas situações. Na ditadura militar que infelicitou o Brasil, por exemplo, poderia ser necessário não citar o nome, para garantir a segurança daquela pessoa. Ou o emprego.

E, claro, é campo fértil para engodos, trapaças e plantações. Um jornalista aético pode servir a vários senhores publicando, como “de fonte próxima aos fatos”, informações de interesse deste ou daquele, para atingir algum objetivo situado a léguas de distância do que deveria ser o objetivo de uma informação jornalística.

Sem muita surpresa, mas nem por isso com menos tristeza, vez por outra vejo que o mesmo colega que me espantou fazendo mau uso do off, décadas atrás, agora faz mau uso do material que recebe em grupos de WhatsApp.

Houve tempo em que chamávamos alguns colegas apanhados no mau exercício da profissão, de “picaretas”. Era uma enorme vergonha, para a maioria de nós, ser chamado de “picareta”. Significava, no mínimo, que era possível comprar citações elogiosas, menções abonadoras, em textos revestidos daquela aura jornalística que lhes emprestava, em certa medida, fé pública.

Nem todos os leitores desconfiavam que as críticas (ou elogios) não eram resultado de uma apuração honesta dos fatos e suas circunstâncias, mas de um acerto financeiro qualquer, realizado sob um manto espesso de sigilo. E quem sabia de tais descaminhos, não tinha muito o que fazer. Ou nem sabia como reagir.

Olhávamos com certa inveja para os Conselhos Federais de outras profissões, no que eles representavam de possibilidade de controle do exercício profissional. Não só nunca conseguimos nos organizar para criar uma instituição semelhante, como em algumas das vezes em que essa ideia foi à público, houve um bombardeio intenso e de múltiplas origens, rotulando a coisa como “tentativa de censurar a imprensa”. Era o contrário, mas ninguém parecia disposto a ouvir, muito menos a conversar e entender.

Passaralhos e o muro

Durante algum tempo, em várias cidades, grupos grandes de jornalistas faziam a avaliação ética e moral da forma como a profissão era exercida, nas mesas dos bares. Não por acaso, alguns dos bares frequentados por jornalistas depois do expediente, onde essas discussões fundamentais se davam, tinham nomes como “Pé Sujo” ou “Sujinho”.

Os “maus jornalistas”, segundo as atas das reuniões de final de noite, escritas em papéis manchados de molho de pimenta e selados com a marca circular de algum copo de cerveja, não estavam nesses bares: jantavam nos restaurantes finos frequentados pelos donos das empresas jornalísticas. O que pode ser apenas rancorosa maledicência.

Mas, coincidência ou não, enquanto voejavam os passaralhos (nome vulgar que identifica uma leva de demissões de jornalistas. Nunca ficou muito claro a partir de que número de demissões simultâneas se autoriza o uso desse nome. Mas quando são demitidos mais de dez jornalistas de uma vez, trata-se, sem dúvida, de um passaralho), aqueles colegas que nos espantavam porque suas colunas vertebrais tinham uma flexibilidade quase olímpica, em geral sobreviviam e não eram alcançados nem pelas garras da contenção de despesas, nem da reacomodação organizacional.

Uma das lendas do jornalismo (surgida, como tantas, nos jornais dos Estados Unidos) era o muro que deveria separar a redação (onde era produzido o material editorial), do comercial (de onde vinham os recursos que financiavam a operação editorial). Como toda utopia, parecia não só muito razoável, como até exequível.

Ao comercial cabia oferecer, aos clientes interessados em fazer suas mensagens chegar aos leitores, ouvintes, telespectadores, espaços naquele veículo. Que seriam ocupados, mediante remuneração, por material publicitário produzido pelo cliente que, de maneira alguma, poderia confundir-se com o material editorial do veículo.

Tudo ia muito bem até que um dia um cliente, cheio da grana, fez a seguinte proposta para o vendedor de espaços comerciais de algum jornal: “Se o jornal fizer uma reportagem assim e assim, mostrando isto e aquilo, eu fecho um contrato de seis meses com vocês”. Claro que essa historinha é inventada. Acabei de pensar nela para exemplificar uma das tentações que atacavam diariamente os veículos. O que é verdade é que propostas como essa sempre fizeram brilhar os olhinhos de muita gente.

E o muro? Ora, quando se trata de dinheiro, os donos dos veículos nunca ficam em cima do muro. Sempre se preocupam com a viabilidade do negócio. Mais ou menos como os governos brasileiros sempre se preocupam com a governabilidade. Em nome da governabilidade, digo, da viabilidade, não custa nada reunir a chefia da redação e a chefia do comercial, para encontrar um ponto comum. Provavelmente no centro.

É importante lembrar a quem, apesar do que já foi dito, continua lendo, que ainda estamos no final do século passado, quando ainda havia jornais e veículos onde o comercial (ou o marketing) não estava hierarquicamente acima da chefia da redação. E essas conversas entre comercial e redação, intermediadas por figurões da “alta direção” da empresa, eram também conhecidas como “conversa de levar gato para tomar banho”.

Entre os chefes alguns eram mais resistentes, outros mais compreensivos e alguns decididamente coniventes. Alguns aceitavam pensar na possibilidade de incluir os temas na pauta, mas informavam que o material seria tratado com rigor profissional. Outros só faltavam pedir que o cliente mandasse o texto e as fotos. E, se não fosse possível, que não se preocupasse, que ele mandaria o texto para uma revisão antes da publicação.

Tive a felicidade de trabalhar num jornal cujas chefias estavam entre as que ainda resistiam ao assédio, ao charme, aos apelos e às vezes às ameaças do comercial e (não raro) dos acionistas controladores da empresa. Por incrível que possa parecer, o jornal se chamava Gazeta Mercantil e tratava, essencialmente, de economia e negócios.

Uma das formas que o jornal encontrou para ampliar as possibilidades de anúncio, foi a criação de cadernos especiais (chamados de Relatórios). Como fazer isso sem se entregar de corpo e alma ao “inimigo”? E respeitando o que o minucioso manual de redação do jornal prescrevia?

Conheço essa história porque fui, por alguns anos, “editor de Relatórios”, que era como me apresentava e pouca gente na própria redação ouvia sem perguntar “o que é mesmo que tu fazes? Qual é tua editoria?” E funcionava assim: eu e uma pequena equipe fixa produzíamos, com ajuda de repórteres da casa, chamados conforme a área, esses cadernos, que não eram diários.

Alguns temas, como “Oportunidades na Amazônia”, “Transporte Ferroviário”, “Bancos”, poderiam parecer, à primeira vista, caça-níqueis, uma capitulação editorial às pressões dos interesses dos anunciantes. Mas, para tranquilidade da minha consciência, eram elaborados com esmero jornalístico: jornalistas da sede eram enviados para reportagens que duravam vários dias, correspondentes em várias capitais eram acionados, a pauta era discutida internamente, sem a participação (e sem o conhecimento) do comercial.

O comercial sabia, claro, que estava sendo preparado um relatório sobre tal tema, com circulação tal dia. Alguns dos temas tinham sido sugeridos por eles. E cessava ali a troca de gentilezas. Mas eles sabiam que podiam oferecer a seus clientes da área, espaços num material que teria apuração cuidadosa, texto informativo e abundante: os relatórios tinham em média de oito a dez páginas tamanho standard.

Sem teto, mas com colunas

Claro que essas tentativas de relacionamento sadio com os financiadores da operação sempre muito cara que é o jornalismo de qualidade não foram suficientes. No começo do século XXI, o jornal definhou, rastejou e depois fechou, como tantos outros.

Com a crise se alastrando, e o desconhecimento de que crise, afinal, é essa, os jornais e veículos sobreviventes, assustados, começaram a entregar os anéis para tentar preservar os dedos. Se quisermos usar uma imagem bem educada.

A primeira vítima em toda crise que tenha componentes financeiros, nos veículos de comunicação, é a vergonha na cara. Desaparece. O pudor que eventualmente alguém teve, um dia, de vender uma pauta, de aceitar matéria paga, de cobrar por notinhas nas colunas, some completamente.

E, pior, foi substituída por uma volúpia aética de fazer caixa a qualquer custo. Por que ter motoristas para conduzir repórteres? Basta exigir, na contratação, carteira de habilitação para dirigir. Por que ter fotógrafos se os celulares têm câmeras ótimas e se o repórter que fará o texto tem celular? Por que ter repórteres se as principais informações estão na internet e custa nada transcrevê-las? Ou, se “todo mundo” tem assessoria de imprensa e manda material prontinho e grátis?

Aos poucos, os jornais sobreviventes ganharam uma aparência daquele antigo templo grego na Acrópole, o Partenon: dezenas de colunas que não sustentam coisa alguma, porque o teto já ruiu. Dezenas de colunas. Pra nada. Alguns jornais chegam ao ponto de cobrar dos colunistas para que publiquem suas colunas. Outros ainda remuneram (mal, claro) os colunistas, mas fazem vista grossa, ou até estimulam, os usos pouco republicanos daquele espaço.

E acabamos voltando ao lamento cheio de mimimi com que iniciei este comentário: o último dos moicanos, um dos escassos jornalistas ainda remunerados para escrever, que tem a dádiva de uma coluna (local onde, teoricamente, poderia tratar, com maior liberdade do que numa reportagem, das questões fundamentais da humanidade, ou pelo menos da rua onde ele/ela vive), joga décadas de história profissional na lata do lixo porque achou uma boa ideia aceitar a sugestão da esposa, do dono do jornal, de algum “empresário” cuja lancha usa de vez em quando e transcreveu, acriticamente, uma bobagem que recebeu pela internet.

O triste fim da história é que nem adianta chamar a atenção, avisar do equívoco, do desvio. Lembram que disse, há poucos parágrafos, que a primeira vítima nessas “crises” é a vergonha na cara? Pois é. Só quem ainda tem vergonha na cara, quando confrontado com algum equívoco ou erro que tenha cometido, trata de remendar, corrigir, desculpar-se. Não é, portanto, o caso.

 

 

25
Mar22

Empresário Dallagnol troça da Justiça

Talis Andrade

 

 

 
ImageA Quarta Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) decidiu, por 4 votos a 1, determinar que o ex-procurador Deltan Dallagnol indenize o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por danos morais. A defesa de Lula pedia uma reparação de R$ 1 milhão, mas o tribunal fixou o valor de R$ 75 mil com juros e correção monetária. Dallagnol considerou o valor insignificante. E fez deboche com a decisão da injustiça. Publicou como escárnio a charge acima. Confira no Twitter antes que apague
Lenio Luiz Streck
Quando Dallagnol fez o Power Point, Reinaldo e eu falamos que era uma fraude. DD acusou o golpe e pediu arreglo por msm p/Moro dizendo “os ‘juristas’ RA e Lenio” nada sabem. Estávamos mais uma vez certos das picaretagens de Dallagnol.
O Blog do Prévidi: Terça, 9 - quarta, 10 de junho de 2020
Em culto, “pastor” Dallagnol diz: Quem veio de Portugal p/ o Brasil foram degredados, criminosos. Já para os EUA foram pessoas cristãs, que buscavam realizar seus sonhos. Era um outro perfil de colono. JÊNIO. Com J. Prêmio IgNobel. Tirou 0 em história.
Charges - Colonização da América | Imago História
Para Dallagnol, judiciário deveria funcionar assim: julgamentos iniciariam no STF/ STJ. Da decisão caberia recurso p/juíz 1 grau. Dali caberia recurso p/ Força tarefa Lava Jato. Na insatisfação com a decisão da Força tarefa, caberia recurso ao seu órgão máximo, Sérgio Moro. Bingo!
Sergio Moro está devidamente documentado como advogado. OAB deu carteira de  bacharel em direito para o ex-juiz e ex-ministro. O nobre causídico tem até  escritório - OgazeteirO
Dallagnol se diz “injustiçado”. Ora, ele escapou barato. Pintou e bordou. Ganhou dinheiros com palestras em conflito de interesse. Tentou uma fundação de bilhões e levou chinelada do STF. Na Europa estaria preso. Agora o STJ fez ele literalmente PAGAR pelos seus atos!
Reinaldo Azevedo
A imprensa não militante —chamava-se "grande" antigamente— deveria ter aproveitado a punição aplicada pelo STJ a Deltan Dallagnol para fazer um mea-culpa. Por 4 votos a 1, o tribunal decidiu que o ex-procurador tem de pagar ao ex-presidente Lula multa de R$ 75 mil, valor que ainda será corrigido, numa ação por danos morais. O agora pré-candidato a deputado federal está indignado e já anunciou uma suposta vaquinha espontânea na internet, que teria arrecadado quase o dobro desse valor.Deltan Dallagnol usa mesma manobra de mensaleiros com vaquinha on-line
 
 Faz chacota da Justiça. (...) O espetáculo grotesco do PowerPoint, no dia 14 de setembro de 2016, destroçava o devido processo legal. Leia a íntrega na Folha: Condenação de Dallagnol expõe conivência da imprensa com terror jurídico. Que o jornalismo não mais abandone a Justiça em favor de justiceirosDeltan Dallagnol usa mesma manobra de mensaleiros com vaquinha on-line

24
Mar22

Cliente quer vender sua filha como escrava (Êxodos 21:7). Ele pode?

Talis Andrade

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Por Lenio Luiz Streck /ConJur

O Brasil é um país absolutamente bizarro. Um país em que não sabe se o número de picaretas supera o de não picaretas. Explicarei.

Tramita — em regime de urgência (bingo!!!) — projeto de um deputado evangélico que pretende proibir os termos 'Bíblia' e/ou 'Bíblia Sagrada' em qualquer publicação impressa ou eletrônica de modo a dar sentido diferente dos textos consagrados há milênios nos livros, capítulos e versículos utilizados pelas diversas religiões cristãs já existentes.

Explico. O deputado quer censurar o uso da palavra Bíblia e dos sentidos da própria Bíblia. Quem usurpar a "palavra" pode pegar de 1 a 5 anos. Uma palavra é propriedade de alguém? De uma religião? De uma igreja? Dessas que não pagam impostos à Cesar? Que interpretam a Bíblia (ups, serei processado) ao seu bel prazer?

Quer dizer: o missionário RR Soares pode usar a Bíblia em "o nome de o Senhor" (sic) todos os dias para curar dor nas juntas, tumores, afastar maus espíritos e curar dezenas de milhares de pessoas de — pasmem — Covid-19 (ele que esteve entubado e não foi curado da Covid; péssimo garoto propaganda; calvo vendendo elixir para crescer cabelos!). Tem pastor que tira gente do Serasa. Outro diz que, se levar o processo para ele benzer, é causa ganha. E tem padre vendendo vitamina e creme facial.

Claro. A Bíblia é monopólio das igrejas... As outras pessoas não podem usar o termo Bíblia fora do sentido que eles, os adeptos das religiões — dão.

Ah, vão se afumentar. O parlamento deveria devolver o dinheiro que gasta com esse tipo de discussão. É improbidade.

O parlamento poderia fazer uma lei proibindo vigarices como a de um pastor que vendeu sementes para curar Covid. Isso tudo pode, certo? Não é estelionato... Pode vender água do Jordão buscada na bica da Igreja e vender por aqui. Tudo pode "Em o Nome de o Senhor...". Em nome da "palavra".

O projeto é preocupante. Mais pelo seu aspecto simbólico, porque aponta terrivelmente para uma estupidização do Brasil. A Folha de S.Paulo já fez dois editoriais alertando. Um deles é sobre a reunião de Bolsonaro na semana passada com as igrejas, em que disse que o governo dele vai (irá) para onde as igrejas determinarem. Somando isso ao projeto do deputado sobre a Bíblia, temos a tempestade perfeita.Image

A secularização (separação entre Igreja e Estado) é uma conquista secular (sem trocadilho). E vêm agora esses "novos teocharlatães" e querem controlar os sentidos das palavras. Ultrapassaram o Rubicão.

O projeto prevê penas de 1 a 5 anos. E quem criticar o modo como as igrejas tratam desses temas pode ser processado por discriminação religiosa. Será que terá pena de apedrejamento? Adúlteros serão chicoteados?

Na justificativa, o deputado-autor diz que o projeto visa, entre outras, punir quem pretender tirar as referências bíblicas que condenam a homossexualidade. Sim, está na justificativa do projeto.

"Jenial". Vou reproduzir, em homenagem aos defensores do projeto, um episódio da série West Wing. Nele, uma senhora — que bem poderia ser representada pelos defensores do projeto — esgrime a Bíblia "ao pé da letra" para exigir do Presidente dos EUA que proíba a homossexualidade. Ela vai até a Casa Branca. Vejam o diálogo:

Presidente: — Eu gosto da maneira que a senhora chama homossexualidade de aberração.

Senhora com a Bíblia na mão: — Eu não chamo homossexualidade de uma aberração, Sr. Presidente, a Bíblia é que chama.

Presidente: — Sim, ela chama! Está em Levíticos!

Senhora: — Levíticos 18:22.

Presidente — Capítulo e versículo. Eu queria lhe fazer algumas perguntas, já que está aqui. Eu quero vender minha filha mais nova como escrava, como é permitido em Êxodos 21:7. Ela está no segundo ano da Georgetown, fala italiano fluente, e sempre limpou a mesa quando era a sua vez. Qual seria o preço adequado a ela?

E o presidente arremata (ou a-ré-mata?): — Enquanto você pensa nessa, posso perguntar outra? O meu chefe de assessoria Leo McGary, insiste em trabalhar aos sábados. Êxodos 35:2 diz claramente que ele deve ser morto [também em Números, 15]. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo ou posso chamar a polícia?

Captaram? Senhores parlamentares, captaram a ideia?

 

A hermenêutica e a Bíblia ao pé da letra: charlatanismo epistemológico

 

Os adeptos de determinadas religiões usam a literalidade de conveniência. E, ao mesmo tempo, querem impedir outras leituras da Bíblia. A volta do Index e o "crime de hermenêutica bíblica".

Vou contar outra história, senhores parlamentares que apoiam o projeto. Há uma experiência feita com crianças em Israel. Omitiram os nomes e contaram a história de Josué e a carnificina que Jeová mandou fazer (está em Números). Ao ouvirem o relato, as crianças choravam e diziam: quem mandou fazer essa crueldade? Que horror. Pois é. Textos e contextos. Textos e simbolismos. Pé da letra? Ora, letra não pé, cara pálida.

Senhores deputados e senadores, não quero sacanear, mas terça, dia 8, foi o Dia Internacional da Mulher. Mas em Números 31,1-18, lê-se um conselho ou ordem de Jeová aos guerreiros:

"todas as meninas que não conheceram algum homem, deitando-se com ele, deixai-as viver para vós".

Quero crer que os senhores e senhoras parlamentares concordam comigo que a literalidade da Bíblia é uma estupidez interpretativa. Digo das cinco leis da estupidez, de Carlo Cippola. E do Discurso da Estupidez, de Mauro Mendes Dias.

Ou alguém acha que passar crianças a fio de espada ou estuprar mulheres é algo que deve ser interpretado ao pé da letra?

Há interpretações para todos os custos (veja-se como RR cobra o dízimo — vamos discutir, a sério, Malaquias 10,3?) e para todos os gostos e costumes. Vamos discutir os tributos isentos? Dai a Cesar...

Bom, de minha parte, reconheço que Hermes (o semideus, pai mitológico da hermenêutica) era um delinquente. Já contei isso várias vezes. Ele nasce e já clepta. Peca. Por isso, hermenêutica é algo complexo. Ela esconde. Se apropria. Diz tudo? Diz quanto?

Por isso, no princípio era o verbo (João, 1,1).

Era o verbo e não o sujeito-que-quer-se-adonar-do-sentido-do-verbo, se me entendem!

10
Dez21

O político milionário Dallagnol se filia ao Phodemos, e repete o discurso de Roberto Jefferson atacando STF

Talis Andrade

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O novo rico da lava jato Deltan Dallagnol, que apresenta evolução patrimonial incompatível com seus ganhos como procurador, filiou-se nesta sexta-feira (10) ao Phodemos. É a mesma legenda do ex-juiz parcial Sérgio Moro, com quem Deltan atuou em conluio, para perseguir Luiz Inácio Lula da Silva, e retirá-lo das eleições de 2018 - farsa judicial para eleger presidente o deputado Jair Bolsonaro. 

O político Dallagnol, beato Salu, fez até a sacanagem de um teatral jejum, para Lula ser preso. 

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Sem conversar com jornalistas, Dallagnol repetiu várias vezes seu discurso monotemático de combate à corrupção, "um problema central do nosso país". Afirmou que o Brasil passa por um momento de retrocesso no combate a esse problema e que isso precisa mudar. "Se não nos mexermos, quando acordarmos, teremos retrocedido 30 anos no combate à corrupção."

Janio Quadros prometeu varrer a corrupção, generais da extrema direita deram um golpe em 1964, derrubando Jango, para combater a corrupção e o comunismo (isto é, barrar a reforma agrária). Com a democratização, Fernando Collor anunciou o combate à corrupção, representada pelos marajás e Marias Candelaria. Candelária hoje as Marias filhas solteiras de militares, maiores de idade, que recebem pensões alimentícias acima do teto. 

Do lado de fora do luxuoso hotel em Curitiba onde se realizava o evento, manifestantes protestaram  contra o ex-procurador da Lava Jato. Uma faixa trazida pelos manifestantes dizia que Deltan usou o Ministério Público para perseguir políticos, principalmente Lula. 

Em seu discurso picareta, Dallagnol diz que quer ser político para acabar com a corrupção. Para tanto a lava jato deu o golpe em Dilma, para empossar Michel Temer, e deu o golpe eleitoral da prisão de Lula, para eleger Bolsonaro. 

Só a lava jato destruiu 4,5 milhões de empregos, com a destruição da economia brasileira, destruição da construção pesada, destruição da indústria naval, destruição da indústria brasileira, destruição das empresas de engenharia, destruição de projetos estratégicos. 

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Quantos empregos as reformas trabalhistas de Temer e Bolsonaro destruíram, para beneficiar empresas estrangeiras e latifúndios e frigoríficos e mineradoras (acima foto de uma fila de desempregados)?

O político Dallagnol aprovou o governo Temer, ajudou Moro eleger Bolsonaro, e voltará a apoiar Bolsonaro no segundo turno das eleições presidencias de 2022.  É candidato a deputado federal da velha política, para ajudar a reeleger Álvaro Dias senador. 

 

 

 

11
Out21

O vídeo com Marcos do Val obriga a CPI da Covid a reconvocar Carlos Wizard a depor

Talis Andrade

RETRATO DE CARLOS WIZARD MARTINS

Ilustração: Rodrigo Bento/The Intercept Brasil; Folhapress

 

Reunião secreta revela que o gabinete paralelo do Ministério da Saúde não era informal, mas organizado e com amplo acesso à alta cúpula do governo, inclusive ao presidente

 
 
por João Filho /The Intercept

 

EM JUNHO deste ano, a CPI da Covid recebeu um vídeo que confirmou a suspeita dos senadores sobre a existência de um Ministério da Saúde não oficial, que ficou conhecido como gabinete paralelo. Nele, é possível ver Bolsonaro em uma reunião com Osmar Terra e outros médicos negacionistas defendendo o tratamento precoce com remédios comprovadamente ineficazes contra covid.

Lá também estava o biólogo negacionista Paolo Zanotto, grande amigo de Jair Bolsonaro e contra a vacinação em massa. No vídeo, Zanotto fala abertamente sobre o gabinete paralelo, o qual ele chama de “shadow board” e coloca em dúvidas a eficácia da vacinação — contrariando todas as evidências científicas. As imagens da reunião deixaram claro porque Pazuello foi negligente no processo de compra das vacinas. Ele não era o ministro de fato, mas uma marionete comandada pelas decisões desse gabinete paralelo.

No mês passado, apareceu mais um vídeo do gabinete paralelo. Dessa vez, Zanotto aparece em uma reunião online com Pedro Batista Jr., diretor-executivo da Prevent Senior. A conversa entre os dois deixou claro que o protocolo macabro idealizado pela Prevent Senior para aplicar os medicamentos do kit covid em pacientes era de conhecimento do governo federal. O gabinete paralelo não só sabia que a Prevent Senior tratava pacientes como cobaias humanas como acompanhou de perto os experimentos.

Nesta semana, o Intercept publicou um outro vídeo que traz novos elementos sobre o gabinete paralelo. As imagens mostram uma reunião online secreta em junho deste ano comandada pelo empresário Carlos Wizard. Wizard é aquele bilionário bolsonarista que fugiu da CPI como o diabo foge da cruz, e quando finalmente apareceu, preferiu se esconder atrás da Bíblia e fazer proselitismo religioso.

O empresário carola teve a oportunidade de demonstrar sua inocência na CPI, mas preferiu se proteger atrás de um habeas corpus. O silêncio soou como um berro de confissão de culpa. Se ele ficou quieto na CPI para não se incriminar, no escurinho da reunião secreta ele era o mais falante e atuava claramente como um coordenador das ações negacionistas do gabinete paralelo.

No vídeo, Wizard parece atuar como um diretor-executivo do gabinete das sombras. Médicos representantes de 27 estados participaram da reunião. Entre eles estava Emmanuel Fortes, um dos vice-presidentes do Conselho Federal de Medicina, o CFM. Suas declarações no vídeo confirmam que a entidade trabalha 100% alinhada ao governo na implementação do tratamento precoce em massa. Fortes chegou a dizer na reunião que é “mais seguro” para médicos receitar do que não receitar a cloroquina — o que, já naquele momento, contrariava todas as evidências científicas.

O médico nunca escondeu sua admiração por Jair Bolsonaro. Pelo contrário, fez questão de demonstrar isso ao publicar uma foto ao lado do presidente em suas redes sociais em março deste ano. O vice-presidente do CFM aproveitou a postagem para tecer elogios e prometer fidelidade ao genocida em suas redes sociais: “Estive em solenidade onde estava o presidente Bolsonaro e aproveitei para fazer o registro e declarar que continuo confiando em seu governo”. E completou prometendo apoio à sua reeleição e contando uma série de mentiras sobre a atuação do presidente na presidência: “Estarei consigo em 2022 porque, nesses últimos trinta anos foi o presidente que mais investiu em construir a infraestrutura em normativos, leis, decretos, portarias e programas para efetivamente termos políticas de estado, não políticas de governo”.

A presença de Fortes nessa reunião e em diversas outras lives públicas com médicos negacionistas do Médicos pela Vida demonstram como o CFM investiu diretamente no impulsionamento das mentiras sobre o kit covid.

Emmanuel Fortes ao lado do presidente Jair Bolsonaro, para quem fez campanha em 2018.

 

Outra figura importante da tropa de choque negacionista é o senador Marcos do Val, do Podemos do Espírito Santo. Ele, que é integrante da CPI da Covid, aparece no vídeo dizendo que trabalha para convencer autoridades sobre a eficácia do kit covid e organizar a sua distribuição. Na reunião fica claro que Do Val atuava como um dos braços políticos do esquema negacionista. Ele revelou ter tratado do assunto com políticos, militares e integrantes do Ministério Público.

Do Val era uma espécie de faz-tudo do gabinete paralelo para ajudar a promover medicamentos comprovadamente ineficazes. No vídeo, Wizard apresenta o senador como um representante do grupo “seja diante do Ministério Público, seja diante de alguma questão com a Anvisa, seja diante do Exército (…) seja alguma intermediação com o seu governador, com o prefeito local”. Ou seja, temos um senador bolsonarista atuando como lobista dos interesses de um gabinete que é objeto de investigação da CPI, da qual ele é membro.

O “padrinho” do gabinete paralelo atuava dos dois lados do balcão, fingindo investigar o grupo para o qual trabalhava com afinco. Trata-se de um escândalo por si só.

Durante o depoimento de Wizard na CPI, o senador mentiu ao dizer que o gabinete nunca lhe pediu alguma coisa. Já no depoimento do deputado Luis Miranda, em que ficou demonstrada a prevaricação do presidente diante de uma denúncia de corrupção no Ministério da Saúde, Do Val levantou-se da cadeira e o empurrou como um cão de guarda do bolsonarismo.

 

Mas ninguém pode se dizer surpreso com a desfaçatez da atitude do senador. Ele é o cara que se elegeu na onda do bolsonarismo depois que conquistou milhões de seguidores nas redes sociais se vendendo como um ex-policial da Swat sem nunca ter sido um policial da Swat. Do Val nem policial é. É um professor de taekwondo que deu treinamentos de imobilizações táticas para a polícia americana.

 

Teve algum destaque no Senado como relator na Comissão de Constituição e Justiça do pacote anticrime proposto pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro. Graças à sua atuação na defesa da flexibilização de armas nessa CCJ, ele foi condecorado pelo presidente da República com a Ordem do Mérito da Defesa. Entidades da sociedade civil apontaram conflito de interesses pelo fato do senador ter um histórico de relacionamento com a Taurus, fabricante de armas. Do Val é também aquele senador que demitiu a namorada do seu próprio gabinete para que ela pudesse ser recontratada graças à ajuda de “amigos do Senado” que lhe deram um cargo na Diretoria-Geral do Senado, onde passou a receber um salário maior.

Então ficamos assim: a tropa de choque do Ministério da Saúde paralelo era liderado por um bilionário bolsonarista, protegido politicamente por um senador bolsonarista e contava com o apoio de um médico bolsonarista integrante do CFM — e mais um punhado de médicos que flertam com o charlatanismo. O “”Conselho Científico Independente” — nome eufemístico que Wizard deu para o gabinete negacionista — tinha largo acesso às principais figuras do governo, inclusive ao presidente da República, e contava com grande espaço na estatal TV Brasil para boicotar as vacinas e difundir um tratamento comprovadamente ineficaz.

vacinação vista por bolsonaro.jpeg

 

Enquanto estendia o tapete vermelho para a picaretagem, o governo federal dava um perdido na Pfizer e boicotava a compra de vacinas. Quantas mortes podem ser colocadas na conta de um gabinete que trabalhou contra um medicamento que salva-vidas de pacientes com covid e investiu pesado em outros que comprovadamente não salvam? Quantas vidas seriam poupadas se esse gabinete paralelo não tivesse se mobilizado para difundir o protocolo macabro da Prevent Senior à revelia da ciência?

Hoje, depois de todas as provas divulgadas pela imprensa e pela CPI, dizer que houve um genocídio comandando pelo governo Bolsonaro e sua tropa de choque é a mera constatação de um fato. Mas, se a CPI ainda quiser mais provas, bem poderia reconvocar o falante Carlos Wizard para se sentar no banco dos depoentes.

MAIS VÍDEOS

 

Nos EUA, rede de saúde de direita ganha milhões com kit covid de hidroxicloroquina e ivermectina

 
26
Ago21

Depoimento de diretor do FIB Bank foi ‘escabroso’ na visão de senadores

Talis Andrade
Brasil de Fato@brasildefato

🔴🎥 AO VIVO I CPI da Covid ouve Roberto Pereira Ramos Júnior, presidente do FIB Bankhttps://youtu.be/fThjzwvypQkVer imagem no Twitter

 

“Escabroso”, “contraditório”, “demolidor” foram alguns dos adjetivos usados pelos senadores para qualificar o depoimento desta quarta-feira (25) na CPI da Pandemia. O depoente foi Roberto Pereira Ramos Júnior, diretor-presidente da FIB BanK — empresa apresentada como garantidora de crédito da Precisa Medicamentos na malograda compra da vacina indiana Covaxin. O depoente disse que a FIB BanK, apesar do nome, não é um banco, e apesar de ser uma pequena empresa, tem capital social de R$ 7,5 bilhões, na forma de terrenos em São Paulo e no Paraná.

Brasil de Fato
@brasildefato

Negociação teria acontecido durante viagem, conforme indica troca de emails revelada pela Revista IstoÉ.
Flávio Bolsonaro estava nos EUA acompanhando o ministro das Comunicações entre os dias 7 e 10 de junho deste ano, onde cumpriram agenda em Nova York. https://www.brasildefato.com.br/2021/08/26/flavio-bolsonaro-teria-participado-de-negociacao-para-compra-de-vacina-nos-eua-diz-revista 

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🔴🎥 AO VIVO I CPI da Covid ouve José Ricardo Santana, ex-secretário de Medicamentos da Anvisa >> https://youtu.be/j2-3dL2VZac .

ImageO senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou ter sido, “de longe, o depoimento mais contraditório desta comissão”. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), relator, qualificou o depoimento de “escabroso” e lembrou que o negócio foi paralisado graças à CPI. A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) disse que nenhum outro depoimento foi “carregado de tantas irregularidades”. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) enumerou as “artimanhas” e disse que o que Eduardo Pazuello, Elcio Franco e Roberto Dias têm de responder por assinarem pelo Ministério da Saúde um contrato sem as formalidade legais. O senador Jorginho Mello (PL-SC) qualificou a atuação da empresa de “golpe”, “tramoia” e “picaretagem”.

Apesar do nome, a FIB BanK não é banco ou instituição financeira. O questionamento da CPI concentrou-se na falta de credenciais da empresa para avalizar um negócio da ordem de R$ 1,6 bilhão com o Ministério da Saúde, diante de várias possíveis ilegalidades em sua constituição e operação. Também indagou-se sobre o papel do advogado Marcos Tolentino, apontado como verdadeiro dono da FIB BanK e ligado ao líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR). O nome de Barros foi citado em negociações de vacinas com o governo brasileiro suspeitas de irregularidades.

— O pior é que coloca o nome de banco e nem banco é! A fake news começa aí! — indignou-se o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Em diversos momentos, Roberto Pereira afirmou desconhecer pessoas envolvidas nos negócios da FIB Bank (como Francisco Maximiano, dono da Precisa), ou não dispor dos documentos necessários para responder as perguntas do relator, encaminhando as solicitações aos departamentos comercial e jurídico de sua empresa. Ao lhe perguntarem sua remuneração na empresa, o depoente pediu para prestar a informação por escrito após a reunião.

Roberto Pereira reconheceu que a FIB Bank nasceu como shelf company. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) explicou que o termo em inglês (que significa “empresa de prateleira”) designa empresas constituídas em cartório, mas sem atividade, criadas apenas para serem revendidas a quem queira possuir uma pessoa jurídica sem enfrentar a burocracia de criação de uma empresa.

Brasil de Fato@brasildefato

Acompanhe a CPI da Covid aqui com a gente!


Assista aqui: https://youtu.be/hkJvGLNOfDE 

A senadora Simone Tebet fez uma detalhada exposição das aparentes fraudes nas atividades da FIB Bank ao longo dos anos, a começar pelo uso de “laranjas” como sócios. Um dos momentos mais surpreendentes da reunião foi a exibição de um vídeo de Geraldo Rodrigues Machado, morador do município alagoano de Pão de Açúcar. No vídeo, Araújo contou que, ao tentar financiar uma moto em 2015, descobriu que era sócio da empresa.

— O contrato da Covaxin era fraudulento. Faltavam partes, [havia] valores para serem pagos em paraíso fiscal por quem não fazia parte da assinatura do contrato, e garantia de um banco que não era banco — afirmou Simone. — O Ministério da Saúde é tão ou mais responsável por isso.

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🎥🔴 AO VIVO I CPI da Covid ouve Emanuel Catori, sócio da farmacêutica BelcherVer imagem no Twitterhttps://youtu.be/3cXt-enkd2c 

Convocação

Foi aprovado requerimento de Randolfe Rodrigues, convocando a depor Ivanildo Gonçalves da Silva, motoboy para a empresa VTCLog, empresa de logística que atende o Ministério da Saúde na distribuição de vacinas e insumos para todo o país. Desde 2018 Ivanildo fez saques em espécie para a VTCLog num total superior a R$ 4 milhões.

 

Efeitos da CPI

O relator Renan Calheiros fez um balanço dos quatro meses da CPI. Ressaltou que, desde o início das investigações, o governo federal mudou a postura em relação à pandemia de coronavírus.

— Graças à luz colocada pela CPI, o governo cancelou o contrato fraudulento da Covaxin; demitiu servidores que pediam propinas; cancelou negociações com atravessadores; comprou vacinas; parou de alardear sobre a fraude do tratamento precoce; fez influenciadores e sites de fake news apagarem posts que agravaram a pandemia; e fez até o filho negacionista do presidente se vacinar e postar nas redes sociais! — afirmou, referindo-se ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ).

O relator anunciou que mais três depoentes passarão da condição de testemunhas para a de investigados pela CPI: Roberto Dias, ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde; Francisco Maximiano, dono da empresa Precisa Medicamentos; e Emanuel Catori, sócio da empresa Belcher Farmacêutica.

Renan confirmou ainda que deve entregar o relatório final na segunda quinzena de setembro.

  1. Brasil de Fato@brasildefato

    🔴🎥 AO VIVO I CPI da Covid ouve Francisco Maximiano, dono da Precisa https://youtu.be/9LJ8iykrhVQ 

    Ver imagem no Twitter

24
Jul21

Papéis falsos entregam banditismo na compra da Covaxin

Talis Andrade

 

por Fernando Brito

- - -

No Estadão, a revelação das falsificações grosseiras nos documentos entregues ao Ministério da Saúde pela Precisa, intermediária da compra da vacina indiana Covaxin, é mais que bastante para saber que aquela não foi uma negociação normal, mas uma picaretagem bilionária que não poderia ter avançado dentro do governo brasileiro.

“Colar” arquivos de texto criados pela Precisa sobre documentos da Bharat Biotech, aproveitar carimbos, com erros grosseiros de grafia, tudo isso é estarrecedor e, obviamente, criminoso em si mesmo.

É estranho que o Ministério da Saúde, em tese enganado por estes expedientes sujos, não tenha reagido. Só a Anvisa que, diante da anulação da autorização da Precisa, disse que que está reavaliando o”pedido de autorização de uso emergencial e um protocolo para condução de pesquisa clínica no país” feitos por ela em nome da Bharat Biotech.

Mas como é que estes aventureiros da Precisa chegaram à empresa indiana e financiaram o envio de emissários para Nova Deli e Hyderabad, cidade onde fica a fábrica de vacinas?

A história, se bem apurada, vai se ligar à compra das doses por empresas privadas, entre elas clínicas de vacinação que firmaram contratos com a Precisa e pagaram adiantado por isso.

Era fácil de prever isso, quando se começou, dentro do Congresso a se discutir a badalada “intenção de ajudar” de empresas privadas que queriam comprar doses – que no mundo inteiro, pelos fabricantes de vacina, só eram negociadas com governos – para vacinar seus trabalhadores, “doando” uma parcela ao SUS, que adiante, seriam pagas pelo poder público.

Era picaretagem, e isso era possível ver meses antes de ser consumada, quando um grupo de empresários anunciou que estaria comprando 33 milhões de doses para distribuir entre seus funcionários e doações ao SUS.

Quando esta mutreta, que chegou a ser aprovada na Câmara, empacou no Senado, os negócios se deslocaram para que ofertas milionárias e obscuras fossem feitas ao Governo brasileiro, por uma vasta fauna de intermediários: empresários “amigos”, “representantes”, um reverendo e até um cabo da PM.

Podem estar certos de que negócios deste valor não são feitos por funcionários de quarto escalão ou trambiqueiros rastaqueras. Eles podem estar dando a cara aos negócios, mas não são os “big boss”.

Fechar o cerco sobre os falsários da Precisa pode abrir o caminho para que sejam revelados estes esquemas, que são bem maiores do que crê a nossa ingenuidade diante de bandidos.

 

18
Jul21

Ele voltou, o ‘sem noção’ voltou novamente

Talis Andrade

 

leite-bozo.jpg

 

 

 

por Fernando Brito

- - -

Bem disposto e bem falante, Jair Bolsonaro saiu do hospital, em São Paulo, com novos anúncios imprudentes e espetaculares.

Já de cara, sua cura velocíssima deveu-se, “talvez à viagem, talvez o sacolejar da ambulância ou a um milagre de Deus”. Pra quê medicina, né?Image

Depois, disse que, depois da obesidade, a maior causa de morte por Covid é o “medo, o pavor”. Isto é, psicológica.

Disse que vai procurar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que o Ministério da Saúde invista na promessa de uma Cloroquina- Parte II, a proxalutamida, medicamento em teste para tratamento de câncer, sobre o qual não existe nenhuma publicação científica atestando sua eficácia para o combate à Covid-19.

Não para Bolsonaro, porém. A lado do pastor Waldomiro Santiago, aquele que vendia feiões mágicos que eliminavam o novo coronavírus, o presidente garantiu que “estudou” documentos dos Centers for Diseases Control and Prevention, o CDC norte-americano e já concluiu que temos a cura para a pandemia.

Depois da baboseira farmacêutica, passou a discorrer sobre suas teorias a respeito da corrupção. Disse que, como Eduardo Pazuello estava sem paletó e gravou um vídeo cumprimentando os picaretas que foram vender vacinas Coronavac que não existiam, isso prova que não havia corrupção porque “quando [se] fala em propina, é pelado dentro da piscina”.

Espetacular. Imagina-se que o próximo a prometer acabar com a corrupção vá mandar aterrar todas as piscinas do país.

E, no final, ainda disse que o “fundão” eleitoral de R$ 5,7 bilhões saiu porque colocaram “uma casca de banana” na Lei de Diretrizes Orçamentárias, como se não tivesse sido na maior parte a sua base – e inclusive seus filhos – quem aprovou, contra o voto dos partidos de oposição.

Bolsonaro não vai mudar e, ao contrário, vai subir o tom de suas sandices e charlatanismo.

É mais fácil o feijão do Santiago curar a Covid do que o bom-senso curar Bolsonaro.

Image

18
Jul21

Ele voltou, o ‘sem noção’ voltou novamente

Talis Andrade

 

 

 

 

por Fernando Brito

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Bem disposto e bem falante, Jair Bolsonaro saiu do hospital, em São Paulo, com novos anúncios imprudentes e espetaculares.

Já de cara, sua cura velocíssima deveu-se, “talvez à viagem, talvez o sacolejar da ambulância ou a um milagre de Deus”. Pra quê medicina, né?Image

Depois, disse que, depois da obesidade, a maior causa de morte por Covid é o “medo, o pavor”. Isto é, psicológica.

Disse que vai procurar o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para que o Ministério da Saúde invista na promessa de uma Cloroquina- Parte II, a proxalutamida, medicamento em teste para tratamento de câncer, sobre o qual não existe nenhuma publicação científica atestando sua eficácia para o combate à Covid-19.

Não para Bolsonaro, porém. A lado do pastor Waldomiro Santiago, aquele que vendia feiões mágicos que eliminavam o novo coronavírus, o presidente garantiu que “estudou” documentos dos Centers for Diseases Control and Prevention, o CDC norte-americano e já concluiu que temos a cura para a pandemia.

Depois da baboseira farmacêutica, passou a discorrer sobre suas teorias a respeito da corrupção. Disse que, como Eduardo Pazuello estava sem paletó e gravou um vídeo cumprimentando os picaretas que foram vender vacinas Coronavac que não existiam, isso prova que não havia corrupção porque “quando [se] fala em propina, é pelado dentro da piscina”.

Espetacular. Imagina-se que o próximo a prometer acabar com a corrupção vá mandar aterrar todas as piscinas do país.

E, no final, ainda disse que o “fundão” eleitoral de R$ 5,7 bilhões saiu porque colocaram “uma casca de banana” na Lei de Diretrizes Orçamentárias, como se não tivesse sido na maior parte a sua base – e inclusive seus filhos – quem aprovou, contra o voto dos partidos de oposição.

Bolsonaro não vai mudar e, ao contrário, vai subir o tom de suas sandices e charlatanismo.

É mais fácil o feijão do Santiago curar a Covid do que o bom-senso curar Bolsonaro.

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